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<DATE>940209</DATE>
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Deputado Alberto Goldman (PMDB-SP), ex-ministro dos Transportes: "Foi um bom resultado e uma demonstração de que o Congresso colaborou e deu os poderes que o governo pediu para implementar o seu plano. Acredito que ganham todos nós, que estamos combatendo a inflação. Quanto ao ministro Fernando Henrique, se vai ser útil ou não para ele esse resultado, é um problema individual dele".

Senador Pedro Simon (PMDB-RS), líder do governo no Senado: "Foi uma vitória importante, muito ampla e que aconteceu com tranquilidade. Dá uma segurança maior ao governo. Proponho, entretanto, que se discuta a possibilidade de avaliar as votações em bloco, como as de hoje (ontem)".

Senador Marco Maciel (PFL-PE), líder do PFL no Senado: "O governo conseguiu sua maior vitória. Ao mesmo tempo, cresce a responsabildade do governo perante a opinião pública, em especial a do ministro Fernando Henrique Cardoso. Está nas mãos dele o principal instrumento para controlar o déficit público e derrubar a inflação. Com os louros da vitória, vem a responsabilidade. Agora, FHC tem de cumprir o programa econômico. Ele tem muitas razões para iniciar a execução do plano".

Senador Esperidião Amin (PPR-SC), presidente nacional do PPR: "O governo optou por deixar no anonimato os parlamentares que retiraram dinheiro da habitação popular e da educação. Perdemos porque não tivemos votos suficientes. O PPR consertou algumas partes do fundo e não conseguiu concluir um acordo em torno dos recursos para habitação e educação. O fato de não termos concluído este acordo não atrapalhará nossa posição no 2 turno de votação. Vamos votar a favor do plano. Não há razões para o ministro deixar o cargo".

Deputado José Serra (PSDB-SP), líder do PSDB na Câmara: "Temos que ficar otimistas porque a votação a favor do governo foi ampla. Agora, a estratégia é fazer a votação em segundo turno a mais rápida possível, o que acredito que acontecerá no próximo dia 23 de fevereiro. Não tenho dúvidas de que o ministro permanecerá no cargo".

Deputado Tarcísio Delgado (PMDB-MG), líder do PMDB na Câmara: "O governo deve estar se sentindo muito bem. Agora, cresce a responsabilidade do governo e do ministro para tocar o plano econômico. Trasnferimos a bomba que estava em nossas mãos para a mão do Fernando Henrique Cardoso. Não temos a ufania de achar que aprovamos a melhor coisa do mundo. Fizemos o possível e o ministro deve desencadear a implementação do plano. Ele fica fortalecido e não tem razões para deixar o cargo".

Roberto Konder Bornhausen, presidente do Conselho de Administração do Unibanco: "A importância da aprovação do Fundo é que foi dado o primeiro passo na direção do déficit zero, que, por sua vez, é fundamental para a execução do programa de estabilização. Ganhamos mais esperanças pois a pedra básica de todo o processo era essa votação para conseguirmos um orçamento equilibrado. A atitude do Congresso em todo o episódio foi absolutamente normal dentro do jogo democrático. Recebeu as propostas do governo, discutiu e aprovou pelo voto. Agora, restam as demais votações e a administração delicada da implantação da URV. O caminho correto é o apontado pelo projeto original. Pular etapas para chegar à nova moeda pode ser catastrófico."

Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda: "Embora não seja o melhor ajuste, é o possível dadas as circunstâncias políticas do país. É uma vitória do ministro Fernando Henrique Cardoso e lança as bases para a introdução da URV, agora irreversível. Creio que embora faltem duas fases para aprovação –segundo turno e promulgação–, o FSE deve passar mais tranquilamente por elas. É um grande passo no sentido de viabilizar o acordo com o FMI e permitir o acordo com os bancos, que tem 15 de abril como data-limite. Apesar dos recuos, tensões e dúvidas que permearam o processo, o resultado pode ser considerado satisfatório. O ajuste definitivo vai ter que esperar os resultados da revisão constitucional e o próximo governo."

Delúbio Soares de Castro, diretor-executivo da CUT: "O governo jogou pesado para aprovar o Fundo Social de Emergência para garantir a governabilidade. Queremos agora ver quais as consequências disso, se haverá investimentos nas áreas sociais. Por enquanto, o que vemos do Plano FHC é o aumento de impostos para trabalhadores. A nossa preocupação é também com a implantação da URV. Não podemos aceitar que os salários sejam convertidos pela média e os preços pelo pico."

Luiz Antonio de Medeiros, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e da Força Sindical: "A aprovação do Fundo Social de Emergência é positiva e já deveria ter acontecido antes. O Plano FHC é o único que existe hoje de combate à inflação. O ministro merece confiança. O importante agora é fazer as reformas estruturais, como a fiscal e a tributária."

Gilmar Carneiro dos Santos, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo e diretor-executivo da CUT: "Era evidente que o Fernando Henrique Cardoso iria conseguir a aprovação do FSE. Mas ele conseguiu isso não com uma boa negociação nem com a ameaça de demissão, pois existem economistas de sobra neste país. A maior pressão sobre o Congresso foi a ameaça de hiperinflação e convulsão social decorrente disso. O governo, permitindo aumentos preventivos de preços e jogando os juros lá para cima, sinalizou o crescimento da inflação desde o final do ano passado."

Abram Szajman (presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo): "Eu acho que esta emenda constitucional que cria o FSE é o primeiro passo para iniciar um processo de longo prazo para a diminuição da inflação. É um passo importante para a zeragem do déficit. Mas precisa ser acompanhado de outras providências como a aceleração do processo de privatização e aumento da entrada de capital externo na economia."

Lawrence Pih, do Moinho Pacífico: "A aprovação do FSE pelo Congresso e o fato do ministro Fernando Henrique Cardoso permanecer no cargo traz estabilidade ao governo Itamar e evita a instabilidade dos agentes econômicos. Se o plano fracassar, o ministro ainda pode culpar o Congresso, alegando que o apoio não foi total. Mas vejo que os agentes econômicos mostram uma certa desconfiança em relação ao plano, pois primeiro vão esperar para ver se a URV funciona, para depois adotá-la."

Ney Bittencourt, presidente da Agroceres: "A aprovação do FSE era esperada porque o plano econômico tinha que ser tocado e também porque, ao dar força para o plano, os congressistas que vêem o ministro como candidato à presidência, amarram-no à cadeira do ministério. Acho que a opção foi boa. Como haverá dificuldades operacionais para implementar o plano, isso fará com que FHC fique no cargo ultrapassando o tempo de se desligar para se candidatar."

Pietro Biseli, presidente da Rima Impressoras: "A batalha ainda não acabou, pois ainda falta uma segunda votação do Congresso e a aprovação do orçamento. No entanto, o fato de Fernando Henrique continuar no ministério da Fazenda é promissor, uma vez que ele se comprometeu, em seu discurso à nação, em eliminar a inflação e a continuar como articulador da longa caminhada que ainda falta."

Joel Korn, presidente do Bank of America: "O resultado da votação é positivo por refletir uma postura responsável por parte do Congresso e dá condição para levar adiante o programa de estabilização. Foi um primeiro momento que abre novas perspectivas para as demais decisões no âmbito parlamentar, também muito importantes. O passo fundamental, agora, será a a votação do orçamento de 94. Só aí teremos certeza que o Fundo Monetário Internacional poderá avaliar o programa de estabilização e provocar a assinatura definitiva do acordo da dívida externa com os bancos internacionais. Isso é crucial para o desenvolvimento do plano de estabilização da economia."

Antônio Hermann Dias Menezes, presidente da ABBC (Associação Brasileira de Bancos Comerciais): "É pena que as votações tenham começado somente agora. Seria muito melhor que essas pendências no Congresso já estivesse resolvidas. De qualquer modo, foi importante para que o plano começasse a tomar consistência e forma. A partir de agora, acho que o governo pode começar a introduzir a URV na economia. Para evitar riscos de desgaste da URV, seria interessante queimar a fase de sua implantação como indexador e partir direto para sua conversão em nova moeda. Os bancos já têm know-how e não terão problemas de operar a mudança."

Manoel Pires da Costa, presidente da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros): "Começa o projeto econômico do ministro Fernando Henrique Cardoso com a aprovação do Fundo Social de Emergência. Aprovada a primeira parte do programa, que é o ajuste fiscal, o mercado passa a se preocupar agora com a fase operacional da URV. Vai haver a prova de idoneidade da URV, ou seja, ela deverá passar pela prova da credibilidade".

Roberto Teixeira da Costa, presidente da Brasilpar Serviços Financeiros: "Não houve surpresa. Criou-se um estardalhaço muito grande em torno da aprovação do Fundo, mas ele não é suficiente para acabar com a inflação. Temos que ver como funciona o Fundo na prática e se o orçamento será mesmo zerado. Preocupa ainda a fase prática da implantação da URV, como indexador e posteriormente como nova moeda. Sinto uma angústia muito grande da indústria e o comércio está parado. Me reuni com duas grandes cadeias de varejo nesta semana e todos confirmaram que as vendas paralisaram da segunda quinzena de janeiro para cá por causa do apelo da poupança e da elevação brutal de preços. Os motivos foram puramente econômicos. Para se ter uma idéia, uma cueca Zorba já subiu 150% em dólar apenas neste ano. É isso que precisa acabar."

Homero Amaral Jr., presidente da Ancor (Associação Nacional das Corretoras de Valores): "O mercado deverá reagir positivamente à aprovação do FSE, o que já aconteceu quando começou a haver quórum no Congresso antes da votação. O plano econômico pode dar certo, mas será preciso ter alguém com credibilidade política para conduzi-lo. É o caso do ministro Fernando Henrique Cardoso. Como os deputados postergaram a votação do plano, ficou tarde para o Fernando Henrique sair candidato. Ele não vai ter tempo hábil para conseguir resultados positivos com o plano e ainda se lançar à Presidência."

Luiz Eduardo Assis, diretor de investimento do Citibank: "A vitória pode ser comemorada pela equipe econômica porque uma derrota no Congresso teria sido definitiva para a execução do programa de estabilização. A aprovação dá força para o ministro Fernando Henrique avançar e cria um clima favorável para a execução do plano. O problema é que há ainda uma série de outros obstáculos. A mais importante, na minha opinião, será a batalha jurídica sobre a possibilidade de promulgação em separado do Fundo Social de Emergência, antes do final da revisão constitucional. Vamos torcer para as coisas ganhem outro ritmo e o Fundo seja promulgado para permitir a aprovação rápida do orçamento de 94."

Sergio Reze, presidente da Fenabrave (Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos Automotores): "O país precisa agora começar a olhar para o outro lado. É preciso tratar de implantar a URV e atingir o equilíbrio orçamentário. A discussão dos temas da revisão constitucional é ponto fundamental."

Juarez Rizzieri, coordenador do Índice de Preços da Fipe: "A aprovação do FSE abre a possibilidade para que o governo entre nas fases seguintes do plano. O FSE é fundamental e vai permitir ao governo federal financiar os gastos do setor público sem o chamado imposto inflacionário. Embora seja talvez o componente mais importante do plano do ministro Fernando Henrique Cardoso, existem outras etapas, como a da introdução da URV, que serão tão ou mais difíceis de implementar."

Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central: "Quanto à aprovação não há o que comentar. Só se pode falar alguma coisa quando o governo definir os próximos passos do plano".

Yoshiaki Nakano, professor de Economia Fundação Getúlio Vargas: "A aprovação já era esperada. O Congresso não ia assumir a responsabilidade de romper o plano. Agora têm que vir as regras, não é possível trabalhar com conjecturas. O governo deve definir a aplicação da URV, como serão as regras de conversão, quem vai fiscalizar... Como ficam salários e outros índices. Isso é urgente".

Carlos Luque, presidente da Ordem dos Economistas do Estado de São Paulo: "A aprovação contribui para dar tranquilidade. Além de sua importância no contexto do plano, no sentido de permitir ao governo liberdade na administração dos recursos, representa a permanência do ministro Fernando Henrique. Mas precisamos lembrar que a inflação é um carro impulsionado por vários motores, em que o déficit público é apenas um deles. O prioritário agora é a introdução da URV, que infelizmente não poderá mais cumprir o cronograma previsto de dez meses para implantação. O governo deve ter muito cuidado com a indexação nesta fase, principalmente na questão salarial, para não criar pressão adicional sobre a inflação, o que comprometeria a nova moeda."

Eduardo Giannetti da Fonseca (economista): "A aprovação do FSE é positiva. O que se pode esperar do Plano FHC é que ele nos conduza com um mínimo de estabilidade até as próximas eleições e até a posse no novo presidente. Não acredito que o Plano FHC conseguirá estabilizar a economia brasileira em caráter permanente. Esta tarefa ainda ficará a cargo do próximo governo. Algumas coisas ainda precisam ser definidas: o prazo de vigência da URV, antes da reforma monetária; e se a URV será fixada em relação ao dólar ou seguirá outro critério de cálculo."
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