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Governo diz que para evitar fuga de capitais governo poderia gastar US$ 1 bilhão por mês durante dois anos
VALDO CRUZ
Secretário de Redação da Sucursal de Brasília
O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Gustavo Franco, disse ontem que o governo poderia gastar até US$ 1 bilhão por mês de suas reservas internacionais, durante dois anos, para evitar uma crise cambial –saída de capitais do país que possa comprometer o volume das reservas.
Atualmente, as reservas estão em quase US$ 40 bilhões. Se gastasse US$ 1 bilhão por mês, o país consumiria US$ 24 bilhões neste período. Gustavo Franco disse, porém, não acreditar que isto seja necessário.
Segundo o diretor do BC, a equipe econômica não vai permitir que a taxa de câmbio suba depois do lançamento do real, no dia 1º de julho. O governo ainda não definiu por quanto tempo irá manter o câmbio sem variação.
A equipe econômica reuniu ontem jornalistas para falar das medidas do Plano Real. O presidente do Banco Central, Pedro Malan, afirmou que não acredita em uma crise cambial.
"Nós temos quase US$ 40 bilhões de reservas. É difícil imaginar uma crise cambial. Isto é chumbo grosso", disse Malan. Ele afirmou que a equipe não trabalha com a hipótese de ter de torrar suas reservas.
Os comentários de Franco e Malan foram feitos sobre a possibilidade de uma saída elevada de capital estrangeiro do país com a vitória do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, na eleição presidencial.
Além de não acreditar em crise cambial, Malan disse confiar que se for eleito, o governo Lula daria continuidade ao Plano Real porque ele fará a inflação cair.
O presidente do BC informou que o governo não vai adotar medidas anticonsumo. "A realidade atual é totalmente diferente da do Plano Cruzado, quando houve uma explosão de consumo", comentou.
Gustavo Franco informou que a medida provisória do real vai conter as regras gerais para emissão da nova moeda. Ele disse que o governo deve estabelecer metas trimestrais do real.
A equipe econômica deixou claro que ainda não definiu a situação dos contratos reajustados pela TR (Taxa Referencial). Gustavo Franco disse que o governo está estudando a possibilidade de fixar em anual o prazo dos reajustes de contratos não-financeiros atrelados à TR.
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