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CARLOS EDUARDO ALVES
Da Reportagem Local
O PT avalia que a realização do segundo turno da eleição presidencial depende agora do crescimento de Orestes Quércia (PMDB) e Leonel Brizola (PDT). Só eles poderiam impedir a vitória de FHC no primeiro turno.
O discurso oficial dos adeptos de Luiz Inácio Lula da Silva ainda é otimista. Vislumbra uma situação de equilíbrio com FHC no final do primeiro turno e ascensão na rodada final. Mas a análise interna é outra.
O partido trabalha com a quase certeza que Lula cairá ainda mais nas pesquisas. Para brecar uma subida do tucano que comprometeria o segundo turno, pensa-se na cúpula petista, só aumentando-se o cacife eleitoral dos candidatos do PMDB e do PDT.
São vários os problemas petistas na reta final do primeiro turno: falta de discurso sobre o Plano Real, desmobilização da militância, candidaturas estaduais fracas e falta de dinheiro para tocar a campanha.
A avaliação do partido é que é hora de estancar a hemorragia de votos. Ninguém acredita que Lula possa recuperar ainda no primeiro turno as taxas de aceitação que obteve antes da implantação do real.
O trabalho de agora é para evitar que o petista caia para menos de 25% das intenções de voto. Se essa hipótese virar fato, mesmo os mais otimistas coordenadores da campanha de Lula acham que a eleição estará perdida.
Para que Lula chegue ao segundo turno, aposta-se pelo menos na estabilização da aceitação popular ao real e na capacidade de Quércia e Brizola crescerem.
Para o PT, uma subida de Brizola, ainda que concorrendo com Lula na faixa dos votos anti-FHC, ajudaria a manter as chances de algumas candidaturas estaduais em que PDT e PT estão coligados.
Evitando que os tucanos ou seus aliados cheguem a governos estaduais no primeiro turno, acha o PT, aumenta a chance de num eventual segundo turno Lula não sofrer um cerco político maior.
Brizola no Rio
No curto prazo, um crescimento de Brizola em Estados como Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro (nos quais Lula ainda se equilibra com FHC) impediria também a criação do fato consumado de que a única candidatura em ascensão é a de Fernando Henrique.
Além, é claro, de que qualquer voto em candidato que não seja o tucano ajuda na luta para que a eleição não seja liquidada já em 3 de outubro.
Toda a análise petista sobre Brizola parte do pressuposto de que não há a mínima possibilidade de o pedetista, por sua fragilidade em São Paulo e em Minas, chegar a ameaçar o segundo lugar de Lula.
Sobre Quércia, a esperança do PT é que ele impeça o avanço de FHC principalmente no interior paulista.
A dificuldade revelada até agora para o peemedebista crescer no Estado de São Paulo, aliás, é uma das surpresas constatadas pelos estrategistas de Lula.
A rejeição a Lula entre os paulistas é hoje uma das maiores preocupações do comando petista. Já se tem como fato consumado que, pelo menos no primeiro turno, FHC levará uma boa vantagem sobre o petista no Estado. Daí que o trabalho de barrar o adversário está agora nas mãos de Quércia.
Todo o planejamento eleitoral do PT, após a fase de estancar a queda, depende do surgimento de problemas de gerenciamento do real para que possa haver perspectiva de retomar o crescimento da candidatura Lula.
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