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<DATE>941022</DATE>
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Governador diz ser serviço `extraordinário' e teme aproveitamento político
SILVIA NORONHA
Da Sucursal do Rio
O governador Nilo Batista é favorável à atuação do governo federal no combate à violência no Rio, mas não considera a medida uma intervenção no Estado.
Nilo Batista disse ontem que o governo federal estará prestando um serviço ``extraordinário'' ao Rio, se determinar a atuação das Forças Armadas e da Polícia Federal no Estado.
``É atribuição federal controlar o contrabando de armas e o tráfico de drogas, está na Constituição'', afirmou. ``Só tenho a agradecer ao presidente Itamar Franco.''
Ele afirmou não acreditar que Itamar decida pela intervenção. A medida democrática, disse, seria uma colaboração da União.
No entanto, Nilo Batista disse temer um aproveitamento político da situação. Segundo ele, há uma campanha em favor da criação de um fato político em torno do problema da violência no Estado.
``Dentro da polícia (do Rio) há provocadores, gente fechada com adversários do governo'', afirmou. ``Há interesse em desmerecer o candidato do governo (Antony Garotinho, do PDT, que disputará o segundo turno das eleições com Marcello Alencar, do PSDB)''.
Batista lembrou que em agosto enviou carta ao presidente defendendo a atuação federal no combate à violência no Rio. Para ele, a medida já deveria ter sido tomada.
Segundo a Constituição, uma intervenção federal seria decretada em caso de comprometimento da ordem pública. Nesse caso, disse Batista, seria preciso ``estatística calamitosa'' da violência no Rio.
``Na verdade, não há diferença estatística da violência entre Rio e São Paulo.'' Intervenção, reiterou Batista, somente em caso de descontrole total, falta de providências e de resultados.
``Mesmo assim, a prática democrática pede antes a colaboração.'' Segundo Batista, sem o apoio do Exército e da PF, o Estado continuará ``enxugando gelo''.
``O Rio não produz droga, não fabrica armas importadas. Eu não tenho poderes para investigar em outros Estados, nos aeroportos e nas fronteiras.''
Da maneira como está, segundo Batista, a polícia do Estado prende pessoas, apreende armas e drogas, mas no dia seguinte outros traficantes, outras armas e mais drogas já estão nos morros.
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