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<DATE>950520</DATE>
<CATEGORY>MUNDO</CATEGORY>
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Das agências internacionais
O governo argentino deve oferecer uma recompensa em dinheiro para quem apontar o paradeiro do ex-oficial nazista Alois Brunner.
Informe da Interpol (polícia internacional) divulgado ontem pelo Centro Simon Wiesenthal, entidade judaica que busca ex-nazistas, diz que Brunner se encontra no nordeste da Argentina, em local próximo à fronteira com o Brasil e o Paraguai.
O anúncio da recompensa foi feito ontem, extra-oficialmente, por Sérgio Widder, representante do Centro Simon Wiesenthal na Argentina. ``Esperamos que o anúncio oficial saia brevemente", disse, sem especificar o valor.
A entidade pediu também ao governo da Alemanha que ofereça dinheiro pela captura do ex-oficial.
Brunner, austríaco de 83 anos, é procurado pela Justiça de cinco países por crimes contra a humanidade. Ele foi o responsável pela deportação de 150 mil pessoas (a maioria judeus) para campos de concentração, durante a Segunda Guerra Mundial.
Foi o principal auxiliar de um dos líderes nazistas, Adolf Eichmann, e diretor do campo de concentração de Drancy (próximo a Paris).
Widder acredita que Brunner esteja refugiado próximo às Três Fronteiras (confluência dos rios Iguaçu e Paraná, que marca a fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai). Outros 11 ex-nazistas também estariam na região.
A polícia do Paraguai e a filial da Interpol em Assunção (Paraguai) descartaram a possibilidade de Brunner estar em seu território.
De acordo com o presidente da Associação de Filhos e Filhas de Deportados, Serge Klarsfeld, Brunner não está em nenhum dos três países da região, mas que está morto. ``Há uma possibilidade em cem de que esta pista seja correta", disse em Paris.
Klarsfeld é o mais atuante ``caçador de nazistas" da França.
Ele afirmou que, há três anos, obteve informações de que Brunner estava muito doente. Desde 1954, Brunner vivia na Síria, onde recebia proteção extra-oficial do governo.
``Brunner não assumiria o risco de ir à Argentina justamente quando o presidente Carlos Menem está exposto à pressão pública para que sejam julgados torturadores da ditadura. Este não seria o momento para acolher um torturador nazista", disse Klarsfeld.
Ele se refere à autocrítica feita por militares que participaram de violações dos direitos humanos no país entre 1976 e 1983.
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