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<DATE>950625</DATE>
<CATEGORY>BRASIL</CATEGORY>
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ARI CIPOLA
Da Agência Folha, em Maceió
O empresário Paulo César Farias levou ilegalmente três prontuários dos presos da penitenciária São Leonardo de Maceió para analisar em casa. Os documentos não podem sair da penitenciária.
A falta foi permitida por José Correia Medeiros Júnior, 29, diretor da Divisão de Classificação e Triagem da penitenciária. Depois de ter autorizado a saída dos documentos na última terça-feira, o próprio Correia reconheceu o erro.
Qualquer eventual punição que PC venha a sofrer no caso só será conhecida depois que a secretaria enviar o primeiro relatório prestando contas dos atos do empresário no trabalho, o que deve ocorrer dentro de um mês.
PC está trabalhando no Projeto Mutirão, que dá assistência jurídica aos presos alagoanos.
Ele foi condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a sete anos de prisão por falsidade ideológica, sob a acusação de movimentar contas bancárias por intermédio de correntistas fantasmas.
Na semana retrasada, o STF decidiu que PC poderia passar os dias fora da cadeia, desde que prestasse serviços à comunidade. Ele deve se recolher ao quartel do Corpo de Bombeiros de Maceió durante as noites, feriados e finais de semana.
PC apresenta amanhã no Fórum de Maceió um pedido para poder transportar os prontuários dos presos para a sede da Secretaria de Justiça de Alagoas. Ele não quer mais ter de ir todos os dias à penitenciária como fez nos quatro primeiros dias de trabalho.
Segundo o secretário de Justiça, Rubens Quintella, 71, os presos ficam agitados, ansiosos e com muita expectativa com a presença de PC no local.
``A partir de agora o PC vai uma vez por semana à penitenciária, para evitar que os presos fiquem agitados", afirmou. No restante dos dias, PC irá trabalhar na Secretaria de Justiça de Alagoas.
Os presos da São Leonardo acreditam que PC vá resolver os problemas de falta de condições do local. Há celas com oito camas que estão com até 13 pessoas.
``PC, ajuda a gente", gritam os presos quando o empresário entra e sai da penitenciária.
Os 30 estudantes de direito que fazem o mesmo trabalho de PC, que é o de analisar, caso a caso, a situação jurídica dos presos, estranharam que o empresário tivesse levado para casa os prontuários.
Os estagiários são obrigados a fazer anotações na penitenciária e depois, em casa, fazem os relatórios com indicações de quais procedimentos devem ser adotados nos casos analisados.
O relacionamento de PC com o secretário Quintella é o melhor possível. Na segunda metade da década de 60, quando ainda estudava direito, PC era repórter de polícia do ``Jornal de Alagoas" e Quintella era o diretor da Polinter, um dos departamentos da Secretaria de Segurança Pública.
``Depois que acabar o trabalho do Mutirão, vamos ver como aproveitar melhor sua inteligência em outras funções", afirmou Quintella a PC.
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