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<DOCNO>PUBLICO-19940223-096</DOCNO>
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<DATE>19940223</DATE>
<CATEGORY>Nacional</CATEGORY>
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Cavaco Silva e os fundos para o IPSD
Entre a incredulidade e a ignorância
Minimizando as acusações de Carlos Carvalhas, que na véspera acusara o IPSD de ter recebido no ano passado um «financiamento encapotado» no valor de 677 mil contos em fundos estruturais para formação partidária, Cavaco Silva afirmou ontem não acreditar que tal tenha acontecido. Não sem deixar bem claro que «nem o IPSD (Instituto Progresso e Social Democracia) é uma instituição do PSD» nem ele próprio é seu dirigente, pelo que não «conhece bem a sua actividade».
«O IPSD é dirigido por pessoas próximas do PSD como a CGTP é dirigida por pessoas próximas do PC e a Fundação Antero de Quental por figuras da área do PS. E não acredito que o Fundo Social Europeu tenha atribuído a qualquer uma delas verbas para formação partidária», afirmou o primeiro-ministro quando questionado sobre o assunto durante uma visita ao Museu Machado de Castro, em Coimbra.
Mas logo Cavaco Silva minimizou a acusação feita por Carlos Carvalhas na abertura das jornadas parlamentares do PCP, em Braga, que classificou como «mais um dos ataques típicos do Partido Comunista e de outros partidos da oposição em véspera de eleições». «Já estou habituado», disse o presidente do PSD, « tenho as costas largas».
Foi com a mesma indiferença que o primeiro-ministro comentou as declarações de Alberto João Jardim que, referindo-se às relações com o PSD a nível nacional, terá afirmado durante o Conselho Regional dos sociais-democratas que «há situações em que é preciso falar de divórcio». «Da minha parte, as relações de cooperação são absolutamentamente normais e continuarão a sê-lo», afirmou Cavaco Siva, sem poupar elogios aos Governos Regionais -- «que têm feito uma obra notável na área das suas competências» -- e a si próprio: «É preciso não esquecer que eu próprio garanti no primeiro Quadro Comunitário de Apoio fundos muito elevados para a Madeira e para os Açores e que já assumi o compromisso de, no segundo, duplicar essas verbas».
Graça Barbosa Ribeiro
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