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<DOCNO>PUBLICO-19940302-100</DOCNO>
<DOCID>PUBLICO-19940302-100</DOCID>
<DATE>19940302</DATE>
<CATEGORY>Nacional</CATEGORY>
<AUTHOR>ASL</AUTHOR>
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Governo insiste no nome de Daniel Sanches
Soares recusa condecoração ao director do SEF
Mário Soares deverá comunicar na próxima semana a Cavaco Silva que não aceitará condecorar o Director-Geral dos Serviços de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), no âmbito do pacote de funcionários do Estado que serão condecorados em Belém no próximo dia 14. O nome de Daniel Sanches já tinha sido proposto pelo Governo no ano passado tendo sido rejeitado por Soares, e tudo leva a crer que o Presidente da República assuma, desta vez, a mesma atitude.
A proposta parte do ministro da Administração Interna e mereceu o acolhimento do primeiro-ministro. Os nomes propostos pelo Governo chegaram às mãos de Soares antes do «caso Vuvu» ter despoletado nova polémica em redor dos Serviços de Estrangeiros, mas nada leva a crer que Cavaco retire o nome de um funcionário que há poucos dias contou com a total cobertura do ministro da tutela.
O assunto não foi falado na última audiência Soares/Cavaco, que decorreu em pleno rescaldo do «caso Vuvu-Souzé». Na altura, embora tenha solicitado informações ao Governo através do Chefe da sua Casa Civil, o Presidente manteve discrição sobre o processo e manteve o silêncio sobre a condecoração já na calha. Esta semana não há audiência já que Mário Soares se encontra no estrangeiro, e na próxima conversa com Cavaco o Presidente deverá, então, comunicar que não condecorará Daniel Sanches, na sequência, aliás, das discordâncias que tem mantido com o Governo no capítulo da política de imigração e que atingiram o clímax quando o PR vetou a lei do asilo.
Já no ano passado, quando Cavaco propôs pela primeira vez a condecoração do SEF o Presidente rejeitou, numa altura em que se vivia o rescaldo dos incidentes registados no aeroporto de Lisboa com brasileiros cuja entrada em Portugal era travada pelos Serviços de Estrangeiros. O PR esteve na primeira linha dos alertas para o tratamento especial que, na sua opinião, deviam merecer os imigrantes lusófonos.
Além de Daniel Sanches, o pacote de condecorações deste ano parece pacífico. Inclui, entre outros, Luís Madureira, director-geral do Desenvolvimento Regional, Alberto Amaral, reitor da Universidade do Porto, e o actor Jacinto Ramos. Por proposta presidencial, quem deverá ser condecorado a título póstumo - não agora, mas no 10 de Junho -, é Jorge Campinos, motivo da actual deslocação de Soares a Tenerife para uma homenagem internacional.
Antes de partir, o PR promulgou, como se esperava, a lei das propinas, evitando um novo braço de ferro, destinado ao insucesso no Parlamento. Expectativa merece a próxima quinzena, já que Soares aceitou participar em vários fóruns propícios à intervenção crítica: um seminário na Universidade Católica sobre Luta Contra a Pobreza; as conferências do Semanário Económico sobre a situação económica; e já no próximo sábado a sessão solene de abertura das comemorações do 20º aniversário do 25 de Abril, promovidas pela Associação com o mesmo nome. A.S.
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