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<DOCNO>PUBLICO-19940307-074</DOCNO>
<DOCID>PUBLICO-19940307-074</DOCID>
<DATE>19940307</DATE>
<CATEGORY>Sociedade</CATEGORY>
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Paquete finlandês ameçou afundar com mais de 1200 pessoas
O desastre esteve por um triz
Dirá a história que houve tempo e suficiente frieza nórdica para se evitar umas das maiores catástrofes da navegação comercial. O paquete finlandês «Sally Albatroz», com 1.101 passageiros e 158 tripulantes a bordo, sofreu um rombo no casco e a água gelada do Golfo da Finlândia começou a invadir metade dos dez tombadilhos.
O paquete de 25 toneladas cumpria, quinta- feira à noite, um dos tradicionais cruzeiros de 24 horas entre Helsínquia e Tallin, capitais da Finlândia e a Estónia e, ou por um erro de navegação, ou porque embateu nalguma ponta aguçada de gelo, começou a meter água, a partir da casa das máquinas.
Dois rebocadores quebra-gelos e um outro paquete acorreram ao sinal rádio de socorro, conseguindo-se efectuar o transbordo de todas as pessoas, sem se registar o mínimo ferimento. A operação foi realizada com uma temperatura de cinco graus negativos. «Foi tudo muito calmo e tudo correu bem», disse ontem Sture Sviberg, o capitão do navio, citado pela Reuter.
O presidente da companhia proprietária Silja Line, o finlandês Jukka Suominen, reconheceu como se esteve perto do desastre: «A situação ameaçava transformar-se em perigosa», disse numa conferência de imprensa em Helsínquia. «É evidente que os elementos para uma grande fatalidade estavam reunidos.»
A água do mar, mal os passageiros e tripulantes saíram, começou a subir pelos conveses do navio e deixaria rapidamente a popa seis metros abaixo do nível normal. O paquete, com 169 metros de comprimento, foi imediatamente rebocado para uma zona de águas pouco profundas e, ontem, continuava adornado para estibordo, junto à península de Porkkala.
Ontem à tarde, tudo indicava que não se ia afundar mais. «A água já não está a entrar no navio. O nível da água não se alterou», explicou o vice-presidente das operações da Silja Line, enquanto o rombo submarino era inspeccionado por mergulhadores. Questionado sobre se tinha a certeza de que o paquete não ia mesmo mergulhar de todo, respondeu: «Eu não estava aqui como chefe da operação de salvamento se acreditasse nisso.»
Sabe-se com toda a certeza que, pelo menos, o paquete vai estar inoperacional durante vários meses, mas a companhia está seriamente preocupada com o impacto negativo do acidente. Disse o presidente Kulavaara: «É bastante claro que este tipo de acidente é, do ponto de vista da imagem, mau».
Mas sublinhou o facto de ninguém ter ficado ferido. «Não acredito que isto vá influenciar os hábitos de viagem dos nossos passageiros», acrescentou. E lembrou que naquela zona escandinava viajam por ano 14 milhões de passageiros em «ferry boats», só entre Suécia e a Finlândia.
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