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<DOCNO>PUBLICO-19940308-047</DOCNO>
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<DATE>19940308</DATE>
<CATEGORY>Mundo</CATEGORY>
<AUTHOR>JH</AUTHOR>
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Bophutatswana volta a adiar
O BOPHUTATSWANA, bantustão pseudo-independente particularmente conhecido pela sua Sun City estilo Las Vegas, adiou ontem por mais uma semana a decisão sobre se se deve registar ou não nas eleições gerais sul-africanas de fins de Abril, apesar de o prazo para o fazer já ter oficialmente expirado.
O governo do território afirmou que é contra a ida às urnas, mas que vai expor o caso ao Parlamento, que se reúne no dia 15, por entre a continuação da incerteza de quem é que vai e quem é que não vai a votos na África do Sul dentro de sete semanas.
O Presidente do bantustão, Lucas Mangope, declarou que o Partido Democrata Cristão a que pertence só se inscreve nas eleições, mesmo que a título provisório, se as mesmas forem adiadas, como aliás é também pedido pelo Partido Inkatha, de Mangosuthu Buthelezi (Ver texto nesta página).
O Inkatha e a extrema-direita afrikaner, que com o Bophutatswana constituem a Aliança da Liberdade, reuniram-se ontem em Pretória para decidir qual a mediação internacional mais desejável no presente conflito constitucional sul-africano.
Dar ou não dar muito mais autonomia às diferentes regiões que constituem o país é a questão, nesta altura em que a África do Sul se encaminha para a hipótese de um significativo crescimento económico a médio prazo, desde que consiga ultrapassar da melhor maneira possível os presentes obstáculos à sua estabilidade.
Representantes do ANC e do Inkatha reúnem-se hoje para debater a mediação internacional, enquanto Nelson Mandela insiste na recusa a uma pátria só para afrikaners, uma Volkstaat, pedida pelo Partido Conservador e por outras formações da extrema-direita.
A decisão final sobre quem vai ou não vai às eleições terá de ser agora tomada sem grandes delongas, pois é preciso mandar imprimir 35 milhões de boletins de voto para a Assembleia Nacional e 45 milhões para as assembleias regionais, tarefa que decerto não se pode realizar num curto espaço de tempo.
Se os boletins não começarem a ser impressos dentro dos próximos 15 dias e se a mediação internacional também não começar a funcionar em meados deste mês, então é mesmo difícil de acreditar que se consiga ir às urnas de 26 a 28 de Abril, o período intransigentemente defendido pelo Presidente De Klerk e por Nelson Mandela.
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