<DOC>
<DOCNO>PUBLICO-19940319-022</DOCNO>
<DOCID>PUBLICO-19940319-022</DOCID>
<DATE>19940319</DATE>
<CATEGORY>Desporto</CATEGORY>
<AUTHOR>LF</AUTHOR>
<TEXT>
Open de Portugal em golfe
Amador português na fase final
Rodrigo Cordoeiro/Pluripress
Enquanto o sul-africano Retief Goosen alcançava o galês Philip Price na liderança do Open de Portugal, um jovem amador português, de seu nome Almerindo Sequeira, alcançava um lugar na fase final da prova. Uma proeza que o tornou, subitamente, na inesperada sensação do golfe nacional.
Almerindo Sequeira tem 22 anos de idade, treina de manhã em Vilamoura, no Algarve, trabalha de tarde numa loja de golfe do empreendimento de Vale do Lobo e tem um sonho: tornar-se golfista profissional de competição. Ontem, ao cometer a proeza de atingir a fase final do Open de Portugal --estando agora na 48ª posição --, que decorre na Penha Longa, em Sintra, terá dado um passo decisivo para o concretizar.
Sequeira começou o segundo dia numa posição não muito confortável. Na véspera, tinha realizado uma volta de 74 pancadas (três acima do Par do campo), pelo que, para alcançar um lugar entre os jogadores que hoje continuam em prova, era necessário que terminasse com um resultado abaixo do Par. Poucos acreditavam que o conseguisse, mas ele, com um «birdie» no buraco três, embora logo seguido de um «bogey», estava já lançado para realizar um brilhante «score» de 69 pancadas (duas abaixo do Par do campo), que lhe deu um total de 143 (++1). O corte ficou estabelecido em 145.
«No terceiro buraco, comecei a ficar confiante», disse ele para justificar a sua prestação. Depois, fez «birdies» consecutivos nos buracos 8, 9, 10 e 11, altura esta em que somava um agregado de uma pancada abaixo do Par. Bastava-lhe agora aguentar o jogo e suportar a pressão, o que ele fez de forma notável, se bem que ainda tenha perdido duas pancadas no 13º e no 17º buracos.
«Foi o dia mais feliz da minha vida», afirmou no final. Questionado sobre a razão de, até ao momento, ter tido uma carreira discreta como amador, respondeu que só desde o ano passado é que começou a trabalhar com mais intensidade. «E entretanto melhorei o jogo curto, que era o meu grande defeito. Penso que com um bom jogo curto consigo ser tão bom ou melhor que os outros amadores», acrescentou.
Agora, sem nada que perder, nem mesmo dinheiro, pois é das regras que nenhum golfista amador receba recompensas monetárias, Sequeira poderá mesmo ampliar a sua proeza caso consiga um lugar no meio da tabela entre os 65 golfistas que começam hoje a disputar os 78 mil contos de prémios monetários.
Entre os restantes portugueses, o destaque vai para o jovem profissional António Sobrinho, que falhou o corte por apenas uma pancada, depois de ter concluído os segundos dezoito buracos em 73 pancadas (++2), para um total de 145 (72-73). «Falta-me alguma experiência a nível de torneios do circuito europeu», disse. Já os outros jogadores lusos deixaram muito a desejar, sobretudo Daniel Silva, cujas duas rondas totalizaram 165 pancadas (75-81).
Entretanto, o comando da prova é agora partilhado pelo galês Philip Price, anterior líder, e o sul-africano Retief Goosen, que ontem conseguiu a melhor volta do dia, com um resultado de 66 pancadas. Ambos somam um agregado de 135 pancadas. «Estou contente com o meu jogo, pois ao longo dos dezoito buracos falhei apenas um `green'», disse Price em relação à sua menos brilhante ronda de ontem, que terminou em Par do campo (71).
Na tabela classificativa, seguem-se o francês Jean Van de Velde, e os britânicos Carl Mason e Brian Barnes, de 49 anos de idade. Depois, a apenas uma pancada destes, estão Paul Eales e Ronan Rafferty, vencedor do Open de Portugal há dois anos. Resultados após a segunda ronda: 135 -- Philip Price (64-71), Retief Goosen (69-66); 136 -- Brian Barnes (69-67) , Jean Van de Velde (68-68), Carl Mason (67-69); 137 -- Paul Eales (66-71), Ronan Rafferty (69-68); 138 -- Constantino Rocca (65-73), Ignacio Garrido (69-69), D. J. Russell (69-69), Miguel Angel Jimenez (70-68), Garry Orr (68-71). Outros portugueses: 152 -- João Pedro Carvalhosa (76-76); 154 -- João Sousa (75-79); 157 -- Carlos Agostinho (78-79), Rogério Valente (77-80); 158 -- José Dias (80-78); 162 -- António Dantas (80-82); 169 -- José Correia (89-90); 182 -- Eduardo Correia (93-89).
</TEXT>
</DOC>