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<DOCNO>PUBLICO-19940605-105</DOCNO>
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<DATE>19940605</DATE>
<CATEGORY>Mundo</CATEGORY>
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Por John D. Becker*
Vagas de aviões bimotores C-47 sobrevoavam praias desertas pouco após a meia-noite do dia 5 de Junho de 1944. Amontoados no interior dos aviões encontravam-se pára-quedistas americanos e ingleses. Os aviões desceram até 700 pés (210 metros) ao aproximarem-se dos pontos de largada. Os soldados aerotransportados seguiram uma série de comandos prévios: «Preparem-se», «Levantem-se», «Enganchem», «Verifiquem o vosso equipamento», «Fim do exame ao equipamento», «Dirijam-se para a porta». Quando soou a ordem para saltar, os aviões largaram a sua carga em menos de dez segundos. Em breve, 13.000 soldados aliados pisavam solo normando.
Ao mesmo tempo, emergiam dos seus esconderijos pequenos grupos de resistentes franceses para vir em auxílio das forças aliadas. Haviam executado deliberadamente actos de sabotagem e incursões nas posições alemãs que ameaçavam as tropas amigas. Muitos elementos deste movimento clandestino, cujo total é estimado em mais de 200.000 membros, socorreram pára-quedistas perdidos e pilotos abatidos.
Dentro em pouco, à luz da madrugada nascente, tornava-se visível uma compacta frota em frente às praias. Literalmente, milhares de navios e pequenas embarcações acumulavam-se frente à costa francesa ocupada pelos alemães. Antes das seis horas, cerca de 900 destes navios -- cruzadores, contratorpedeiros e navios de guerra -- deram início a um bombardeamento naval que fez tremer o solo e despertou o Exército alemão.
Este exército acordou e viu-se perante tropas que não estavam ali no dia anterior. E agora aquele exército estava a brotar de um grande número de lanchas de desembarque, através de praias pesadamente fortificadas, avançando na direcção para os seus compatriotas aerotransportados. Antes do final do dia, mais de 150.000 soldados tinham conseguido desembarcar.
Esta poderosa manobra, o maior desembarque anfíbio da História, que ficou conhecida por Operação Overlord, marcou o princípio do fim da II Guerra Mundial na Europa. Um ano após o Dia D, os exércitos aliados derrotavam as forças militares alemãs e asseguravam a vitória na Europa. Prosseguiam os combates na frente de operações do Pacífico, mas também aí a vitória não demorou.
Em muitos aspectos, a Operação Overlord representa um excelente exemplo de planeamento e execução das operações estratégicas dos aliados. Nela pode-se constatar o modo como evolui uma formidável estratégia e como, dessa mesma estratégia, nascem planos militares; observa-se interacção e acordo entre líderes-chave políticos e militares; e, por último, compreende-se o modo como operações combinadas e conjuntas ocorrem a uma escala global. Nesta perspectiva, a invasão do Dia D serve não apenas como uma fascinante história, mas também como um instrumento para o ensino de futuros líderes e cidadãos.
Debrucemo-nos sobre alguns elementos críticos da Operação Overlord que constituem aquilo que poderia ser designado por enquadramento estratégico da invasão do Dia D. Estes elementos, três em particular, são os seguintes: os protagonistas principais, isto é, os líderes aliados que conceberam a Operação Overlord; as reuniões de planificação mais importantes, ou seja, o processo pelo qual os protagonistas principais desenvolveram esta operação; e as conexões ou o modo como o processo se transformou no plano para o Dia D e a forma como esse plano se tornou num produto -- a invasão da França ocupada pelos alemães.
Os protagonistas principais
Muitos nomes famosos estão associados à invasão da França pelos aliados, entre os quais os generais americanos Dwight Eisenhower e Omar Bradley e o marechal de campo inglês Bernard Montgomery. Estes homens eram os comandantes, os responsáveis pelas operações e pelas investidas dos seus respectivos exércitos. Planearam e dirigiram todas as acções nas praias, nos bosques e no interior da França.
Porém, no que diz respeito à Operação Overlord, os comandantes não foram exactamente os actores principais. Dito por outras palavras, embora fossem importantes para o sucesso da operação, não eram indispensáveis. Se necessário, outros comandantes poderiam ter executado este plano.
Os criadores da Operação Overlord é que foram os elementos essenciais. Sem eles, esta operação nunca teria sido possível. Foram eles Winston Leonard Spencer Churchill, Franklin Delano Roosevelt e George Catlett Marshall.
O primeiro-ministro inglês Churchill era um produto da Inglaterra vitoriana, membro do Parlamento desde o virar do século até 1955. Líder político hábil e um escritor talentoso, possuía igualmente um conhecimento profundo de assuntos militares.
Frequentara Sandhurst, a academia militar inglesa, onde, de entre 150 estudantes, se formara em oitavo lugar. Enquanto oficial júnior, Churchill participara em numerosas campanhas, uma das quais a expedição sudanesa, em que tomou parte na última grande carga de cavalaria da história moderna. Também entrara na I Guerra Mundial, nos Fusileiros Reais Escoceses.
A sua participação em actividades militares incluiu o destacamento como correspondente de guerra em Cuba durante a Guerra Hispano-Americana, bem como na áfrica do Sul durante a Guerra dos Boers. Além disso, a sua carreira política abrangia a vertente militar por via dos seus cargos governamentais nos ministérios da Marinha, das Munições e do Exército.
Foi através do seu cargo como primeiro Lorde do Almirantado (Ministro da Marinha) e, mais tarde, como primeiro-ministro que Churchill colaborou na estratégia marítima periférica inglesa. Esta estratégia considerava o esforço de guerra dos aliados análogo a um nó corredio à volta do pescoço da pátria alemã. Incidia em incursões de comandos, bombardeamentos intensos, operações militares limitadas e apoio à insurreição nos países ocupados. O objectivo era o de apertar gradualmente o nó até que o inimigo, exausto e derrotado, entrasse em colapso.
Churchill era, definitivamente, um homem moldado pelas suas vivências pessoais, tanto no círculo político como no militar. Tinha confiança na sua percepção dos problemas militares e das suas soluções. Com efeito, as suas opiniões sobre estratégia militar viriam a confirmar essa convicção. Para citar um exemplo, ele associava a protecção dos interesses comerciais ingleses nos Balcãs à determinação dos objectivos militares dos aliados nessa região. É desnecessário dizer que semelhantes acções exasperavam os seus conselheiros militares.
Tal como Churchill, o Presidente Roosevelt dos Estados Unidos era produto de um ambiente privilegiado e um político experiente. Fora legislador e governador de Nova Iorque antes de assumir a presidência em 1913. Era igualmente versado em assuntos militares, tendo sido secretário de Estado da Marinha durante a I Guerra Mundial.
Porém, ao contrário de Churchill, Roosevelt nunca fora nem soldado, nem marinheiro no activo. Esta falta de experiência prática não o impedia de se envolver diariamente em assuntos militares. Quando os seus detractores levantavam objecções, ele repelia-os.
Mais tarde, Roosevelt continuou a desempenhar um papel activo quando, enquanto Presidente, lidava com os seus chefes militares nos anos 30. Tomou inúmeras decisões que iam contra os conselhos e opiniões deles. Em questões que iam desde a utilização da Unidade Aérea do Exército para entregar correio ao serviço dos Correios dos Estados Unidos até ao embargo de carregamentos de combustível para o Japão antes da II Guerra Mundial e ao envolvimento do Exército no desenvolvimento do programa do Corpo de Conservação Civil, ele e os seus chefes militares entravam muitas vezes em desacordo.
Tal como sucedera a Churchill, as vivências pessoais de Roosevelt tinham-no talhado para ser um líder activista, embora, no seu caso, com um toque definitivamente americano. Era um praticante pragmático da liderança política, mas possuía também um traço de idealismo aplicado. Desejava apoiar os esforços de guerra ingleses, incluindo a mobilização da base industrial americana, para prover aos abastecimentos necessários. Posteriormente, após a entrada dos EUA na guerra, comprometeu-se a um desenvolvimento maciço e à aplicação do poder militar americano. A produção de dezenas de milhares de aviões, a construção de milhares de navios e a constituição de um exército de oito milhões de homens foram um reflexo de uma estratégia militar que enfatizava a aplicação de força para esmagar o inimigo. Em certos aspectos, Roosevelt pode ser considerado como um advogado de uma abordagem de cruzada nas guerras.
Marshall ocupou oficialmente o cargo de chefe do Estado-Maior dos EUA e, oficiosamente, o de chefe do Estado-Maior das forças aliadas. Era um militar tanto por experiência como por inclinação. Diplomado pelo Instituto Militar da Virgínia, serviu nas Filipinas durante a insurreição do Mindoro e, mais tarde, com o general John Pershing, na frente europeia ocidental na I Guerra Mundial.
A experiência de Marshall nessa guerra moldou grandemente a sua abordagem das operações militares. Como principal planeador da ofensiva de St. Mihiel, trabalhou de perto com os comandos militares franceses e ingleses. Aprendeu bastante bem as difíceis lições que as operações conjuntas impunham -- respeitar, assumir compromissos e trabalhar em conjunto com os aliados.
Depois da guerra, Marshall desempenhou uma série de missões militares em Washington que aguçaram a sua consciência política e o seu conhecimento da arena política norte-americana. Adjunto de Pershing quando este era chefe do Estado-Maior, Marshall dirigiu a Divisão de Planos de Guerra e, mais tarde, nos anos 30, foi nomeado vice-chefe do Estado-Maior do Exército. Embora não fosse um político propriamente dito, Marshall aprendeu a apreciar os compadrios muitas vezes estranhos a que a política e os assuntos militares conduzem.
Escolhido para chefe do Estado-Maior por Roosevelt de entre 30 oficiais de alta patente, Marshall tomou posse em 1 de Setembro de 1939 -- o dia em que a Alemanha invadiu a Polónia. Nos dois anos que se seguiram, lutou com o Congresso para manter um exército credível pronto a entrar em acção, reestruturou as componentes logística e operacional desse exército e preparou-se, como líder, para enfrentar uma guerra global.
Marshall e Roosevelt tinham da estratégia militar uma perspectiva semelhante. Com efeito, Marshall foi o principal estratego dos aliados. Foi ele quem articulou a tese de que a melhor forma de utilizar a força militar era projectá-la no coração do inimigo. No caso da Alemanha, esse coração era o vale do Ruhr, o centro do poder industrial e militar germânico.
Estas três individualidades foram secundadas por outras figuras influentes -- como o marechal de campo inglês Sir John Dill, o conselheiro presidencial Harry Hopkins e o líder russo José Estaline, sem o concurso dos quais a Operação Overlord talvez tivesse fracassado. Mas, sem os actores principais -- Churchill, Roosevelt e Marshall --, a Operação Overlord talvez nunca tivesse sido concebida.
As principais conferências de planeamento estratégico
A Operação Overlord foi o resultado de uma série de conferências de planeamento estratégico realizadas pelos principais elementos dos aliados nos primeiros anos da guerra. Nos dois primeiros encontros -- Placentia Bay, em Agosto de 1941, e Acardia, no final de 1941 princípio de 1942 --, Roosevelt e Churchill debateram e acordaram as linhas mestras da estratégia global aliada. Estas linhas mestras incluíam a aceitação da estratégia «primeiro a Europa, depois o Pacífico»; o estabelecimento de estados-maiores conjuntos para dirigir as operações militares; e a aceitação de que apenas uma capitulação total do inimigo representaria a vitória. Nas conferências seguintes foram apresentadas propostas de acções militares, como a invasão da França via canal da Mancha.
Os americanos sugeriram pela primeira vez aos seus pares britânicos uma invasão da Europa ocupada na conferência de Londres de Abril de 1942. Marshall e Hopkins, reunidos com Churchill, delinearam os planos. Para começar, os aliados poriam em acção a Operação Bolero, uma concentração de meios aéreos e terrestres americanos em Inglaterra ao longo de 1942 e 1943. Esta concentração tinha a vantagem de representar uma ameaça clara e óbvia para os ocupantes alemães, permitindo simultaneamente aos americanos o agrupamento das suas forças num ponto estratégico vital, que de outra forma se encontrariam dispersas.
À Operação Bolero seguir-se-ia um segundo plano, a Operação Roundup, um ataque aliado à Europa previsto para 1943. Pensava-se que envolvesse nada menos de 30 divisões dos Estados Unidos e 18 divisões britânicas para uma ofensiva em França. O apoio aéreo americano incluiria 1500 caças e 1000 bombardeiros, para além de todas as forças aéreas britânicas disponíveis.
Marshall traçou também um plano de emergência, a Operação Sledgehammer, que só seria desencadeada se o regime de Hitler caísse inesperadamente ou se a frente russa claudicasse a leste. Todas as forças aliadas disponíveis -- provavelmente seis divisões -- atravessariam o canal da Mancha para libertar regiões da França ou repelir os alemães na frente leste, dependendo das circunstâncias. Em todo o caso, a Operação Sledgehammer era uma acção limitada.
Embora com cepticismo, Churchill e o seu gabinete subscreveram as propostas à conferência de Londres. A Operação Bolero foi posta em marcha quase de imediato e prosseguiu até ao fim da guerra. O Reino Unido tornou-se a base logística das operações aliadas na Europa Ocidental.
No início de 1943, em três conferências ulteriores (Casablanca, Washington e Quebeque), os aliados puseram de parte a Operação Sledgehammer e modificaram substancialmente a Operação Roundup. Acrescentaram invasões preliminares do Norte de África (Operação Torch) e da Sicília (Operação Husky). Outras alterações incluíam o reforço da campanha antiguerra submarina dirigida, no Atlântico Norte, contra os submarinos germânicos; a ênfase na ofensiva conjunta de bombardeiros --, golpes directos e profundos contra os alicerces económicos alemães -- por meio de raides diurnos e nocturnos -- e o apoio activo aos movimentos clandestinos da Europa ocupada.
O conceito Overlord recebeu os retoques finais nas conferências de Sextant e Eureka, no final de 1943. Os aliados fixaram a data de 1 de Maio de 1944 para o Dia D (depois alterada para 1 de Junho). Comprometeram-se a fazer da invasão via canal da Mancha o seu principal objectivo. Até os russos se comprometeram a cumprir o plano, concordando em lançar grandes ofensivas a leste simultâneas à invasão.
Em resumo, os principais intervenientes formularam em sete cimeiras o conceito estratégico que viria a transformar-se na Operação Overlord. Esse conceito -- uma invasão da França lançada a partir do canal da Mancha -- manteve-se inalterado, embora o plano propriamente dito fosse sofrendo modificações substanciais ao longo do processo. Chegava-se agora ao momento de o pôr em prática.
A lógica da Operação Overlord
O principal objectivo da Operação Overlord era simples: invadir a França via canal da Mancha e garantir uma base para a condução de operações militares. Estas duas acções realizariam o objectivo estratégico global dos aliados, que era «atacar no coração da Europa e derrotar as forças militares germânicas».
O plano da operação era igualmente simples. Dois exércitos, o primeiro americano e o segundo Inglês, efectuariam desembarques de assalto em cinco praias costeiras principais. Uma vez conquistadas esses areais, as forças americanas inflectiriam rapidamente para noroeste e tomariam o porto de Cherbourg.
Enquanto isto, as forças inglesas e canadianas, posicionadas a leste dos americanos, avançariam para tomar as cidades de Bayeaux e Caen. Por fim, deslocar-se-iam para nordeste, em direcção a outro porto -- o Havre. Os estaleiros de Cherbourg e do Havre eram vitais para os esforços logísticos futuros dos aliados em França.
Previamente aos desembarques, forças aerotransportadas seriam lançadas na região interior das duas praias a ser tomadas pelos americanos, «Utah» e «Omaha», para facilitar a interligação das cabeças-de-praia e defender as estradas para Cherbourg. Uma outra divisão aerotransportada tinha a seu cargo a defesa do flanco esquerdo britânico, aterrando a leste do rio Orne.
A invasão desenrolou-se seguindo muito de perto o que estava planeado, apesar do mau tempo e das más condições de desembarque. Antes do assalto às praias, os aliados conseguiram cobrir a península com um manto de protecção aérea. Os bombardeiros prepararam a área vital lançando mais de dez toneladas de explosivos. Imediatamente a seguir, cerca de 7000 caças e caças-bombardeiros executaram missões de apoio às tropas de desembarque. Fogo naval proveniente da enorme esquadra fustigou as praias e zonas costeiras.
As forças britânicas -- a 49ª, 50ª e 51ª Divisões, a 79ª Divisão Blindada e a 3ª Divisão Canadiana -- desembarcaram nos três locais designados -- «Gold», «Juno» e «Sword» --, enfrentando forte oposição. Com excelente fogo de apoio, tomaram as praias e estabeleceram posições em solo francês. A 4ª Divisão de Infantaria norte-americana ocupou também as suas posições na praia de «Utah», encontrando pouca resistência por parte dos alemães.
Na praia de «Omaha», contudo, a resistência foi duríssima. As forças alemãs dominavam os altos penhascos que rodeavam a praia e varriam os americanos com o seu fogo. Unidades norte-americanas como os Rangers e a 1ª Divisão de Infantaria sofreram baixas pesadíssimas (cerca de 1500 mortos e 5000 feridos ou desaparecidos no primeiro dia). Mas conseguiram tomar a praia e avançaram depois lentamente para a defender.
As operações aerotransportadas também obtiveram resultados diversos. A 6ª Divisão Aerotransportada inglesa aterrou no Orne, tomando os pontos de travessia e defendendo o flanco esquerdo. A 82ª Divisão Aerotransportada norte-americana aterrou na vila de Sainte Mère-Église e combateu duramente para defender as cabeças-de-praia para Cherbourg. Mas a 101ª Divisão Aerotransportada sofreu pesadas baixas, após ter sido lançada nos pântanos junto do rio Douve.
Até certo ponto, os êxitos dos aliados resultaram da ausência de uma resposta pronta por parte do comando alemão. Hitler reservava-se o poder de empregar as unidades blindadas de reserva dos seus comandantes em França, os marechais de campo Erwin Rommel e Karl von Rundstedt. Estava convencido de que a invasão aliada só poderia surgir do Pas de Calais -- a distância mais curta entre Inglaterra e França -- e queria reagir a esse ataque com forças blindadas suficientes. Mesmo quando os aliados já haviam estabelecido posições firmes na Normandia, Hitler recusou-se a acreditar que essa constituísse a sua principal acção. Quando finalmente compreendeu, já era demasiado tarde.
O princípio do fim
Em breves palavras, os desembarques do Dia D cumpriram as expectativas do plano. Ao anoitecer do dia 6 de Junho, mais de 165.000 soldados -- o equivalente a oito divisões -- estavam nas praias, e centenas de milhares mais vinham a caminho. Os aliados conquistaram as posições logísticas iniciais e os abastecimentos seguiram-se em abundância. As forças aéreas e navais aliadas continuaram a dominar nos dias que se seguiram. Dois meses depois, estavam em França um milhão e meio de soldados aliados e o fim da guerra estava à vista.
A Operação Overlord foi absolutamente inédita. Nunca anteriormente havia uma força militar empreendido uma operação anfíbia em tão larga escala, nem qualquer operação de desembarque tinha sido associada a um tão grande esforço aerotransportado. Raramente forças combinadas e conjuntas conduziram operações com aquele nível de precisão e perícia. Continua a ser, ainda hoje, um modelo de operação estratégica aliada concretizada com êxito.
* major do Exército norte-americano, oficial de operações do 3º Batalhão, 41ª Artilharia de Campo da 24ª Divisão de Infantaria (Mecanizada), Forte Stewart, Geórgia
[Tradução de Maria João Reis e Maria Eugénia Guerreiro]
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