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<DOCNO>PUBLICO-19940628-159</DOCNO>
<DOCID>PUBLICO-19940628-159</DOCID>
<DATE>19940628</DATE>
<CATEGORY>Nacional</CATEGORY>
<AUTHOR>ASLV</AUTHOR>
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Recuo e divisão
«Trata-se de um recuo envergonhado do Governo, que sempre se recusou a admitir que o aumento fosse suspenso. E revela grandes divisões do Governo, já que o ministro foi obrigado a recuar. Os utentes vão continuar a pagar a nova ponte, e por isso não acreditamos que isto venha resolver o problema. Quanto às medidas anunciadas, algumas tinham sido já preconizadas pelo PS, sem aumento. Há muito que consideramos que é necessário aliviar os milhares de pessoas que se servem diariamente da ponte e não têm alternativa». A reacção é de Armando Vara, porta-voz socialista para o sector das Obras Públicas, após a comunicação ao país do ministro Ferreira do Amaral.
Ontem à tarde, no Porto, António Guterres - que tem agendada para hoje uma conferência de imprensa sobre a questão - defendeu a suspensão imediata do aumento da portagem na ponte 25 de Abril.
Cavaco que se explique
«Por princípio, continuamos a ser contrários à manutenção da portagem, a não ser que o Governo prove ao país que os custos de manutenção da actual ponte justificam a manutenção dessa mesma portagem. Mas, em primeiro lugar, pedimos ao primeiro-ministro que não se esconda atrás do ministro das Obras Públicas na qualidade de potencial buzinador, e explique ao país o estado do seu Governo». Esta foi a reacção de Jorge Ferreira, dirigente do CDS-PP.
Ontem à tarde, em conferência de imprensa antes de conhecida a decisão governamental, Manuel Monteiro trinha atacado o primeiro-ministro dizendo que «o Governo sofre de desnorte, vive em crise, os últimos nove dias foram os mais negros na vida política portuguesa». O alvo de Monteiro foi Cavaco, a quem se dirigiu dizendo: «Basta de injustiça, sr. professor Cavaco Silva.»
A luta continua
«Embora não reconheça, o Governo foi abrigado a recuar», esta é a primeira constatação que o PCP retira das palavras de Ferreira do Amaral. Para os comunistas, a declaração do Governo «prova que a sua situação era insustentável e que os utentes da ponte têm rezão». Mas, apesar da decisão governamental, o PCP sublinha « que os problemas de fundo não estão resolvidos», abrindo-se, por isso, «novas condições para prosseguir a luta pela abolição total do aumento» da portagem da ponte 25 de Abril.
Também em conferência de imprensa antes de conhecida a decisão do Executivo, Vítor Dias qualifica ontem de «acto de intimidação» a presença de contigentes policiais em localidades da margem Sul do Tejo, na sequência dos protestos contra o aumento da portagem.
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