<DOC>
<DOCNO>PUBLICO-19940809-068</DOCNO>
<DOCID>PUBLICO-19940809-068</DOCID>
<DATE>19940809</DATE>
<CATEGORY>Sociedade</CATEGORY>
<AUTHOR>TC</AUTHOR>
<TEXT>
«Sou um homem de Deus»
Vinte e cinco anos depois de lançar os seus seguidores numa sangrenta missão de tortura e morte, Charles Manson continua a não mostrar quaisquer sinais de arrependimento. «Sou um homem de Deus. Não sou uma pessoa má. Sou bom!», disse Manson ao «Los Angeles Times», numa entrevista telefónica publicada sábado e reproduzida pela agência Reuter.
Em Novembro, Manson completará 60 anos, na sua cela isolada da penitenciária de Corcoran, na Califórnia, cumprindo a pena de prisão perpétua pelo assassínio de massas mais infamemente célebre dos Estados Unidos: a invasão e homicídio brutal da actriz Sharon Tate, mulher do realizador Roman Polanski, na madrugada de 9 de Agosto de 1969, por quatro dos seus seguidores -- que acreditavam que Manson fosse Jesus Cristo.
Mas a condenação -- à morte, numa primeira instância, mas transformada em prisão perpétua em 1972, quando a Califórnia aboliu a pena capital -- não lhe pesa muito, embora continue a reclamar a sua inocência, por achar que não teve um julgamento justo. «Porque é que eu havia de querer sair daqui? Isto é melhor do que a casa dos pais», diz Manson, que afirma nunca ter sido o vilão retratado pela comunicação social. «Toda a gente parece ter-me raiva porque não tenho remorsos por algumas mortes. Mas todos os dias morrem pessoas», afirma.
Como prova dos seus bons sentimentos e da conformação à cadeia, modernizou os seus augúrios de calamidade social com pinceladas ecológicas. Diz que o ambiente está a ser destruído, que as crianças são violentadas e que o planeta, em suma, está num estado caótico. «Só um louco poderia sentir-se bem neste mundo», comenta.
</TEXT>
</DOC>