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<DOCNO>PUBLICO-19940906-080</DOCNO>
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<DATE>19940906</DATE>
<CATEGORY>Nacional</CATEGORY>
<AUTHOR>RVZ</AUTHOR>
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Durão cauteloso face à Indonésia
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Durão Barroso, manifestou ontem ao PÚBLICO as suas reservas face à possível abertura da Indonésia para dialogar com a guerrilha timorense. No dia em que eram noticiadas conversações entre as chefias militares de Timor-Leste e os guerrilheiros, Barroso limitou-se a pôr água na fervura. «Vamos ver, vamos ver... O importante é que o assunto está a mexer, o que já é uma vitória para Portugal», declarou o ministro em Setúbal, onde acompanhava a visita dos reis de Espanha. Pouco disposto a comentários, Durão Barroso considerou a hipótese de que o próximo encontro com Ali Alatas decorra num clima diferente, «mas sem optimismos exagerados».
Ontem, Jacarta anunciou a tomada de posse do novo comandante das forças armadas de Timor-Leste, o coronel Syahnakri, que substitui o comandante cessante, Johny Lumintang, entretanto nomeado para a chefia da 1ª divisão do Comando Estratégico do Exército.
Nos últimos dias de comando do coronel Lumintang, foi noticiado um encontro entre militares indonésios e o líder detido da resistência timorense, Xanana Gusmão. Ainda ontem, a agência Reuter dava pormenores do encontro supostamente realizado a 16 de Agosto. Fonte citada pela Reuter adiantara que, nesse encontro, foi levantada a questão do referendo sobre a autodeterminação de Timor-Leste. Esta teria sido a primeira vez que a Indonésia admitia tal hipótese, negociada com Portugal e a guerrilha, com mediação da ONU.
Reagindo a estas notícias, Ramos-Horta, líder timorense no exterior, afirmou acreditar que Jacarta faça algumas cedências, preparando a cimeira de Cooperação Económica Ásia-Pacífico, que decorrerá em Novembro na capital da Indonésia.
Durante o dia de ontem, o conselheiro do Presidente Suharto para assuntos de Timor-Leste, Francisco Lopes da Cruz, garantiu à TSF não existirem quaisquer conversações directas entre os militares indonésios e os rebeldes timorenses. «Não há quaisquer negociações secretas entre a resistência e os militares. Ninguém falou com ele [Xanana Gusmão] e muito menos os generais», declarou Lopes da Cruz.
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