<DOC>
<DOCNO>PUBLICO-19940916-128</DOCNO>
<DOCID>PUBLICO-19940916-128</DOCID>
<DATE>19940916</DATE>
<TEXT>
«Se, nos tribunais, não há perseguição aos políticos, há magistrados que disfarçam muito bem. Não quero acreditar que assim seja, mas tenho dificuldade em entender esta situação de outra maneira», disse Carlos Melancia comentando a anulação do julgamento que o absolveu do crime de corrupção passiva em Agosto de 1993.
O ex-governador de Macau tinha sido acusado pelo Ministério Público, juntamente com Richard Weild, Peter Beier, Strech Monteiro, João Tito Morais, Rui Mateus e Menano Amaral. Estes últimos quatro foram julgados em separado e condenados a vários anos de prisão por «corrupção activa». Os dois julgamentos baralharam a opinião pública: encontraram-se os corruptores, mas não o elemento corrupto.
Foi um fax, publicado pelo «Independente» em 1990, que agravou as acusações formuladas e que se prendiam com «luvas» (no valor de cerca de 50 mil contos) dadas por uma empresa alemã com o intuito de integrar o projecto do aeroporto de Macau, cuja decisão cabia a Melancia.
«Se o processo me voltar à mão, declaro-me impedido com fundamento nas queixas apresentadas e nas declarações públicas que têm sido feitas» -- já afirmou o juiz Ricardo Cardoso, que votou vencido a absolvição de Carlos Melancia. A.N.
</TEXT>
</DOC>