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<DOCNO>PUBLICO-19950319-085</DOCNO>
<DOCID>PUBLICO-19950319-085</DOCID>
<DATE>19950319</DATE>
<CATEGORY>Diversos</CATEGORY>
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«O Enterro do Cavaquismo»
Em seguimento à publicação do artigo em epígrafe, da responsabilidade do jornalista António Gonçalves, (...) alguns reparos:
O concerto para piano que emitimos durante o velório era facilmente identificável: tratava-se de uma composição de Franz Liszt (...).
Mais, foram abusivamente «trocadas» as impressões do deputado socialista Oliveira e Silva. Em declarações aos jornalistas presentes -- declarações que, frisou, não deveriam ser publicadas -- declarou: «No mínimo é prematuro», referindo-se claramente a que não eram ainda conhecidos os resultados do Congresso Nacional do PPD/PSD, e não: «No mínimo deselegante.»
Quanto à mobilização, não creio que se possa falar em «falha» ou «deixar muito a desejar». Na verdade, foram distribuídos cerca de cinco mil folhetos nas escolas da cidade, convidando todos os jovens a participar. É facto alheio à organização o profundo e claro conformismo da população, resultado de dez anos de governação «laranja».
É ainda de lamentar a ausência dos jornalistas no início da marcha fúnebre, que percorreu várias artérias da cidade, provocando uma paralização quase total no trânsito local. Objectivo alcançado quando o «cortejo» chegou à Ponte Eiffel. (...) E se na programação da cerimónia estava patente que, no final, seria baptizada a Ponte Eiffel de Ponte Prof. Aníbal Cavaco Silva, os jornalistas presentes, se porventura lá estivessem, poderiam ter verificado que esta formalidade foi anulada por desejo da população vianense.
Era escusado ter contado as bandeiras. Teria sido mais valioso divulgar o motivo da luta pela qual, extraordinariamente, duas estruturas, normalmente de costas voltadas, se tenham unido a fim de divulgar uma mensagem: «Queremos o fim do cavaquismo, o fim do Governo PPD/PSD.»
O secretário coordenador concelhio
Amaro Pereira Franco
Viana do Castelo
N.R.: O jornalista não confunde informação com «agit-prop».
O jornalista assistiu ao velório, ao início da marcha fúnebre e ao «lançamento» do caixão na Ponte Eiffel. O jornalista é alheio ao facto de os cinco mil folhetos alegadamente distribuídos corresponderem a menos de 15 presenças (tantas quantas as bandeiras) na marcha. O jornalista respeitou as declarações em «off» do deputado Oliveira e Silva e não as reproduziu, ao contrário do que a JS, de forma incompleta, faz. Se o baptismo da ponte não se fez pelo «desejo» expresso pela JS, a tira de pano com o nome do primeiro-ministro não foi criação do jornalista. A.G.
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