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<DOCNO>PUBLICO-19950421-036</DOCNO>
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<DATE>19950421</DATE>
<CATEGORY>Desporto</CATEGORY>
<AUTHOR>FJM</AUTHOR>
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Mundial de sub-20: três golos de bola parada venceram a Holanda
Portugal imbatível
Do nosso enviado
Francisco J. Marques em Doha
Portugal vai defrontar domingo a Alemanha, nos quartos-de-final do Mundial de sub-20, depois de ontem ter batido a Holanda por um claro 3-0. Os portugueses e os espanhóis são os únicos a somarem por vitórias todos os jogos disputados.
Com três golos de bola parada, Portugal bateu a Holanda e assegurou o primeiro lugar do Grupo C, garantindo o apuramento para o jogo dos quartos-de-final, no próximo domingo, frente à Alemanha. Os jovens portugueses voltaram a jogar mais na segunda parte do que na primeira, uma tendência dos três jogos desta fase.
Depois de uma primeira parte dentro da tradição dos encontros entre Portugal e Holanda, com os segundos mais ao ataque e os portugueses a espreitarem o contra-golpe, a segunda mostrou uma equipa portuguesa confiante, que só pecou na finalização. Esta selecção da Holanda é fraquinha mas ganhar 3-0 à camisola laranja tem sempre o seu peso e Portugal é cada vez mais apontado como favorito à final, mesmo sabendo-se que antes deverá encontrar o Brasil. Para já só a Espanha iguala a série de três vitórias da selecção portuguesa.
Portugal voltou a iniciar a partida encolhido no seu meio-campo. Desta vez, no entanto, conseguiu sair mais vezes para o contra-ataque. Ramires, a novidade da equipa, era o terceiro elemento do contra-ataque e, aparecendo pela direita, aproveitava as atenções da Holanda concentradas em Dani e Nuno Gomes para estender o jogo a todo o campo. Foi de resto Ramires que abriu o caminho para o primeiro golo, depois de uma longa corrida em diagonal da direita para a esquerda, vindo a receber um passe de Dani, para ser derrubado junto ao bico da área pelo guarda-redes holandês. Penalti que o jovem Fessem prometera defender mas que não cumpriu, enganado pelo remate tenso do central português Beto.
Estavam jogados 26' e Portugal conseguia uma vantagem tranquilizadora para quem apenas precisava de um empate para garantir a qualificação. Até ao intervalo, a selecção nacional ainda manteve a postura expectante, mas a segunda parte veio revelar novamente uma equipa corajosa, com bom futebol.
Esta tem sido a tendência dos portugueses, que jogam bem os segundos 45'. E a etapa complementar começou com mais um golo de Dani, desta vez de canto directo, se bem que com a colaboração de Van Fessem, que deveria ter feito bem mais. Dani, que vai com um golo por jogo, é já o melhor marcador da equipa e foi considerado pelo júri do prémio da «Qatar Airlines» o melhor em campo.
A Holanda era incapaz de reagir, uma selecção com muito poucas individualidades (Wooter será talvez a única excepção) e com um jogo amorfo, sem mudanças de ritmo, muito longe da criatividade da escola holandesa. E, aos 69', Portugal fazia o seu terceiro golo de bola parada, num livre da esquerda e numa jogada profusamente ensaiada nos treinos: Dani e Bruno Caires correm para a bola chocam, discutem e, de repente, Dani bate a bola em arco para a área, com Agostinho a cabecear junto ao segundo poste, perante a surpresa dos holandeses.
Surpresos ficaram também os jornalistas holandeses e alemães que se encontravam junto a nós e que não queriam acreditar que se possam ensaiar jogadas para enganar o adversário numa prova júnior. Agostinho desde que entrara que jogava para a bancada e com o golo foi óbvio que dirigiu os festejos para a dezena de portugueses presentes no Estádio Khalifa, que não teria mais de dois mil espectadores.
No final, foi António Violante, o terceiro homem da equipa técnica, que falou à imprensa portuguesa: «A equipa produziu um bom futebol, vencendo com toda a justiça. Sabiamos que a Holanda não era uma equipa tão fraca como se dizia e entraram para ganhar o jogo. Eles sabiam que estavam a arriscar ao jogar assim, porque fazemos bem o contra-ataque. Mas tinham de correr esse risco. Esta equipa pode render mais e praticar melhor futebol e mais objectivo. O lance do terceiro golo foi trazido de casa». Marinus Israel, o técnico holandês, estava desapontado com a eliminação, mas reconheceu que Portugal foi superior: «Portugal merece o apuramento e tenho a certeza que vai à final. Até ao penalti a nossa equipa controlou a partida, mas depois pioramos e um erro do nosso guarda-redes foi fatal. Se tivessemos os nossos melhores jogadores poderia ser diferente».
De partida estava Nelo Vingada, que ontem à noite viajou para Portugal, onde começa hoje a trabalhar com a selecção de sub-21, que na terça-feira defronta, em Dublin, a Irlanda. Até ao regresso de Vingada, é Agostinho Oliveira que dirige a equipa técnica.
Com arbitragem do alemão Albrecht, as equipas alinharam:
Portugal -- Quim (Avelino, aos 84'), Rui Óscar, Beto, José Soares, Mariano, Alfredo Bóia, Diogo, Bruno Caires, Dani, Ramires (Madureira, aos 70') e Nuno Gomes (Agostinho, aos 58').
Holanda -- Van Fessem, Witzenhausen, Landzaat, Schoenmakers, Ooms, Van der Leegte, Knapen, Boer (Van der Doelen, aos 40' ,e Gehering, aos 61'), Wooter, Musampa e Van der Berg (Bouma, aos 53').
Golos: Beto (g.p.), aos 26', Dani, aos 46', Agostinho, aos 69'.
Amarelos: Landzaat, aos 5', Knapen, aos 13', Beto, aos 17', Nuno Gomes, aos 24', Van Fessem, aos 25', Schoenmakers, aos 42', Alfredo Bóia, aos 80', José Soares, aos 80'.
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