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<DOCNO>PUBLICO-19950506-160</DOCNO>
<DOCID>PUBLICO-19950506-160</DOCID>
<DATE>19950506</DATE>
<CATEGORY>Cien_Tecn_Educ</CATEGORY>
<AUTHOR>IS</AUTHOR>
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Metade homem, metade computador
Uma nova raça de «híbridos humanos» -- metade ser humano, metade computador -- pode ser algo mais do que ficção científica. Michael Deering, responsável pela investigação da empresa norte-americana Sun Microsystems, na Califórnia, escreveu na revista britânica «Computing» que acreditava que o implante de «chips» de computador ligados ao sistema nervoso humano poderia criar seres híbridos metade homem, metade máquina.
Segundo o investigador, a Universidade de Stanford (Califórnia) já implantou, com sucesso, um «chip» de silício nas pernas de coelhos. E presidiários de uma prisão na Escandinávia já se ofereceram como voluntários para fazer parte de uma investigação dedicada à forma como os implantes de «chips» funcionam nos humanos. Uma das ideias consiste em tentar que seres humanos liguem os seus cérebros, através de «chips», a fontes de informação computadorizadas externas.
Deering diz que, apesar da visão destas experiências poder conjurar pesadelos a alguns, a tecnologia teria muito a oferecer a pessoas como os paraplégicos. A tecnologia já permite que pessoas que sofrem uma amputação consigam ter sensações graças a membros artificiais dotados de sensores, ligando as terminações nervosas do membro amputado a um «chip» que recolhe a informação proveniente desses sensores.
Mas apesar de a investigação da Universidade de Stanford estar orientada para permitir que aqueles que sofreram amputações possam readquirir sensações, esse trabalho continua a ser visto como ficção científica pela maior parte das pessoas.
«Todas as coisas do reino da experiência humana podem ser reproduzidas através da ligação de neurónios», continua Deering. «É possível tocar a casca de uma árvore falsa e sentir a mesma sensação que sentiríamos se ela fosse real». Deering acrescenta, no entanto, que o trabalho está apenas na sua fase inicial. «Isto é investigação que está na ponta do conhecimento. Estamos na infância desta tecnologia e falta ainda muito tempo antes que as pessoas precisem de se preocupar. Em 1916, os cientistas já sabiam que tinham a física necessária para mandar um foguetão à Lua, mas não tinham os foguetões. Isto é tecnicamente possível agora, mas há ainda um longo caminho a percorrer».
Reuter
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