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<DOCNO>PUBLICO-19950728-021</DOCNO>
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<DATE>19950728</DATE>
<CATEGORY>Desporto</CATEGORY>
<AUTHOR>LL</AUTHOR>
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Mundiais de atletismo
Portugueses com ambições
A equipa portuguesa que vai participar nos Mundiais de atletismo, que começam a 4 de Agosto, em Gotemburgo, na Suécia, não partirá de Lisboa e Porto plena de optimismo nem na melhor das saúdes. Na lista de 24 nomes ontem divulgada, há gente com problemas e alguns ausentes, como Pedro Rodrigues, Lucrécia Jardim e Helena Gouveia. Mas não surpreenderá que na bagagem de regresso venham medalhas, até de ouro, o que, num panorama mundial cada vez mais pulverizado, fará realçar as cores verde-rubras.
Com o mesmo número de elementos que estiveram presentes no Mundial de Estugarda, há dois anos, a selecção portuguesa joga logo nos primeiros dias do certame os seus dois grandes trunfos -- Manuela Machado (Sporting de Braga) na maratona e Fernanda Ribeiro (FC Porto) em 10.000m. Ambas são candidatas à vitória e mesmo as maiores favoritas. Não é um fardo fácil de transportar, o do favoritismo, só que as duas nortenhas são atletas experientes e já mostraram render mais quando é realmente preciso. Esse é um facto que por vezes faz a diferença. Manuela Machado vai participar numa maratona em que muitas das melhores do ano não quererão estar. Pensam antes ir colher dólares às provas de Outono. Ela é a sétima melhor de 1995 (2h27m53s em Londres) e das que estão à sua frente na lista do ano nem a alemã Uta Pippig, nem a sul-africana Elana Meyer, nem a checa Alena Peterková (suspensa) irão correr. A queniana Angelina Kanana (2h27m24s) fá-lo-á e o mesmo deverá acontecer com as polacas Kamila Gradus (2h27m29) e Malgorzata Sobanska (2h27m43s).
Fernanda Ribeiro ainda não correu os 10.000m, mas depois dos seu recorde mundial da légua (14m36,45s) é de acreditar que ela valha perto de 30m30s na distância maior, contra os 31m04,25s que tem desde o ano passado. A um ritmo desses, quem poderá segui-la? Dado que as melhores chinesas «hibernam», sendo Dong Chaoxia a única a correr a distância, não se vislumbra quem o possa fazer.
A outra melhor aposta para um lugar cimeiro é Carla Sacramento (Maratona da Maia), em 1500m. Falta-lhe esta época um tempo de referência que a coloque entre as melhores, mas não restam dúvidas de que ela estará a valer, no mínimo, ao nível do seu recorde nacional (4m04,10s). Sem chinesas, também (!), a prova é muito aberta e mesmo o pódio não é de todo em todo impossível para a lisboeta.
Joaquim Pinheiro, 15º mundial (2h10m53s) do ano, Joaquim Silva e António Rodrigues são os três homens da maratona masculina e vão correr sob condições climatéricas menos agrestes que nos últimos grandes campeonatos. Todos têm qualidade para ficar na primeira quinzena de chegados, resta saber como estarão no dia da prova. Os precedentes não são animadores...
Albertina Dias e Conceição Ferreira, que vão correr os 10.000m femininos, não estão ambas na sua melhor condição, embora em patamares diferentes. Mesmo assim, seria surpresa se não acedessem à final. O mesmo se aplica a Domingos Castro (que recupera de lesão), Paulo Guerra e António Pinto, na dupla légua masculina. Mas aqui nem pensar em medalhas, com os africanos de permeio...
Também sem pensar em medalhas, mas esperando passar à final, correrá Marina Bastos os 5000m femininos.
Carlos Silva, em 400m barreiras, tem como meta credível, por agora, chegar às meias-finais. António Abrantes (800m), Luís Jesus (1500m), Vítor Almeida (3000m obstáculos), José Ramos e Ana Dias (5000m), Nuno Fernandes (vara), Isabel Abrantes (100m barreiras) e Teresa Machado (disco) tentarão ultrapassar a primeira fase da competição, o que em muitos casos será difícil. Isto mesmo no caso de Teresa, em grande forma, como confirmou anteontem à noite na Marinha Grande, ao fazer 62,52m.
Susana Feitor, vinda de longa paragem, não estará a cem por cento nos 10km marcha e dificilmente poderá reeditar lugares anteriores; os marchadores masculinos, José Urbano (20km) e José Magalhães (50km) tentarão não ficar abaixo do meio da tabela. Realisticamente, é este o panorama.
Luís Lopes
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