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<DOCNO>PUBLICO-19951114-142</DOCNO>
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<DATE>19951114</DATE>
<CATEGORY>Cultura</CATEGORY>
<AUTHOR>JD</AUTHOR>
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Disaffected lançam álbum de death metal progressivo
Metal vasto
Os Disaffected já existem desde Janeiro de 1991, mas só agora viram o seu primeiro álbum, intitulado «Vast», ser editado pela Skyfall. De uma assentada quase inauguram as edições nacionais do death progressivo, um estilo que, principalmente na Europa, está a dar cartas no que diz respeito à área do metal. Joaquim Aires, baterista do grupo, explica que a progressão se deve também ao facto de terem estado fechados sobre si próprios durante dois anos, e ainda à evolução pessoal dos músicos: «Crescemos e queremos mostrar que isto já não é só ruído.» No entanto, não considera a proposta da banda muito complicada: «Não é muito técnica, tem é muitas mudanças de tempo e muito cenários sonoros; é um disco que tem muitas faces.» É que na banda «existem pessoas muito calmas e outras que são bastante violentas». Tudo depende do ambiente que existe quando fazem música -- «quando se sente mais violência, talvez os `riffs' saiam mais brutais» -- e de não quererem que as músicas soem todas ao mesmo. «Queremos que, quando alguém ouvir um tema nosso, possa sentir várias coisas ao mesmo tempo.»
Quanto às temáticas abordadas, Joaquim Aires explica que o motivo recorrente é «o ponto onde o homem e o universo se juntam». Mas, como querem ser bem entendidos, optaram por explicar cada uma das letras no próprio disco, através de uma alusão ou citação referente a cada uma. Diz ele: «As letras podiam ter várias interpretações e deste modo as pessoas têm a possibilidade de ir ter logo com a ideia que queríamos transmitir.» A questão surge também porque, à semelhança do que é prática habitual na área do metal, há um «flirt» com o satanismo que pode levar a interpretações diversas. «Pode-se ter a impressão que estamos ligados a práticas ocultas e não estamos. São só temáticas que nos atraem e achamos que ficam bem.»
A morte é outro dos temas principais do álbum «Vast», ou não fossem os Disaffected uma banda de death metal. Joaquim Aires explica que esse é um assunto que continua a suscitar incógnitas: «Ninguém sabe o que se passa depois da morte e portanto esse é um motivo que continua a excitar a imaginação das pessoas.» Não consegue justificar porque é que tanta gente numa certa camada etária, e em particular a que ouve metal, se sente fascinada por essa temática. Mas não acredita que tal leve a tendências suicidas. E acha mesmo que grande parte das bandas que são muito mais extremistas que os Disaffected optam por essa postura «para dar estilo e chamar mais público». Julga que «infelizmente quem se clama como o mais brutal ou o que invoca os poderes mais obscuros passa por ser o melhor». Todavia, «há muitos que dizem mil e uma coisas mas não são nada do que dizem».
Jorge Dias
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