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<DOCNO>PUBLICO-19951122-024</DOCNO>
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<DATE>19951122</DATE>
<CATEGORY>Desporto</CATEGORY>
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Robson pede pontaria aos avançados do FC Porto
«O risco faz parte do futebol»
Bruno Prata e Manuel Mendes
Para o FC Porto, a vitória é decisiva. Para o Nantes, nem tanto. Mas muita coisa vai ficar a saber-se sobre quem vai aos quartos-de-final da Liga dos Campeões. Ontem, Robson ainda mantinha a dúvida sobre o terceiro estrangeiro
Bobby Robson quer que o FC Porto marque pelo menos um golo hoje à noite, nas Antas, frente ao Nantes, no quinto mas já decisivo jogo da Liga dos Campeões. Os três pontos da vitória são de tal forma obrigatórios para os portistas continuarem na prova que o treinador insistiu vezes sem conta na «importância de acertar na baliza» -- um alerta bem evidente e que se compreende em quem não esqueceu ainda a derrota com os gregos do Panathinaikos: «Fizemos 22 remates, tivemos 11 oportunidades, sete das quais grandes oportunidades, e não marcámos nenhum golo. Se uma bola tivesse entrado, tínhamos conseguido dois pontos nos jogos com o Panathinaikos. Assim eles fizeram quatro pontos e nós apenas um. É importante acertar na baliza. O futebol é vida difícil.» O FC Porto marcou até agora dois golos na Liga (ambos por Rui Barros, ambos no jogo com o Aalborg) e sofreu um, que ditou uma derrota.
A escolha entre Aloísio ou Lipcsei como terceiro estrangeiro não foi esclarecida por Bobby Robson, que afirmou «pretender que a dúvida continue a pairar na cabeça do técnico do Nantes». A verdade é que esta é bem capaz de ser uma das decisões mais difíceis de Robson desde que é treinador do FC Porto. Aloísio tem sido um dos jogadores fundamentais da equipa nos últimos anos, mas é sabido quanto o inglês aprecia Lipcsei, cuja permanência na equipa não implicaria alterações profundas (entrada de Zé Carlos para o centro da defesa). Se for o húngaro a ficar de fora, restam duas alternativas: subida de Paulinho Santos e entrada de Rui Jorge, ou, mais simples, aposta em Bino para jogar ao lado de Emerson.
Robson procurou durante a semana poupar os jogadores sujeitos a maior desgaste («Alguns fizeram quatro jogos em dez dias e outros fizeram três em oito»), mas está seguro de que eles jamais acusarão a necessidade de ganhar. Na sua opinião, bem mais difícil de prever é o equilíbrio necessário entre o defender e o atacar. Pediu mesmo ao tradutor uma moeda emprestada para melhor explicar as duas faces possíveis: «Vamos ter de fazer um jogo de paciência, mas também vamos ter de atacar. Temos de arriscar; o risco faz parte do futebol.» Talvez Aloísio fique de fora...
O técnico portista reconhece a importância de ser ele o primeiro a libertar a equipa de receios e complexos. «Marcar golos é o que de mais difícil há no futebol, pelo que é preciso encontrar a melhor posição para chutar e não ter medo».
Os responsáveis portistas esperam cerca de 20 mil espectadores, mas o «capitão» João Pinto acredita que irá ser a «equipa a puxar pelos adeptos». O jogo será transmitido para França pela TF1 e o canal privado francês pagou para ter um sinal próprio, dispondo cinco câmaras só para o seu serviço. A transmissão do Canal 1 será feita com 12 câmaras, mais uma microcâmara instalada no cimo da torre que, afinal, não deverá servir de futura sede do FC Porto.
O Nantes, por seu lado, promete uma equipa que terá por missão, no mínimo, não perder o jogo. O seu treinador, Jean-Claude Suaudeau, voltou ontem a sublinhar que não lhe passa pela cabeça outro resultado que não seja a vitória. «Estamos aqui para ganhar o jogo», disse, antes de se negar a revelar o onze inicial ou a forma como vai jogar. «Uma equipa pode surgir em campo com algumas cautelas, mas com o decorrer do jogo pode tornar-se ofensiva. Vou jogar e depois logo se vê. Afinal, Bobbby Robson também não revelou a equipa.»
Mas o Nantes tem alguns problemas. Na última jornada do campeonato, não foi além de um empate frente ao Rennes e a exibição desagradou tanto que houve quem cuspisse em Ouédec quando este abandonava o relvado. O técnico garantiu que já falou com os jogadores e que esses problemas não têm influência negativa nesta partida. «Não sou do tipo que se deixa afectar pela comunicação social ou pelo público. Existe uma confiança mútua entre o treinador e os jogadores», referiu Suaudeau, que mantém a confiança no guarda-redes Casagrande apesar de este se mostrar inseguro: «Ele é o títular.»
O técnico não se esqueceu, ainda, de lembrar que um dos grandes problemas do FC Porto tem a ver com a dificuldade em marcar golos. Mas se isto é verdade -- o FC Porto apenas marcou dois na Liga --, também não é menos verdade que a segurança defensiva é uma das suas principais virtudes: sofreu apenas um golo. E o médio Makelele reconheceu precisamente isso,quando afirmou que não acreditava que este fosse um jogo com muitos golos, até porque na baliza adversária vai estar Vítor Baía: «É um dos melhores guarda-redes do mundo, muito difícil de bater. Tudo depende das opções dos treinadores, mas penso que será sobretudo um jogo muito táctico.»
Quem não vai estar nas Antas é o goleador N'Doram, a cumprir castigo, assim como os lesionados Capron e Gourvennec -- baixas que, na opinião de Suaudeau, significam para o seu clube o mesmo que significaria para o FC Porto não poder contar com Domingos, Emerson e um dos seus habituais titulares na zona central da defesa. Ao fim da tarde, o Nantes fez um ligeiro treino nas Antas, onde o técnico insistiu nas saídas para o contra-ataque.
Árbitro: Villenberg (Holanda).
FC PORTO -- Vítor Baía; Secretário, Jorge Costa, José Carlos e Paulinho Santos; Edmilson, Lipcsei, Emerson e Drulovic; Domingos e Rui Barros.
NANTES -- Casagrande; Chanelet, Decroix (Carotti), Guyot e Le Dizet; Makelele, Ferri, Cauet e Pedros; Ouédec e Kosecki.
20h30, Canal 1
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