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<DOCNO>PUBLICO-19951229-012</DOCNO>
<DOCID>PUBLICO-19951229-012</DOCID>
<DATE>19951229</DATE>
<CATEGORY>Desporto</CATEGORY>
<AUTHOR>JBA</AUTHOR>
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Cadete e Mauro Airez no Benfica à disposição de Wilson
Toni: o bem amado
José Bento Amaro*
Toni e Autuori já são do Benfica. O primeiro assinou contrato por três anos como director desportivo, o segundo deverá rubricar o acordo no início do próximo ano e será o treinador de campo. Mas não foi tudo: Manuel Damásio disse ainda que, se o actual treinador desejar, os avançados Cadete e Mauro Airez podem jogar ainda esta época no clube.
Estava escrito que Toni regressaria ao Benfica. Após algumas semanas de aparente incerteza, o ex-técnico do Bordéus e do Sevilha comprometeu-se ontem, por três anos, com o clube da Luz. Regressou pela mão de Manuel Damásio, o mesmo presidente que, dois anos antes e logo após ele ter conquistado o Nacional, o pôs fora do clube. Agora Toni, como director desportivo, já começou a apresentar trabalho, contratando o brasileiro Paulo Autuori para treinador.
A vinda de Toni e Autuori, que deverá assinar um contrato, no início de 1996, cuja duração ainda não foi divulgada (embora se saiba que será menor que o do director desportivo), não foi a única novidade anunciada pela direcção do Benfica. O presidente Manuel Damásio afirmou ontem a uma estação de rádio que também os avançados Cadete e Mauro Airez, que já esta época pediram a rescisão dos contratos que os ligavam, respectivamente, ao Sporting e Belenenses, podem jogar ainda este ano pelos «encarnados». Tudo depende, segundo o presidente benfiquista, da vontade do actual treinador, Mário Wilson, em os ver na equipa.
Mário Wilson, apesar das contratações de Toni e Autuori, vai manter-se como treinador principal até final da época, tal como ontem reafirmaram os dirigentes benfiquistas. «É um diamante que não podemos desperdiçar», disse o novo director desportivo, justificando assim a sua continuidade na equipa técnica do próximo ano. Quanto ao futuro dos actuais treinadores-adjuntos -- Neca, Filipovic e Nené -- ainda nada está decidido.
Gaspar Ramos, o chefe do departamento de futebol do clube, que «impusera» o regresso de Toni como um dos principais objectivos a cumprir antes de abandonar o cargo, esclareceu depois: «Toni não mais poderá desempenhar a função de treinador do Benfica, conforme ficou explícito no contrato.»
Depois foi a vez do agora director desportivo falar sobre o seu regresso. Dizendo-se «emocionado e orgulhoso», Toni lembrou também que o seu regresso já poderia ter ocorrido em 1994. Só não se concretizou então porque, segundo ele, «o processo foi mal conduzido e indefinido». Frisou também que não guarda qualquer rancor por ter saído do Benfica no final da época em que conquistou o Nacional de futebol. «Ninguém gosta de ser substituído, mas nada tenho contra essa decisão», acrescentou.
Por fim houve ainda tempo para que Toni dirigisse algumas palavras aos sócios do Benfica. O director desportivo quer ser o pólo aglutinador de todos, independentemente de haver quem o conteste.
Cadete e Airez
Em relação à eventual contratação de Cadete e Mauro Airez, afigura-se, para já, como mais provável a aquisição do argentino, uma vez que ontem mesmo a Comissão Paritária da Liga, reunida no Porto, deu razão ao futebolista (ver pág. 31), que rescindiu com o Belenenses por falta de pagamento. O Benfica nada terá de pagar ao ex-clube do jogador e pode colmatar de imediato uma lacuna do seu quadro de futebolistas, agravada com a saída do brasileiro Ailton, já com a época em curso, e com a lesão, seguida de operação, do marroquino Hassan. Este ponta-de-lança estará ausente dos relvados, pelo menos, durante mais um mês.
O caso de Cadete será bem mais complicado e não há ainda qualquer data marcada para a sua resolução. Enquanto os dirigentes do Belenenses já admitiram publicamente que Mauro Airez tinha motivos para rescindir, os do Sporting não aceitam as razões de Cadete e pedem mesmo cerca de 700 mil contos de indemnização ao clube que o contratar. No Benfica ninguém acredita que essa seja a verba a pagar pela contratação do jogador, uma vez que, dizem, o vencimento oficial de Cadete (aquele que consta do contrato entregue na Federação Portuguesa de Futebol) não era de 8000 contos, como afirmam os dirigentes sportinguistas, mas cerca de metade.
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