Isabel Hub Faria - Departamento de Linguística da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

Gostava de dar uma informação relativamente à língua gestual portuguesa. Não há muito tempo, foi reconhecido pelo Parlamento que a língua gestual portuguesa é a segunda língua oficial em Portugal. De facto, há uma grande comunidade de surdos e essa comunidade de surdos, tal como tivemos oportunidade de ouvir, não tem recebido, do ponto de vista dos meios de educação, suficiente reconhecimento. É verdade, também, que aquilo que tem sido investido, a nível de análise da língua gestual portuguesa não é suficiente para podermos tratar a língua gestual portuguesa ao mesmo nível da língua portuguesa, uma vez que, que facto, não há tradução directa, são dois sistemas diferentes, a língua gestual portuguesa tem uma morfologia, tem um léxico, tem uma fonologia, tem uma sintaxe específica. É preciso trabalhar primeiro a língua gestual portuguesa e é isso que, neste momento, por exemplo, estamos a começar a fazer num projecto que está a ser financiado pelo Praxis, de elaboração de meios auxiliares de ensino de língua gestual portuguesa. Claro que, para isso, nós temos que começar por trabalhar pequenos fragmentos da gramática, e é isso que estamos a fazer, e só depois poderemos assumir aquilo que deve ser, suponho, a perspectiva correcta para esta situação, que é o tratamento bilingue destes falantes.


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