6. Funções sintácticas

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6.1. Funções sintácticas sintagmáticas

6.1.1. Funções sintácticas dos constituintes dos sintagmas não verbais

Os sintagmas não verbais possuem um núcleo (H) e um ou mais dependentes, que podem exibir as seguintes funções:sintagma nominal, sintagma adjetival, sintagma adverbial e sintagma preposicional.

6.1.1.1. Sintagma nominal (np)

Os nós com função de N<PRED e APP estão delimitados por sinais de pontuação. A diferença no uso de N< e N<PRED relaciona-se com o contexto sintáctico, na medida em que N<PRED ocorre normalmente após um sinal de pontuação separador, como vírgula, dois pontos ou ponto e vírgula:

CP235-2 Foi por via de o filho de Pedro Anes,de seu nome Gonçalo Reimão,que o Campo de Vale Formoso passou a ser conhecido como campo,ou quinta,do Reimão;

...
=ADVL:pp
==H:prp('por_via_de' <sam->) por_via_de
==P<:np
===>N:art('o' <-sam> M S) o
===H:n('filho' M S) filho
===N<:pp
====H:prp('de' <sam->) de
====P<:prop('Pedro_Anes' M S) Pedro_Anes
===,
===N<PRED:pp
====H:prp('de') de
====P<:np
=====>N:pron('seu' <poss> M S) seu
=====H:n('nome' M S) nome
=====N<:prop('Gonçalo_Reimão' M S) Gonçalo_Reimão
 ...

Além disso, o estatuto de N< e N<PRED parece ser também distinto, uma vez que apesar de os dois serem dependentes, N<PRED tem a função de adicionar informação extra e, talvez dispensável, ao núcleo que modifica.

A diferença entre o adjecto predicativo (N<PRED) e o aposto (APP) é muito fina. A dependência destes constituintes face ao núcleo do sintagma nominal é determinada pelo tipo de relação que se estabelece entre eles. Desta forma, o aposto pressupõe uma relação de identidade relativamente ao núcleo enquanto o adjecto predicativo pressupõe uma relação de predicação, adicionando informação sobre o núcleo que modifica. Isto significa que a relação entre o aposto e o núcleo é única ao contrário da relação do adjecto predicativo e o núcleo. O seguinte exemplo ilustra as relações expressas- a negrito encontram-se os apostos e a itálico os adjectos predicativos (relativamente aos seus núcleos):

O técnico do Beira Mar, Aniceto Carmo APP, tem ainda ao seu dispor os seguintes atletas: Catarino APP (ex-Esgueira N<PRED) , Paulo Sousa APP (ex-Salesianos N<PRED) ...

A árvore correspondente é a seguinte:

CP129-8 O técnico do Beira Mar, Aniceto Carmo, tem ainda ao seu dispor os seguintes atletas: Catarino (ex-Esgueira), Paulo Sousa (ex-Salesianos), Rebelo, Traylor, Moreira, Mourinho, Alex Pires, Renato, João Miguel e Pinto.

A1
STA:fcl
=SUBJ:np
==>N:art('o' M S) O
==H:n('técnico' M S) técnico
==N<:pp
===H:prp('de' <sam->) de
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> M S) o
====H:prop('Beira_Mar' M S) Beira_Mar
==,
==APP:prop('Aniceto_Carmo' M S) Aniceto_Carmo
==,
=P:v-fin('ter' PR 3S IND) tem
=ADVL:pp
==>P:adv('ainda') ainda
==H:prp('a' <sam->) a
==P<:np
===>N:art('o' <-sam> M S) o
===>N:pron-det('seu' <poss 3S> <si> M S) seu
===H:n('dispor' M S) dispor
=ACC:np
==>N:art('o' M P) os
==>N:adj('seguinte' M P) seguintes
==H:n('atleta' M P) atletas
==:
==APP:cu
===CJT:np
====H:prop('Catarino' M S) Catarino
====(
====N<PRED:n('ex-Esgueira' M S) ex-Esgueira
====)
===,
===CJT:np
====H:prop('Paulo_Sousa' M S) Paulo_Sousa
====(
====N<PRED:n('ex-Salesianos' M S) ex-Salesianos
====)
===,
...

Aniceto Carmo é o aposto de técnico do Beira Mar, uma vez que a relação de identidade é total e única (Aniceto carmo é o técnico do Beira Mar) tal como o é a relação entre os seguintes atletas e Catarino Paulo Sousa (Os seguintes atletas são Catarino e Paulo Sousa ). Note-se no entanto, que este tipo de relação de identidade não se aplica à relação entre Catarino e ex-Esgueira ou Paulo Sousa e ex-Salesianos, uma vez que não existe unicidade na proposição, mas tão só uma adição de informação:

Catarino é ex-Esgueira
Paulo Sousa é ex-Salesianos
Catarino é ex-Esgueira, tal como Andrade, Vítor Nunes, etc.

Uma das formas de determinar o uso de APP é identificar elementos linguísticos que possam indicar unicidade por si só, como:

  1. Nomes próprios
  2. Determinantes artigos definidos
  3. Determinantes demonstrativos
  4. Siglas (NATO, PT, etc.)

N<PRED ou APP, consoante os casos são as etiquetas usadas nas enumerações (como no exemplo acima), não existindo ainda forma de análise/marcação de catáforas.

Existem extensões ao uso de N<PRED. Partindo da definição acima apresentada, N<PRED é também usado em situações em que exista um nexo entre dois termos. Normalmente, a informação adicional encontra-se em parênteses e é muito frequente no registo jornalístico. Os seguintes exemplos ilustram estes casos:

Caseiro Marques (PSD)
conferência de Barcelona (Novembro de 1995)
Olga Pratts (piano)

Repare-se que, nos exemplos acima, a informação em parênteses é adicionada à informação fornecida pelo núcleo. No entanto, esta relação de adição não é tão directa como para as situações “default” do uso de N<PRED, uma vez que a informação adicionada não se refere directamente a propriedades do indivíduo ou objecto. Veja-se a seguir o contraste entre:

Catarino (ex-Esgueira)
Olga Pratts (piano)

A extensão do uso de N<PRED cobre ainda casos em que duas unidades lexicais se relacionam por tradução ou conversão monetária, como indicam os seguintes exemplos:

CP780-1 Finalmente, apesar de já ter sido editado em 1992, merece referência o clássico norte-americano Spiderman -- o Homem-Aranha --, uma criação original de Steve Dikto (desenho) e Stan Lee (texto), que é evocado por ocasião do 30º aniversário da sua criação (1962) numa edição em «comic-book» de luxo pela editora espanhola Forum (Planeta-De Agostini).

...
=SUBJ:np
==>N:art('o' <artd> M S) o
==H:n('clássico' M S) clássico
==N<:adj('norte-americano' M S) norte-americano
==N<:np
===H:prop('Spiderman' M S) Spiderman
===--
== =N<PRED:np
====>N:art('o' <artd> M S) o
====H:prop('Homem-Aranha' M S) Homem-Aranha
===--
...

CF377-3 Uma vaca pardo-suíço conseguiu a maior cotação da Expomilk, R$ 36 mil (US$ 42,2 mil ).

...
==N<PRED:np
===H:n('R$' M P) R$
===N<:adjp
====>A:num('36' <card> M P) 36
====H:num('mil' <card> M P) mil
===(
===N<PRED:np
====H:n('US$' M P) US$
====N<:adjp
=====>A:num('42,2' <card> M P) 42,2
=====H:num('mil' <card> M P) mil
===)
=.

Pelo facto de a diferença no uso de N<PRED e APP ser ténue, há casos que são menos claros dos que os acima expostos.

Assim, há a considerar os casos em que o constituinte a analisar pode ser por um lado definitório do núcleo (relação de identidade) mas, por outro, pode ser também encarado apenas como informação relativa (mas não exclusivo) ao núcleo. Esta avaliação torna-se particularmente complicada quando o constituinte não tem carácter definido, isto é, não é nome próprio, datas, nem está acompanhado por determinantes artigos definidos ou demonstrativos. Os seguintes exemplos ilustram os casos:

CF140-2 O grupo Pão-de-açúcar, 2ª maior rede de supermercados do país, iniciou negociações para a aquisição das 27 lojas G.Aronson, todas localizadas em São Paulo.

A1
STA:fcl
=SUBJ:np
==>N:art('o' <artd> M S) O
==H:n('grupo' M S) grupo
==N<:n('pão-de-açúcar' <prop> M S) Pão-de-açúcar
==,
==N<PRED:np
===>N:adj('2ª' <NUM-ord> F S) 2ª
===>N:adj('grande' <KOMP> F S) maior
===H:n('rede' F S) rede
===KOMP<:pp
====H:prp('de') de
====P<:np
=====H:n('supermercado' M P) supermercados
=====N<:pp
======H:prp('de' <sam->) de
======P<:np
=======>N:art('o' <-sam> <artd> M S) o
=======H:n('país' M S) país
...

CP256-3 Palma Inácio, ex-comandante operacional da LUAR, numa entrevista ao «Expresso», afirma que não reconhece, aos que contra ele se colocam, envergadura moral para o ofender e lembra que o ELP de Spínola foi a organização mais terrorista de Portugal.

A1
STA:fcl
=SUBJ:np
==H:prop('Palma_Inácio' M S) Palma_Inácio
==,
==N<PRED:n('ex-comandante_operacional_da_LUAR' M S) ex comandante_operacional_da_LUAR
==,
...
=x:cu
==CJT:x
===P:v-fin('afirmar' PR 3S IND) afirma
===ACC:fcl
====SUB:conj-s('que') que
====ADVL:adv('não') não
====P:v-fin('reconhecer' PR 3S IND) reconhece
...
====ACC:np
=====H:n('envergadura' F S) envergadura
=====N<:adj('moral' F S) moral
...

Optou-se por considerar estes casos adjectos predicativos e não apostos.

Outro caso difícil a considerar é a natureza não definida do constituinte que, no entanto, parece poder ser considerado como aposto. Estes casos ocorrem quando o núcleo do constituinte é modificado por um determinante artigo indefinido. Veja-se os seguintes casos:

CP733-1 A cena é tirada de uma página asfixiante de Joseph Conrad: um cadáver em pijama, deitado numa cama com uma manta verde nos pés,...

CP799-3 tornará a ser novamente isso: uma doença rara .

Parece-nos que estes casos, mais do que a adição da informação, são exemplos de elaboração de um determinado lexema; a especificação de cena no primeiro exemplo e de isso do segundo exemplo. Assim, em casos de elaboração/especificação, que se aproximam mais de uma relação de identidade, aposto deve ser a análise. Além disso, e em especial para o segundo caso, que é uma ocorrência de catáfora, esta será para já a única análise possível, uma vez que não existe, neste momento, uma análise para lidar especificamente com catáforas.

É importante ainda salientar que estes casos não se aplicam a nomes próprios, essencialmente quando o nome próprio em questão é uma palavra com estrutura interna complexa de que o determinante artigo indefinido é parte integrante.

CP127-4 Outro episódio importante, «Um dia na vida de Man Ray», entrevista filmada no começo de 1961.

UTT:np
>N:pron-det('outro' M S) Outro
H:n('episódio' M S) episódio
N<:adj('importante' M S) importante
,
«
APP:np
H:prop('Um_dia_na_vida_de_Man_Ray' M S) Um_dia_na_vida_de_Man_Ray
»
,
N)
==P:vp
==MV:v-pcp('filmar' F S) filmada
==ADVL:pp
===H:prp('em' ) em
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> M S) o
====H:n('começo' M S) começo
====N<:pp
=====H:prp('de') de
=====P<:num('1961' M S) 1961

6.1.1.2. Sintagma adjectival (adjp)

Um adjp é constituído por núcleo e dependentes, que podem assumir a seguinte forma:

CP223-4 Daí que Shapiro tenha ficado tão orgulhoso com o exclusivo dos pais dos sete irmãos gémeos.

...
=P:vp
==AUX:v-fin('ter' PR 3S SUBJ) tenha
==MV:v-pcp('ficar') ficado
=SC:adjp
==>A:adv('tão' <dem> <quant>) tão
==H:adj('orgulhoso' M S) orgulhoso
==A<:pp
===H:prp('com') com
===P<:np
====>N:art('o' M S) o
====H:adj('exclusivo' <n> M S) exclusivo
...

6.1.1.3. Sintagma adverbial (advp)

Um advp é constituído por núcleo e dependentes, que podem assumir a seguinte forma:

CF284-3 Gazeta Filho confirmou que os dormentes se deterioraram muito antes do previsto.

...
==ADVL:advp
===>A:adv('muito' <quant>) muito
===H:adv('antes') antes
===A<:pp
====H:prp('de' <sam->) de
====P<:np
=====>N:art('o' <-sam> <artd> M S) o
=====H:v-pcp('prever' <n> M S) previsto
=.

A estrutura interna dos sintagmas adverbiais é tratada na secção 4.2.3

6.1.1.4. Sintagma preposicional (pp)

CP155-3 Foi só por isso.»

A1
STA:fcl
=P:v-fin('ir' PS 3S IND) Foi
=SC:pp
==>P:adv('só') só
==H:prp('por') por
==P<:pron-indp('isso' <dem> M S) isso
=.

A estrutura interna dos sintagmas preposicionais é tratada na secção 4.2.3.

6.1.2. Funções sintácticas dos elementos do sintagma verbal

Como se pôde observar na secção 4., os sintagmas verbais não têm a mesma estrutura interna que os sintagmas não verbais. Em particular, os sintagmas verbais não incluem um núcleo nem seus dependentes, mas um verbo principal (MV) e seus auxiliares (AUX), podendo ainda incluir a partícula de ligação verbal (PRT-AUX).

6.1.3. Funções sintácticas dos elementos do sintagma evidenciador de relação de coordenação

Como foi referido na secção 4.2.6. acerca da estrutura interna dos sintagmas evidenciadores de relação de coordenação, a estrutura interna deste tipo de sintagmas relaciona-se com a própria relação de coordenação. Assim, as partes coordenadas possuem a função de C (on)J (oin)T e as conjunções coordenativas, quando presentes, possuem a função CO, ligação entre as CJT. Como exemplo, veja-se o seguinte:

CP222-6 «Não podemos permitir que a contratação colectiva continue bloqueada, que o desemprego continue a aumentar, que a segurança social, a saúde e a educação continuem a degradar-se».

...
===SUBJ:cu
====CJT:np
=====>N:art('o' F S) a
=====H:n('segurança' F S) segurança
=====N<:adj('social' F S) social
====,
====CJT:np
=====>N:art('o' F S) a
=====H:n('saúde' F S) saúde
====CO:conj-c('e' <co-subj>) e
====CJT:np
=====>N:art('o' F S) a
=====H:n('educação' F S) educação
...

6.2. Funções sintácticas oracionais

As funções sintácticas oracionais encontram-se ao mesmo nível de constituinte que o verbo principal da oração e podem ser argumentos ou adjuntos verbais.

Esta secção apresentará as funções sintácticas oracionais de acordo com a tipologia verbal. Deste modo, em primeiro lugar explorar-se-á a função sintáctica predicador, sujeito e adjunto adverbial, seguindo as outras funções sintácticas que estão directamente relacionadas com tipos de verbos (transitivos, copulativos, ditransitivos, que regem argumentos com preposições).

6.2.1. Predicador (P)

O predicador é a função central de uma oração. Quando expresso, é representado por P. Nas orações não verbais, não estando realizado, o predicador não está representado, mas é a partir da sua reconstrução (quando possível) que os outros argumentos e adjuntos verbais são sintacticamente analisados.

O predicador é sempre de natureza verbal e, por isso, pode exibir apenas formas verbais:

formas exemplos
vp
==P:vp
===AUX:v-fin('haver' IMPF 3S IND) havia
===MV:v-pcp('dar' M S) dado
v-fin
c=P:v-fin('usar' IMPF 3S IND) usava
=ADVL:adv('pela_primeira_vez') pela_primeira_vez
=ACC:np
==>N:art(’o’ M P) os
==H:n(’sapato’ M P) sapatos
...
v-inf
...
==ACC:icl
===P:v-inf('manter') manter
===ACC:np
====>N:art('o' M P) os
====H:n('nível' M P) níveis
...
v-pcp
=N<:icl(<pcp>)
==P:v-pcp('construir' M S) construído
==ADVL:pp
===H:prp('a_partir_de') a_partir_de
===P<:n(’imagem’ F P) imagens
...
v-ger
=ADVL:adv('não') Não
=P:v-ger('conhecer') conhecendo
=ACC:np
==>N:pron-det('outro' F S) outra
==H:n('forma' F S) forma

6.2.2. Sujeito (SUBJ)

Em português o sujeito pode ou não estar expresso. Na Floresta, os constituintes não realizados não estão representados nas árvores (ver secção 2.2. quanto à não existência de constituintes vazios).

A função de sujeito é representada pela etiqueta SUBJ. O sujeito encontra-se ao mesmo nível do predicador da oração de que o sujeito faz parte.

O sujeito não é restritivo quanto às formas que pode exibir, incluindo tanto formas oracionais como sintagmáticas de nós de carácter terminal ou não terminal, como a seguinte tabela ilustra:

formas exemplos
v-inf
=P:v-fin('ser' PR 3S IND) É
=SC:v-pcp('proibir' M S) proibido
=SUBJ:v-inf ('fumar') fumar
v-pcp

=SUBJ:v-pcp ('despromover' M S) Despromovido

=P:v-fin('apresentar' PR 3S IND) apresenta
=ACC:n('credencial' F P) credenciais
n
=SUBJ:n ('ecologista' M/F P) Ecologistas
=P:v-fin('falar' PR 3P IND) falam
prop
=SUBJ:prop('Pedro_Almodovar' M S) Pedro_Almodovar
=ADVL:adv('já') já
=P:v-fin('filmar' PR 3S IND) filma
=ACC:np
==«
==H:prop('Kika' M/F S) Kika
==»
pron-pers
=P:v-fin('fala-' PR 3S IND) Fala-
=SUBJ:pron-pers ('se' M/F 3S/P ACC) se
pron-indp
=SUBJ:np
==>N:art('o' M P) Os
==H:n('palestiniano' M P) palestinianos
==,
==N<PRED:fcl
===SUBJ:pron-indp ('que' <rel> M P) que
===P:v-fin('querer' PR 3P IND) querem
num
=SUBJ:num ('um' M S) Um
=ADVL:adv('ainda') ainda
=P:v-fin('indagar' PS 3S IND) indagou
adj
====>N:art('o' <-sam> <artd> F S) a
====H:n('analogia' F S) analogia
====«
====N<PRED:fcl
=====SUBJ:adj ('fluido' <n> M S) fluido
=====P:v-fin('estar' PR 3S IND) está
=====SC:pp
======H:prp('para') para
======P<:adj('vítreo' M S) vítreo
=====ADVL:fcl
======ADVL:adv('assim_como' <rel> <ks>) assim_como
======SUBJ:adj('viscoso' M S) viscoso
======P:v-fin('estar' PR 3S IND) está
======SC:pp
=======H:prp('para') para
=======P<:adj('translúcido' M S) translúcido
====»
...
adv
==SUBJ:adv ('tal' <quant>) tal
==P:vp
===AUX:v-fin('vir' FUT 3S IND) virá
===PRT_AUX:prp('a') a
===MV:('acontecer') acontecer
cu
=SUBJ:cu
==CJT:n('homem' M P) Homens
==CO:conj-c('e' <co-subj>) e
==CJT:n('pá' F P) pás
=P:v-fin('cavar' IMPF 3P IND) cavavam
fcl
=SUBJ:fcl
==SUBJ:pron('quem' M/F S) Quem
==P:v-fin('estragar' PR 3S IND) estraga
==ACC:adj('velho' M S) velho
=P:v-fin('pagar' PR 3S IND) paga
=ACC:adj('novo' M S) novo
icl
=P:v-fin('ser' IMPF 3S IND) era
=SC:adj('importante' M S) importante
=SUBJ:icl
==P:v-inf('assumir') assumir
==ACC:np
===>N:art('um' <arti> F S) uma
===H:n('postura' F S) postura
np
=SUBJ:np
==>N:art('o' F S) A
==H:prop('GF' F S) GF
adjp
=SUBJ:adjp
==H:num('um' <card> M S) um
==A<:pp
===H:prp('em') em
===P<:np
====>N:pron('cada' <quant> M <indf> S) cada
====>N:num('cinco' <card> M P) cinco
====H:n('espanhol' M P) espanhóis
=P:v-fin('estar' PR 3P IND) estão
pp
=SUBJ:pp
==H:prp('entre') Entre
==P<:x
===H:cu
====CJT:n('metade' F S) metade
====CO:conj-c('e' <co-prparg>) e
====CJT:np
=====>N:art('um' <arti> M S) um
=====H:adj('quarto' <n> <NUM-ord> M S) quarto
===x:pp
====H:prp('de' <sam->) de
====P<:np
=====>N:art('o' <-sam> <artd> M P) os
=====H:n('estudante' M P) estudantes
=P:v-fin('acreditar' PR 3P IND) acreditam

6.2.2.1 Orações sem sujeito formal ou explícito

Na Floresta, como dissemos, os constituintes não realizados não estão representados nas árvores (ver secção 2.2. quanto à não existência de constituintes vazios). Porém, ainda assim explicitamos, por meio de etiquetas secundárias, orações em que não há sujeito explícito. Para aqueles casos em que, usando a terminologia tradicional, não há sujeito formal, como os casos de verbo haver no sentido de existir, ou de verbos que expressam fenômenos da natureza (Choveu muito ontem), existe a etiqueta secundária <no-fsubj>, que indica a ausência de um sujeito formal. Esta etiqueta também funciona como um procurável, isto é, para se buscar, na ferramenta de busca em árvores Milhafre, as orações que não têm sujeito formal, basta digitar no-fsubj no campo Procuráveis.

CP968-1 A começar em Lou Reed, passando por David Bowie e de Iggy Pop, toda uma tradição de estrelas anglo-saxónicas em fase de crise existencial, que acabam por ir parar a Berlim, onde vêm a gravar discos de um pessimismo tão cerrado quanto brilhante.

=P:vp
==MV:v-fin('haver' <no-fsubj> PR 3S IND)	há
=ACC:np
==>N:pron-det('todo'  F S)	toda
==>N:art('um'  F S)	uma
==H:n('tradição'  F S)	tradição

Para os casos em que não há um sujeito explícito (Chegamos ontem; Maria viajou ontem e chegou cansada ), o verbo é marcado com etiqueta <no-subj>, que indica a ausência de sujeito. Igualmente, etiqueta também funciona como um procurável, isto é, para se buscar, na ferramenta de busca em árvores Milhafre, as orações que não têm sujeito explícito, basta digitar no-subj no campo Procuráveis.

CP971-4 Concluiu:

=P:vp
==MV:v-fin('concluir' <no-subj> PS 3S IND)	Concluiu

CF127-1 O episódio é emblemático do tipo de política externa exercitada pelo governo Clinton e ajuda a explicar por que ela é tão mal avaliada.

==CO:conj-c('e')	e
==CJT:?
===P:vp
====MV:v-fin('ajudar' <no-subj> PR 3S IND)	ajuda
===PIV:pp

Note que, nos casos em que o sujeito é um pronome relativo, a oração NÃO é considerada como uma oração sem sujeito explícito, já que o pronome é o sujeito:

CP974-1 «Foi uma decisão muito ponderada, muito difícil e muito amadurecida», disse ao PÚBLICO Anabela Moutinho, que foi lacónica no que se refere aos motivos.

=P:vp
==MV:v-fin('dizer' PS 3S IND)	disse
=PIV:pp
==H:prp('a' <sam->)	a
==P<:np
===>N:art('o' <-sam> <artd> M S)	o
===H:prop('Público' M S)	PÚBLICO
=SUBJ:np
==H:prop('Anabela_Moutinho' F S)	Anabela_Moutinho
==,
==N<PRED:fcl
===SUBJ:np
====H:pron-indp('que' <rel> F S)	que
===P:vp
====MV:v-fin('ser' PS 3S IND)	foi
===SC:adjp
====H:adj('lacónico' F S)	lacónica
 

6.2.3. Predicativo do Sujeito (SC)

O Predicativo do Sujeito, representado pela etiqueta SC estabelece uma relação de predicação com o sujeito por meio de verbos copulativos ou verbos que, não sendo copulativos, exibem um comportamento semelhante em termos semânticos. Alguns verbos que requerem um constituinte SC:

O predicativo do sujeito encontra-se ao mesmo nível do predicador da oração de que o predicativo do sujeito faz parte. Tal como o sujeito, o predicativo do sujeito pode exibir diferentes formas/estrutura interna: sintagmática, oracional.

A seguinte tabela apresenta as formas possíveis que o predicativo do sujeito exibe:

formas exemplos
v-pcp
=SUBJ:prop('Manuel_Marta' M S) Manuel_Marta
=P:v-fin('continuar' PR 3S IND) continua
=SC:v-pcp ('fugir' M S) fugido
n
=ADVL:pp
==H:prp('a') A
==P<:icl
===P:v-inf('ser') ser
===SC:n ('verdade' F S) verdade
prop
=SUBJ:np
==>N:art('o' M S) O
==H:n('palco' M S) palco
==N<:pp
===H:prp('de' <sam->) de
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> F P) as
====H:n('filmagem' F P) filmagens
=P:v-fin('ser' COND 3S) seria
=SC:prop('New_Jersey' M S) New_Jersey
pron-pers
=P:v-fin('é-' PR 3S IND) é-
=SC:pron-pers('ele' M 3S ACC) o
=ADVL:adv('apenas') apenas
pron-indp
===SUBJ:pron-indp('quem' <interr> M/F S/P) quem
===P:v-fin('preferir' PR 1P IND) preferimos
===ADVL:pp
====H:prp('para') para
====P<:icl
=====P:v-inf('representar') representar
=====ACC:np
======>N:art('o' <artd> F S) a
======H:n('República' <prop> F S) República
======,
======APP:cu
=======CJT:np
========H:pron-det('o' <dem> F S) a
========N<:fcl
=========SC:pron-indp('que' <rel> F S) que
=========P:v-fin('ser' PR 1P IND) somos
...
num
=P:v-fin('ser' IMPF 3P IND) eram
=SC:num ('quatro' <card> M P) quatro
adj
=P:v-fin('ser' PR 3S IND) É
=SC:adj ('preferível' F S) preferível
=SUBJ:np
==H:n('concertação' F S) concertação
==N<:pp
===H:prp('de') de
===P<:n('solução' F P) soluções
adv
=SUBJ:
prop('Montparnasse_Revisited' M/F S) Montparnasse_Revisited
=P:v-fin('ser' PR 3S IND) é
=SC:adv('assim' <kc>) assim
cu
==P:vp
===AUX:v-fin('ter' FUT 3S IND) terá
===MV:v-pcp('ser' M S) sido
==SC:cu
===CJT:adj('oportuno' M S) oportuno
===CO:conj-c('ou' <co-sc>) ou
===CJT:adj('nefasto' M S) nefasto
==SUBJ:np ===>N:art('o' M S) o
===H:n('reconhecimento' M S) reconhecimento
fcl
==SUBJ:np
===>N:art('o' <artd> M S) O
===H:n('objectivo' M S) objectivo
===N<:pp
====H:prp('de' <sam->) de
====P<:np
=====>N:art('o' <-sam> <artd> F S) a
=====H:n('lei' F S) lei
==P:v-fin('ser' PR 3S IND) é
==SC:fcl
===P:v-fin('livrar' <hyfen> PR 1P IND) livrarmo-
===DAT:pron-pers('nós' <refl> M/F 1P DAT) nos
===PIV:pp
====H:prp('de') de
====P<:np
=====H:n('habitante' M/F P) habitantes
=====N<:adj('inconveniente' M/F P) inconvenientes
icl
=SUBJ:np
==>N:art('o' M S) o
==>N:pron('seu' <poss> M S) seu
==H:n('objectivo' M S) objectivo
=P:v-fin('ser' PR 3S IND) é
=SC:icl
==P:v-inf('devolver') devolver
==PIV:pp
===H:prp('a' <sam->) a
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> F S) a
====H:n('cia' <prop> M S) CIA
acl
=SUBJ:np
==>N:art('o' M S) O
==H:n('incêndio' M S) incêndio
=P:vp
==AUX:v-fin('ser' PS 3S IND) foi
==MV:v-pcp('dar' M S) dado
=SC:acl
==PRD:adv('como' <rel>) como
==SC:v-pcp('extinguir' M S) extinto
np
STA:fcl
=P:v-fin('ser' IMPF 1/3S IND) Era
=SC:np
==>N:art('o' M S) o
==H:prop('Maxime' M S) Maxime
...
adjp
=P:v-fin('estar' PR 3S IND) Está
=SC:adjp
==H:adj('cheio' F S) cheia
==A<:pp
===H:prp('de' <sam->) de
===P<:np
====>N:pron('este' <-sam> <dem> M P) estes
====H:n('tesouro' M P) tesouros
pp
=P:v-fin('estar' IMPF 1/3S IND) Estava
=SC:pp
==H:prp('sem') sem
==P<:n('trabalho' M S) trabalho

6.2.4. Predicativo do sujeito de predicados verbo-nominais (PRED)

A etiqueta PRED é utilizada para os predicativos do sujeito que ocorrem em contruções com verbos "significativos" (em oposição aos verbos de ligaçao ser, estar, parecer, etc). Isto é, trata-se do predicativo do sujeito em predicados verbo-nominais.

A etiqueta PRED encontra-se ao mesmo nível do predicador de que faz parte.

CP8-3 Talvez entusiasmado pela festa da vitória, o Presidente russo afirmou que «chegará o dia em que a Rússia ajudará o Ocidente».

A1
STA:fcl
=PRED:icl(<pcp>)
==ADVL:advp
===H:adv('talvez')	Talvez
==P:vp
===MV:v-pcp('entusiasmar' M S)	entusiasmado
==PASS:pp
===H:prp('por' <sam->)	por
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> <artd> S)	a
====H:n('festa' <np-def> F S)	festa
====N<:pp
=====H:prp('de' <sam->)	de
=====P<:np
======>N:art('o' <-sam> <artd> S)	a
======H:n('vitória' <np-def> F S)	vitória
=,
=SUBJ:np
==>N:art('o' <artd> M S)	o
==H:n('presidente' <np-def> M S)	Presidente
==N<:adjp
===H:adj('russo' M S)	russo
=P:vp
==MV:v-fin('afirmar' PS 3S IND)	afirmou
CP31-7 O homem insiste, meio zonzo, a patroa não cede e ele acaba por ir-se em grande dificuldade.
A1
STA:cu
=CJT:fcl
==SUBJ:np
===>N:art('o' <artd> M S)	O
===H:n('homem' <np-def?> M S)	homem
==P:vp
===MV:v-fin('insistir' PR 3S IND)	insiste
==,
==PRED:adjp
===>A:adv('meio' <quant> <det>)	meio
===H:adj('zonzo' M S)	zonzo

6.2.5. Predicativo do Objecto directo (OC)

O predicativo do objecto é, em funcionalidade, semelhante ao predicativo do sujeito, isto é, possui uma relação de predicação com o objecto directo.
O predicativo do objecto é representado pela etiqueta OC que se encontra ao mesmo nível de constituinte que o predicador da oração a que OC pertence.
O predicativo do objecto estabelece a relação de predicação com o objecto directo (sempre co-presente na oração) por meio de determinados verbos que se comportam como verbos copulativos:

O predicativo do objecto directo pode exibir formas oracionais e sintagmáticas como se descreve no seguinte quadro:

formas exemplos
prop
=SUBJ:np
==>N:art('o' <artd> M S) O
==H:n('filme' M S) filme
=P:v-fin('chamar' <hyfen> PS 3S IND) chamou-
=ACC:pron('se' <pers> M 3S ACC) se

=OC:prop('Objectivo_Burma' M S) Objectivo_Burma

adj
=P:v-fin('tornaram-' PS 3P IND) tornaram-
=ACC:pron('se' <pers> <refl> M 3P ACC) se
=OC:adj('insuportável' M P) insuportáveis
adv
====P:v-inf('deixar') deixar
====OC:adv('claro') claro
====ACC:fcl
=====SUB:conj-s('que') que
=====P:v-fin('ser' PR 3S IND) é
=====SC:adj('fútil' M S) fútil
=====SUBJ:icl
======P:v-inf('competir') competir
cu
===>N:art('um' <arti> M S) um
===H:n('futuro' M S) futuro
===N<:fcl
====SUBJ:pron('que' <rel> M S) que
====P:vp
=====AUX:v-fin('poder' FUT 3S IND) poderá
=====MV:v-inf('revelar' <hyfen>) revelar-
====ACC:pron('se' <pers> <obj> M 3S ACC) se
====OC:cu
=====CJT:adj('brilhante' M S) brilhante
=====CO:conj-c('e' <co-oc>) e
=====CJT:v-pcp('colorir' M S) colorido
icl
=P:v-ger('trazer') trazendo
=OC:icl(<pcp>)
==P:v-pcp('esconder' <adjp> F P) escondidas
==ADVL:pp
===H:prp('em' <sam->) em
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> <artd> M P) os
====H:n('bolso' M P) bolsos
=ACC:np
==>N:num('12' <card> F P) 12
==H:n('embalagem' F P) embalagens
acl
=P:v-fin('ter' FUT 3S IND) terá
=ACC:np
==>N:art('o' F S) a
==H:n('economia' F S) economia
=OC:acl
==PRD:adv('como' <rel>) como
==SC:np
===H:n('tema' M S) tema
===N<:adj('comum' M S) comum
np
=P:v-ger('tornar') tornando-
=ACC:pron('se' <pers> <refl> F 3S ACC) se
=OC:np
==>N:art('o' F S) a
==H:n('capital' F S) capital
==N<:pp
===H:prp('de' <sam->) de
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> M P) os
====H:n('sonho' M P) sonhos
adjp
=P:v-fin('visar' PR 3S IND) visa
=ACC:icl
==P:v-inf('tornar') tornar
==OC:adjp
===>A:adv('mais' <quant>) mais
===H:adj('competitivo' M P) competitivos
==ACC:np
===>N:art('o' M P) os
===H:n('produto' M P) produtos
pp
=SUBJ:adjp
==H:num('três' <card> <n> M P) três
==A<:pp
===H:prp('de' <sam->) de
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> <artd> M P) os
====H:n('animal' M P) animais
=ADVL:adv('ainda') ainda
=ACC:pron('se' <pers> <coll> M 3P ACC) se
=P:v-fin('encontrar' PR 3P IND) encontram
=OC:pp
==H:prp('em') em
==P<:np
===>N:adj('bom' F S) boa
===H:n('saúde' F S) saúde

O predicativo do objecto como oração averbal (acl) apresenta as características semelhantes ao predicativo do sujeito. Veja-se o seguinte exemplo, em que a análise é feita como se houvesse um verbo "ser" subentendido após o "como" ("define a maioria absoluta como sendo..."):

CP405-4 Define a maioria absoluta como um objectivo, mas, se não a atingir, isso também não será para si uma derrota ...

A1
STA:fcl
=P:v-fin('definir' PR 3S IND) Define
==ACC:np
===>N:art('o' F S) a
===H:n('maioria' F S) maioria
===N<:adj('absoluto' F S) absoluta
==OC:acl
===PRD:adv('como' <rel>) como
===SC:np
====>N:art('um' <arti> M S) um
====H:n('objectivo' M S) objectivo

6.2.6. Objecto directo (ACC)

O objecto directo, representado pela etiqueta ACC, corresponde ao argumento de verbos transitivos. Os objectos cognatos (argumentos de verbos intransitivos, como dançar (uma valsa) e correr (uma maratona)) são igualmente representados pela mesma etiqueta.

Por ser uma função oracional, encontra-se ao mesmo nível de constituinte que o predicador da oração do qual é argumento.

O objecto directo pode exibir formas oracionais e sintagmáticas como se descreve no seguinte quadro:

formas exemplos
v-fin
===P:v-fin('significar' PR 3S IND) significa
===«
===ACC:v-fin ('responder' <fmc> PR 3S SUBJ) responda
===»
v-inf
=ADVL:adv('assim' <kc>) assim
=SUBJ:pron('ele' <pers> M 3S ACC) o
=P:v-fin('permitir' PR 3P IND) permitem
=ACC:v-inf ('concluir') concluir
n
==SUBJ:pron-pers('outro' <dem> M P) outros
==P:vp
===AUX:v-fin('ter' PR 3P IND) têm
===AUX:v-pcp('vir') vindo
===PRT-AUX:prp('a') a
===MV:v-inf('perder') perder
==ACC:n ('quadro' M P) quadros
prop
=P:v-fin('estar' PR 1P IND) Estamos
=SC:icl(<pcp>)
==P:v-pcp('morrer' <adjp> F P) mortas
==ADVL:pp
===H:prp('por') por
===P<:icl
====P:v-inf('visitar') visitar
====ACC:prop('Portugal' M S) Portugal
pron-pers

=P:v-fin('decidir' PS 1S IND) Decidi

=ACC:icl
==P:v-inf('demitir') demitir-
==ACC:pron-pers ('eu' <pers> <refl> M/F 1S
ACC) me
pron-indp
==>N:art('o' M S) O
==H:n('cocktail' M S) cocktail
==N<:fcl
===ACC:pron-indp ('que' <rel> M S) que
===SUBJ:prop('Juppé' M/F S) Juppé
===P:v-fin('condenar' PR 3S IND) condena
num
=P:v-fin('enviar' PS 3S IND) enviou
=ACC:num ('um' <card> F S) uma
=PIV:pp
==H:prp('a') a
==P<:prop('Manuel_Monteiro' M S) Manuel_Monteiro
adj
=SUBJ:n('sorteio' M S) Sorteio
=P:v-fin('separar' PR 3S IND) separa
=ACC:adj ('grande' <n> M/F P) grandes
adv
STA:fcl
=SUBJ:cu
==CJT:prop('Benfica' M S) Benfica
==CO:conj-c('e' <co-subj>) e
==CJT:prop('Sporting' M S) Sporting
=P:v-fin('dizer' PR 3P IND) dizem
=ACC:adv('não') não
=PIV:pp
==H:prp('a' <sam->) a
==P<:np
===>N:pron-det('o' <-sam> <artd> F P) as
===H:n('eleição' F P) eleições
 
cu
====P:vp
=====AUX:v-fin('poder' IMPF 1S SUBJ) pudesse
=====MV:v-inf('encontrar') encontrar
====ACC:cu
=====CJT:n('trabalho' M S) trabalho
=====CO:conj-c('e' <co-acc>) e
=====CJT:np
======>N:adj('bom' F P) boas
======H:n('condição' F P) condições
fcl
=P:v-fin('dizer' PS 3S IND) disse
=ACC:fcl
==SUBJ:conj-s('que') que
==P:v-fin('estar' IMPF 3S IND) estava
==SC:v-pcp('interessar' F S) interessada
icl
=SUBJ:prop('Moscovo' M S) Moscovo
=P:v-fin('pensar' PR 3S IND) pensa
=ACC:icl
==P:v-inf('proibir') proibir
==ACC:n('saída' F S) saída
np
=P:vp
==AUX:v-fin('podar' PR 3S IND) pode
==MV:v-inf('ter') ter
=ADVL:adv('assim' <kc>) assim
=ACC:np
==>N:pron('tanto' <quant> M <indf> S) tanto
==H:n('poder' M S) poder
adjp
=P:v-fin('protagonizar' IMPF 3S IND) Protagonizava
=ACC:adjp
==H:num('um' <card> F S) uma
==A<:pp
===H:prp('de' <sam->) de
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> <artd> F P) as
====H:n('transferência' F P) transferências
====N<:icl(<pcp>)
=====ADVL:adv('mais') mais
=====P:v-pcp('badalar' F P) badaladas
pp
==P:v-fin('morrer' PS 3P IND)morreram
==ACC:pp
===H:prp('entre') entre
===P<:np
====>N:cu
=====CJT:num('17' <card> F P) 17
=====CO:conj-c('e' <co-premod>) e
=====CJT:num('23' <card> F P) 23
====H:n('pessoa' F P) pessoas

Como a Floresta considera sintagmas cujo núcleo é um numeral como sintagmas adjetivais, é possível a ocorrência de ACC de forma adjp.

No caso particular dos objectos directos de forma oracional, estes ocorrrem essencialmente com verbos ilocutórios (dizer, referir, contar, etc.) ou ainda verbos que parecem exibir comportamentos sintácticos semelhantes, como enumerar e continuar e verbos psicológicos (pensar, considerar, etc.). Nem sempre a oração objecto directo é encabeçada por uma conjunção integrante (que ). Nos casos em que a conjunção não está presente, mas a frase exibe o tipo de verbos acima mencionados e está presente uma outra oração que funciona como complementação do verbo, esta deve ser analisada como objecto directo:

CP142-1 «Eles fizeram da nossa aldeia um cemitério», contou uma velha.

A1
STA:fcl

=ACC:fcl
==SUBJ:pron-pers('eles' <pers> M 3P NOM) Eles
==P:v-fin('fazer' PS 3P IND) fizeram
==PIV:pp
===H:prp('de' <sam->) de
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> F S) a
====>N:pron-det('nosso' <poss> F S) nossa
====H:n('aldeia' F S) aldeia
==ACC:np
===>N:art('um' <arti> M S) um
===H:n('cemitério' M S) cemitério

=,
=P:v-fin('contar' PS 3S IND) contou
=SUBJ:np
==>N:art('um' <arti> F S) uma
==H:adj('velho' <n> F S) velha
=.

Através da mesma estrutura, o objecto directo pode ainda exibir formas que à primeira vista não parecem ser típicas desse constituinte, como o caso abaixo exemplifica:

CP643-11 Para as poupar», justifica.
A1
STA:fcl
=ACC:pp
==H:prp('para') Para
==P<:icl
===ACC:pron('elas' <dem> F P) as
===P:v-inf('poupar' 3S) poupar

=,
=P:v-fin('justificar' PR 3S IND) justifica
=.

6.2.6.1 Etiqueta ACC-PASS

A etiqueta ACC-PASS refere-se o uso de se em construçoes passivas pronominais, e está descrita na seccção 12.1.2

6.2.7. Objecto Indirecto Pronominal (DAT)

Na Floresta há a considerar dois tipos de objecto indirecto que consoante a sua forma exibirão diferentes funções. Trataremos agora do objetco indirecto prononimal e a secção seguinte focar-se-á no objecto regido de preposição em geral, que inclui o objecto indirecto de forma preposicional.

O objecto indirecto pronominal é o objecto de verbos ditransitivos que tem exclusivamente forma pronominal (pronome pessoal) no caso dativo: lhe, se, me, te, nos, vos .

A função correspondente a estes casos é DAT(ive) e sendo uma função oracional encontra-se ao mesmo nível de constituinte que o Predicador da oração a que o DAT pertence.

Veja-se os seguintes exemplos com presença de objecto indirecto pronominal:

CP243-15 Recordou-lhe quando, no fim da guerra, passava devagar na Avenida Gorki com o carro que pertencera a Goebbels.

A1
STA:fcl
=P:v-fin('recordar' PS 3S IND) Recordou-
=DAT:pron('ele/ela' <pers> M 3S DAT) lhe
=ADVL:fcl
==ADVL:adv('quando' <rel>) quando
...
==P:v-fin('passar' IMPF 3S IND) passava
==ADVL:adv('devagar') devagar
==PIV:pp
===H:prp('em' <sam->) em
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> F S) a
====H:prop('Avenida_Gorki' F S) Avenida_Gorki
...

CF298-5 Ai, mãe Menininha, acode-nos nesta hora de quase desespero, dá-nos* o alimento da confiança e do sonho.

...
=P:v-fin('acudir' <hyfen> PR 3S IND) acode-
=DAT:pron-pers('nós' <refl> M/F 1P DAT) nos
...

CF51-1 Aquele pensamento provocou-me um arrepio estranho e delicioso.

A1
STA:fcl
=SUBJ:np
==>N:pron-det('aquele' <dem> M S) Aquele
==H:n('pensamento' M S) pensamento
=P:v-fin('provocar' <hyfen> PS 3S IND) provocou-
=DAT:pron-pers('eu' M/F 1S DAT) me
=ACC:np
==>N:art('um' <arti> M S) um
==H:n('arrepio' M S) arrepio
==N<:cu
===CJT:adj('estranho' M S) estranho
===CO:conj-c('e' <co-postnom>) e
===CJT:adj('delicioso' M S) delicioso
=.

6.2.8. Objecto Indirecto Preposicional e Objecto Regido de Preposição (PIV)

Na Floresta existe uma etiqueta de função que representa todos os argumentos verbais que têm forma preposicional. Entre estes encontram-se o objecto indirecto preposicional e os objectos regidos de preposição.

6.2.8.1. Objecto Indirecto preposicional

Em português, o objecto indirecto, para além da forma pronominal, pode ser também expresso por um sintagma preposicional. Neste caso, a função atribuída não é DAT mas PIV:

CF344-3 «Foi ótimo, você fez um minuto melhor do que o esperado», disse a Medeiros ao cruzar a linha de chegada.

...
=,
=P:v-fin('dizer' PS 3S IND) disse
=PIV:pp
==H:prp('a') a
==P<:prop('Medeiros' M S) Medeiros
=ADVL:pp
==H:prp('ao') ao
==P<:icl
===P:v-inf('cruzar') cruzar
===ACC:np
====>N:art('o' <artd> F S) a
====H:n('linha' F S) linha
====N<:pp
=====H:prp('de') de
=====P<:n('chegada' F S) chegada
=.

6.2.8.2. Objecto Regido de Preposição

O objecto regido de preposição é um argumento verbal em que o verbo da oração selecciona um objecto encabeçado por uma preposição, como por exemplo, consistir em, resultar de, falar de/em/sobre, adaptar-se a, dividir em, distribuir por, levar a, etc. Os seguintes exemplos ilustram estes casos:

6.2.9. Adjunto (ADVL) e complementos com valor adverbial (SA e OA)

Na Floresta há a distinguir dois tipos de constituintes com valor adverbial, consoante o seu maior ou menor grau de obrigatoriedade na frase. ADVL possui o menor grau de obrigatoriedade e SA e OA possuem um maior grau de obrigatoriedade.

Em termos de níveis de constituinte, estes constituintes estão ao nível do predicador da oração de que fazem parte.

6.2.9.1. Adjunto (ADVL) [C2]

Tipicamente o adjunto adverbial refere-se a expressões de tempo, modo, lugar, causa, etc. relativas à acção verbal. É não obrigatório na frase.

O adjunto adverbial pode exibir as seguintes formas:

formas exemplos
v-ger
=P:v-inf('internacionalizar') Internacionalizar
=ADVL:v-ger('cooperar') cooperando
n
=SUBJ:np
==>N:art('o' <artd> M S) o
==>N:adj('violento' M S) violento
==H:n('incêndio' M S) incêndio
==N<:fcl
===SUBJ:pron('que' <rel> M S) que
===P:v-fin('deflagrar' PS 3S IND) deflagrou
===ADVL:n('terça-feira' F S) terça-feira
prop
=ADVL:prop('Porto' M S) Porto
=:
=ADVL:pp
==H:prp('em' <sam->) em
==P<:np
===>N:art('o' <-sam> M S) o
===H:prop('Carlos_Alberto' M S) Carlos_Alberto
=,
=P:v-fin('continuar' PR 3S IND) continua

=SUBJ:prop('Luzes_de_Palco' M/F S) Luzes_de_Palco

adj
=SUBJ:prop('González' M S) González
=P:v-fin('apostar' PS 3S IND) apostou
=ADVL:adj('forte' M S) forte
=PIV:pp
==H:prp('em') em
==P<:adj('independente' <n> M/F P) independentes
adv
=ADVL:adv('talvez') Talvez
=P:v-pcp('entusiasmar' <adjp> M S) entusiasmado
=ADVL:pp(<postmod>)
==H:prp('por' <sam->) por
==P<:np
===>N:art('o' <-sam> F S) a
===H:n('festa' F S) festa
===N<:pp
====H:prp('de' <sam->) de
====P<:np
=====>N:art('o' <-sam> F S) a
=====H:n('vitória' F S) vitória
cu
=ADVL:cu
==CJT:adv('hoje') Hoje
==CO:conj-c('e' <co-advl>) e
==CJT:adv('amanhã') amanhã
=,
=P:v-fin('decorrer' PR 3P IND) decorrem
=SUBJ:np
==>N:art('o' F P) as
==H:adj('último' <NUM-ord> F P) últimas
==N<:pp
===H:prp('de') de
===P<:prop('Josa_com_o_Violino_Mágico' M/F S)
Josa_com_o_Violino_Mágico
fcl
=ADVL:fcl
==SUB:conj-s('se') Se
==P:v-fin('partir' PS 1S IND) parti
=,
=P:v-fin('ir' PS 3S IND) foi
=ADVL:fcl
==SUB:conj-s('porque') porque
==ADVL:pp
===H:prp('para') para
===P<:pron('eu' <pers> M/F 1S PIV) mim
==ADVL:adv('só') só
==P:v-fin('haver' IMPF 3S IND) havia
==ACC:np
===>N:art('um' <arti> F S) uma
===H:n('escolha' F S) escolha
icl
=SUBJ:pron('toda_a_gente' F <indf> S) toda_a_gente
=P:v-fin('fumar' PR 3S IND) fuma
=ADVL:icl
==P:v-ger('incluir') incluindo
==ACC:np
===>N:art('o' M P) os
===H:n('proibicionista' M P) proibicionistas
acl
STA:fcl
=ADVL:acl
==COM:adv('tal_como' <rel>) Tal_como
==ADVL:pp
===H:prp('em' <sam->) em
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> <artd> S) a
====>N:adj('último' <NUM-ord> F S) última
====H:n('final' F S) final
====N<:pp
=====H:prp('de' <sam->) de
=====P<:np
======>N:art('o' <-sam> <artd> M S) o
======H:prop('Campeonato_do_Mundo' M S) Campeonato_do_Mundo
...
====,
=SUBJ:prop('Kasparov' M S) Kasparov
=P:v-fin('tentar' PR 3S IND) tenta
=ACC:icl
==P:v-inf('apresentar') apresentar-
==ACC:pron-pers('se' <refl> M 3S ACC) se
==OC:acl
===PRD:adv('como' <prp>) como
===SC:np
====>N:art('o' <artd> M S) o
====«
====>N:adj('bom' M S) bom
====H:n('reformador' M S) reformador
np
=P:v-fin('telefonar' PS 1S IND) Telefonei
=ADVL:np
==>N:num('mil' <card> F P) mil
==H:n('vez' F P) vezes
=PIV:pp
==H:prp('para') para
==P<:np
===>N:art('o' F S) a
===H:n('agente' M S) agente
===N<:pp
====H:prp('de') de
====P<:prop('Isabel_Allende' M S) Isabel_Allende
adjp
=ADVL:adjp
==>A:adv('mais' <quant> <KOMP>) mais
==H:adj('rápido' M S) rápido
=SUBJ:np
==>N:art('o' <artd> F P) as
==H:n('coisa' F P) coisas
=P:v-fin('parecer' PR 3P IND) parecem
=SC:v-inf('andar') andar
advp
=ADVL:advp
==H:adv('depois') Depois
==A<:pp
===H:prp('de' <sam->) de
===P<:np
====>N:art('a' <-sam> <artd> F S) a
====H:n('cabeça' F S) cabeça
=P:v-fin('vir' PR 3S IND) vem
=SUBJ:np
==>N:art('um' <arti> F S) uma
==>N:adj('autêntico' F S) autêntica
==H:n('fábrica' F S) fábrica
==N:adj('ambulante' F S) ambulante
pp
=ADVL:pp
==H:prp('em' <sam->) Em
==P<:np
===>N:art('o' <-sam> F S) a
===>N:pron('seu' <poss> <si> F S) sua
===H:n('globalidade' F S) globalidade
=,
=SUBJ:np
==>N:art('o' F P) as
==H:n('resposta' F P) respostas
=P:v-fin('alimentar' PR 3P IND) alimentam
=ACC:np
==>N:art('um' <quant> M S) um
==>N:pron('certo' <quant> M S) certo
==H:n('optimismo' M S) optimismo

No caso de o adjunto adverbial ser uma oração finita (fcl) esta normalmente é encabeçada por uma conjunção ou um advérbio, mas nem sempre (secção secção 6.2.9.1.1.). Veja-se exemplo acima na tabela (ADVL:fcl) para o caso de a oração adverbial exibir uma conjunção. O seguinte exemplo ilustra o caso de uma oração adverbial iniciada por um advérbio:

CP121-2 Segundo este organismo, a operação só terá lugar quando for disponibilizado «o equipamento que está a ser propositadamente construído para proceder à introdução escalonada nos fornos» da farinha obtida a partir da transformação das carcaças dos animais abatidos.

...
=SUBJ:np
==>N:art('o' F S) a
==H:n('operação' F S) operação
=ADVL:adv('só') só
=P:v-fin('ter' FUT 3S IND) terá
=ACC:n('lugar' M S) lugar
=ADVL:fcl
==ADVL:adv('quando' <ks>) quando
==P:vp
===AUX:v-fin('ir' FUT 3S SUBJ) for
===MV:v-pcp('disponibilizar' M S) disponibilizado
==«
==SUBJ:np
===>N:art('o' M S) o
===H:n('equipamento' M S) equipamento
6.2.9.1.1. Estruturas com haver, fazer e ter indicando tempo decorrido

Como dito na secção 6.2.9.1., os adjuntos adverbiais que são orações finitas são frequentemente iniciados por uma conjunção. Exceptuam-se os casos de adverbiais temporais com os verbos haver, fazer e terde que são exemplos:

CP190-2 R. -- Há muito que defendo que os acordos de concertação social devem ultrapassar as dimensões temporal e de conteúdo que têm tido.

CF134-6 Embora não ocorra no Brasil há muito, é absolutamente normal, nos países de maior tradição democrática, que o governo tenha um candidato e o apóie.

CF28-1 Pela segunda vez desde quando começou a coordenar as ações no Rio, há duas semanas, o Exército mudou o nome das operações.

CF126-1 O advogado Mariano Gonçalves Neto, autor da ação popular que se arrasta há 12 anos, acusa os ex-ministros de aprovarem uma superavaliação dos terrenos entregues pelo grupo Delfin como pagamento de uma dívida que, em 1982, chegava a Cr 70 milhões.

CF269-2 Os três cortadores de cana eram de Alagoas e estavam na cidade havia 15 dias .

Estas estruturas não possuem sujeito, os verbos haver/ ter/ fazer estão limitados a tempos do presente e do imperfeito e um constituinte que denota tempo (explícita ou implicitamente) segue o verbo. Podem ou não iniciar a oração. Em todos os casos exemplificados acima, em que o verbo exprime a idéia de tempo decorrido, ele será etiquetado como uma preposição (prp), e não como verbo. Nesses casos, o lema é a forma que haver /ter/ fazer apresentam na expressão temporal e nunca o infinitivo verbal. O sintagma preposicional onde haver/ ter/ fazer está inserido comporta-se como qualquer outro (ver secção 12.4). A representação desta análise é a seguinte:

CF124-5 Stepanenko viajou para a China há uma semana e deve voltar na sexta-feira.

A1
STA:fcl
=SUBJ:prop('Stepanenko' M S) Stepanenko
=x:cu
==CJT:x
===P:v-fin('viajar' PS 3S IND) viajou
===SA:pp
====H:prp('para') para
====P<:np
=====>N:art('o' F S) a
=====H:prop('China' F S) China
===ADVL:pp
====H:prp('há') há
====P<:np
=====>N:num('uma' F S) uma
=====H:n('semana' F S) semana
==CO:conj-c('e') e
==CJT:x
===P:vp
====AUX:v-fin('dever' PR 3S IND) deve
====MV:v-inf('voltar') voltar
===ADVL:pp
====H:prp('em' ) em
====P<:np
=====>N:art('o' <-sam> F S) a
=====H:n('sexta-feira' F S) sexta-feira
=.

Quando iniciam uma frase, o advérbio de foco que segue a oração adverbial, precedendo a oração principal.

A representação é a seguinte:

CP190-2 R. -- Há muito que defendo que os acordos de concertação social devem ultrapassar as dimensões temporal e de conteúdo que têm tido.

A1
UTT:sq
=UTT:n('R.' F S) R.
=--
=STA:fcl
==ADVL:pp
===H:prp('há') Há
===P<:np
====H<:pron-det('muito' M S) muito
==FOC:adv('que' ) que
==P:v-fin('defender' PR 1S IND) defendo
==ACC:fcl
===SUB:conj-s('que') que
===SUBJ:np
====>N:art('o' M P) os
====H:n('acordo' M P) acordos
====N<:pp
=====H:prp('de') de
=====P<:np
======H:n('concertação' F S) concertação
======N<:adj('social' F S) social
===P:vp
====AUX:v-fin('dever' PR 3P IND) devem
====MV:v-inf('ultrapassar') ultrapassar
...

6.2.9.2. Complementos adverbiais (SA e OA)

Ao contrário de ADVL, adjunto verbal, SA e OA combinam características de argumento, pela obrigatoriedade na frase, dada a complementaridade do sentido expresso pelo verbo, e de adjunto, por expressar tempo, lugar, modo. Correspondem a um objecto adverbial.

SA será o objecto adverbial directamente referenciado a sujeito e OA a objecto:

CP8-2 Na cerimónia de inauguração do edifício, Ieltsin declarou perante mais de cem mil pessoas que «a Rússia está perto da estabilidade política» e que «todos os problemas podem ser resolvidos à mesa das conversações».

...
=SUBJ:prop('Ieltsin' M S) Ieltsin
=P:v-fin('declarar' PS 3S IND) declarou
=ADVL:pp
==H:prp('perante') perante
==P<:np
===>N:adjp
====>A:adjp
=====>A:adv('mais_de' <quant>) mais_de
=====H:num('cem' <card> F P) cem
====H:num('mil' <card> F P) mil
===H:n('pessoa' F P) pessoas
=ACC:cu
==CJT:fcl
===SUB:conj-s('que') que
===«
===SUBJ:np
====>N:art('o' F S) a
====H:prop('Rússia' F S) Rússia
===P:v-fin('estar' PR 3S IND) está
===SA:pp
====H:prp('perto_de') perto_de
====P<:np
=====>N:art('o' F S) a
=====H:n('estabilidade' F S) estabilidade
=====N<:adj('político' F S) política
...

CF6-3 Posteriormente, diante de a ameaça do tribunal de entrar com uma ação judicial, o governo mandou ao Congresso uma alteração ao projeto, aumentando para R$ 452,7 milhões a dotação do TSE.

...
=SUBJ:np
==>N:art('o' <artd> M S) o
==H:n('governo' M S) governo
=P:v-fin('mandar' PS 3S IND) mandou
=OA:pp
==H:prp('a' <sam->) a
==P<:np
===>N:art('o' <-sam> <artd> M S) o
===H:n('congresso' <prop> M S) Congresso
=ACC:np
==>N:art('um' <arti> F S) uma
==H:n('alteração' F S) alteração
==N<:pp
===H:prp('a' <sam->) a
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> <artd> M S) o
====H:n('projeto' M S) projeto
....

Existem dois argumentos para se considerar a existência destes complementos adverbiais que contrastam com PIV e ADVL: por um lado, a valência verbal (característica que os ADVL não possuem), a substituição pronominal (à qual os sintagmas preposicionais, forma prototípica dos PIV, não podem ser sujeitos). Além disso, um outro teste é a substituição por pronomes interrogativos: como, quando, onde, quanto no caso de SA e OA, que também se aplicam a ADVL, mas não a PIV (Bick, 2000:170-1).

Resumindo, SA e OA possuem características argumentais e de adjunto. Imaginando um contínuo entre argumentos e adjuntos, teremos num extremo do contínuo, PIV como argumento verbal e no outro extremo ADVL como adjunto. SA e OA situar-se-ão nas zonas entre extremos.

Na Selva, as etiquetas SA e OA possuem ainda a especificação da sua posiçaõ com com relação ao verbo (Os símbolos <  e  > indicam que a função está à esquerda ou à direita do verbo, respectivamente)

6.2.10. Aposto de oração (S<)

O aposto de oração é o aposto se refere à oração completa, e nao apenas a um dos seus elementos (normamelmente, o núcleo nominal H:n). O aposto oracional normalmente é introduzido por estruturas do tipo "o que", dois pontos, ou palavras resumitivas, como "tudo", "coisa", "fa(c)to", "algo", etc:

CF384-2 «Disaster Movie», de 1979, foi uma revelação: apesar da produção apertada, esse curta-metragem revelava um talento mais que incontestável.

CF234-2 Esta armação dá à equipe um caráter excessivamente defensivo, o que desagrada àqueles que esperam da seleção brasileira um futebol alegre, sempre visando ao gol.

CP299-1 Não possui hoje Vendas Novas praça de toiros, razão por que a corrida aconteceu numa desmontável, mas António Morais, no seu livro «A Praça de Toiros do Campo Pequeno», ao referir-se às outras praças do país, diz que José Valério construiu uma praça em Vendas Novas em 1862, tendo nela havido festas de toiros até 1875, ano em que soldados da Escola Prática de Artilharia, por descuido, provocaram o seu incêndio.

Quanto à estrutura de árvore, o aposto oracional está inserido na oração principal, que o contém, e pode tanto correponder a uma oração quanto a um sintagma nominal, como ilustrado a seguir:

CF135-3 O embargo é uma medida para que o TSE admita a constitucionalidade da questão o que permite que o assunto seja levado ao STF.

...
====SUBJ:np
=====>N:art('o' M S) o
=====H:prop('TSE' M S) TSE
====P:vp
=====MV:v-fin('admitir' PR 3S SUBJ) admita
====ACC:np
=====>N:art('o' F S) a
=====H:n('constitucionalidade' F S) constitucionalidade
=====N<ARG:pp
======H:prp('de' <sam->) de
======P<:np
=======>N:art('o' <-sam> F S) a
=======H:n('questão' F S) questão
=S<:fcl
==SUBJ:np
===H:pron-indp('o_que' <rel> M S) o_que
==P:vp
===MV:v-fin('permitir' PR 3S IND) permite
==ACC:fcl
===SUB:conj-s('que') que
===SUBJ:np
====>N:art('o' M S) o
====H:n('assunto' M S) assunto
...

CF397-1 Agora, as negociações são internacionais: Amélia vai conversar com a Krupp alemã e a Japan Steel.

STA:fcl
=ADVL:advp
==H:adv('agora' <kc>) Agora
=,
=SUBJ:np
==>N:art('o' <artd> F P) as
==H:n('negociação' <np-def?> F P) negociações
=P:vp
==MV:v-fin('ser' PR 3P IND) são
=SC:adjp
==H:adj('internacional' F P) internacionais
=:
=S<:fcl
==SUBJ:np
===H:prop('Amélia' F S) Amélia
==P:vp
===AUX:v-fin('ir' PR 3S IND) vai
===MV:v-inf('conversar') conversar
....

CP317-6 a vontade de mudança dividiu ao meio o eleitorado, algo de impensável meses atrás.

STA:fcl
=SUBJ:np
==>N:art('o' <artd> F S)    a
==H:n('vontade' <np-def?> F S)    vontade
==N<:pp
===H:prp('de')    de
===P<:np
====H:n('mudança' <np-idf?> F S)    mudança
=P:vp
==MV:v-fin('dividir' PS 3S IND)    dividiu
=ADVL:pp
==H:prp('a' <sam->)    a
==P<:np
===>N:art('o' <-sam> <artd> M S)    o
===H:n('meio' <np-def?> M S)    meio
=ACC:np
==>N:art('o' <artd> M S)    o
==H:n('eleitorado' <np-def?> M S)    eleitorado
=,
=S<:np
==H:pron-indp('algo' <quant> M S)    algo
==N<:pp
===H:prp('de')    de
===P<:adjp
====H:adj('impensável' M S)    impensável
==N<:np
===H:n('mês' <np-idf?> M P)    meses
===N<:adv('atrás')    atrás
=.

6.3. Funções ao nível da raiz

A raiz também exibe, tal como os restantes nós terminais e não terminais, etiquetas que correspondem a função e forma (F:f). A natureza das funções do nó raiz é, no entanto, diferente de qualquer tipo de função a que sintagmas ou orações podem estar associadas a níveis abaixo da raiz (ver excepção na secção 16 a propósito das estruturas discursivas). A natureza das funções atribuídas à raiz está relacionada com o tipo de frase em questão.

As seguintes funções são atribuídas ao nó raiz:

Qualquer das funções acima descritas podem em casos especiais ocorrer em nós que não a raiz (ver secção 16.)

Como se pode verificar nos exemplos acima, as formas que o nó raiz pode exibir são as mesmas que qualquer outro nó pode exibir, dependendo da estrutura interna da frase.

Por ser único, o nó raiz não exibe descontinuidades nem pode estar coordenado.


[1] As mesmas etiquetas, A< e >A, como se pode constatar, estão presentes tanto nos sintagmas adjectivais como nos sintagmas adverbiais enquanto modificadoras de adjectivos ou advérbios.

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