Bíblia Florestal: Um manual lingüístico da Floresta Sintá(c)tica.

Bosque 8.0

Cláudia Freitas / Susana Afonso

29 de Setembro de 2008

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1. Introdução

A Floresta Sintá(c)tica é um projecto de construção de um “treebank”: um conjunto de árvores sintacticamente anotadas e revistas manualmente/intelectualmente.

O “treebank” (a que se chama Bosque) cobre duas variantes do português: português europeu e português do Brasil. Dois corpora de texto jornalístico são utilizados: o CETEMPúblico (mais concretamente, o primeiro milhão de palavras) (Rocha e Santos, 2000) do jornal Público em português europeu, e o (CETENFolha) do jornal Folha de S. Paulo, em português do Brasil. Os corpora foram anotados pelo analisador automático PALAVRAS (Bick 2000) e estão a ser manualmente revistos em formato de árvores. A presente documentação é o resultado das discussões conjuntas com os restantes membros do projecto durante a construção da Floresta Sintá(c)tica.

Apenas o formato de árvores presente no Bosque (a parte revista da Floresta) está aqui documentado: não só as etiquetas utilizadas e o formato, mas também as escolhas que foram sendo feitas ao longo do projecto. A sua descrição será acompanhada de exemplos.

Uma vez que o processo de construção do treebank continua, este documento é aberto, isto é, em constante modificação em face das novas decisões que possam surgir no decurso do trabalho de revisão.

Nota 1: O projecto Floresta Sintá(c)tica foi/é (parcialmente) desenvolvido no âmbito da Linguateca, financiada através dos projectos POSI/PLP/43931/2001 e POSC 339/1.3/C/NAC, e co-financiada pelo POSI.

Nota 2: O projecto Floresta Sintá(c)tica existe desde 2000, e a sua documentação foi produzida majoritariamente entre 2000 e 2005. Ligeiramente "adormecido" desde então, o projecto foi retomado em 2007, com alguns novos integrantes, e com isso houve também a revisão de alguns pontos da anotação, que deu origem ao presente documento - que é, portanto, uma revisão de Susana Afonso. "Árvores deitadas: Descrição do formato e descrição das opções de análise na Floresta Sintá(c)tica". Última versão: 12 de Fevereiro de 2006. Primeira versão: 2004. Esse documento pode ser encontrado em http://www.linguateca.pt/documentos/Afonso2006ArvoresDeitadas.pdf

Em http://www.linguateca.pt/Diana/download/SantosBickAfonsoFlorestaSet2007.pdf pode encontrar mais informações sobre a história do projecto Floresta Sintá(c)tica.

Em http://www.linguateca.pt/Floresta/documentacao.html pode encontrar toda a documentação relativa à Floresta Sintá(c)tica.


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Árvores deitadas: Descrição do formato e descrição das opções de análise na Floresta Sintá(c)tica

2. O formato ad (árvores deitadas)

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O formato que presentemente se documenta é o formato de árvores deitadas. O formato usado é o seguinte:

informação textual
nº frase: texto
A1
NÓ RAIZ<
=NÓ 1
==NÓ 1.1.
===NÓ 1.1.1
====NÓ 1.1.1....n
==NÓ 1.2.
===NÓ 1.2.1.
====NÓ 1.2.1....

A cada frase está associada informação textual, isto é, informação relativa ao extracto a que a frase pertence, o número da frase no Bosque e o texto (frase per se ). Cada frase é iniciada por A1 (análise 1 da frase). A mesma árvore pode ter mais do que uma análise distinta que são indicadas por A2, A3, etc. (ver secção 7. para a representação de ambiguidades).

NÓ RAIZ é o nó mais alto da árvore correspondente à sua raiz, por isso é único, isto é, não existem mais nós ao mesmo nível. Assim, o nó raiz não exibe descontinuidade nem pode estar coordenado.

Todos os outros nós constituintes da árvore (nó 1 e nós dependentes e os dependentes dos nós dependentes (nó 1.1. ou nó 1.2. a nó 1.1.1....n ou nó 1.2.1....n) estão por isso abaixo da raiz da árvore.

2.1. Nível de constituintes

Os sinais de igual ( = ) antepostos aos nós (indentação) indicam a profundidade da árvore relativamente à raiz. Um sinal de igual extra indica um nível abaixo, o que pressupõe dependência face a um nó constituinte a um nível acima.

2.2. Nós constituintes

2.2.1. Tipologia dos nós

Os nós constituintes podem ser terminais (i.e. sem dependentes) ou não terminais (i.e. com dependentes). Não existem nós com constituintes vazios (ø). O quadro em baixo representa, no formato ad, os casos acima e a sua representação adoptada na Floresta:

Nós terminais:
um constituinte
Nós não terminais:
mais do que um constituinte
CP216-2: Butros-Ghali deixou promessas CP23-1: Religiosos haitianos dizem basta

A1
nó raiz
=nó1 Butros-Ghali
=nó2 deixou
=nó3 promessas
A1
nó raiz
=nó1
==nó 1.1 Religiosos
== nó 1.2. haitianos
=nó
2 dizem
=nó
3 basta
Constituinte ausente (sujeito) Constituinte presente (sujeito)
CP429-9 Bebeu água. CP631-1 ... ela atende a Academia Sueca..
A1
nó raiz
=nó
1 Bebeu
=nó2 água
.
A1
nó raiz
..
=nó
1 ela
=nó
2 atende
=nó 3
==nó 3.1. a
==nó 3.2. Academia_Sueca
..

Todos os nós (incluindo a raiz) são pares de função e forma (F:f). A função corresponde à função sintáctica (sujeito, predicador, etc.) que cada constituinte possui em cada oração ou sintagma que compõe a frase. A forma corresponde à estrutura interna dos constituintes, isto é, sintagmas e orações para os nós não terminais, e, para os nós terminais, é usada uma classificação muito próxima das classes de PoS (advérbio, adjectivo, etc.). Abaixo, ”os promotores” em

CP887-6 Os promotores do concerto recomendam aos espectadores: levem guarda-chuva não vá S. Pedro pregar uma partida.

É representado da seguinte maneira:

=>N:art('o' <artd> M P) Os
=H:n('promotor' M P) promotores

A funçao de ”os” é de dependente de um núcleo nominal (N) que está a sua direita (>), por isso a marcação >N; a forma de ”os” é artigo. Tem-se entao o par de função e forma >N:art. ”promotores”, por sua vez, é o núcleo (H) do sintagma, e sua forma é substantivo/nome (n). O par função e forma é portanto H:n.

2.2.2. Informação morfossintáctica associada

Os nós terminais incluem ainda informação relativa à morfologia associada à sua forma que, consoante os casos, abrange classificações de género, número, caso, pessoa, tempo, modo (ver lista em Anexo 1). Os nós terminais incluem também informação quanto ao seu lema.

Todos os nós poderão (ou não) incluir informações secundárias (ver secção 16.), isto é, informações que não dizem respeito directamente à classificação morfossintáctica mas que são de ordem semântica ou outras (como sinalização de contracção, por exemplo).

 A ordem da informação associada aos nós é a seguinte:

Relativamente às informações secundárias, uma parte de revisão extremamente fina, algum trabalho de revisão necessita de ser feito, principalmente em termos de desambiguação de etiquetas secundárias.

Na Floresta tem-se sempre em conta o contexto quando se lida com classes morfológicas de análise ou com etiquetas secundárias. Ou seja, a um item que seja ambíguo morfologicamente é associada uma única análise quando o contexto o permite. Por exemplo, os adjectivos uniformes como inteligente, dialogante, eficaz, morfologicamente ambíguos entre género masculino e feminino, têm uma única análise que é dependente do contexto onde a palavra ocorre; serão de género feminino em contextos semelhantes ao seguinte exemplo:

CP228-2 Fazer uma gestão urbanística inteligente, dialogante, eficaz, informada e com bons resultados práticos, exige uma tenacidade e um talento que não estão ao alcance de técnicos cinzentos e submissos que o sistema inevitavelmente prefere, produz e atrai.

Por outro lado, os adjectivos uniformes inteligente e veloz serão do género masculino em contextos semelhantes a :

CF496-1 Teremos, então, um meio-campo ainda mais sólido na proteção à zaga e mais inteligente, veloz e agressivo, na combinação com o ataque.


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3. Orações

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Entende-se por orações nós não terminais que incluem as seguintes etiquetas de função: P, PAUX, PMV, SUBJ, ACC, SC, OC, DAT, PIV, ADVL, SA, OA, N<ARGS, N<ARGO, N<ARG, PRED, SUB, CJT. Diferentes orações podem estar coordenadas (ver secção 11.) e podem ser descontínuas (ver secção 9).

3.1. Tipologia das orações (por tipo de verbos)

As orações podem exibir as seguintes formas associadas a determinadas funções (ver seccção 6):

A oração finita (fcl) contém um verbo de forma finita. A oração não finita (icl) contém um verbo de forma não finita, como particípio passado, infinitivo e gerúndio. Finalmente, na oração averbal, o verbo não está presente, mas normalmente estas orações são encabeçadas por uma conjunção subordinativa que indica a natureza oracional do período.

A estrutura interna das orações finitas e não-finitas inclui um predicador (P) e argumentos ou adjuntos verbais. A estrutura interna de uma oração averbal, não incluindo um predicador, porque omitido, inclui tipicamente uma conjunção subordinativa e restantes argumentos verbais ou adjuntos adverbiais. Isto é possível uma vez que o predicador não expresso é recuperável através do contexto da proposição. Para descrição detalhada sobre “icl” e “acl” veja-se secção 15.

Os exemplos em baixo ilustram os três tipos de orações (entre principais e subordinadas):

3.2 Orações subordinadas

As orações, quando dependentes de outras orações — orações subordinadas – podem exercer funções sintácticas como objecto directo, sujeito, predicativo do sujeito, modfificadores de nomes, entre outras funções sintácticas. Nesses casos, utilizando uma terminologia tradicional, temos uma orações subordinadas. As orações subordinadas, por sua vez, podem ser substantivas, adjetivas ou adverbiais, conforme desempenhem funções que poderiam ser exercidas por substantivos, adjetivos e advérbios, respectivamente. Na Floresta, tais orações podem ser encontradas ou por meio de uma conjugação de elementos de forma e função (uma forma fcl que é uma função sujeito SUBJ (SUBJ:fcl), ou ainda, fazendo uso das etiquetas procuráveis. As secções seguintes detalham as orações subordinadas adjetivas e substantivas.

3.2.1 Orações adjectivas

Uma oração, finita ou não-finita, pode ter a função de modificador de nome. Nesses casos, segundo a terminologia tradicional, temos orações subordinadas adjetivas (ou orações relativas, uma vez que são frequentemente introduzidas por um pronome relativo). Tais orações podem depender de qualquer termo da oração cujo núcleo seja de natureza nominal - um substantivo ou um pronome. Na Floresta, a indicação de uma oração adjectiva se dá pela combinação entre a forma oracional fcl ou icl e a função de modificador do nome (que pode ser N<, N> , e, algumas vezes, N<PRED - secção 6.1.1), isto é, N<:fcl, por exemplo. Além disso, os verbos de orações adjectivas - ou orações relativas -, estão anotados com a etiqueta secundária <fs-rel>ou <icl-rel> para verbos de orações relativas finitas ou não-finitas, respectivamente. Com isso, podem ser procurados na interface de busca em árvores sintáticas Milhafre: basta digitar fs-rel ou icl-rel no campo procuráveis.

3.2.2 Orações substantivas

As orações substantivas são aquelas que desempenham funções tipicamente exercidas por um grupo nominal, como sujeito, objecto directo, predicativo, entre outras funções sintácticas. Nesses casos, utilizando uma terminologia tradicional, temos uma oração subordinada substantiva. No Bosque, os verbos de orações substantivas estão anotados com a etiqueta secundária <fs-subst>, <icl-subst>, que correspondem aos verbos de orações substantivas em forma finita ou infinita. Com isso, podem ser procurados na interface de busca em árvores sintáticas Milhafre: basta digitar fs-subst ou icl-subst no campo procuráveis. No entanto, orações substantivas iniciadas por preposição (como as orações completivas nominais, objectivas directas e algumas orações adverbiais) exibem um comportamento diferente. Nestes casos, a indicação de que existe uma oração subordinada à principal não se dá no próprio nível em que a função oracional está (isto é, não existe PIV:fcl); de acordo com a sintaxe da Floresta, tais orações se relacionam com a preposição, e são dependentes dela (o que existe é P<:fcl). Mas ainda assim os verbos de tais estruturas são marcados com o procurável fs-subst ou icl-subst. A secção 4.2.4.1 detalha este tipo de construção.


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4. Sintagmas

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Os sintagmas incluem as seguintes funções de acordo com a natureza do sintagma em questão: H, >N, N<, N<PRED, APP, >A, A<, KOMP<, >P, P<, CJT. A indicação de “>” e “<” presentes nas funções acima, reflectem a posição do dependente face ao núcleo, como setas direccionadas para o núcleo cuja natureza está indicada por letras maiúsculas. Assim, N< significa que o dependente aponta para o núcleo de natureza nominal (“N”) que se encontra à esquerda do dependente (“<”). Por outro lado, >A significa que o dependente aponta para o núcleo de natureza adjectival ou adverbial (“A”) que se encontra à direita do dependente (“>”).
Os sintagmas podem estar coordenados (ver secção 11.) ou serem descontínuos (ver secção 9.).

4.1. Tipologia dos sintagmas

A Floresta inclui seis sintagmas divisíveis em três classes no que se refere à sua estrutura interna. As formas possíveis que os sintagmas podem exibir são as seguintes:

 4.2. Estrutura interna dos sintagmas

Em todos os tipos de sintagmas, o núcleo e os dependentes estão todos ao mesmo nível, ou seja, não há agrupamento em sintagmas de dependentes de um mesmo núcleo. Por exemplo, no sintagma as minhas contas bancárias, os dependentes as minhas e bancárias estão todos no mesmo nível, que é o mesmo nível a que se encontra o núcleo. Não há, por isso, agrupamentos dos diferentes elementos do sintagma. Em formato de parênteses para indicação de sintagmas, o que se processa é (as minhas contas bancárias) e não (as(minhas contas bancárias)) ou (as (minhas(contas bancárias))), por exemplo.

Tipicamente, o núcleo é um nó terminal. No entanto, o núcleo de um sintagma pode ser um nó não-terminal em determinadas circunstâncias, como por exemplo quando existem modificadores de um conjunto de palavras. Em CP77-3 (abaixo), o sintagma do país modifica os dois sintagmas coordenados (“as dificuldades” e “os constrangimentos”. Daí, a necessidade do núcleo ser um nó não-terminal.[C1] .

CP77-3 A este propósito, argumentou que as «dificuldades e os constrangimentos do país» exigem um grande controlo dos gastos.

A1
STA:fcl
=ADVL:pp
==H:prp('a') A
==P<:np
===>N:pron-det('este' <dem> M S) este
===H:n('propósito' M S) propósito
=,
=P:v-fin('argumentar' PS 3S IND) argumentou
=ACC:fcl
==SUB:conj-s('que') que
==SUBJ:np
===H:cu
====CJT:np
=====>N:art('o' <artd> F P) as
=====«
=====H:n('dificuldade' F P) dificuldades
====CO:conj-c('e' <co-subj>) e
====CJT:np
=====>N:art('o' <artd> M P) os
=====H:n('constrangimento' M P) constrangimentos
===N<:pp
====H:prp('de' <sam->) de
====P<:np
=====>N:art('o' <-sam> <artd> M S) o
=====H:n('país' M S) país
=====»
…

Para saber, no corpus, qual a constituição mais freqüente de núcleos com nós nao-terminais, ...

4.2.1. Sintagma nominal (np)

Os elementos constituintes dos sintagma nominais são o núcleo (H) e seu(s) dependente(s), que modifica(m) o núcleo (>N; N<; N<PRED, APP) e que pode(m) ser nó(s) terminal(ais) ou não-terminal(ais).

O seguinte exemplo ilustra um sintagma nominal:

CF161-6 Quando os dois acertavam juntos («Bonequinha de Luxo», «Vício Maldito», «A Pantera Cor-de-Rosa»), era uma festa para todos os sentidos.

…
P:vp
=MV:v-inf('ser' IMPF 3S IND)	era
SC:np
=>N:art('um' <arti> F S) uma
=H:n('festa' F S)	festa
=N<:pp
==H:prp('para')	para
==P<:np
===>N:pron-det('todo'  M P)	todos
===>N:art('o'  M P)	os
===H:n('sentido' M P)	sentidos

No exemplo acima, os sintagmas em negrito têm por núcleo um nome.

4.2.1.1 Flutuação entre Nomes e Adjetivos

No entanto, nem sempre o núcleo do sintagma nominal é um nome (comum ou próprio). Outras classes de palavras podem constituir o núcleo de um sintagma nominal, uma vez que possuem propriedades nominais. Frequentemente há uma flutuação entre as classes de nomes e de adjetivos. Nesses casos, optamos por nao tomar partido, e pensamos ser mais proveitoso para (pesquisas de) os utilizadores deixar tais casos marcados com a etiqueta n-adj, que indica "casos em que há flutuação". Na frase abaixo,por exemplo, em um bom exclusivo, é isso o que acontece: temos uma classe "flutuante" n-adj.

CP223-3 Conseguir um bom exclusivo pode significar a entrada de milhões de dólares em publicidade.

…
=P:vp
=MV:v-inf('conseguir')	Conseguir
=ACC:np
==>N:art('um' <arti> M S) um
==>N:adj('bom' M S) bom
==H:n-adj('exclusivo' M S) exclusivo
P:vp
=AUX:v-fin('poder' PR 3S IND) pode
=MV:v-inf('significar') significar
ACC:np
=>N:art('o' <artd> F S) a
=H:n('entrada' F S) entrada...

O mesmo acontece nos sintagmas nominais abaixo, em que as palavras que recebem a etiqueta n-adj estão em negrito:

…
resolveram contar todos os podres
o italiano Antonio Matarrese
abuso sexual em bulímicas
Um dos injustiçados é Alfredo Volpi
auto-estima dos negros
todos os remanescentes

Em CP239-4 (abaixo), a forma original do núcleo (particípio passado deserdados ) é mantida, e, nesses casos, utilizamos a marcação <n> como etiqueta secundária indica que o particípio está sendo utilizado como um substantivo.

CP239-4 Por isso, atentos ao perder da sua influência, os etarras, (...) tentaram destruir o símbolo de um novo tempo, menos rural -- é nessas zonas e entre os deserdados das cidades que a Eta faz o seu recrutamento --, ...

...
===P<:np
====>N :art('o' <artd> M P) os
====H:v-pcp ('deserdar' <n> M P) deserdados
...

Existem casos de difícil determinação do núcleo e dos dependentes nominais, que emerge pelo facto de haver dois candidatos a núcleo. No exemplo jovens portuguesas, tanto jovens como portuguesas podem ser o núcleo ou o dependente (ver secção 7. sobre tratamento de ambiguidades).

A secção 6.1.1.1 trata detalhadamente dos sintagmas nominais.

4.2.2. Sintagma adjectival (adjp)

A estrutura interna do sintagma adjectival é a seguinte: núcleo (H) e dependentes: >A e A<, que podem ser nós terminais ou não terminais, e KOMP<, nó não terminal (ver secção 14.1 sobre estruturas de comparação).

O núcleo é tipicamente um nó terminal. No entanto, há casos em que o núcleo é um nó não-terminal (ver secção 4.2.). A forma do núcleo pode ser um adjectivo, um numeral ou um particípio (ver secção 5.2.4. para a descrição dos numerais; secção 13. sobre partitivos e secção 15 sobre os particípios).

Os seguintes exemplos ilustram sintagmas adjectivais:

CP22-2 «Se for firmado, ninguém ficará mais contente do que nós.

…
=SC:adjp
==>A:adv('mais' ) mais
==H:adj('contente' M S) contente
...

CP127-7 Está cheia destes tesouros .

...
=SC:adjp
==H:adj('cheio' F S) cheia
==A<:pp
===H:prp('de' <sam->) de
===P<:np
====>N:pron('este' <-sam> <dem> M P) estes
====H:n('tesouro' M P) tesouros
...

CF121-7 Sua popularidade está mais baixa do que nunca e um de seus possíveis oponentes é filho de George Bush.

...
=CJT:fcl
==SUBJ:adjp
===H:num('um' <card> M S)	um
===A<:pp
====H:prp('de')	de
====P<:np
=====>N:pron-det('seu' <poss 3S> M P) seus
=====>N:adj('possível' M P) possíveis
=====H:n('oponente' <np-partitive2> M P)	oponentes
==P:vp
===MV:v-fin('ser' PR 3S IND)	é

CP59-2 Entre as propostas mais ousadas, decidiu-se pedir ao Presidente da República que proponha um referendo sobre a Lei do Financiamento, desafiar as televisões a promoverem um debate entre o ministro da Educação e todos os dirigentes associativos, pintar de negro a sede da Direcção Regional de Educação do Centro e remeter envelopes com folhas de papel higiénico ao ministério.

A1
STA:fcl
=ADVL:pp
==H:prp('entre')	Entre
==P<:np
===>N:art('o' <artd> F P)	as
===H:n('proposta' F P)	propostas
===N<:adjp
====>A:adv('mais' <quant>)	mais
====H:v-pcp('ousar' F P)	ousadas
...

…

Existem expressões em particular que formam um sintagma adjectival e que ocorrem dentro de um sintagma nominal ou adjectival. As expressões são (pouco) mais de e cerca de que representam uma unidade (cerca _de ; mais _de ) (ver secção 5.1.1. para unidades complexas).

No exemplo abaixo (CF123-1), o sujeito (SUBJ) “mais de 110 mil pessoas ” tem como núcleo “pessoas ”, que por sua vez é modificado pelo sintagma adjectival “mais de 110 mil ”cujo núcleo é o numeral. O mesmo acontece em CP41-6, em que o núcleo do SN (“títulos ”) é modificado pelo sintagma adjectival “cerca de 285 mil”.

CF123-1 mais de 110 mil pessoas assistiram à partida, no estádio Santiago Bernabeu.

A1
STA:fcl
=SUBJ:np
==>N:adjp
== =>A:adjp
=== =>A:adv('mais_de' <quant>) mais_de
====H:num('110' <card> F P) 110
===H:num('mil' <card> F P) mil
==H:n('pessoa' F P) pessoas
=P:v-fin('assistir' PS/MQP 3P IND) assistiram
=PIV:pp
==H:prp('a' <sam->) a
==P<:np
===>N:art('o' <-sam> <artd> F S) a
===H:n('partida' F S) partida
=,
…

CP41-6 Movimentaram-se cerca de 285 mil títulos, com a cotação de fecho a situar-se nos 4359 escudos.

A1
STA:fcl
=P:v-fin('movimentar' PS 3P IND) Movimentaram-
=ACC:pron-pers('se' M 3P ACC) se
=SUBJ:np
==>N:adjp
===>A:adjp
====>A:adv('cerca_de') cerca_de
====H:num('285' <card> M P) 285
===H:num(‘mil’ <card> M P) mil
==H:n('título' M P) títulos

A secção 6.1.1.2 trata detalhadamente dos sintagmas adjetivais.

4.2.3. Sintagma adverbial (advp)

A estrutura interna dos sintagmas adverbiais é a seguinte: núcleo (H) – um advérbio – e dependentes (>A; A<) que podem ser nós terminais ou não terminais.

O núcleo é tipicamente um nó terminal. No entanto, há casos em que o núcleo é um nó não-terminal (ver secção 4.2.).

Os seguintes exemplos ilustram sintagmas adverbiais:

CP318-5 Depois da cabeça vem uma autêntica fábrica ambulante que tritura as pedras e as envia para o exterior, ...

A1
STA:fcl
=ADVL:advp
==H:adv('depois') Depois
==A<:pp
===H:prp('de' <sam->) de
===P<:np
====>N:art('a' <-sam> <artd> F S) a
====H:n('cabeça' F S) cabeça
...

CF12-3 Só depois é que levanto a cabeça para fazer um lançamento», reclama Neto.

A1
STA:fcl
=ACC:fcl
==ADVL:advp
===>A:adv('só') Só
===H:adv('depois') depois
...

A secção 6.1.1.3 também trata dos sintagmas adverbiais.

4.2.4. Sintagma preposicional (pp)

A estrutura interna dos sintagmas preposicionais é núcleo (H) e dependentes (>P; P<). O núcleo de um sintagma preposicional é sempre a preposição, sendo, por isso, terminal - a não ser que existam duas preposições que estejam coordenadas. Não há nenhuma restrição em termos de forma do complemento da preposição (>P; P<), podendo ser um um sintagma ou uma oração.

Os seguintes exemplos ilustram sintagmas preposicionais:

A secção 6.1.1.4 também trata dos sintagmas preposicionais.

4.2.5. Sintagma verbal (vp)

Relativamente aos sintagmas verbais, a sua estrutura interna é composta por um verbo principal (MV), de presença obrigatória, pelo(s) auxiliar(es) (AUX) e/ou partícula de ligação verbal (PRT_AUX).

CF22-4 O fã daquela época vai ser fã sempre», acrescentou Costenaro.

…
==P:vp
===AUX:v-fin('ir' PR 3S IND) vai
===MV:v-inf('ser') ser
...

CP1-3 É uma das mais antigas discotecas do Algarve, situada em Albufeira, que continua a manter os traços decorativos e as clientelas de sempre.

…
===P:vp
====AUX:v-fin('continuar' PR 3S IND) continua
====PRT-AUX:prp('a') a
====MV:v-inf('manter') manter
...

4.2.6. Sintagma evidenciador de relação de coordenação (cu)

Os sintagmas que exibem uma relação de coordenação entre os seus elementos possuem uma forma especial que está relacionada com a relação de coordenação, ao contrário dos outros sintagmas não verbais que tomam a sua forma a partir da função dos dependentes do núcleo. A estrutura interna destes sintagmas é igualmente distinta da dos outros sintagmas verbais e não verbais.

Deste modo, a forma do sintagma evidenciador de relação de coordenação é sempre cu (compound unit). A sua estrutura interna evidencia também a relação de coordenação: duas ou mais partes coordenadas como função e uma ou mais conjunções coordenativas, que podem ou não estar presentes. A forma de cada uma das partes coordenadas segue os princípios gerais dos sintagmas não verbais, isto é, dependendo da sua estrutura interna e em particular da função dos dependentes do núcleo do sintagma, ou dos sintagmas verbais. Os seguintes exemplos ilustram este tipo de sintagma:

CF92-6 O tom familiar, coloquial, benigno de suas crônicas (agora reunidas em «Sexta-feira, Folha», ed.. Siciliano) foi pouco a pouco vencendo as resistências do público.

A1
STA:fcl
=SUBJ:np
==>N:art('o' <artd> M S) O
==H:n('tom' M S) tom
==N<:cu 
===CJT:adj('familiar' M S) familiar
===,
===CJT:adj('coloquial' M S) coloquial 
===,
===CJT:adj('benigno' M S) benigno 
==N<:pp
===H:prp('de') de
===P<:np
====>N:pron-det('seu' <poss 3S> F P) suas
====H:n('crônica' F P) crônica
...

CF95-5 Cada banco buscará no BC ou no BB o volume de dinheiro compatível com suas operações.

A1
STA:fcl
=SUBJ:np
==>N:pron-det('cada' <quant> M S) Cada
==H:n('banco' M S) banco
=P:v-fin('buscar' FUT 3S IND) buscará
=ADVL:cu 
==CJT:pp 
===H:prp('em' <sam->) em
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> <artd> M S) o
====H:prop('BC' M S) BC
==CO:conj-c('ou' <co-advl>) ou
==CJT:pp 
===H:prp('em' <sam->) em
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> <artd> M S) o
====H:prop('BB' M S) BB
=ACC:np
==>N:art('o' <artd> M S) o
==H:n('volume' M S) volume
==N<:pp
===H:prp('de') de
===P<:np
====H:n('dinheiro' M S) dinheiro
====N<:adjp
=====H:adj('compatível' M S) compatível
=====A<:pp
======H:prp('com') com
======P<:np
=======>N:pron-det('seu' <poss 3S> F P) suas
=======H:n('operação' F P) operações
=.

A função do sintagma evidenciador de relação de coordenação será a desempenhada pelo sintagma na oração a que pertence. Na frase acima (CF95-5), por exemplo, função sintática da estrutura coordenada “no BC ou no BB” é de adjunto adverbial (ADVL) e, por isso, a função associada a cu é ADVL.

A informação relativa à conjunção normalmente é de ordem secundária sobre as funções que estão coordenadas, como por exemplo <co-subj> – coordenação de sujeitos –, ou <co-advl> – coordenação de adjuntos adverbiais –, como no exemplo citado. .

A representação dos sintagmas evidenciadores de relação de coordenação pode, em determinados casos, apresentar dificuldades, como constituintes coordenados que possuem algum constituinte em comum – predicados coordenados que partilham um mesmo sujeito, por exemplo (ver secção 11.1 para constituintes coordenados que partilham um ou mais constituintes); coordenação de constituintes com funções diferentes (ver secção 11.2), coordenação de constituintes envolvendo elipse (11.3). As secções 11.4 e 11.5 tratam das conjunções.

4.2.7. Sequência de elementos discursivos

Não é invulgar em registo jornalístico ocorrerem transcrições de entrevistas. O discurso não surge isolado, mas é introduzido por elementos que identificam o falante, o tema ou o tipo de interacção (resposta, pergunta, etc.).

O tratamento sintáctico destas estruturas é complexo, porque os elementos identificadores não estão ao mesmo nível do discurso propriamente dito. Optamos por manter esses elementos e tratamos a estrutura da seguinte forma:

Exemplos destas estruturas são:

CP37-4 P. -- Como é a sua relação com o piano?

A1
UTT:sq
=UTT:n('P.' F S) P. 
=--
=QUE:fcl
==SC:adv('como'<interr>) Como
==P:v-fin('ser'PR 3S IND) é
==SUBJ:np
===>N:art('o'<artd> F S) a
===>N:pron-det('seu'<poss 3S> F S) sua
===H:n('relação'F S) relação
===N<:pp
====H:prp('com') com
====P<:np
=====>N:art('o'<artd> M S) o
=====H:n('piano' M S) piano
==?

CF223-2: Folha -- O sr. acredita ter influenciado estes filmes?

A1
UTT:sq
=UTT:prop('Folha' F S) Folha
=--
=QUE:fcl
==SUBJ:np
===>N:art('o' <artd> M S) O
===H:n('sr.' <prop> M S) Sr.
==P:v-fin('acreditar' PR 3S IND) acredita
==ACC:icl
===P:vp
====AUX:v-inf('ter') ter
====MV:v-pcp('influenciar') influenciado
===ACC:np
====>N:pron-det('este' <dem> M P) estes
====H:n('filme' M P) filmes
==?

CF468-2: Kim [Rindo] -- Ele é Susan Hayward:

A1
UTT:sq
=STA:icl(<ger>)
==SUBJ:prop('Kim' F S) Kim
==[
==P:v-ger('rir' GER) rindo
==]
=--
=STA:fcl
==SUBJ:pron-pers('ele' M 3S NOM) Ele
==P:v-fin('ser' PR 3S IND) é
==SC:prop('Susan_Hayward' F S) Susan_Hayward
==:

CF413-11 Aguapé (067-241-2889) -- A 59 km de Aquidauana, a fazenda tem 7.000 hectares, campo de pouso e sete apartamentos.

A1
UTT:sq
=UTT:np
==H:prop('Aguapé' F S) Aguapé

==( ==N<PRED:num('067-241-2889' <card> M P) 067-241-2889 ==) =-- =STA:fcl ==PRED:pp ===H:prp('a') A ===P<:np ====>N:num('59' <card> M P) 59 ====H:n('km' M P) km ====N<:pp =====H:prp('de') de =====P<:prop('Aquidauana' M S) Aquidauana ==, ==SUBJ:np ===>N:art('o' <artd> F S) a ===H:n('fazenda' F S) fazenda ==P:v-fin('ter' PR 3S IND) tem ==ACC:cu ===CJT:np ====>N:num('7.000' <card> M P) 7.000 ====H:n('hectare' M P) hectares ===, ===CJT:np ====H:n('campo' M S) campo ====N<:pp =====H:prp('de') de =====P<:n('pouso' M S) pouso ===CO:conj-c('e' <co-acc>) e ===CJT:np ====>N:num('sete' <card> M P) sete ====H:n('apartamento' M P) apartamentos ==.

CP120-2 Alverca -- Sem meia dúzia de jogadores (os emprestados pelo Benfica), o recém-promovido Alverca ganhou o seu primeiro ponto da época e logo fora de casa.

A1
UTT:sq
=UTT:prop('Alverca' M S) Alverca
=--
=STA:fcl
==ADVL:pp
===H:prp('sem') Sem
===P<:np
====H:n('meia_dúzia' F S) meia_dúzia
====N<:pp
=====H:prp('de') de
=====P<:n('jogador' M P) jogadores
====(
====APP:np
=====>N:pron-det('o' <artd> M P) os
=====H:icl(<pcp>)
======P:v-pcp('emprestar' M P) emprestados
======PASS:pp
=======H:prp('por' <sam->) por
=======P<:np
========>N:art('o' <-sam> <artd> M S) o
========H:prop('Benfica' M S) Benfica
====)
==,
(...)
===CO:conj-c('e') e
===CJT:pp
====>A:adv('logo') logo
====H:prp('fora_de') fora_de
====P<:n('casa' F S) casa
==.

Note-se que a pontuação final é parte integrante do sintagma/oração de cada uma das partes discursivas, não se encontrando, por isso, ao mesmo nível do nó raiz UTT:sq. Mais informações sobre a pontuação final geral e nestes casos em particular na secção 5.1.4.3.


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5. Unidades/palavras

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As unidades são obtidas pelo parser. A atomização é identificada pelo PALAVRAS e pode ser dividida em: o que tradicionalmente se refere como palavras, pontuação, numerais, palavras com hífen (por justaposição e prefixação) exceptuando clíticos, e também várias unidades complexas, desdobramento de contracções e de verbos com clíticos.

5.1. Tipologia de Unidades/palavras

Unidades ou palavras têm forma atómica e não admitem constituintes. São, por isso, sempre nós terminais (ao contrário das orações e sintagmas que podem ser nós não terminais bem como terminais). Como tal não admitem descontinuidade (ver secção 9.) mas podem estar coordenadas (ver secção 11.).

Pelo facto de as unidades terem forma atómica não se exclui da classificação de unidades/palavras, no entanto, formas que possuem uma estrutura interna complexa, isto é, expressões com mais do que uma palavra que representam uma única unidade semântica. São, neste caso, unidades complexas.

Os clíticos, bem como as palavras compostas por justaposição (com uso de hífen), são considerados também unidades atómicas simples.

Por outro lado, exclui-se da classificação de unidades/palavras as contracções, que na Floresta se encontram na sua forma não contraída, ou seja, cada um dos elementos que se contraem são considerados unidades, mas não a sua forma contraída.

Finalmente, a pontuação é também uma unidade. Nas árvores, possui indentação. Funciona, em termos de representação, como um nó terminal, apesar de não o ser na realidade, uma vez que não lhes está associada qualquer outro tipo de informação.

Em baixo encontram-se exemplos de unidades atómicas simples e complexas:

5.1.1. Unidades complexas (expressões polilexicais)

As unidades complexas são palavras cuja estrutura interna é complexa (mais do que uma palavra), mas que constituem uma unidade semântica. A diferença entre este tipo de unidades e as palavras compostas por justaposição hifenizadas relaciona-se com a cristalização das formas na língua. Assim, enquanto as palavras compostas por justaposição estão cristalizadas, as palavras com estrutura interna complexa não o estão, isto é, o seu grau de convencionalidade é inferior, mas no entanto, uma única unidade semântica é-lhes reconhecida. Aqui incluem-se, entre outros, topónimos, expressões onomásticas, e também locuções adverbiais. Como exemplos de unidades complexas, refira-se: Museu do Ar, João Silvestre, Praça da Ribeira, face a, apesar de, etc..

Como a definição do que seja uma expressão polilexical (ou expressão multi-palavra) é ainda controversa, cabendo diferentes análises conforme a perspectiva adotada (decomposiçao sintática, opacidade semântica, freqüência na língua), adotamos no Bosque uma visão que considera principalmente (mas não exclusivamente) expressões multi-palavra aquelas de natureza gramatical, deixando as combinações nome-adjetivo, por exemplo, decompostas, sempre que possível.

As unidades complexas representam-se através da união por "_" dos elementos que compõem a unidade: Museu _do_Ar, João_Silvestre, Praça _da_Ribeira, face _a, apesar _de . Note-se que as contracções presentes em Museu_do_Ar e Praça_da_Ribeira encontram-se na sua forma contraída (ver secção 5.2.1.2 a propósito de Reconhecimento de Entidades Mencionadas (REM)).

No Glossário há uma lista de todas as expressões multi-palavras presentes no Bosque, tanto lexicais quanto gramaticais.

No Bosque, as EMs podem estar representadas por expressões multi-palavras. Por exemplo, Lisboa e Ministério_do_Planeamento_e_Administração_do_Território são ambos casos de EM.

5.1.2. Casos de hifenização não separáveis e separáveis (clíticos)

As unidades atómicas simples e as unidades complexas que exibem hífenes não são separáveis (por exemplo, sexta-feira). Os prefixos são analisados separadamente, como descrito na secção 5.2.2.

Os clíticos, unidades atómicas simples, porém ligados a um verbo por hífen quando em posição pós-verbal, são separados do verbo.

A representação dos clíticos no formato de árvores não inclui o hífen, estando este junto ao verbo, como a seguir se ilustra:

CP222-6 «Não podemos permitir que a contratação colectiva continue bloqueada, que o desemprego continue a aumentar, que a segurança social, a saúde e a educação continuem a degradar-se».

…
===P:vp
====AUX:v-fin('continuar' PR 3P SUBJ) continuem
====PRT-AUX:prp('a') a
====MV:v-inf('degradar') degradar-
===ACC:pron-pers('se' M 3P ACC) se
=»
=.

5.1.3. Contracção

As contracções não formam uma unidade atómica. As contracções apresentam-se no formato de árvores na sua forma não contraída. No entanto, a indicação de contracção está presente através da indicação de <sam-> <-sam>. Cada uma das partes envolvidas na contracção inclui esta informação; a primeira parte da contracção inclui a informação <sam-> e a segunda parte inclui a informação <-sam>:

CF236-3 Não no âmbito da empresa, mas de um país inteiro.

A1
STA:pp
=>P:adv('não') Não
=H:prp('em' <sam->)  em
=P<:np
==>N:art('o' <-sam> <artd> M S) o
==H:n('âmbito' M S) âmbito
…

CP848-11 Para perceber uma nova situação e, depois de alguém lha explicar, dizer imediatamente: 'Que tal assim?' .

...
===ADVL:advp
====H:adv('depois') depois
====A<:pp
=====H:prp('de') de
=====P<:icl
======SUBJ:pron-indp('alguém' M S) alguém
======DAT:pron-pers('ele/ela' <sam-> M/F 3S DAT) lhe
======ACC:pron-pers('ela' <-sam> F 3S ACC) a
======P:v-inf('explicar' 3S) explicar
…

O facto de as contracções serem representadas na sua forma não contraída tem uma razão sintáctica. Se estivessem na sua forma contraída não seria possível a divisão em sintagmas distintos (no caso de contracções de preposição e artigo) nem a representação de funções distintas (no caso da contracção de dois pronomes).

Nos exemplos acima, as duas partes envolvidas na contracção são, no primeiro caso, constituintes de sintagmas distintos (em núcleo do sintagma preposicional (pp) e o constituinte do sintagma nominal (np)) e no segundo caso, possuem funções sintácticas distintas (lhe, objecto indirecto; a, objecto directo).

Um outro caso presentemente considerado nas árvores do CETEMPúblico no Bosque como contracção é ao enquanto contracção de a com o artigo o, nos casos que o exemplo ilustra:

CP21-3 Ao chegar, às 9 horas (TMG) de hoje, ao aeroporto de Cracóvia, João Paulo II será recebido com um mínimo de formalidades.

A1
STA:fcl
=ADVL:pp
==H:prp('a' <sam->) A
==P<:icl
===>N:art('o' <-sam> <artd> M S) o
===H:icl
====P:v-inf('chegar') chegar
…

Nas árvores do CETENFolha, no entanto, ao surge como uma preposição e não como uma contracção:

CF122-5 Ao justificar sua necessidade, o presidente da República abriu uma fresta para a realidade na propaganda sobre as virtudes da URV.

A1
STA:fcl
=ADVL:pp
==H:prp('ao') Ao
==P<:icl
===P:v-inf('justificar') justificar
===ACC:np
====>N:pron-det('seu' <poss 3S> <si> F S) sua
====H:n('necessidade' F S) necessidade
…

5.1.4. Pontuação

A pontuação não tem qualquer informação morfossintáctica associada, embora possa ser um indicador de estatuto sintáctico (veja-se secção 5.1.4.3 abaixo), estando tão só indentada:

CP223-1 «Somos obrigados a tornar os nossos programas o mais interessantes possível, num ambiente onde existem múltiplas escolhas», refere Victor Neufeld, o produtor executivo do programa 20/20, da ABC, citado pela Associated Press.

...
=SUBJ:np
==H:prop('Victor_Neufeld' M S) Victor_Neufeld
==,
==APP:np
===>N:art('o' M S) o
===H:n('produtor' M S) produtor
===N<:adj('executivo' M S) executivo
...

Cada sinal de pontuação tem o seu nó na árvore, mesmo em casos de combinação de pontuação como nos seguintes exemplos:

CP623-5 mamem a pastilha elástica caladinhos ... senão rua !!!

A1
CMD:fcl
=P:v-fin('mamar' PR 3P SUBJ) mamem
=ACC:np
==>N:art('o' <artd> F S) a
==H:n('pastilha_elástica' F S) pastilha_elástica
==N<:n('caladinho' <DERS> M P) caladinhos
=..
=ADVL:adv('senão' <kc>) senão
=ADVL:in('rua' F S) rua
=!
=!
=!

CF451-16 Simbólico?!
A1
UTT:adjp
=H:adj('simbólico' M S) Simbólico
=?
=!

 Existem algumas regularidades de representação da pontuação nas árvores, nomeadamente a sua posição relativa aos nós não terminais.

Há a considerar três casos diferentes: pontuação em início de frase, fim de frase e pontuação dentro da frase. A pontuação em fim de frase inclui todo o tipo de pontuação excepto a vírgula. Em início de frase, a pontuação inclui parênteses, aspas, travessão. No último caso, pontuação dentro da frase, inclui-se todo o tipo de pontuação, excepto o ponto final.

Assim, as regularidades são as seguintes:

5.1.4.1. Casos difíceis

Existem casos difíceis nomeadamente na determinação da função da pontuação, isto é, por vezes a determinação de um tipo de pontuação, especialmente a vírgula, como separador ou delimitador de trechos torna-se de difícil avaliação, como o seguinte exemplo:

CP366-3 São notícias de penhoras, pelos tribunais, execuções fiscais, montes de dívidas à banca e à Segurança Social, esbanjamento de vários milhões em negócios pouco claros com a Real Companhia Velha, etc. etc.

Delimitadores de trecho Separadores entre trechos
A1
STA:fcl
=P:v-fin('ser' PR 3P IND) São
=SC:cu
==CJT:np
===H:n('notícia' F P) notícias
===N<:pp
====H:prp('de') de
====P<:np
=====H:n('penhora' F P) penhoras
=====,
=====N<:pp
======H:prp('por' <sam->) por
======P<:np
=======>N:art('o' <-sam> <artd> M P) os
=======H:n('tribunal' M P) tribunais
=====, 
==CJT:np
===H:n('execução' F P) execuções
===N<:adj('fiscal' F P) fiscais
==,
==CJT:np
===H:n('monte' M P) montes
===N<:pp
====H:prp('de') de
====P<:n('dívida' F P) dívidas
…
A1
STA:fcl
=P:v-fin('ser' PR 3P IND) São
=SC:cu
==CJT:np
===H:n('notícia' F P) notícias
===N<:pp
====H:prp('de') de
====P<:np
=====H:n('penhora' F P) penhoras
=====,
=====N<:pp
======H:prp('por' <sam->) por
======P<:np
=======>N:art('o' <-sam> <artd> M P) os
=======H:n('tribunal' M P) tribunais
==, 
==CJT:np
===H:n('execução' F P) execuções
===N<:adj('fiscal' F P) fiscais
==,
==CJT:np
===H:n('monte' M P) montes
===N<:pp
====H:prp('de') de
====P<:n('dívida' F P) dívidas
…

O problema está em determinar se a segunda vírgula (a negrito, antes do nó execuções fiscais) é delimitadora do trecho anterior (pelos tribunais) ou se é um separador entre os elementos coordenados (à semelhança da terceira vírgula antes do nó montes de dívidas). Nestes casos, prefere-se a análise de delimitador de trecho, estando, por isso, os dois sinais de pontuação delimitadores ao mesmo nível.

5.1.4.2. Excepções às regularidades

Há uma excepção a considerar: delimitadores de trecho que não podem estar ao mesmo nível, por exigência da própria sintaxe da frase.

Este caso refere-se à situação de a pontuação delimitadora não cobrir apenas um nó (terminal ou não) mas vários nós. Desta forma, não é possível seguir a regra dos delimitadores estarem os dois ao mesmo nível. Veja-se um exemplo:

CP306-1 «Quem estraga velho paga novo», disse Vítor Melícias, afirmando pretender que sejam repensadas as situações onde «já houve entregas apressadas» de antigos edifícios das Misericórdias, ocupados até há bem pouco tempo por unidades hospitalares do Estado.

A1
STA:fcl
…
=ADVL:icl
==P:v-ger('afirmar') afirmando
==ACC:icl
===P:v-inf('pretender') pretender
===ACC:fcl
====SUB:conj-s('que') que
====P:vp
=====AUX:v-fin('ser' PR 3P SUBJ) sejam
=====MV:v-pcp('repensar' F P) repensadas
====SUBJ:np
=====>N:art('o' <artd> F P) as
=====H:n('situação' F P) situações
=====N<:fcl
======ADVL:adv('onde' <rel> <ks>) onde
======«
======ADVL:adv('já') já
======P:v-fin('haver' PS 3S IND) houve
======ACC:np
=======H:n('entrega' F P) entregas
=======N<:v-pcp('apressar' F P) apressadas
=======»
=======N<:pp
========H:prp('de') de
========P<:np
=========>N:adj('antigo' M P) antigos
=========H:n('edifício' M P) edifícios

5.1.4.3. Pontuação final

A pontuação final permite identificar a frase como constituindo um elemento comunicativo (ver ponto 6.3, funções ao nível da raiz), e por isso é considerada parte integrante da frase. Por vezes, uma "frase analisada" corresponde a uma sequência de "frases" como funções principais (STA, QUE, EXC, e UTT).
Como pontuação final consideramos o seguinte conjunto: ! ? : -- e .

Um exemplo do uso dessa pontuação para marcar uma sequência de actos de fala (STA, QUE, EXC, e UTT) é:

CP513-10 P. -- Porquê?

A1
UTT:sq
=UTT:n('P.' F S) P.
=--
=QUE:advp
==H:adv('porquê' <interr>) Porquê
==?

Neste exemplo, atente-se para o facto do ponto de interrogação ser parte integrante do do sintagma composto pela palavra porquê seguida de um "?". Só com o "?" é que é evidentemente possível atribuir-lhe a função QUE.

O exemplo além disso ilustra uma sequência de funções discursivas (UTT seguido de QUE) que é separado / sinalizado pela pontuação "final" --. "P." foi neste caso analisado como abreviatura de Pergunta. Nestes casos, a sequência é encabeçada pelo nó raiz UTT:sq (ver secção 4.2.7.).

Mais exemplos:

CF8-1 Telê -- Claro.

A1
UTT:sq
=UTT:prop('Telê' F S) Telê
=--
=EXC:advp
==H:adv('claro') Claro
==.

CF451-16 Simbólico?!

A1
UTT:adjp
=H:adj('simbólico' M S) Simbólico
=?
=!

5.2. Categoria gramatical (PoS)

Esta secção não pretende dar conta de todas as categorias gramaticais ou P(art)o(f)S(peech) que podem ser encontradas na Floresta (ver Anexo 1) mas tem o intuito de descrever quatro categorias gramaticais que colocam algumas dificuldades de análise, nomeadamente a distinção entre nomes comuns e nomes próprios e a sua articulação com Entidades Mencionadas (EM), e o tratamento de prefixos.

5.2.1. Nomes

Tradicionalmente, os nomes estão divididos em subclasses: próprio, comum, colectivo. Na Floresta, apenas se distinquem os nomes próprios dos nomes comuns, através das etiquetas de forma prop e n, respectivamente, sendo que os nomes colectivos estão classificados como nome comum.

5.2.1.1. Nomes próprios e nomes comuns

A questão que aqui se coloca é a determinação do que pode ser analisado como nome próprio e como nome comum, dependendo de vários factores. Em princípio, na Floresta, um nome próprio é iniciado por letra maiúscula (início de frase tem obviamente um tratamento diferente) e os nomes comuns por minúscula. No entanto, estamos a falar de convenções que nem sempre são respeitadas e por vezes surgem disparidades dentro do mesmo corpus, isto é, o mesmo item lexical com ortografia maiúscula e minúscula. Além disso, há ainda a ter em conta a variante do português; por exemplo, os meses em português europeu (PE) e em português do Brasil (PB) divergem quanto à sua ortografia: maiúscula em PE e minúscula em PB.

Esta questão não foi ainda completamente acordada entre os membros da equipa da Floresta Sintá(c)tica, e dada a dificuldade em alguns casos para os quais não temos ainda uma resposta, o Bosque não possui um elevado nível de consistência nesta matéria. Deixamos aqui algumas regularidades e alguns casos difíceis de resolução.

Quanto a algumas regularidades, no Bosque estão analisados como nome próprio os seguintes itens com letra maiúscula inicial:

Em termos de variante do português, há a salientar o caso dos nomes de meses, em maiúscula inicial em PE e minúscula em PB. Tomando como critério maiúscula ou minúscula inicial para diferenciar nomes próprios de comuns, considerar-se-ia uma diferença fundamental em termos de análise para um mesmo item, já que os meses seriam nomes próprios, quando grafados em maiúscula inicial e nomes comuns quando em minúscula. De forma a conciliar as análises de PoS para as duas variantes, optou-se por considerar que os meses são nomes comuns (n), no entanto no corpus do CETEMPúblico existe ainda a etiqueta secundária <prop> indicando que o item em questão possui características de nome próprio, como se pode observar nos seguintes exemplos:

Árvores do CETEMPúblico :

CP392-3 O repórter foi accionado por, em crónicas emitidas em Julho de 1992, ter criticado o comandante do posto da PSP, subchefe Amadeu Eiras e o guarda António Soares, críticas que o Ministério Público considerou difamatórias.

...
=====N<:icl(<pcp>)
======P:v-pcp('emitir' F P) emitidas
======ADVL:pp
=======H:prp('em') em
=======P<:np
========H:n('julho' <prop> M S) Julho
========N<:pp
=========H:prp('de') de
=========P<:num('1992' <card> M S) 1992
…

Árvores do CETENFolha :

CF324-7 O reajuste é de 6,08% , equivalente ao IPC-r de julho.
A1
STA:fcl
=SUBJ:np
==>N:art('o' <artd> M S) O
==H:n('reajuste' M S) reajuste
=P:v-fin('ser' PR 3S IND) é
=SC:pp
==H:prp('de') de
==P<:np
===>N:num('6,08' <card> M P) 6,08
===H:n('%' M P) %
===,
===N<PRED:adjp
====H:adj('equivalente' M S) equivalente
====A<:pp
=====H:prp('a' <sam->) a
=====P<:np
======>N:art('o' <-sam> <artd> M S) o
======H:prop('IPC-r' M S) IPC-r
======N<:pp
=======H:prp('de') de
=======P<:n('julho' M S) julho
=.

Relativamente aos casos mais difíceis, para os quais a discussão está ainda aberta, os problemas que se levantam relacionam-se essencialmente com a inconsistência no uso de grafia maiúscula/minúscula no corpus. Ocorrem essencialmente quatro situações:

  1. um mesmo item lexical ou pertencente à mesma categoria que exibe diferentes grafias ao longo do corpus. Por exemplo, centro de saúde e Centro de Saúde, assembleia municipal e Assembleia Municipal ou ainda verão e Outono
  2. itens lexicais pertencentes às categorias acima listadas definitórias de nomes próprios que estão grafados em minúscula inicial. Por exemplo, instituições como instituto de reinserção social e nomes de locais como café Fresco ou estádio do Restelo grafadas em minúsculas
  3. itens lexicais que à partida seriam considerados nomes comuns que estão grafados com letra maiúscula. Por exemplo, Município, Centros, Sol, etc.
  4. itens lexicais que oferecem dúvida quanto ao seu estatuto como os pontos cardeais, e itens como mundo, universo

Muitos dos casos que se incluem no ponto 3. são casos de co-referência, isto é, correspondem a uma parte do nome cuja forma completa ocorreu anteriormente no texto (ver também a este propósito Mota et al. (2004)). Veja-se os seguintes exemplos:

CP721-3 A propósito da exposição «Dinossáurios da China», em curso no Museu Nacional de História Natural, começaria por insistir no convite a Sua Excelência a visitá-la.

CP721-4 Aproveitaria para lhe mostrar o estado lamentável de um enorme casarão, esventrado e em tosco, na sequência do incêndio da Faculdade de Ciências (há 18 anos!), de reinstalação sempre adiada e pomposamente referido como Museu Nacional, que pouco deve à tutela, mas ao qual se reconhece uma obra científica, cultural e pedagógica notável.

CP721-5 Dir-lhe-ia que reunir aqui esta magnífica colecção de verdadeiros fósseis, alguns gigantescos, dos terrenos mesozóicos da velha China foi mérito exclusivo deste Museu, que não contou com quaisquer apoios diplomáticos, numa realização que vai fazer mais pelo estreitamento das relações entre os dois países do que quaisquer outras já realizadas.

Em CP721-5, Museu com grafia maiúscula em letra inicial refere-se a Museu Nacional ou Museu Nacional de História Natural que ocorrem em CP721-3 e CP721-4, sendo, por isso, o primeiro uma anáfora dos outros dois e daí a manutenção da grafia maiúscula. Nestes casos, onde é possível a recuperação da informação, a etiqueta prop é atribuída:

=====H:prop('Museu' M S) Museu

Caso a recuperação não seja possível, entende-se que possivelmente a ocorrência seria um destes casos e a entrada é etiquetada n e <prop>. Vejamos a seguinte sequência:

CP239-1 de novo a polémica à ribalta.

CP239-2 Um investimento de 27 milhões de contos (mais seis milhões para aquisição de uma colecção própria) suportado pelas arcas bascas apesar da existência de 47 «partenaires» comerciais, é sinónimo do interesse que o governo de Euskadi, do Partido Nacionalista Basco (PNV), atribui ao evento.

CP239-3 Implantado em terrenos antes ocupados por indústrias desarticuladas pela reconversão industrial dos anos 80 e cujo «ferro velho» permanecia como legado da crise económica da outrora laboriosa cidade de Bilbau, o Museu pretende ser um símbolo da regeneração basca: de uma sociedade que quer vencer as dificuldades presentes e, em vésperas do século XXI, dar novos argumentos -- os da esperança e da paz -- aos seus cidadãos.

CP239-4 Por isso, atentos ao perder da sua influência, os etarras, através do até agora desconhecido «comando Katu», tentaram destruir o símbolo de um novo tempo, menos rural -- é nessas zonas e entre os deserdados das cidades que a Eta faz o seu recrutamento --, mais dinâmico e, sobretudo, aberto à influência exterior, algo que o nacionalismo admite com dificuldade.

Uma vez que em todo o extracto apenas está presente apenas uma das entidades (Museu em CP239-3) possivelmente anafórica, esta é analisada da seguinte forma:

CP239-3 Implantado em terrenos antes ocupados por indústrias desarticuladas pela reconversão industrial dos anos 80 e cujo «ferro velho» permanecia como legado da crise económica da outrora laboriosa cidade de Bilbau, o Museu pretende ser um símbolo da regeneração basca: de uma sociedade que quer vencer as dificuldades presentes e, em vésperas do século XXI, dar novos argumentos -- os da esperança e da paz -- aos seus cidadãos.

...
=SUBJ:np
==>N:art('o' <artd> M S) o
==H:n('museu' <prop> M S) Museu
=P:v-fin('pretender' PR 3S IND) pretende
=ACC:icl
==P:v-inf('ser') ser
==SC:np
===>N:art('um' <arti> M S) um
===H:n('símbolo' M S) símbolo
…

5.2.1.2.Entidades Mencionadas

Entidades Mencionadas (EM) são tipicamente nomes próprios e outras entidades afins: conjuntos de nomes próprios (patronímicos, toponímicos, designação de entidades colectivas) e outras palavras que formam na generalidade dos casos uma entidade (Mota et al., 2007).

No Bosque, as EMs podem estar representadas por expressões multi-palavras. Por exemplo, Lisboa e Ministério_do_Planeamento_e_Administração_do_Território são ambos casos de EM.

No entanto, a identificação de EMs coloca alguns problemas também identificados em Mota et al. (2007): 1) quais os elementos que devem constar de uma EM; 2) problemas de classificação da categoria gramatical (PoS) da EM; 3) como lidar com EM que não podem estar representadas numa expressão multi-palavra.

Em 1) coloca-se o problema de identificar o que constitui uma EM. Tomando como exemplo secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, quantas EMs podem ser identificadas? Nestes casos, optamos por uma abordagem que considera EM apenas as expressões compostas por nomes próprios. Além disso, consideramos normalmente a possibilidade de análise sintácticas das expressões. Desta maneira, os cargos são decomponíveis (ministro dos Negócios Estrangeiros e Ministro dos Negócios Estrangeiros contêm ambos dois itens lexicais: [Mm]inistro e Negócios Estrangeiros). Já as instituições são consideradas polilexicais:

director
Do
Oceanário da Expo 98

Em 2) o problema está directamente relacionado com o problema do uso por vezes não regular da ortografia maiúscula e minúscula. Os seguintes exemplos ilustram estes casos: praia_da_Amália, estado_do_Punjab, Estado_da_Califórnia, etc.

Outras entidades mencionadas são as datas. Presentemente, as datas de forma semelhante a <numeral> de <mês> de <ano>, <numeral> de <mês> ou <mês> de <ano> não estão representadas como expressões multi palavras na Floresta. A análise é feita individualmente por cada um dos constituintes, e o nó não terminal que contém a expressão recebe a etiqueta secundária <data>, como ilustram os seguintes exemplos:

CF472-4 Foi assassinado em agosto de 1909, um mês antes do acordo entre os dois países.

A1
STA:fcl
=P:vp
==AUX:v-fin('ser' PS 3S IND) Foi
==MV:v-pcp('assassinar' M S) assassinado
=ADVL:pp
==H:prp('em') em
==P<:np(<data>)
===H:n('agosto' M S) agosto
===N<:pp 
====H:prp('de') de
====P<:num('1909' <card> M P) 1909
===,
...

CP198-7 Foi em 22 de Setembro de 1914.

A1
STA:fcl
=P:v-fin('ser' PS 3S IND) Foi
=ADVS:pp
==H:prp('em') em
==P<:np(<data>)
===H:num('22' <card> M P) 22
===A<:pp
====H:prp('de') de
====P<:np
=====H:n('setembro' <prop> M S) Setembro
=====N<:pp
======H:prp('de') de
======P<:num('1914' <card> M S) 1914
.=

Existem formas semelhantes às descritas em cima e que indicariam data, mas que na verdade se referem a eventos ou topónimos, como 25 de Abril (data da revolução portuguesa), 24 de Julho (avenida em Lisboa), etc. Estes casos estão representados como expressões multi palavra (25_de_Abril) e, em termos de categoria gramatical, são nomes próprios (prop).

A representação abreviada das datas, como 17-07-1972 ou 17/07/1972, é considerada um único token, e recebe a etiqueta n.

CP546-2 Jorge Coelho, do Secretariado do PS, sobre os candidatos à sucessão no PSD, «Diário de Notícias», 7-2-95

...
=,
=N<PRED:np
==«
==H:prop('Diário_de_Notícias' M S) Diário_de_Notícias
==»
==,
==N<PRED:num('7-2-95' <card> M S) 7-2-95

Nos casos de datas que envolvem numerais coordenados, como no exemplo abaixo, assume-se a elipse de um dos elementos dos numerais, igualando-se portanto, a análise de datas coordenadas à análise de numerais coordenados (ver secção 5.2.4.)[2], como no seguinte exemplo:

CP132-6 A fotografia foi publicada na imprensa de todo o mundo há cerca de um ano, quando de o massacre de Bentalha, na Argélia, onde morreram cerca de duas centenas de pessoas, na noite de 22 para 23 de Setembro.

===ADVL:pp
====H:prp('em' <sam->)	em
====P<:np
=====>N:art('o' <-sam> >artd> S)	a
=====H:n('noite' F S)	noite
=====N<:cu
======PCJT:pp
=======H:prp('de')	de
=======P<:np(<Eg>)(<data>)
========H:num('22' <card> M S)	22
======PCJT:pp
=======H:prp('para')	para
=======P<:adjp(<data>)
========H:num('23' <card> M S)	23
========A<:pp
=========H:prp('de')	dec
=========P<:np
==========H:n('setembro' <prop> M S)	Setembro

5.2.2. Prefixos

Como se referiu em 5.1.2., os prefixos separados por hífen são analisados em isolamento e recebem a etiqueta de forma ec (elemento composto). Em casos de coordenação de prefixos, a representação é a seguinte:

CP743-3 Os Encontros Acarte propunham-se responder a esse duplo anseio: informar o público e estimular os autores portugueses, na perspectiva de os despertar para as estéticas do pós e neo-modernismo .

==>N::cu(<Eg>)
===CJT:ec('pós' <eg> M S) pós
===CO:conj-c('e' <prparg>) e
===CJT:ec('neo-’ M S) neo-
==H:n(‘modernismo' M S) modernismo

O prefixo e a palavra podem encontrar-se separados por elementos textuais como as aspas:

CP746-2 «... Os laboratórios do Departamento de Estado e do Pentágono ainda não conseguiram dar uma resposta precisa quanto à imprevisibilidade da reacção do seu «ex» aliado ...

=======N<:pp
========H:prp('de' <sam->) de
========P<:np
=========>N:art('o' <-sam> <artd> M S) o
=========>N:pron-det('seu' <poss 3S> M S) seu
=========«
=========>N:ec('ex') ex
=========»
=========H:n('aliado' M S) aliado
=========(

Quando os prefixos estão relacionados a adjetivos ("idéias anti-americanas"), passam a integrar um sintagma adjetival:

=========>N:adj('perigoso' F P)	perigosas
=========H:n('ideia' F P)	ideias
=========N<:adjp
==========A>:ec('anti-’)	anti-
==========H: adj(‘americano' F P)	americanas

Consequência do tratamento em separado dos prefixos nos casos de nomes e adjetivos é que, frequentemente, palavras que poderiam ser consideradas um único token, como auto-estrada ou mal-estar, são desmembradas. Porém, como o critério para se considerar a existência de um ou mais tokens não é unânime, preferimos, em nome de uma maior uniformidade e consistência, manter sempre a separação.

Os prefixos podem, ainda, estar relaciondos a verbos - participiais ou não. Nesses casos, excepcionalmente, decidimos por uma análise que não considera os prefixos elementos à parte, isto é, o prefixo é incorporado ao item lexical:

===N<:icl()
====P:vp
=====MV:v-pcp('recém-nomear' M S)	recém-nomeado
====SC:np
=====H:n('chefe' M S)	chefe
=====N<:pp
======H:prp('de' )	de
======P<:np
=======>N:art('o' <-sam>  F S)	a
=======H:n('casa' F S)	casa
=======N<:adj('civil' F S)	civil

Embora essa nao seja a análise ideal, visto levar a criação de lemas como recém-nomear, auto-elogiar e contra-argumentar, por exemplo, é a mais simples, pois não acarreta em alterações na estrutura interna do vp.

5.2.3. Adjectivos

Os adjectivos, de forma adj, são tipicamente modificadores de um núcleo de natureza nominal:

CF81-2 Há uma esquerda reformista no PSDB.

A1
STA:fcl
=P:v-fin('haver' PR 3S IND) Há
=ACC:np
==>N:art('um' <arti> F S) uma
==H:n('esquerda' F S) esquerda
==N<:adj('reformista' F S) reformista
...

No entanto, determinados adjectivos podem ser usados em contextos que implicam uma análise nominal, ou seja, são adjectivos que podem ocorrer sem a presença do núcleo que modificam, e que porém possuem características de referencialidade:

CP574-1 Portugal, com 6,7 por cento dos pobres da CEE.

 Nestes casos, mantém-se a etiqueta de forma adj e adiciona-se uma etiqueta secundária <n>, indicando a propriedade de referencialidade do adjectivo. Os dependentes serão, no entanto, de natureza nominal e o sintagma será também, por isso, nominal:

CP574-1 Portugal, com 6,7 por cento dos pobres da CEE.

A1
UTT:np
=H:prop('Portugal' M S) Portugal
=,
=N<PRED:pp
==H:prp('com') com
==P<:np
===>N:num('6,7' <card> M P) 6,7
===H:n('por_cento' M P) por_cento
===N<:pp
====H:prp('de' <sam->) de
====P<:np 
=====>N:art('o' <-sam> <artd> M P) os
=====H:adj('pobre' <n> M P) pobres
=====N<:pp 
======H:prp('de' <sam->) de
======P<:np
=======>N:art('o' <-sam> <artd> F S) a
=======H:prop('CEE' F S) CEE
=.

No entanto, nem sempre é fácil determinar quais os adjectivos que são usados com propriedades de referencialidade, especialmente quando estes co-ocorrem com outros adjectivos, como se pode observar pelos exemplos a seguir:

CF108-6 Nós, motoristas, pais e jovens brasileiros, somos os piores inimigos de nós mesmos.

CP491-1 O Concurso de Dança de Salão para a Terceira Idade é outro projecto destinado aos idosos sintrenses, que … levará a diversas colectividades locais todos os que queiram concorrer ou simplesmente trocar uns passos de dança.

Ainda não existe um sistema que permita determinar sistematicamente o núcleo e os dependentes, mas parece existir uma preferência, em termos de ordem de palavras em português, por considerar como núcleos as palavras que ocorrem primeiro num sintagma (excluindo as classes como determinantes) e como dependentes os que seguem essa palavra, essencialmente quando pertencem à classe do adjectivo.

Um caso semelhante é o uso de adjectivos como advérbios como no seguinte exemplo:

CP778-9 Lojas só de queijos são comuns em Paris e uma experiência turística interessante e barata é entrar numa delas e respirar fundo .

Nestes casos, mantém-se a classe de adjectivo adj e associa-se a etiqueta secundária <adv>.

Incluem-se também na classe de adjectivos os numerais ordinais.Nestes casos associa-se a etiqueta secundária <num-ORD> e mantém-se a forma adj:

CF14-1 Para o terceiro réu, Alexandre Cardoso, 21, o «Topeira», o juiz determinou uma pena de 20 anos.

A1
STA:fcl
=ADVL:pp
==H:prp('para') Para
==P<:np
===>N:art('o' <artd> M S) o
===>N:adj('terceiro' <NUM-ord> M S) terceiro
===H:n('réu' M S) réu
…

5.2.4. Numerais

Os numerais são a categoria gramatical correspondente aos números cardinais e fraccionáveis (ver 5.2.3. para descrição dos numerais ordinais). A etiqueta de forma é num, que vem acompanhada da etiqueta secundária <card> ou <numfract>. Os numerais podem apresentar funções sintácticas de núcleo (H) ou de dependente de outros sintagmas. O sintagma cujo núcleo é um numeral é um adjp:

CF30-2 Veículos de resgate estavam a apenas 500 metros do Aibus 300
A1
STA:fcl
=SUBJ:np
==H:n('veículo' M P) Veículos
==N<:pp
===H:prp('de') de
===P<:n('resgate' M S) resgate
=P:v-fin('estar' IMPF 3P IND) estavam
=SC:pp
==H:prp('a') a
==P<:np
===>N:adjp 
====>A:adv('apenas') apenas
====H:num('500' <card> M P) 500
===H:n('metro' M P) metros
…

Os numerais podem estar presentes enquanto número ou por extenso (53 ou cinquenta e três).

CP947-2 Com cinquenta e três anos, dizia ele de si para si, portava-se como um garoto.

A1
STA:fcl
=ACC:fcl-
==PRED:pp
===H:prp('com') Com
===P<:np
====>N:num('cinquenta_e_três' <card> M P) cinquenta_e_três

Palavras como mil, milhões, bilhões, etc são analisadas como n e recebem a etiqueta secundária <num>, e as expressões numéricas que as contêm são analisadas separadamente:

CF79-3 A conta, paga pelo embaixador, ultrapassou US 1,4 mil (CR$ 1,8 milhão).
...
P:vp
MV:v-fin('ultrapassar' PS 3S IND) ultrapassou
ACC:np
=H:n('US$' <prop> M P)	US$
=N<:np
==>N:num('1,4' <card> M P)	1,4
==H:n('mil' <card> <num> M P)	mil
=(
=N<PRED:np
==H:n('CR$' M P)	CR$
==N<:np
===>N:num('1,8' <card> M S)	1,8
===H:n('milhão' <card> <num> M S)	milhão
=)
.

CP301-4 Em Rosmalen (500 mil dólares), na Holanda e também em relva, o vencedor foi o norte-americano Richey Reneberg, que bateu na final o francês Stéphane Simian por 6-4, 6-0.

A1
STA:fcl
ADVL:pp
=H:prp('em') Em
=P<:np
==H:prop('Rosmalen' M S) Rosmalen
==(
==N<PRED:np
===>N:np
====>A:num('500' <card> M P) 500
====H:n('mil' <card> <num> M P)	mil
===H:n('dólar' M P) dólares
==)

Quando houver coordenação de numerais, como em "entre 300(mil) e 500 mil euros", consideramos a elipse do n mil no primeiro sintagma.

Locuções adverbiais e expressões numéricas: quando locuções adverbiais como mais_de/menos_de/cerca_de são empregadas com expressões numéricas que contêm palavras como mil, milhões, bilhões (que são etiquetados como n), a análise é feita como ilustra a frase abaixo, em que a locução mais de modifica o numeral 10, formando o adjp mais_de 10, que por sua vez modifica o n mil, formando o np [mais de 10] mil - e que, por fim, modifica o n km, formando mais_de 10 mil km.

ACC:np
=>N:np
==>N:adjp
===>A:adv('mais_de' <quant>)    mais_de
===H:num('10' <card> M P)    10
==H:n('mil' <card> <num> M P)    mil
=H:n('km' M P)    km

Palavras como dobro, triplo, etc são analisadas como n, e recebem a etiqueta secundária <numfract>. Já meio, em expressões como "meio bolo", é analisado como um adj. Numerais ordinais como sétimo são etiquetados como adj e recebem a etiqueta secundária <NUM-ord>.

Inserem-se também na categoria de numerais os números de telefone e parciais/resultados desportivos, como se pode observar nos seguintes exemplos:

As datas são consideradas n, como referido na secção 5.2.1.2. sobre Entidades Mencionadas.

5.2.5. Conjunções

Há dois tipos de conjunções na Floresta: conjunção coordenativa (conj-c) e conjunção subordinativa (conj-s) (ver secção 11. para tratamento da coordenação em geral). As funções que apresentam são CO (coordenador) e SUB (subordinador). Os seguintes exemplos ilustram respectivamente conjunções coordenativas e subordinativas:

CP28-3 Os termos concretos da transacção não foram tornados públicos mas os analistas coincidem na interpretação deste negócio como mais um passo da Netscape para transformar a Internet num meio privilegiado de comunicação e informação à escala mundial.

A1
STA:cu
=CJT:fcl
==SUBJ:np
===>N:art('o' <artd> M P) Os
===H:n('termo' M P) termos
===N<:adj('concreto' M P) concretos
===N<:pp
====H:prp('de' <sam->) de
====P<:np
=====>N:art('o' <-sam> <artd> S) a
=====H:n('transacção' F S) transacção
==ADVL:adv('não') não
==P:vp
===AUX:v-fin('ser' PS 3P IND) foram
===MV:v-pcp('tornar' M P) tornados
==SC:adj('público' M P) públicos
=CO:conj-c('mas' <co-vfin> <co-fmc>) mas
=CJT:fcl
==SUBJ:np
===>N:art('o' <artd> M P) os
===H:n('analista' M P) analistas
==P:v-fin('coincidir' PR 3P IND) coincidem
==ADVL:pp
===H:prp('em' <sam->) em
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> <artd> S) a
====H:n('interpretação' F S) interpretação
====N<:pp
=====H:prp('de' <sam->) de
=====P<:np
======>N:pron-det('este' <-sam> <dem> M S) este
======H:n('negócio' M S) negócio
======N<:acl
=======PRD:adv('como' <rel> <prp>) como
=======SUBJ:np
========>N:adjp
=========>A:adv('mais' <kc>) mais
=========H:num('um' <card> M S) um
========H:n('passo' M S) passo
...
========N<:pp
=========H:prp('para') para
=========P<:icl
==========P:v-inf('transformar') transformar
==========ACC:np
===========>N:art('o' <artd> F S) a
===========H:prop('Internet' F S) Internet
==========PIV:pp
===========H:prp('em' <sam->) em
===========P<:np
============>N:art('um' <-sam> <arti> M S) um
============H:n('meio' M S) meio
============N<:v-pcp('privilegiar' M S) privilegiado
============N<:pp
=============H:prp('de') de
=============P<:np
==============H:cu
===============CJT:n('comunicação' F S) comunicação
============= ==CO:conj-c('e' <co-prparg>) e
===============CJT:n('informação' F S) informação
...

CF8-3 Ninguém força sua escalação porque há quem escale o time no São Paulo.

A1
STA:fcl
=SUBJ:pron-indp('ninguém' M S) Ninguém
=P:v-fin('forçar' PR 3S IND) força
=ACC:np
==>N:pron-det('seu' <poss 3S> <si> F S) sua
==H:n('escalação' F S) escalação
=ADVL:fcl
==SUB:conj-s('porque') porque
==P:v-fin('haver' PR 3S IND) há
==ACC:fcl
===SUBJ:pron-indp('quem' <rel> M/F S) quem
===P:v-fin('escalar' PR 3S SUBJ) escale
===ACC:np
====>N:art('o' <artd> M S) o
====H:n('time' M S) time
===ADVL:pp
====H:prp('em' <sam->) em
====P<:np
=====>N:art('o' <-sam> <artd> M S) o
=====H:prop('São_Paulo' M S) São_Paulo
=.

As locuções coordenativas, frequentemente expressões multi palavras, têm a mesma função que as conjunções coordenativas (CO) mas são consideradas advérbios (adv). O seguinte exemplo ilustra uma locução coordenativa:

CP90-2 Os responsáveis desta junta, bem como os da autarquia, garantem que «este número está muito aquém da realidade».

A1
STA:fcl
=SUBJ:cu
==CJT:np
===>N:art('o' <artd> M P) Os
===H:adj('responsável' <n> M P) responsáveis
===N<:pp
====H:prp('de' <sam->) de
====P<:np
=====>N:pron-det('este' <-sam> <dem> F S) esta
=====H:n('junta' F S) junta
==,
==CO:adv('bem_como' ) bem_como
==CJT:np
===H:pron-det('o' <dem> M P) os
===N<:pp
====H:prp('de' <sam->) de
====P<:np
=====>N:art('o' <-sam> <artd> S) a
=====H:n('autarquia' F S) autarquia
=,
...

A presença e ausência de etiquetas secundárias (<kc>) coexistem presentemente no Bosque bem como a formação de expressões multi-palavra de locuções coordenativas:

CP572-4 «Não só desconhecemos os critérios para os convites à imprensa, como ignoramos quem vai e de que partidos, pois o PRD desapareceu da actual AR [ tinha um deputado na Comissão ] e o PCP e o CDS diminuíram a representação.

A1
STA:cu
=«
=CJT:fcl
==ADVL:advp 
===>A:adv('não') Não
===H:adv('só') só
==P:v-fin('desconhecer' PR 1P IND) desconhecemos
==ACC:np
===>N:art('o' <artd> M P) os
===H:n('critério' M P) critérios
===N<:pp
====H:prp('para') para
====P<:np
=====>N:art('o' <artd> M P) os
=====H:n('convite' M P) convites
=====N<:pp
======H:prp('a' <sam->) a
======P<:np
=======>N:art('o' <-sam> <artd> F S) a
=======H:n('imprensa' F S) imprensa
=,
...

CP754-4 Não só as «memórias descritivas» dos seus projectos são, só por si, criativos textos sugerindo, com especial eficácia, uma multiplicidade de imagens a partir dos desenhos que apresenta, como a sua produção para a imprensa revela idêntica qualidade.

A1
STA:cu
=CO:adv('não_só' <kc>) Não_só
=CJT:fcl
==SUBJ:np
===>N:art('o' <artd> F P) as
===«
===H:n('memória' F P) memórias
===N<:adj('descritivo' F P) descritivas
===»
===N<:pp
====H:prp('de' <sam->) de
====P<:np
=====>N:art('o' <-sam> <artd> M P) os
=====>N:pron-det('seu' <poss 3S> M P) seus
=====H:n('projecto' M P) projectos
==P:v-fin('ser' PR 3P IND) são
==,
==ADVL:pp
===>A:adv('só') só
===H:pp('por_si') por_si
==,
==SC:np
===>N:adj('criativo' M P) criativos
===H:n('texto' M P) textos
...

Existem outras palavras que não sendo conjunções em forma, são-no em função. Normalmente estes casos correspondem a advérbios (adv), a que são associados a etiqueta secundária <kc> ou <ks>. Veja-se os seguintes exemplos:

CP239-2 Um investimento de 27 milhões de contos (mais seis milhões para aquisição de uma colecção própria) suportado por as arcas bascas apesar de a existência de 47 «partenaires» comerciais, é sinónimo do interesse que o governo de Euskadi, do Partido Nacionalista Basco (PNV), atribui ao evento.

A1
STA:fcl
=SUBJ:np
==>N:art('um' <arti> M S) Um
==H:n('investimento' M S) investimento
==N<:cu
===CJT:pp
====H:prp('de') de
====P<:np
=====>N:num('27' <card> M P) 27
=====H:n('milhão' M P) milhões
=====N<:pp
======H:prp('de') de
======P<:n('conto' M P) contos
===(
= ==CO:adv('mais' <kc>) mais
===CJT:np
====>N:num('seis' <card> M P) seis
====H:n('milhão' M P) milhões
====N<:pp
=====H:prp('para') para
=====P<:np
======H:n('aquisição' F S) aquisição
======N<:pp
=======H:prp('de') de
=======P<:np
========>N:art('um' <arti> F S) uma
========H:n('colecção' F S) colecção
========N<:adj('próprio' F S) própria
===)
...

CF174-1 A IRLF só aprova o aborto quando a gravidez coloca em risco a vida da mãe.

A1
STA:fcl
=SUBJ:np
==>N:art('o' <artd> F S) A
==H:prop('IRLF' F S) IRLF
=ADVL:adv('só') só
=P:v-fin('aprovar' PR 3S IND) aprova
=ACC:np
==>N:art('o' <artd> M S) o
==H:n('aborto' M S) aborto
=ADVL:fcl
==ADVL:adv('quando' <ks>) quando
==SUBJ:np
===>N:art('o' <artd> F S) a
===H:n('gravidez' F S) gravidez
==P:v-fin('colocar' PR 3S IND) coloca
==ADVL:pp
===H:prp('em') em
===P<:n('risco' M S) risco
==ACC:np
===>N:art('o' <artd> F S) a
===H:n('vida' F S) vida
===N<:pp
====H:prp('de' <sam->) de
====P<:np
=====>N:art('o' <-sam> <artd> F S) a
=====H:n('mãe' F S) mãe
=.

[1] A não ser a vírgula, a outra pontuação mencionada pode também separar frases. Ver Afonso e Marchi (2001a).

[2] Um caso semelhante é o que foi acima descrito: ministros da Defesa e das Relações Exteriores

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Árvores deitadas: Descrição do formato e descrição das opções de análise na Floresta Sintá(c)tica

6. Funções sintácticas

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6.1. Funções sintácticas sintagmáticas

6.1.1. Funções sintácticas dos constituintes dos sintagmas não verbais

Os sintagmas não verbais possuem um núcleo (H) e um ou mais dependentes, que podem exibir as seguintes funções:sintagma nominal, sintagma adjetival, sintagma adverbial e sintagma preposicional.

6.1.1.1. Sintagma nominal (np)

Os nós com função de N<PRED e APP estão delimitados por sinais de pontuação. A diferença no uso de N< e N<PRED relaciona-se com o contexto sintáctico, na medida em que N<PRED ocorre normalmente após um sinal de pontuação separador, como vírgula, dois pontos ou ponto e vírgula:

CP235-2 Foi por via de o filho de Pedro Anes,de seu nome Gonçalo Reimão,que o Campo de Vale Formoso passou a ser conhecido como campo,ou quinta,do Reimão;

...
=ADVL:pp
==H:prp('por_via_de' <sam->) por_via_de
==P<:np
===>N:art('o' <-sam> M S) o
===H:n('filho' M S) filho
===N<:pp
====H:prp('de' <sam->) de
====P<:prop('Pedro_Anes' M S) Pedro_Anes
===,
===N<PRED:pp
====H:prp('de') de
====P<:np
=====>N:pron('seu' <poss> M S) seu
=====H:n('nome' M S) nome
=====N<:prop('Gonçalo_Reimão' M S) Gonçalo_Reimão
 ...

Além disso, o estatuto de N< e N<PRED parece ser também distinto, uma vez que apesar de os dois serem dependentes, N<PRED tem a função de adicionar informação extra e, talvez dispensável, ao núcleo que modifica.

A diferença entre o adjecto predicativo (N<PRED) e o aposto (APP) é muito fina. A dependência destes constituintes face ao núcleo do sintagma nominal é determinada pelo tipo de relação que se estabelece entre eles. Desta forma, o aposto pressupõe uma relação de identidade relativamente ao núcleo enquanto o adjecto predicativo pressupõe uma relação de predicação, adicionando informação sobre o núcleo que modifica. Isto significa que a relação entre o aposto e o núcleo é única ao contrário da relação do adjecto predicativo e o núcleo. O seguinte exemplo ilustra as relações expressas- a negrito encontram-se os apostos e a itálico os adjectos predicativos (relativamente aos seus núcleos):

O técnico do Beira Mar, Aniceto Carmo APP, tem ainda ao seu dispor os seguintes atletas: Catarino APP (ex-Esgueira N<PRED) , Paulo Sousa APP (ex-Salesianos N<PRED) ...

A árvore correspondente é a seguinte:

CP129-8 O técnico do Beira Mar, Aniceto Carmo, tem ainda ao seu dispor os seguintes atletas: Catarino (ex-Esgueira), Paulo Sousa (ex-Salesianos), Rebelo, Traylor, Moreira, Mourinho, Alex Pires, Renato, João Miguel e Pinto.

A1
STA:fcl
=SUBJ:np
==>N:art('o' M S) O
==H:n('técnico' M S) técnico
==N<:pp
===H:prp('de' <sam->) de
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> M S) o
====H:prop('Beira_Mar' M S) Beira_Mar
==,
==APP:prop('Aniceto_Carmo' M S) Aniceto_Carmo
==,
=P:v-fin('ter' PR 3S IND) tem
=ADVL:pp
==>P:adv('ainda') ainda
==H:prp('a' <sam->) a
==P<:np
===>N:art('o' <-sam> M S) o
===>N:pron-det('seu' <poss 3S> <si> M S) seu
===H:n('dispor' M S) dispor
=ACC:np
==>N:art('o' M P) os
==>N:adj('seguinte' M P) seguintes
==H:n('atleta' M P) atletas
==:
==APP:cu
===CJT:np
====H:prop('Catarino' M S) Catarino
====(
====N<PRED:n('ex-Esgueira' M S) ex-Esgueira
====)
===,
===CJT:np
====H:prop('Paulo_Sousa' M S) Paulo_Sousa
====(
====N<PRED:n('ex-Salesianos' M S) ex-Salesianos
====)
===,
...

Aniceto Carmo é o aposto de técnico do Beira Mar, uma vez que a relação de identidade é total e única (Aniceto carmo é o técnico do Beira Mar) tal como o é a relação entre os seguintes atletas e Catarino Paulo Sousa (Os seguintes atletas são Catarino e Paulo Sousa ). Note-se no entanto, que este tipo de relação de identidade não se aplica à relação entre Catarino e ex-Esgueira ou Paulo Sousa e ex-Salesianos, uma vez que não existe unicidade na proposição, mas tão só uma adição de informação:

Catarino é ex-Esgueira
Paulo Sousa é ex-Salesianos
Catarino é ex-Esgueira, tal como Andrade, Vítor Nunes, etc.

Uma das formas de determinar o uso de APP é identificar elementos linguísticos que possam indicar unicidade por si só, como:

  1. Nomes próprios
  2. Determinantes artigos definidos
  3. Determinantes demonstrativos
  4. Siglas (NATO, PT, etc.)

N<PRED ou APP, consoante os casos são as etiquetas usadas nas enumerações (como no exemplo acima), não existindo ainda forma de análise/marcação de catáforas.

Existem extensões ao uso de N<PRED. Partindo da definição acima apresentada, N<PRED é também usado em situações em que exista um nexo entre dois termos. Normalmente, a informação adicional encontra-se em parênteses e é muito frequente no registo jornalístico. Os seguintes exemplos ilustram estes casos:

Caseiro Marques (PSD)
conferência de Barcelona (Novembro de 1995)
Olga Pratts (piano)

Repare-se que, nos exemplos acima, a informação em parênteses é adicionada à informação fornecida pelo núcleo. No entanto, esta relação de adição não é tão directa como para as situações “default” do uso de N<PRED, uma vez que a informação adicionada não se refere directamente a propriedades do indivíduo ou objecto. Veja-se a seguir o contraste entre:

Catarino (ex-Esgueira)
Olga Pratts (piano)

A extensão do uso de N<PRED cobre ainda casos em que duas unidades lexicais se relacionam por tradução ou conversão monetária, como indicam os seguintes exemplos:

CP780-1 Finalmente, apesar de já ter sido editado em 1992, merece referência o clássico norte-americano Spiderman -- o Homem-Aranha --, uma criação original de Steve Dikto (desenho) e Stan Lee (texto), que é evocado por ocasião do 30º aniversário da sua criação (1962) numa edição em «comic-book» de luxo pela editora espanhola Forum (Planeta-De Agostini).

...
=SUBJ:np
==>N:art('o' <artd> M S) o
==H:n('clássico' M S) clássico
==N<:adj('norte-americano' M S) norte-americano
==N<:np
===H:prop('Spiderman' M S) Spiderman
===--
== =N<PRED:np
====>N:art('o' <artd> M S) o
====H:prop('Homem-Aranha' M S) Homem-Aranha
===--
...

CF377-3 Uma vaca pardo-suíço conseguiu a maior cotação da Expomilk, R$ 36 mil (US$ 42,2 mil ).

...
==N<PRED:np
===H:n('R$' M P) R$
===N<:adjp
====>A:num('36' <card> M P) 36
====H:num('mil' <card> M P) mil
===(
===N<PRED:np
====H:n('US$' M P) US$
====N<:adjp
=====>A:num('42,2' <card> M P) 42,2
=====H:num('mil' <card> M P) mil
===)
=.

Pelo facto de a diferença no uso de N<PRED e APP ser ténue, há casos que são menos claros dos que os acima expostos.

Assim, há a considerar os casos em que o constituinte a analisar pode ser por um lado definitório do núcleo (relação de identidade) mas, por outro, pode ser também encarado apenas como informação relativa (mas não exclusivo) ao núcleo. Esta avaliação torna-se particularmente complicada quando o constituinte não tem carácter definido, isto é, não é nome próprio, datas, nem está acompanhado por determinantes artigos definidos ou demonstrativos. Os seguintes exemplos ilustram os casos:

CF140-2 O grupo Pão-de-açúcar, 2ª maior rede de supermercados do país, iniciou negociações para a aquisição das 27 lojas G.Aronson, todas localizadas em São Paulo.

A1
STA:fcl
=SUBJ:np
==>N:art('o' <artd> M S) O
==H:n('grupo' M S) grupo
==N<:n('pão-de-açúcar' <prop> M S) Pão-de-açúcar
==,
==N<PRED:np
===>N:adj('2ª' <NUM-ord> F S) 2ª
===>N:adj('grande' <KOMP> F S) maior
===H:n('rede' F S) rede
===KOMP<:pp
====H:prp('de') de
====P<:np
=====H:n('supermercado' M P) supermercados
=====N<:pp
======H:prp('de' <sam->) de
======P<:np
=======>N:art('o' <-sam> <artd> M S) o
=======H:n('país' M S) país
...

CP256-3 Palma Inácio, ex-comandante operacional da LUAR, numa entrevista ao «Expresso», afirma que não reconhece, aos que contra ele se colocam, envergadura moral para o ofender e lembra que o ELP de Spínola foi a organização mais terrorista de Portugal.

A1
STA:fcl
=SUBJ:np
==H:prop('Palma_Inácio' M S) Palma_Inácio
==,
==N<PRED:n('ex-comandante_operacional_da_LUAR' M S) ex comandante_operacional_da_LUAR
==,
...
=x:cu
==CJT:x
===P:v-fin('afirmar' PR 3S IND) afirma
===ACC:fcl
====SUB:conj-s('que') que
====ADVL:adv('não') não
====P:v-fin('reconhecer' PR 3S IND) reconhece
...
====ACC:np
=====H:n('envergadura' F S) envergadura
=====N<:adj('moral' F S) moral
...

Optou-se por considerar estes casos adjectos predicativos e não apostos.

Outro caso difícil a considerar é a natureza não definida do constituinte que, no entanto, parece poder ser considerado como aposto. Estes casos ocorrem quando o núcleo do constituinte é modificado por um determinante artigo indefinido. Veja-se os seguintes casos:

CP733-1 A cena é tirada de uma página asfixiante de Joseph Conrad: um cadáver em pijama, deitado numa cama com uma manta verde nos pés,...

CP799-3 tornará a ser novamente isso: uma doença rara .

Parece-nos que estes casos, mais do que a adição da informação, são exemplos de elaboração de um determinado lexema; a especificação de cena no primeiro exemplo e de isso do segundo exemplo. Assim, em casos de elaboração/especificação, que se aproximam mais de uma relação de identidade, aposto deve ser a análise. Além disso, e em especial para o segundo caso, que é uma ocorrência de catáfora, esta será para já a única análise possível, uma vez que não existe, neste momento, uma análise para lidar especificamente com catáforas.

É importante ainda salientar que estes casos não se aplicam a nomes próprios, essencialmente quando o nome próprio em questão é uma palavra com estrutura interna complexa de que o determinante artigo indefinido é parte integrante.

CP127-4 Outro episódio importante, «Um dia na vida de Man Ray», entrevista filmada no começo de 1961.

UTT:np
>N:pron-det('outro' M S) Outro
H:n('episódio' M S) episódio
N<:adj('importante' M S) importante
,
«
APP:np
H:prop('Um_dia_na_vida_de_Man_Ray' M S) Um_dia_na_vida_de_Man_Ray
»
,
N)
==P:vp
==MV:v-pcp('filmar' F S) filmada
==ADVL:pp
===H:prp('em' ) em
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> M S) o
====H:n('começo' M S) começo
====N<:pp
=====H:prp('de') de
=====P<:num('1961' M S) 1961

6.1.1.2. Sintagma adjectival (adjp)

Um adjp é constituído por núcleo e dependentes, que podem assumir a seguinte forma:

CP223-4 Daí que Shapiro tenha ficado tão orgulhoso com o exclusivo dos pais dos sete irmãos gémeos.

...
=P:vp
==AUX:v-fin('ter' PR 3S SUBJ) tenha
==MV:v-pcp('ficar') ficado
=SC:adjp
==>A:adv('tão' <dem> <quant>) tão
==H:adj('orgulhoso' M S) orgulhoso
==A<:pp
===H:prp('com') com
===P<:np
====>N:art('o' M S) o
====H:adj('exclusivo' <n> M S) exclusivo
...

6.1.1.3. Sintagma adverbial (advp)

Um advp é constituído por núcleo e dependentes, que podem assumir a seguinte forma:

CF284-3 Gazeta Filho confirmou que os dormentes se deterioraram muito antes do previsto.

...
==ADVL:advp
===>A:adv('muito' <quant>) muito
===H:adv('antes') antes
===A<:pp
====H:prp('de' <sam->) de
====P<:np
=====>N:art('o' <-sam> <artd> M S) o
=====H:v-pcp('prever' <n> M S) previsto
=.

A estrutura interna dos sintagmas adverbiais é tratada na secção 4.2.3

6.1.1.4. Sintagma preposicional (pp)

CP155-3 Foi só por isso.»

A1
STA:fcl
=P:v-fin('ir' PS 3S IND) Foi
=SC:pp
==>P:adv('só') só
==H:prp('por') por
==P<:pron-indp('isso' <dem> M S) isso
=.

A estrutura interna dos sintagmas preposicionais é tratada na secção 4.2.3.

6.1.2. Funções sintácticas dos elementos do sintagma verbal

Como se pôde observar na secção 4., os sintagmas verbais não têm a mesma estrutura interna que os sintagmas não verbais. Em particular, os sintagmas verbais não incluem um núcleo nem seus dependentes, mas um verbo principal (MV) e seus auxiliares (AUX), podendo ainda incluir a partícula de ligação verbal (PRT-AUX).

6.1.3. Funções sintácticas dos elementos do sintagma evidenciador de relação de coordenação

Como foi referido na secção 4.2.6. acerca da estrutura interna dos sintagmas evidenciadores de relação de coordenação, a estrutura interna deste tipo de sintagmas relaciona-se com a própria relação de coordenação. Assim, as partes coordenadas possuem a função de C (on)J (oin)T e as conjunções coordenativas, quando presentes, possuem a função CO, ligação entre as CJT. Como exemplo, veja-se o seguinte:

CP222-6 «Não podemos permitir que a contratação colectiva continue bloqueada, que o desemprego continue a aumentar, que a segurança social, a saúde e a educação continuem a degradar-se».

...
===SUBJ:cu
====CJT:np
=====>N:art('o' F S) a
=====H:n('segurança' F S) segurança
=====N<:adj('social' F S) social
====,
====CJT:np
=====>N:art('o' F S) a
=====H:n('saúde' F S) saúde
====CO:conj-c('e' <co-subj>) e
====CJT:np
=====>N:art('o' F S) a
=====H:n('educação' F S) educação
...

6.2. Funções sintácticas oracionais

As funções sintácticas oracionais encontram-se ao mesmo nível de constituinte que o verbo principal da oração e podem ser argumentos ou adjuntos verbais.

Esta secção apresentará as funções sintácticas oracionais de acordo com a tipologia verbal. Deste modo, em primeiro lugar explorar-se-á a função sintáctica predicador, sujeito e adjunto adverbial, seguindo as outras funções sintácticas que estão directamente relacionadas com tipos de verbos (transitivos, copulativos, ditransitivos, que regem argumentos com preposições).

6.2.1. Predicador (P)

O predicador é a função central de uma oração. Quando expresso, é representado por P. Nas orações não verbais, não estando realizado, o predicador não está representado, mas é a partir da sua reconstrução (quando possível) que os outros argumentos e adjuntos verbais são sintacticamente analisados.

O predicador é sempre de natureza verbal e, por isso, pode exibir apenas formas verbais:

formas exemplos
vp
==P:vp
===AUX:v-fin('haver' IMPF 3S IND) havia
===MV:v-pcp('dar' M S) dado
v-fin
c=P:v-fin('usar' IMPF 3S IND) usava
=ADVL:adv('pela_primeira_vez') pela_primeira_vez
=ACC:np
==>N:art(’o’ M P) os
==H:n(’sapato’ M P) sapatos
...
v-inf
...
==ACC:icl
===P:v-inf('manter') manter
===ACC:np
====>N:art('o' M P) os
====H:n('nível' M P) níveis
...
v-pcp
=N<:icl(<pcp>)
==P:v-pcp('construir' M S) construído
==ADVL:pp
===H:prp('a_partir_de') a_partir_de
===P<:n(’imagem’ F P) imagens
...
v-ger
=ADVL:adv('não') Não
=P:v-ger('conhecer') conhecendo
=ACC:np
==>N:pron-det('outro' F S) outra
==H:n('forma' F S) forma

6.2.2. Sujeito (SUBJ)

Em português o sujeito pode ou não estar expresso. Na Floresta, os constituintes não realizados não estão representados nas árvores (ver secção 2.2. quanto à não existência de constituintes vazios).

A função de sujeito é representada pela etiqueta SUBJ. O sujeito encontra-se ao mesmo nível do predicador da oração de que o sujeito faz parte.

O sujeito não é restritivo quanto às formas que pode exibir, incluindo tanto formas oracionais como sintagmáticas de nós de carácter terminal ou não terminal, como a seguinte tabela ilustra:

formas exemplos
v-inf
=P:v-fin('ser' PR 3S IND) É
=SC:v-pcp('proibir' M S) proibido
=SUBJ:v-inf ('fumar') fumar
v-pcp

=SUBJ:v-pcp ('despromover' M S) Despromovido

=P:v-fin('apresentar' PR 3S IND) apresenta
=ACC:n('credencial' F P) credenciais
n
=SUBJ:n ('ecologista' M/F P) Ecologistas
=P:v-fin('falar' PR 3P IND) falam
prop
=SUBJ:prop('Pedro_Almodovar' M S) Pedro_Almodovar
=ADVL:adv('já') já
=P:v-fin('filmar' PR 3S IND) filma
=ACC:np
==«
==H:prop('Kika' M/F S) Kika
==»
pron-pers
=P:v-fin('fala-' PR 3S IND) Fala-
=SUBJ:pron-pers ('se' M/F 3S/P ACC) se
pron-indp
=SUBJ:np
==>N:art('o' M P) Os
==H:n('palestiniano' M P) palestinianos
==,
==N<PRED:fcl
===SUBJ:pron-indp ('que' <rel> M P) que
===P:v-fin('querer' PR 3P IND) querem
num
=SUBJ:num ('um' M S) Um
=ADVL:adv('ainda') ainda
=P:v-fin('indagar' PS 3S IND) indagou
adj
====>N:art('o' <-sam> <artd> F S) a
====H:n('analogia' F S) analogia
====«
====N<PRED:fcl
=====SUBJ:adj ('fluido' <n> M S) fluido
=====P:v-fin('estar' PR 3S IND) está
=====SC:pp
======H:prp('para') para
======P<:adj('vítreo' M S) vítreo
=====ADVL:fcl
======ADVL:adv('assim_como' <rel> <ks>) assim_como
======SUBJ:adj('viscoso' M S) viscoso
======P:v-fin('estar' PR 3S IND) está
======SC:pp
=======H:prp('para') para
=======P<:adj('translúcido' M S) translúcido
====»
...
adv
==SUBJ:adv ('tal' <quant>) tal
==P:vp
===AUX:v-fin('vir' FUT 3S IND) virá
===PRT_AUX:prp('a') a
===MV:('acontecer') acontecer
cu
=SUBJ:cu
==CJT:n('homem' M P) Homens
==CO:conj-c('e' <co-subj>) e
==CJT:n('pá' F P) pás
=P:v-fin('cavar' IMPF 3P IND) cavavam
fcl
=SUBJ:fcl
==SUBJ:pron('quem' M/F S) Quem
==P:v-fin('estragar' PR 3S IND) estraga
==ACC:adj('velho' M S) velho
=P:v-fin('pagar' PR 3S IND) paga
=ACC:adj('novo' M S) novo
icl
=P:v-fin('ser' IMPF 3S IND) era
=SC:adj('importante' M S) importante
=SUBJ:icl
==P:v-inf('assumir') assumir
==ACC:np
===>N:art('um' <arti> F S) uma
===H:n('postura' F S) postura
np
=SUBJ:np
==>N:art('o' F S) A
==H:prop('GF' F S) GF
adjp
=SUBJ:adjp
==H:num('um' <card> M S) um
==A<:pp
===H:prp('em') em
===P<:np
====>N:pron('cada' <quant> M <indf> S) cada
====>N:num('cinco' <card> M P) cinco
====H:n('espanhol' M P) espanhóis
=P:v-fin('estar' PR 3P IND) estão
pp
=SUBJ:pp
==H:prp('entre') Entre
==P<:x
===H:cu
====CJT:n('metade' F S) metade
====CO:conj-c('e' <co-prparg>) e
====CJT:np
=====>N:art('um' <arti> M S) um
=====H:adj('quarto' <n> <NUM-ord> M S) quarto
===x:pp
====H:prp('de' <sam->) de
====P<:np
=====>N:art('o' <-sam> <artd> M P) os
=====H:n('estudante' M P) estudantes
=P:v-fin('acreditar' PR 3P IND) acreditam

6.2.2.1 Orações sem sujeito formal ou explícito

Na Floresta, como dissemos, os constituintes não realizados não estão representados nas árvores (ver secção 2.2. quanto à não existência de constituintes vazios). Porém, ainda assim explicitamos, por meio de etiquetas secundárias, orações em que não há sujeito explícito. Para aqueles casos em que, usando a terminologia tradicional, não há sujeito formal, como os casos de verbo haver no sentido de existir, ou de verbos que expressam fenômenos da natureza (Choveu muito ontem), existe a etiqueta secundária <no-fsubj>, que indica a ausência de um sujeito formal. Esta etiqueta também funciona como um procurável, isto é, para se buscar, na ferramenta de busca em árvores Milhafre, as orações que não têm sujeito formal, basta digitar no-fsubj no campo Procuráveis.

CP968-1 A começar em Lou Reed, passando por David Bowie e de Iggy Pop, toda uma tradição de estrelas anglo-saxónicas em fase de crise existencial, que acabam por ir parar a Berlim, onde vêm a gravar discos de um pessimismo tão cerrado quanto brilhante.

=P:vp
==MV:v-fin('haver' <no-fsubj> PR 3S IND)	há
=ACC:np
==>N:pron-det('todo'  F S)	toda
==>N:art('um'  F S)	uma
==H:n('tradição'  F S)	tradição

Para os casos em que não há um sujeito explícito (Chegamos ontem; Maria viajou ontem e chegou cansada ), o verbo é marcado com etiqueta <no-subj>, que indica a ausência de sujeito. Igualmente, etiqueta também funciona como um procurável, isto é, para se buscar, na ferramenta de busca em árvores Milhafre, as orações que não têm sujeito explícito, basta digitar no-subj no campo Procuráveis.

CP971-4 Concluiu:

=P:vp
==MV:v-fin('concluir' <no-subj> PS 3S IND)	Concluiu

CF127-1 O episódio é emblemático do tipo de política externa exercitada pelo governo Clinton e ajuda a explicar por que ela é tão mal avaliada.

==CO:conj-c('e')	e
==CJT:?
===P:vp
====MV:v-fin('ajudar' <no-subj> PR 3S IND)	ajuda
===PIV:pp

Note que, nos casos em que o sujeito é um pronome relativo, a oração NÃO é considerada como uma oração sem sujeito explícito, já que o pronome é o sujeito:

CP974-1 «Foi uma decisão muito ponderada, muito difícil e muito amadurecida», disse ao PÚBLICO Anabela Moutinho, que foi lacónica no que se refere aos motivos.

=P:vp
==MV:v-fin('dizer' PS 3S IND)	disse
=PIV:pp
==H:prp('a' <sam->)	a
==P<:np
===>N:art('o' <-sam> <artd> M S)	o
===H:prop('Público' M S)	PÚBLICO
=SUBJ:np
==H:prop('Anabela_Moutinho' F S)	Anabela_Moutinho
==,
==N<PRED:fcl
===SUBJ:np
====H:pron-indp('que' <rel> F S)	que
===P:vp
====MV:v-fin('ser' PS 3S IND)	foi
===SC:adjp
====H:adj('lacónico' F S)	lacónica
 

6.2.3. Predicativo do Sujeito (SC)

O Predicativo do Sujeito, representado pela etiqueta SC estabelece uma relação de predicação com o sujeito por meio de verbos copulativos ou verbos que, não sendo copulativos, exibem um comportamento semelhante em termos semânticos. Alguns verbos que requerem um constituinte SC:

O predicativo do sujeito encontra-se ao mesmo nível do predicador da oração de que o predicativo do sujeito faz parte. Tal como o sujeito, o predicativo do sujeito pode exibir diferentes formas/estrutura interna: sintagmática, oracional.

A seguinte tabela apresenta as formas possíveis que o predicativo do sujeito exibe:

formas exemplos
v-pcp
=SUBJ:prop('Manuel_Marta' M S) Manuel_Marta
=P:v-fin('continuar' PR 3S IND) continua
=SC:v-pcp ('fugir' M S) fugido
n
=ADVL:pp
==H:prp('a') A
==P<:icl
===P:v-inf('ser') ser
===SC:n ('verdade' F S) verdade
prop
=SUBJ:np
==>N:art('o' M S) O
==H:n('palco' M S) palco
==N<:pp
===H:prp('de' <sam->) de
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> F P) as
====H:n('filmagem' F P) filmagens
=P:v-fin('ser' COND 3S) seria
=SC:prop('New_Jersey' M S) New_Jersey
pron-pers
=P:v-fin('é-' PR 3S IND) é-
=SC:pron-pers('ele' M 3S ACC) o
=ADVL:adv('apenas') apenas
pron-indp
===SUBJ:pron-indp('quem' <interr> M/F S/P) quem
===P:v-fin('preferir' PR 1P IND) preferimos
===ADVL:pp
====H:prp('para') para
====P<:icl
=====P:v-inf('representar') representar
=====ACC:np
======>N:art('o' <artd> F S) a
======H:n('República' <prop> F S) República
======,
======APP:cu
=======CJT:np
========H:pron-det('o' <dem> F S) a
========N<:fcl
=========SC:pron-indp('que' <rel> F S) que
=========P:v-fin('ser' PR 1P IND) somos
...
num
=P:v-fin('ser' IMPF 3P IND) eram
=SC:num ('quatro' <card> M P) quatro
adj
=P:v-fin('ser' PR 3S IND) É
=SC:adj ('preferível' F S) preferível
=SUBJ:np
==H:n('concertação' F S) concertação
==N<:pp
===H:prp('de') de
===P<:n('solução' F P) soluções
adv
=SUBJ:
prop('Montparnasse_Revisited' M/F S) Montparnasse_Revisited
=P:v-fin('ser' PR 3S IND) é
=SC:adv('assim' <kc>) assim
cu
==P:vp
===AUX:v-fin('ter' FUT 3S IND) terá
===MV:v-pcp('ser' M S) sido
==SC:cu
===CJT:adj('oportuno' M S) oportuno
===CO:conj-c('ou' <co-sc>) ou
===CJT:adj('nefasto' M S) nefasto
==SUBJ:np ===>N:art('o' M S) o
===H:n('reconhecimento' M S) reconhecimento
fcl
==SUBJ:np
===>N:art('o' <artd> M S) O
===H:n('objectivo' M S) objectivo
===N<:pp
====H:prp('de' <sam->) de
====P<:np
=====>N:art('o' <-sam> <artd> F S) a
=====H:n('lei' F S) lei
==P:v-fin('ser' PR 3S IND) é
==SC:fcl
===P:v-fin('livrar' <hyfen> PR 1P IND) livrarmo-
===DAT:pron-pers('nós' <refl> M/F 1P DAT) nos
===PIV:pp
====H:prp('de') de
====P<:np
=====H:n('habitante' M/F P) habitantes
=====N<:adj('inconveniente' M/F P) inconvenientes
icl
=SUBJ:np
==>N:art('o' M S) o
==>N:pron('seu' <poss> M S) seu
==H:n('objectivo' M S) objectivo
=P:v-fin('ser' PR 3S IND) é
=SC:icl
==P:v-inf('devolver') devolver
==PIV:pp
===H:prp('a' <sam->) a
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> F S) a
====H:n('cia' <prop> M S) CIA
acl
=SUBJ:np
==>N:art('o' M S) O
==H:n('incêndio' M S) incêndio
=P:vp
==AUX:v-fin('ser' PS 3S IND) foi
==MV:v-pcp('dar' M S) dado
=SC:acl
==PRD:adv('como' <rel>) como
==SC:v-pcp('extinguir' M S) extinto
np
STA:fcl
=P:v-fin('ser' IMPF 1/3S IND) Era
=SC:np
==>N:art('o' M S) o
==H:prop('Maxime' M S) Maxime
...
adjp
=P:v-fin('estar' PR 3S IND) Está
=SC:adjp
==H:adj('cheio' F S) cheia
==A<:pp
===H:prp('de' <sam->) de
===P<:np
====>N:pron('este' <-sam> <dem> M P) estes
====H:n('tesouro' M P) tesouros
pp
=P:v-fin('estar' IMPF 1/3S IND) Estava
=SC:pp
==H:prp('sem') sem
==P<:n('trabalho' M S) trabalho

6.2.4. Predicativo do sujeito de predicados verbo-nominais (PRED)

A etiqueta PRED é utilizada para os predicativos do sujeito que ocorrem em contruções com verbos "significativos" (em oposição aos verbos de ligaçao ser, estar, parecer, etc). Isto é, trata-se do predicativo do sujeito em predicados verbo-nominais.

A etiqueta PRED encontra-se ao mesmo nível do predicador de que faz parte.

CP8-3 Talvez entusiasmado pela festa da vitória, o Presidente russo afirmou que «chegará o dia em que a Rússia ajudará o Ocidente».

A1
STA:fcl
=PRED:icl(<pcp>)
==ADVL:advp
===H:adv('talvez')	Talvez
==P:vp
===MV:v-pcp('entusiasmar' M S)	entusiasmado
==PASS:pp
===H:prp('por' <sam->)	por
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> <artd> S)	a
====H:n('festa' <np-def> F S)	festa
====N<:pp
=====H:prp('de' <sam->)	de
=====P<:np
======>N:art('o' <-sam> <artd> S)	a
======H:n('vitória' <np-def> F S)	vitória
=,
=SUBJ:np
==>N:art('o' <artd> M S)	o
==H:n('presidente' <np-def> M S)	Presidente
==N<:adjp
===H:adj('russo' M S)	russo
=P:vp
==MV:v-fin('afirmar' PS 3S IND)	afirmou
CP31-7 O homem insiste, meio zonzo, a patroa não cede e ele acaba por ir-se em grande dificuldade.
A1
STA:cu
=CJT:fcl
==SUBJ:np
===>N:art('o' <artd> M S)	O
===H:n('homem' <np-def?> M S)	homem
==P:vp
===MV:v-fin('insistir' PR 3S IND)	insiste
==,
==PRED:adjp
===>A:adv('meio' <quant> <det>)	meio
===H:adj('zonzo' M S)	zonzo

6.2.5. Predicativo do Objecto directo (OC)

O predicativo do objecto é, em funcionalidade, semelhante ao predicativo do sujeito, isto é, possui uma relação de predicação com o objecto directo.
O predicativo do objecto é representado pela etiqueta OC que se encontra ao mesmo nível de constituinte que o predicador da oração a que OC pertence.
O predicativo do objecto estabelece a relação de predicação com o objecto directo (sempre co-presente na oração) por meio de determinados verbos que se comportam como verbos copulativos:

O predicativo do objecto directo pode exibir formas oracionais e sintagmáticas como se descreve no seguinte quadro:

formas exemplos
prop
=SUBJ:np
==>N:art('o' <artd> M S) O
==H:n('filme' M S) filme
=P:v-fin('chamar' <hyfen> PS 3S IND) chamou-
=ACC:pron('se' <pers> M 3S ACC) se

=OC:prop('Objectivo_Burma' M S) Objectivo_Burma

adj
=P:v-fin('tornaram-' PS 3P IND) tornaram-
=ACC:pron('se' <pers> <refl> M 3P ACC) se
=OC:adj('insuportável' M P) insuportáveis
adv
====P:v-inf('deixar') deixar
====OC:adv('claro') claro
====ACC:fcl
=====SUB:conj-s('que') que
=====P:v-fin('ser' PR 3S IND) é
=====SC:adj('fútil' M S) fútil
=====SUBJ:icl
======P:v-inf('competir') competir
cu
===>N:art('um' <arti> M S) um
===H:n('futuro' M S) futuro
===N<:fcl
====SUBJ:pron('que' <rel> M S) que
====P:vp
=====AUX:v-fin('poder' FUT 3S IND) poderá
=====MV:v-inf('revelar' <hyfen>) revelar-
====ACC:pron('se' <pers> <obj> M 3S ACC) se
====OC:cu
=====CJT:adj('brilhante' M S) brilhante
=====CO:conj-c('e' <co-oc>) e
=====CJT:v-pcp('colorir' M S) colorido
icl
=P:v-ger('trazer') trazendo
=OC:icl(<pcp>)
==P:v-pcp('esconder' <adjp> F P) escondidas
==ADVL:pp
===H:prp('em' <sam->) em
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> <artd> M P) os
====H:n('bolso' M P) bolsos
=ACC:np
==>N:num('12' <card> F P) 12
==H:n('embalagem' F P) embalagens
acl
=P:v-fin('ter' FUT 3S IND) terá
=ACC:np
==>N:art('o' F S) a
==H:n('economia' F S) economia
=OC:acl
==PRD:adv('como' <rel>) como
==SC:np
===H:n('tema' M S) tema
===N<:adj('comum' M S) comum
np
=P:v-ger('tornar') tornando-
=ACC:pron('se' <pers> <refl> F 3S ACC) se
=OC:np
==>N:art('o' F S) a
==H:n('capital' F S) capital
==N<:pp
===H:prp('de' <sam->) de
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> M P) os
====H:n('sonho' M P) sonhos
adjp
=P:v-fin('visar' PR 3S IND) visa
=ACC:icl
==P:v-inf('tornar') tornar
==OC:adjp
===>A:adv('mais' <quant>) mais
===H:adj('competitivo' M P) competitivos
==ACC:np
===>N:art('o' M P) os
===H:n('produto' M P) produtos
pp
=SUBJ:adjp
==H:num('três' <card> <n> M P) três
==A<:pp
===H:prp('de' <sam->) de
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> <artd> M P) os
====H:n('animal' M P) animais
=ADVL:adv('ainda') ainda
=ACC:pron('se' <pers> <coll> M 3P ACC) se
=P:v-fin('encontrar' PR 3P IND) encontram
=OC:pp
==H:prp('em') em
==P<:np
===>N:adj('bom' F S) boa
===H:n('saúde' F S) saúde

O predicativo do objecto como oração averbal (acl) apresenta as características semelhantes ao predicativo do sujeito. Veja-se o seguinte exemplo, em que a análise é feita como se houvesse um verbo "ser" subentendido após o "como" ("define a maioria absoluta como sendo..."):

CP405-4 Define a maioria absoluta como um objectivo, mas, se não a atingir, isso também não será para si uma derrota ...

A1
STA:fcl
=P:v-fin('definir' PR 3S IND) Define
==ACC:np
===>N:art('o' F S) a
===H:n('maioria' F S) maioria
===N<:adj('absoluto' F S) absoluta
==OC:acl
===PRD:adv('como' <rel>) como
===SC:np
====>N:art('um' <arti> M S) um
====H:n('objectivo' M S) objectivo

6.2.6. Objecto directo (ACC)

O objecto directo, representado pela etiqueta ACC, corresponde ao argumento de verbos transitivos. Os objectos cognatos (argumentos de verbos intransitivos, como dançar (uma valsa) e correr (uma maratona)) são igualmente representados pela mesma etiqueta.

Por ser uma função oracional, encontra-se ao mesmo nível de constituinte que o predicador da oração do qual é argumento.

O objecto directo pode exibir formas oracionais e sintagmáticas como se descreve no seguinte quadro:

formas exemplos
v-fin
===P:v-fin('significar' PR 3S IND) significa
===«
===ACC:v-fin ('responder' <fmc> PR 3S SUBJ) responda
===»
v-inf
=ADVL:adv('assim' <kc>) assim
=SUBJ:pron('ele' <pers> M 3S ACC) o
=P:v-fin('permitir' PR 3P IND) permitem
=ACC:v-inf ('concluir') concluir
n
==SUBJ:pron-pers('outro' <dem> M P) outros
==P:vp
===AUX:v-fin('ter' PR 3P IND) têm
===AUX:v-pcp('vir') vindo
===PRT-AUX:prp('a') a
===MV:v-inf('perder') perder
==ACC:n ('quadro' M P) quadros
prop
=P:v-fin('estar' PR 1P IND) Estamos
=SC:icl(<pcp>)
==P:v-pcp('morrer' <adjp> F P) mortas
==ADVL:pp
===H:prp('por') por
===P<:icl
====P:v-inf('visitar') visitar
====ACC:prop('Portugal' M S) Portugal
pron-pers

=P:v-fin('decidir' PS 1S IND) Decidi

=ACC:icl
==P:v-inf('demitir') demitir-
==ACC:pron-pers ('eu' <pers> <refl> M/F 1S
ACC) me
pron-indp
==>N:art('o' M S) O
==H:n('cocktail' M S) cocktail
==N<:fcl
===ACC:pron-indp ('que' <rel> M S) que
===SUBJ:prop('Juppé' M/F S) Juppé
===P:v-fin('condenar' PR 3S IND) condena
num
=P:v-fin('enviar' PS 3S IND) enviou
=ACC:num ('um' <card> F S) uma
=PIV:pp
==H:prp('a') a
==P<:prop('Manuel_Monteiro' M S) Manuel_Monteiro
adj
=SUBJ:n('sorteio' M S) Sorteio
=P:v-fin('separar' PR 3S IND) separa
=ACC:adj ('grande' <n> M/F P) grandes
adv
STA:fcl
=SUBJ:cu
==CJT:prop('Benfica' M S) Benfica
==CO:conj-c('e' <co-subj>) e
==CJT:prop('Sporting' M S) Sporting
=P:v-fin('dizer' PR 3P IND) dizem
=ACC:adv('não') não
=PIV:pp
==H:prp('a' <sam->) a
==P<:np
===>N:pron-det('o' <-sam> <artd> F P) as
===H:n('eleição' F P) eleições
 
cu
====P:vp
=====AUX:v-fin('poder' IMPF 1S SUBJ) pudesse
=====MV:v-inf('encontrar') encontrar
====ACC:cu
=====CJT:n('trabalho' M S) trabalho
=====CO:conj-c('e' <co-acc>) e
=====CJT:np
======>N:adj('bom' F P) boas
======H:n('condição' F P) condições
fcl
=P:v-fin('dizer' PS 3S IND) disse
=ACC:fcl
==SUBJ:conj-s('que') que
==P:v-fin('estar' IMPF 3S IND) estava
==SC:v-pcp('interessar' F S) interessada
icl
=SUBJ:prop('Moscovo' M S) Moscovo
=P:v-fin('pensar' PR 3S IND) pensa
=ACC:icl
==P:v-inf('proibir') proibir
==ACC:n('saída' F S) saída
np
=P:vp
==AUX:v-fin('podar' PR 3S IND) pode
==MV:v-inf('ter') ter
=ADVL:adv('assim' <kc>) assim
=ACC:np
==>N:pron('tanto' <quant> M <indf> S) tanto
==H:n('poder' M S) poder
adjp
=P:v-fin('protagonizar' IMPF 3S IND) Protagonizava
=ACC:adjp
==H:num('um' <card> F S) uma
==A<:pp
===H:prp('de' <sam->) de
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> <artd> F P) as
====H:n('transferência' F P) transferências
====N<:icl(<pcp>)
=====ADVL:adv('mais') mais
=====P:v-pcp('badalar' F P) badaladas
pp
==P:v-fin('morrer' PS 3P IND)morreram
==ACC:pp
===H:prp('entre') entre
===P<:np
====>N:cu
=====CJT:num('17' <card> F P) 17
=====CO:conj-c('e' <co-premod>) e
=====CJT:num('23' <card> F P) 23
====H:n('pessoa' F P) pessoas

Como a Floresta considera sintagmas cujo núcleo é um numeral como sintagmas adjetivais, é possível a ocorrência de ACC de forma adjp.

No caso particular dos objectos directos de forma oracional, estes ocorrrem essencialmente com verbos ilocutórios (dizer, referir, contar, etc.) ou ainda verbos que parecem exibir comportamentos sintácticos semelhantes, como enumerar e continuar e verbos psicológicos (pensar, considerar, etc.). Nem sempre a oração objecto directo é encabeçada por uma conjunção integrante (que ). Nos casos em que a conjunção não está presente, mas a frase exibe o tipo de verbos acima mencionados e está presente uma outra oração que funciona como complementação do verbo, esta deve ser analisada como objecto directo:

CP142-1 «Eles fizeram da nossa aldeia um cemitério», contou uma velha.

A1
STA:fcl

=ACC:fcl
==SUBJ:pron-pers('eles' <pers> M 3P NOM) Eles
==P:v-fin('fazer' PS 3P IND) fizeram
==PIV:pp
===H:prp('de' <sam->) de
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> F S) a
====>N:pron-det('nosso' <poss> F S) nossa
====H:n('aldeia' F S) aldeia
==ACC:np
===>N:art('um' <arti> M S) um
===H:n('cemitério' M S) cemitério

=,
=P:v-fin('contar' PS 3S IND) contou
=SUBJ:np
==>N:art('um' <arti> F S) uma
==H:adj('velho' <n> F S) velha
=.

Através da mesma estrutura, o objecto directo pode ainda exibir formas que à primeira vista não parecem ser típicas desse constituinte, como o caso abaixo exemplifica:

CP643-11 Para as poupar», justifica.
A1
STA:fcl
=ACC:pp
==H:prp('para') Para
==P<:icl
===ACC:pron('elas' <dem> F P) as
===P:v-inf('poupar' 3S) poupar

=,
=P:v-fin('justificar' PR 3S IND) justifica
=.

6.2.6.1 Etiqueta ACC-PASS

A etiqueta ACC-PASS refere-se o uso de se em construçoes passivas pronominais, e está descrita na seccção 12.1.2

6.2.7. Objecto Indirecto Pronominal (DAT)

Na Floresta há a considerar dois tipos de objecto indirecto que consoante a sua forma exibirão diferentes funções. Trataremos agora do objetco indirecto prononimal e a secção seguinte focar-se-á no objecto regido de preposição em geral, que inclui o objecto indirecto de forma preposicional.

O objecto indirecto pronominal é o objecto de verbos ditransitivos que tem exclusivamente forma pronominal (pronome pessoal) no caso dativo: lhe, se, me, te, nos, vos .

A função correspondente a estes casos é DAT(ive) e sendo uma função oracional encontra-se ao mesmo nível de constituinte que o Predicador da oração a que o DAT pertence.

Veja-se os seguintes exemplos com presença de objecto indirecto pronominal:

CP243-15 Recordou-lhe quando, no fim da guerra, passava devagar na Avenida Gorki com o carro que pertencera a Goebbels.

A1
STA:fcl
=P:v-fin('recordar' PS 3S IND) Recordou-
=DAT:pron('ele/ela' <pers> M 3S DAT) lhe
=ADVL:fcl
==ADVL:adv('quando' <rel>) quando
...
==P:v-fin('passar' IMPF 3S IND) passava
==ADVL:adv('devagar') devagar
==PIV:pp
===H:prp('em' <sam->) em
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> F S) a
====H:prop('Avenida_Gorki' F S) Avenida_Gorki
...

CF298-5 Ai, mãe Menininha, acode-nos nesta hora de quase desespero, dá-nos* o alimento da confiança e do sonho.

...
=P:v-fin('acudir' <hyfen> PR 3S IND) acode-
=DAT:pron-pers('nós' <refl> M/F 1P DAT) nos
...

CF51-1 Aquele pensamento provocou-me um arrepio estranho e delicioso.

A1
STA:fcl
=SUBJ:np
==>N:pron-det('aquele' <dem> M S) Aquele
==H:n('pensamento' M S) pensamento
=P:v-fin('provocar' <hyfen> PS 3S IND) provocou-
=DAT:pron-pers('eu' M/F 1S DAT) me
=ACC:np
==>N:art('um' <arti> M S) um
==H:n('arrepio' M S) arrepio
==N<:cu
===CJT:adj('estranho' M S) estranho
===CO:conj-c('e' <co-postnom>) e
===CJT:adj('delicioso' M S) delicioso
=.

6.2.8. Objecto Indirecto Preposicional e Objecto Regido de Preposição (PIV)

Na Floresta existe uma etiqueta de função que representa todos os argumentos verbais que têm forma preposicional. Entre estes encontram-se o objecto indirecto preposicional e os objectos regidos de preposição.

6.2.8.1. Objecto Indirecto preposicional

Em português, o objecto indirecto, para além da forma pronominal, pode ser também expresso por um sintagma preposicional. Neste caso, a função atribuída não é DAT mas PIV:

CF344-3 «Foi ótimo, você fez um minuto melhor do que o esperado», disse a Medeiros ao cruzar a linha de chegada.

...
=,
=P:v-fin('dizer' PS 3S IND) disse
=PIV:pp
==H:prp('a') a
==P<:prop('Medeiros' M S) Medeiros
=ADVL:pp
==H:prp('ao') ao
==P<:icl
===P:v-inf('cruzar') cruzar
===ACC:np
====>N:art('o' <artd> F S) a
====H:n('linha' F S) linha
====N<:pp
=====H:prp('de') de
=====P<:n('chegada' F S) chegada
=.

6.2.8.2. Objecto Regido de Preposição

O objecto regido de preposição é um argumento verbal em que o verbo da oração selecciona um objecto encabeçado por uma preposição, como por exemplo, consistir em, resultar de, falar de/em/sobre, adaptar-se a, dividir em, distribuir por, levar a, etc. Os seguintes exemplos ilustram estes casos:

6.2.9. Adjunto (ADVL) e complementos com valor adverbial (SA e OA)

Na Floresta há a distinguir dois tipos de constituintes com valor adverbial, consoante o seu maior ou menor grau de obrigatoriedade na frase. ADVL possui o menor grau de obrigatoriedade e SA e OA possuem um maior grau de obrigatoriedade.

Em termos de níveis de constituinte, estes constituintes estão ao nível do predicador da oração de que fazem parte.

6.2.9.1. Adjunto (ADVL) [C2]

Tipicamente o adjunto adverbial refere-se a expressões de tempo, modo, lugar, causa, etc. relativas à acção verbal. É não obrigatório na frase.

O adjunto adverbial pode exibir as seguintes formas:

formas exemplos
v-ger
=P:v-inf('internacionalizar') Internacionalizar
=ADVL:v-ger('cooperar') cooperando
n
=SUBJ:np
==>N:art('o' <artd> M S) o
==>N:adj('violento' M S) violento
==H:n('incêndio' M S) incêndio
==N<:fcl
===SUBJ:pron('que' <rel> M S) que
===P:v-fin('deflagrar' PS 3S IND) deflagrou
===ADVL:n('terça-feira' F S) terça-feira
prop
=ADVL:prop('Porto' M S) Porto
=:
=ADVL:pp
==H:prp('em' <sam->) em
==P<:np
===>N:art('o' <-sam> M S) o
===H:prop('Carlos_Alberto' M S) Carlos_Alberto
=,
=P:v-fin('continuar' PR 3S IND) continua

=SUBJ:prop('Luzes_de_Palco' M/F S) Luzes_de_Palco

adj
=SUBJ:prop('González' M S) González
=P:v-fin('apostar' PS 3S IND) apostou
=ADVL:adj('forte' M S) forte
=PIV:pp
==H:prp('em') em
==P<:adj('independente' <n> M/F P) independentes
adv
=ADVL:adv('talvez') Talvez
=P:v-pcp('entusiasmar' <adjp> M S) entusiasmado
=ADVL:pp(<postmod>)
==H:prp('por' <sam->) por
==P<:np
===>N:art('o' <-sam> F S) a
===H:n('festa' F S) festa
===N<:pp
====H:prp('de' <sam->) de
====P<:np
=====>N:art('o' <-sam> F S) a
=====H:n('vitória' F S) vitória
cu
=ADVL:cu
==CJT:adv('hoje') Hoje
==CO:conj-c('e' <co-advl>) e
==CJT:adv('amanhã') amanhã
=,
=P:v-fin('decorrer' PR 3P IND) decorrem
=SUBJ:np
==>N:art('o' F P) as
==H:adj('último' <NUM-ord> F P) últimas
==N<:pp
===H:prp('de') de
===P<:prop('Josa_com_o_Violino_Mágico' M/F S)
Josa_com_o_Violino_Mágico
fcl
=ADVL:fcl
==SUB:conj-s('se') Se
==P:v-fin('partir' PS 1S IND) parti
=,
=P:v-fin('ir' PS 3S IND) foi
=ADVL:fcl
==SUB:conj-s('porque') porque
==ADVL:pp
===H:prp('para') para
===P<:pron('eu' <pers> M/F 1S PIV) mim
==ADVL:adv('só') só
==P:v-fin('haver' IMPF 3S IND) havia
==ACC:np
===>N:art('um' <arti> F S) uma
===H:n('escolha' F S) escolha
icl
=SUBJ:pron('toda_a_gente' F <indf> S) toda_a_gente
=P:v-fin('fumar' PR 3S IND) fuma
=ADVL:icl
==P:v-ger('incluir') incluindo
==ACC:np
===>N:art('o' M P) os
===H:n('proibicionista' M P) proibicionistas
acl
STA:fcl
=ADVL:acl
==COM:adv('tal_como' <rel>) Tal_como
==ADVL:pp
===H:prp('em' <sam->) em
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> <artd> S) a
====>N:adj('último' <NUM-ord> F S) última
====H:n('final' F S) final
====N<:pp
=====H:prp('de' <sam->) de
=====P<:np
======>N:art('o' <-sam> <artd> M S) o
======H:prop('Campeonato_do_Mundo' M S) Campeonato_do_Mundo
...
====,
=SUBJ:prop('Kasparov' M S) Kasparov
=P:v-fin('tentar' PR 3S IND) tenta
=ACC:icl
==P:v-inf('apresentar') apresentar-
==ACC:pron-pers('se' <refl> M 3S ACC) se
==OC:acl
===PRD:adv('como' <prp>) como
===SC:np
====>N:art('o' <artd> M S) o
====«
====>N:adj('bom' M S) bom
====H:n('reformador' M S) reformador
np
=P:v-fin('telefonar' PS 1S IND) Telefonei
=ADVL:np
==>N:num('mil' <card> F P) mil
==H:n('vez' F P) vezes
=PIV:pp
==H:prp('para') para
==P<:np
===>N:art('o' F S) a
===H:n('agente' M S) agente
===N<:pp
====H:prp('de') de
====P<:prop('Isabel_Allende' M S) Isabel_Allende
adjp
=ADVL:adjp
==>A:adv('mais' <quant> <KOMP>) mais
==H:adj('rápido' M S) rápido
=SUBJ:np
==>N:art('o' <artd> F P) as
==H:n('coisa' F P) coisas
=P:v-fin('parecer' PR 3P IND) parecem
=SC:v-inf('andar') andar
advp
=ADVL:advp
==H:adv('depois') Depois
==A<:pp
===H:prp('de' <sam->) de
===P<:np
====>N:art('a' <-sam> <artd> F S) a
====H:n('cabeça' F S) cabeça
=P:v-fin('vir' PR 3S IND) vem
=SUBJ:np
==>N:art('um' <arti> F S) uma
==>N:adj('autêntico' F S) autêntica
==H:n('fábrica' F S) fábrica
==N:adj('ambulante' F S) ambulante
pp
=ADVL:pp
==H:prp('em' <sam->) Em
==P<:np
===>N:art('o' <-sam> F S) a
===>N:pron('seu' <poss> <si> F S) sua
===H:n('globalidade' F S) globalidade
=,
=SUBJ:np
==>N:art('o' F P) as
==H:n('resposta' F P) respostas
=P:v-fin('alimentar' PR 3P IND) alimentam
=ACC:np
==>N:art('um' <quant> M S) um
==>N:pron('certo' <quant> M S) certo
==H:n('optimismo' M S) optimismo

No caso de o adjunto adverbial ser uma oração finita (fcl) esta normalmente é encabeçada por uma conjunção ou um advérbio, mas nem sempre (secção secção 6.2.9.1.1.). Veja-se exemplo acima na tabela (ADVL:fcl) para o caso de a oração adverbial exibir uma conjunção. O seguinte exemplo ilustra o caso de uma oração adverbial iniciada por um advérbio:

CP121-2 Segundo este organismo, a operação só terá lugar quando for disponibilizado «o equipamento que está a ser propositadamente construído para proceder à introdução escalonada nos fornos» da farinha obtida a partir da transformação das carcaças dos animais abatidos.

...
=SUBJ:np
==>N:art('o' F S) a
==H:n('operação' F S) operação
=ADVL:adv('só') só
=P:v-fin('ter' FUT 3S IND) terá
=ACC:n('lugar' M S) lugar
=ADVL:fcl
==ADVL:adv('quando' <ks>) quando
==P:vp
===AUX:v-fin('ir' FUT 3S SUBJ) for
===MV:v-pcp('disponibilizar' M S) disponibilizado
==«
==SUBJ:np
===>N:art('o' M S) o
===H:n('equipamento' M S) equipamento
6.2.9.1.1. Estruturas com haver, fazer e ter indicando tempo decorrido

Como dito na secção 6.2.9.1., os adjuntos adverbiais que são orações finitas são frequentemente iniciados por uma conjunção. Exceptuam-se os casos de adverbiais temporais com os verbos haver, fazer e terde que são exemplos:

CP190-2 R. -- Há muito que defendo que os acordos de concertação social devem ultrapassar as dimensões temporal e de conteúdo que têm tido.

CF134-6 Embora não ocorra no Brasil há muito, é absolutamente normal, nos países de maior tradição democrática, que o governo tenha um candidato e o apóie.

CF28-1 Pela segunda vez desde quando começou a coordenar as ações no Rio, há duas semanas, o Exército mudou o nome das operações.

CF126-1 O advogado Mariano Gonçalves Neto, autor da ação popular que se arrasta há 12 anos, acusa os ex-ministros de aprovarem uma superavaliação dos terrenos entregues pelo grupo Delfin como pagamento de uma dívida que, em 1982, chegava a Cr 70 milhões.

CF269-2 Os três cortadores de cana eram de Alagoas e estavam na cidade havia 15 dias .

Estas estruturas não possuem sujeito, os verbos haver/ ter/ fazer estão limitados a tempos do presente e do imperfeito e um constituinte que denota tempo (explícita ou implicitamente) segue o verbo. Podem ou não iniciar a oração. Em todos os casos exemplificados acima, em que o verbo exprime a idéia de tempo decorrido, ele será etiquetado como uma preposição (prp), e não como verbo. Nesses casos, o lema é a forma que haver /ter/ fazer apresentam na expressão temporal e nunca o infinitivo verbal. O sintagma preposicional onde haver/ ter/ fazer está inserido comporta-se como qualquer outro (ver secção 12.4). A representação desta análise é a seguinte:

CF124-5 Stepanenko viajou para a China há uma semana e deve voltar na sexta-feira.

A1
STA:fcl
=SUBJ:prop('Stepanenko' M S) Stepanenko
=x:cu
==CJT:x
===P:v-fin('viajar' PS 3S IND) viajou
===SA:pp
====H:prp('para') para
====P<:np
=====>N:art('o' F S) a
=====H:prop('China' F S) China
===ADVL:pp
====H:prp('há') há
====P<:np
=====>N:num('uma' F S) uma
=====H:n('semana' F S) semana
==CO:conj-c('e') e
==CJT:x
===P:vp
====AUX:v-fin('dever' PR 3S IND) deve
====MV:v-inf('voltar') voltar
===ADVL:pp
====H:prp('em' ) em
====P<:np
=====>N:art('o' <-sam> F S) a
=====H:n('sexta-feira' F S) sexta-feira
=.

Quando iniciam uma frase, o advérbio de foco que segue a oração adverbial, precedendo a oração principal.

A representação é a seguinte:

CP190-2 R. -- Há muito que defendo que os acordos de concertação social devem ultrapassar as dimensões temporal e de conteúdo que têm tido.

A1
UTT:sq
=UTT:n('R.' F S) R.
=--
=STA:fcl
==ADVL:pp
===H:prp('há') Há
===P<:np
====H<:pron-det('muito' M S) muito
==FOC:adv('que' ) que
==P:v-fin('defender' PR 1S IND) defendo
==ACC:fcl
===SUB:conj-s('que') que
===SUBJ:np
====>N:art('o' M P) os
====H:n('acordo' M P) acordos
====N<:pp
=====H:prp('de') de
=====P<:np
======H:n('concertação' F S) concertação
======N<:adj('social' F S) social
===P:vp
====AUX:v-fin('dever' PR 3P IND) devem
====MV:v-inf('ultrapassar') ultrapassar
...

6.2.9.2. Complementos adverbiais (SA e OA)

Ao contrário de ADVL, adjunto verbal, SA e OA combinam características de argumento, pela obrigatoriedade na frase, dada a complementaridade do sentido expresso pelo verbo, e de adjunto, por expressar tempo, lugar, modo. Correspondem a um objecto adverbial.

SA será o objecto adverbial directamente referenciado a sujeito e OA a objecto:

CP8-2 Na cerimónia de inauguração do edifício, Ieltsin declarou perante mais de cem mil pessoas que «a Rússia está perto da estabilidade política» e que «todos os problemas podem ser resolvidos à mesa das conversações».

...
=SUBJ:prop('Ieltsin' M S) Ieltsin
=P:v-fin('declarar' PS 3S IND) declarou
=ADVL:pp
==H:prp('perante') perante
==P<:np
===>N:adjp
====>A:adjp
=====>A:adv('mais_de' <quant>) mais_de
=====H:num('cem' <card> F P) cem
====H:num('mil' <card> F P) mil
===H:n('pessoa' F P) pessoas
=ACC:cu
==CJT:fcl
===SUB:conj-s('que') que
===«
===SUBJ:np
====>N:art('o' F S) a
====H:prop('Rússia' F S) Rússia
===P:v-fin('estar' PR 3S IND) está
===SA:pp
====H:prp('perto_de') perto_de
====P<:np
=====>N:art('o' F S) a
=====H:n('estabilidade' F S) estabilidade
=====N<:adj('político' F S) política
...

CF6-3 Posteriormente, diante de a ameaça do tribunal de entrar com uma ação judicial, o governo mandou ao Congresso uma alteração ao projeto, aumentando para R$ 452,7 milhões a dotação do TSE.

...
=SUBJ:np
==>N:art('o' <artd> M S) o
==H:n('governo' M S) governo
=P:v-fin('mandar' PS 3S IND) mandou
=OA:pp
==H:prp('a' <sam->) a
==P<:np
===>N:art('o' <-sam> <artd> M S) o
===H:n('congresso' <prop> M S) Congresso
=ACC:np
==>N:art('um' <arti> F S) uma
==H:n('alteração' F S) alteração
==N<:pp
===H:prp('a' <sam->) a
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> <artd> M S) o
====H:n('projeto' M S) projeto
....

Existem dois argumentos para se considerar a existência destes complementos adverbiais que contrastam com PIV e ADVL: por um lado, a valência verbal (característica que os ADVL não possuem), a substituição pronominal (à qual os sintagmas preposicionais, forma prototípica dos PIV, não podem ser sujeitos). Além disso, um outro teste é a substituição por pronomes interrogativos: como, quando, onde, quanto no caso de SA e OA, que também se aplicam a ADVL, mas não a PIV (Bick, 2000:170-1).

Resumindo, SA e OA possuem características argumentais e de adjunto. Imaginando um contínuo entre argumentos e adjuntos, teremos num extremo do contínuo, PIV como argumento verbal e no outro extremo ADVL como adjunto. SA e OA situar-se-ão nas zonas entre extremos.

Na Selva, as etiquetas SA e OA possuem ainda a especificação da sua posiçaõ com com relação ao verbo (Os símbolos <  e  > indicam que a função está à esquerda ou à direita do verbo, respectivamente)

6.2.10. Aposto de oração (S<)

O aposto de oração é o aposto se refere à oração completa, e nao apenas a um dos seus elementos (normamelmente, o núcleo nominal H:n). O aposto oracional normalmente é introduzido por estruturas do tipo "o que", dois pontos, ou palavras resumitivas, como "tudo", "coisa", "fa(c)to", "algo", etc:

CF384-2 «Disaster Movie», de 1979, foi uma revelação: apesar da produção apertada, esse curta-metragem revelava um talento mais que incontestável.

CF234-2 Esta armação dá à equipe um caráter excessivamente defensivo, o que desagrada àqueles que esperam da seleção brasileira um futebol alegre, sempre visando ao gol.

CP299-1 Não possui hoje Vendas Novas praça de toiros, razão por que a corrida aconteceu numa desmontável, mas António Morais, no seu livro «A Praça de Toiros do Campo Pequeno», ao referir-se às outras praças do país, diz que José Valério construiu uma praça em Vendas Novas em 1862, tendo nela havido festas de toiros até 1875, ano em que soldados da Escola Prática de Artilharia, por descuido, provocaram o seu incêndio.

Quanto à estrutura de árvore, o aposto oracional está inserido na oração principal, que o contém, e pode tanto correponder a uma oração quanto a um sintagma nominal, como ilustrado a seguir:

CF135-3 O embargo é uma medida para que o TSE admita a constitucionalidade da questão o que permite que o assunto seja levado ao STF.

...
====SUBJ:np
=====>N:art('o' M S) o
=====H:prop('TSE' M S) TSE
====P:vp
=====MV:v-fin('admitir' PR 3S SUBJ) admita
====ACC:np
=====>N:art('o' F S) a
=====H:n('constitucionalidade' F S) constitucionalidade
=====N<ARG:pp
======H:prp('de' <sam->) de
======P<:np
=======>N:art('o' <-sam> F S) a
=======H:n('questão' F S) questão
=S<:fcl
==SUBJ:np
===H:pron-indp('o_que' <rel> M S) o_que
==P:vp
===MV:v-fin('permitir' PR 3S IND) permite
==ACC:fcl
===SUB:conj-s('que') que
===SUBJ:np
====>N:art('o' M S) o
====H:n('assunto' M S) assunto
...

CF397-1 Agora, as negociações são internacionais: Amélia vai conversar com a Krupp alemã e a Japan Steel.

STA:fcl
=ADVL:advp
==H:adv('agora' <kc>) Agora
=,
=SUBJ:np
==>N:art('o' <artd> F P) as
==H:n('negociação' <np-def?> F P) negociações
=P:vp
==MV:v-fin('ser' PR 3P IND) são
=SC:adjp
==H:adj('internacional' F P) internacionais
=:
=S<:fcl
==SUBJ:np
===H:prop('Amélia' F S) Amélia
==P:vp
===AUX:v-fin('ir' PR 3S IND) vai
===MV:v-inf('conversar') conversar
....

CP317-6 a vontade de mudança dividiu ao meio o eleitorado, algo de impensável meses atrás.

STA:fcl
=SUBJ:np
==>N:art('o' <artd> F S)    a
==H:n('vontade' <np-def?> F S)    vontade
==N<:pp
===H:prp('de')    de
===P<:np
====H:n('mudança' <np-idf?> F S)    mudança
=P:vp
==MV:v-fin('dividir' PS 3S IND)    dividiu
=ADVL:pp
==H:prp('a' <sam->)    a
==P<:np
===>N:art('o' <-sam> <artd> M S)    o
===H:n('meio' <np-def?> M S)    meio
=ACC:np
==>N:art('o' <artd> M S)    o
==H:n('eleitorado' <np-def?> M S)    eleitorado
=,
=S<:np
==H:pron-indp('algo' <quant> M S)    algo
==N<:pp
===H:prp('de')    de
===P<:adjp
====H:adj('impensável' M S)    impensável
==N<:np
===H:n('mês' <np-idf?> M P)    meses
===N<:adv('atrás')    atrás
=.

6.3. Funções ao nível da raiz

A raiz também exibe, tal como os restantes nós terminais e não terminais, etiquetas que correspondem a função e forma (F:f). A natureza das funções do nó raiz é, no entanto, diferente de qualquer tipo de função a que sintagmas ou orações podem estar associadas a níveis abaixo da raiz (ver excepção na secção 16 a propósito das estruturas discursivas). A natureza das funções atribuídas à raiz está relacionada com o tipo de frase em questão.

As seguintes funções são atribuídas ao nó raiz:

Qualquer das funções acima descritas podem em casos especiais ocorrer em nós que não a raiz (ver secção 16.)

Como se pode verificar nos exemplos acima, as formas que o nó raiz pode exibir são as mesmas que qualquer outro nó pode exibir, dependendo da estrutura interna da frase.

Por ser único, o nó raiz não exibe descontinuidades nem pode estar coordenado.


[1] As mesmas etiquetas, A< e >A, como se pode constatar, estão presentes tanto nos sintagmas adjectivais como nos sintagmas adverbiais enquanto modificadoras de adjectivos ou advérbios.

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7. Representação de ambiguidades

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A ambigüidade é um fenômeno comum na língua e pode ocorrer a vários níveis: ao nível de função, de forma e de estrutura (nível de representação dos constutuintes nas árvores). As ambiguidades presentes nas árvores da Floresta são representadas como a seguir se descreve.

7.1. Ambiguidade de função e forma

As ambiguidades de função e forma (em que aqui se inclui toda a informação morfológica, PoS e também o lema), isto é, aquelas que não implicam alteração dos níveis de constituintes relativamente às análises alternativas, são representadas através da separação das formas ambíguas por “/”:

7.2. Ambiguidade estrutural

A ambiguidade de estrutura, isto é, ambiguidade quanto aos níveis a que um determinado constituinte deve estar colocado, pode ser representada de duas formas, consoante o a ambiguidade seja local ou global.

7.2.1. Representação de ambiguidade local

A ambiguidade local é aquela em que um determinado constituinte pode estar colocado a dois níveis diferentes.

A ambiguidade pode então ser representada localmente, sem que interfira com a boa formação da árvore. Normalmente acompanhada também por ambiguidade de função, a ambiguidade estrutural local é representada da seguinte forma:

F1/Fx±<n>]:f

O nível alternativo (esteja ou não associado a uma função alternativa) é representado em função do nível primeiramente representado, isto é, [+n] significa que o nível alternativo, correspondente à função alternativa Fx, está “n” níveis abaixo do nível inicialmente representado. Da mesma forma, [-n] significa que o nível alternativo, correspondente à função alternativa Fx, está “n” níveis acima do nível inicialmente representado. Note-se que se os nós forem não terminais, os níveis dos seus constituintes comportar-se-ão de acordo com o nível alternativo em questão. Isto é, [±n] aplica-se aos nós terminais e aos não terminais e seus constituintes. Veja-se o seguinte exemplo:

CP187-2 Toda a gente acreditou que essa reunião, realizada em plena crise dos «balseros» cubanos, tinha sido programada para falar da nova crise aberta entre Cuba e os Estados Unidos e, dada a personalidade dos convivas -- García Márquez tem uma relação estreita com Castro e Fuentes defende o fim do embargo norte-americano para que se inicie uma nova etapa no longo contencioso da ilha caraíba com o seu poderoso vizinho --, deu-se como ponto assente que Cuba tinha de ter sido «o» assunto.

…
========ADVL:pp
=========H:prp('para') para
=========P<:fcl
==========SUB:conj-s('que') que
==========ACC:pron-pers('se' <refl> F 3S ACC) se
==========P:v-fin('iniciar' PR 3S SUBJ) inicie
==========SUBJ:np
===========>N:art('um' <arti> F S) uma
===========>N:adj('novo' F S) nova
===========H:n('etapa' F S) etapa
==========ADVL/N<[+1]:pp
===========H:prp('em' <sam->) em
===========P<:np
============>N:art('o' <-sam> M S) o
============>N:adj('longo' M S) longo
============H:adj('contencioso' M S) contencioso
============N<:pp
=============H:prp('de' <sam->) de
=============P<:np
==============>N:art('o' <-sam> F S) a
==============H:n('ilha' F S) ilha
==============N<:adj('caraíba' F S) caraíba
...

Quando uma das alternativas de análise implica uma descontinuidade e a outra não, exprime-se sempre a análise não descontínua.

7.2.2. Representação de ambiguidade global

A ambiguidade estrutural global implica a impossibilidade de representação de uma ambiguidade local sem afectar a boa formação da árvore, não sendo, por isso, possível a representação da ambiguidade em termos locais, como descrita em 3.2.

Cada árvore é encabeçada por A1 (árvore 1). A adição de mais árvores para a mesma frase é possível, através da indicação de A2, A3....An. É desta forma que a ambiguidade estrutural global é representada:

A1
<árvore>
&&
A2
<árvore>
&&
An
<árvore>

A representação da ambiguidade estrutural global pode ser motivada pelo facto de existirem análises sintácticas geralmente distintas e má formação das árvores se se optasse pela representação de ambiguidade estrutural local. Os seguintes exemplos ilustram estas situações:


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8. Representação da não especificação de formas

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A não especificação de formas relaciona-se com o facto de as formas não serem discriminadas através do conhecimento do mundo. Por exemplo, topónimos como Chaves ou Pernambuco não são especificados quanto ao género. O mesmo ocorre com o pronome quem, por exemplo, em função de sujeito.

A não especificação das formas é representada pelo uso de "/":

CP436-1 Em vez da esperada barracada musical, em Alvalade houve outro tipo de cenas bem menos divertidas.

=ADVL:pp
==H:prp('em') em
==P<:prop('Alvalade' M/F S) Alvalade
=P:v-fin('haver' PS 3S IND) houve
=ACC:np
==>N:pron-det('outro' <diff> <KOMP> M S) outro
==H:n('tipo' M S) tipo
==N<:pp
===H:prp('de') de
===P<:np
====H:n('cena' F P) cenas
====N<:adjp
=====>A:advp
======>A:adv('bem' <quant>) bem
======H:adv('menos' <quant> <KOMP>) menos
=====H:v-pcp('divertir' F P) divertidas
=.

CF8-2 Aqui só joga quem está bem.

A1
STA:fcl
=ADVL:adv('aqui') Aqui
=ADVL:adv('só') só
=P:v-fin('jogar' PR 3S IND) joga
=SUBJ:fcl
==SUBJ:pron-indp('quem' M/F S) quem
==P:v-fin('estar' PR 3S IND) está
==ADVS:adv('bem' <quant>) bem
=.

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9. Representação de constituintes descontínuos

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Por constituintes descontínuos entende-se a interrupção de um sintagma ou oração por outros constituintes não pertencentes a esse sintagma ou oração. Os constituintes responsáveis pela descontinuidade podem ser vários. Quanto à forma, os elementos descontínuos são tipicamente sintagmas e orações (nós-terminais). No entanto, há um caso específico de descontinuidade em nós-terminais (ver secção 9.1.).

A descontinuidade pode ocorrer num sintagma, interrompendo-o em duas ou mais partes.

A representação de constituintes descontínuos é a seguinte para a descontinuidade em duas partes:

F:f-, para a primeira parte do constituinte descontínuo

-F:f , para a segunda parte do constituinte descontínuo.

A representação da descontinuidade de um constituinte em três (ou mais) partes é a seguinte:

F:f- , para a primeira parte do constituinte descontínuo

-F:f- , para a(s) parte(s) intermédia(s) do constituinte descontínuo

-F:f , para a última parte do constituinte descontínuo

É importante salientar que os símbolos da descontinuidade (-) não marcam os elementos que causam a deconstinuidade, isto é, não marcam os interruptores, mas sim os sintagmas que contêm elementos descontínuos.

Os seguintes exemplos ilustram tipos de descontinuidades:

9.1. Descontinuidade em nós terminais

O caso em que houve necessidade de tornar um nó terminal descontínuo relaciona-se com a repetição da preposição em dois sintagmas preposicionais contíguos que não são independentes. Em particular, a descontinuidade em nós terminais é observada quando: 1) no segundo sintagma preposicional, o complemento da preposição repetida é dependente (aposto, modificador, etc.) do complemento da preposição no primeiro sintagma preposicional, e 2) existe um aposto comum a dois complementos de preposição.

Os seguintes exemplos ilustram 1) e 2), respectivamente:

CP221-1 Um quarteto formado por Bob Mover (sax alto e voz), Carlo Morena (piano), Pedro Gonçalves (contrabaixo) e João Silvestre (bateria) actua a partir das 23h, na catedral lisboeta do jazz: no Hot Clube de Portugal .

CP185-3 No momento em que a União Europeia decidiu abandonar a exploração do carvão de pedra, existem cinco mil mineiros portugueses no Norte de Espanha, nas províncias de León e das Astúrias, condenados a assistir ao encerramento das minas onde trabalham.

Em CP221-1, o Hot Club de Portugal é o aposto de a catedral lisboeta do jazz . No entanto, a simples representação desta estrutura é dificultada pela repetição da preposição em o que faz com que o aposto do complemento da preposição seja também ele um complemento de uma preposição. Ou seja, o Hot Clube de Portugal tem uma dupla função em dois sintagmas distintos: como complemento da preposição, por um lado, e como aposto de um np em outro sintagma.

Em 185-3, a situação de dupla função é semelhante; as províncias de León e das Astúrias elabora o sentido de o Norte de Espanha (N<PRED ou N<) e ao mesmo tempo é complemento da preposição (em), em sintagmas distintos.

Deste modo, a descontinuidade das preposições não significa que a preposição em si seja descontínua, mas que existe uma repetição da mesma preposição e, assim, pretende-se também representar o facto de não se estar, semanticamente, perante sintagmas diferentes, fazendo com que os elementos internos nos dois sintagmas se possam relacionar sintacticamente.

Estes são casos muito pontuais, observando-se apenas em CP75-1, CP185-3 e CP221-1.


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10. Representação de frases com um constituinte

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Algumas frases que constituem a Floresta apresentam apenas uma palavra, como nos seguintes exemplos:

CP84-3 Março

CP384-1 Soberbo

Nestes casos, a função representada será sempre a função genérica, subespecificada, UTT (ver secção 6.3). A representação é a seguinte:

CP84-3 Março

A1
UTT:n('março' <prop> M S) Março

CP384-1 Soberbo

A1
UTT:adj('soberbo' M S) Soberbo

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11. Coordenação

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Na Floresta, dois ou mais constituintes, com a mesma função ou com funções diferentes, podem estar coordenados. A conjunção coordenativa, ou outros elementos que se comportam como tal, podem ou não estar presentes na coordenação. Quando há vagueza nos elementos coordenados, a coordenação estará representada entre os constituintes mais próximos.

A representação da relação de coordenação na Floresta é a seguinte:

  1. nó não terminal que indica que determinados constituintes estão coordenados (FUNÇÃO:CU);
  2. nós dependentes daquele, terminais ou não terminais, ao mesmo nível que correspondem às partes coordenadas (CJT:forma)
  3. conjunções coordenativas (ou outros elementos de função idêntica) (CO:forma) ao mesmo nível das partes coordenadas (CJT). A forma cu não tem restrições quanto ao tipo de funções a que pode estar associado: funções ao nível mais alto (raiz) (EX: STA:cu; QUE:cu), funções a nível de oração (EX: SUBJ:cu; P:cu) e funções a nível de sintagma (EX: N<:cu; H:cu).

O seguinte exemplo ilustra coordenações:

CP147-3 A Croácia e a Eslovénia eram duas realidades geopolíticas suficientemente coesas;

A1
STA:fcl
=SUBJ:cu ==CJT:np ===>N:art('o' F S) A ===H:prop('Croácia' F S) Croácia ==CO:conj-c('e' <co-subj>) e ==CJT:np ===>N:art('o' F S) a ===H:prop('Eslovénia' F S) Eslovénia =P:v-fin('ser' IMPF 3P IND) eram =SC:np ==>N:num('dois' <card> F P) duas ==H:n('realidade' F P) realidades ==N<:adj('geopolítico' F P) geopolíticas ==N<:adjp ===>A:adv('suficientemente' <quant>) suficientemente ===H:adj('coeso' F P) coesas =;

11.1. Constituintes coordenados que partilham um ou mais constituintes

Consideramos que dois ou mais constituintes coordenados podem ter um ou mais constituintes em comum. Por exemplo, uma coordenação de predicados cujo sujeito é o mesmo.

Nestes casos, considera-se que o constituinte partilhado está fora da coordenação. Como tal, a relação de coordenação terá a sua função subespecificada, uma vez que não existe para já uma etiqueta de função para constituintes que agrupam P e seus argumentos e/ou adjuntos. No entanto, a informação secundária <predicate> é adicionada à forma subespecificada das partes coordenadas de forma a descrever o agrupamento de P e seus argumentos internos e/ou adjuntos. De notar este é o procedimento a seguir no caso do adjunto predicativo se encontrar fora da relação de coordenação, porque remete directamente para o sujeito (que pode estar ou não expresso).

No caso de ser qualquer outro constituinte que se encontre fora da relação de coordenação como adjuntos adverbiais, a forma de cada um dos elementos coordenados (CJT) será fcl, icl ou acl, consoante o verbo em questão ser finito ou não finito ou não expresso. Os seguintes exemplos ilustram estes casos:

Sujeito partilhado

CP201-1 Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), Portugal exportou 265,2 milhões de contos e importou 521 milhões de contos, durante os primeiros cinco meses de 1995, o que resultou num défice comercial de 255,8 milhões de contos.

...
=SUBJ:prop('Portugal' M S) Portugal
=X:cu ==CJT:x (<predicate>) ===P:v-fin('exportar' PS 3S IND) exportou ===ACC:np ====>N:num('265,2' <card> M P) 265,2 ====H:n('milhão' M P) milhões ====N<:pp =====H:prp('de') de =====P<:n('conto' M P) contos ==CO:conj-c('e' <co-vfin> <co-fmc>) e ==CJT:x(<predicate>) ===P:v-fin('importar' PS 3S IND) importou ===ACC:np ====>N:num('521' <card> M P) 521 ====H:n('milhão' M P) milhões ====N<:pp =====H:prp('de') de =====P<:n('conto' M P) contos ...

Adjunto adverbial partilhado

C26-4 Em aquele ano, as Brigadas Vermelhas (BR) estavam no auge da actividade terrorista, o líder cristão-democrata Aldo Moro acabara de ser raptado, e o príncipe -- proibido de entrar em Itália desde o exílio do pai em 1946 -- teria mesmo recebido ameaças das BR.

A1
STA:fcl
=ADVL:pp
==H:prp('em' <sam->) Em
==P<:np
===>N:pron-det('aquele' <-sam> <dem> M S) aquele
===H:n('ano' M S) ano
=,
=X:cu
==CJT:fcl ===SUBJ:np ====>N:art('o' F P) as ====H:prop('Brigadas_Vermelhas' F P) Brigadas_Vermelhas ====( ====APP:prop('BR' F P) BR ====) ===P:v-fin('estar' IMPF 3P IND) estavam ===ADVS:pp ====H:prp('em' <sam->) em ====P<:np =====>N:art('o' <-sam> M S) o =====H:n('auge' M S) auge =====N<:pp ======H:prp('de' <sam->) de ======P<:np =======>N:art('o' <-sam> F S) a =======H:n('actividade' F S) actividade =======N<:adj('terrorista' F S) terrorista ==, ==CJT:fcl ===SUBJ:np ====>N:art('o' M S) o ====H:n('líder' M S) líder ====N<:adj('cristão-democrata' M S) cristão-democrata ====N<:prop('Aldo_Moro' M S) Aldo_Moro ===P:vp ====AUX:v-fin('acabar' MQP 3S IND) acabara ====PRT-AUX<:prp('de') de ====AUX:v-inf('ser') ser ====MV:v-pcp('raptar' M S) raptado ==, ==CO:conj-c('e' <co-inf> <co-fmc>) e ==CJT:fcl ===SUBJ:np ====>N:art('o' M S) o ====H:n('príncipe' M S) príncipe ===... ===P:vp- ====AUX:v-fin('ter' COND 3S) teria ===ADVL:adv('mesmo' <quant>) mesmo ===-P:vp ====MV:v-pcp('receber' M S) recebido ===ACC:np ====H:n('ameaça' F P) ameaças ====N<:pp =====H:prp('de' <sam->) de =====P<:np ======>N:art('o' <-sam> F P) as ======H:prop('BR' F P) BR .

C26-7 «Irritado com este acto de apropriação», foi buscar uma espingarda US 30 semiautomática, utilizada em safaris, e 31 cartuchos, e dirigiu-se para o Cocke.

A1
STA:fcl

=PRED:icl(<pcp>)
==P:v-pcp('irritar' M S) Irritado
==ADVL:pp
===H:prp('com') com
===P<:np
====>N:pron-det('este' <dem> M S) este
====H:n('acto' M S) acto
====N<:pp
=====H:prp('de') de
=====P<:n('apropriação' F S) apropriação

=,
=X:cu ==CJT:x(<predicate>) ===P:vp ====AUX:v-fin('ir' PS 3S IND) foi ====MV:v-inf('buscar') buscar ===ACC:cu ====CJT:np =====>N:art('um' <arti> F S) uma =====H:n('espingarda' F S) espingarda =====N<:prop('US_30' F S) US_30 =====N<:adj('semiautomático' F S) semiautomática ====, ====CO:conj-c('e' <co-acc>) e ====CJT:np =====>N:num('31' <card> M P) 31 =====H:n('cartucho' M P) cartuchos ==, ==CO:conj-c('e' <co-vfin> <co-fmc>) e ==CJT:x(<predicate>) ===P:v-fin('dirigir' PS 3S IND) dirigiu- ===ACC:pron-pers('se' <refl> M/F 3S ACC) se ===PIV:pp ====H:prp('para') para ====P<:np =====>N:art('o' M S) o =====H:prop('Cocke' M S) Cocke .

11.1.1. Particípios com argumentos coordenados, com partilha de auxiliar

O problema na análise destes casos é o facto de os verbos principais (no particípio passado) serem por um lado verbos de um sintagma verbal com o mesmo auxiliar e por outro lado verbos principais de uma oração com estrutura argumental, como o seguinte exemplo:

CF363-1 Blatter disse que o Comitê não levou em consideração o fato do jogador ter se desculpado e comparecido ao hospital para visitar o norte-americano Tab Ramos.

A1
STA:fcl
...
=SUBJ:np
==>N:art('o' <artd> M S) o
==H:n('jogador' M S) jogador
=PAUX:v-inf('ter') ter
=AUX<:cu
==CJT:icl ===ACC:pron-pers('se' <refl> M S ACC) se ===MV:v-pcp('desculpar' M S) desculpado ==CO:conj-c('e') e ==CJT:icl ===MV:v-pcp comparecido
===ADVS:pp
====H:prp('a') a
====P<:np
=====>N:art('o' <artd> M S) o
=====H:n('hospital' M S) hospital

A etiqueta AUX< indica a ligação entre o auxiliar partilhado – PAUX – (e fora da coordenação) e os verbos coordenados – PMV – que serão verbos principais das orações com a sua estrutura argumental.

Uma outra situação pode ocorrer: existência da partícula de ligação a ou de entre o verbo auxiliar e o verbo principal que pode estar fora ou dentro da coordenação (no último caso, aparecendo repetida em cada um dos elementos coordenados).

No primeiro caso – partícula de ligação fora da coordenação (i.e., ser também partilhada) – a análise é a seguinte:

CP415-5 Depois, foi na guerra, quando tive de penetrar no mato e andar pelas bolanhas da Guiné ou pelas savanas de Angola, quando descobri povoações isoladas, etc., que passei de facto a conhecer África.

...

=,
=ADVL:cu
==CJT:fcl
===ADVL:adv('quando' <rel> <ks>) quando
===PAUX:vp ====AUX:v-fin('ter' PS 1S IND) tive ====PRT-AUX<:prp('de') de ===AUX<:cu ====CJT:icl =====PMV:v-inf('penetrar') penetrar =====ADVL:pp ======H:prp('em' <sam->) em ======P<:np =======>N:art('o' <-sam> <artd> M S) o =======H:n('mato' M S) mato ====CO:conj-c('e' <co-inf>) e ====CJT:icl =====PMV:v-inf('andar') andar =====ADVL:cu ======CJT:pp =======H:prp('por' <sam->) por =======P<:np ========>N:art('o' <-sam> <artd> F P) as ========H:n('bolanha' F P) bolanhas ...

No caso da partícula de ligação se encontrar dentro da coordenação, a análise é a seguinte:

CP651-2 Enquanto isso, os universitários do Norte têm estado a reunir-se e a estudar cada um dos princípios apresentados pelo titular da pasta da Educação.

...
=SUBJ:np
==>N:art('o' <artd> M P) os
==H:n('universitário' M P) universitários
==N<:pp
===H:prp('de' <sam->) de
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> <artd> M S) o
====H:prop('Norte' M S) Norte
=PAUX:vp ==AUX:v-fin('ter' PR 3P IND) têm ==AUX<: v-pcp('estar') estado =X:cu ==CJT:x ===MV:vp ====PRT-AUX<:prp('a') a
====MV:v-fin('reunir') reunir-
===ACC:pron-pers('se' <coll> M P) se
==CO:conj-c('e') e
==CJT:x
===MV:vp ====PRT-AUX<:prp('a') a ====MV:v-fin('estudar') estudar ===ACC:np ====H:pron-indp('cada_um' M S) cada_um ====N<:pp =====H:prp('de' <sam->) de =====P<:np ======>N:art('o' <-sam> <artd> M P) os ======H:n('princípio' M P) princípios

11.2. Coordenação de constituintes com funções diferentes

Nem sempre a coordenação ocorre entre constituintes com a mesma função. Recorrendo à representação de coordenação, cada um dos elementos coordenados receberia a etiqueta CJT (parte coordenada) e a função de cada uma dessas partes estaria concatenada na etiqueta de função do nó que representa a relação de coordenação. Com as partes coordenadas a divergirem a sua função, encontrar-se-ia dois problemas: não se teria apenas uma função na relação de coordenação, que teria assim de permanecer subespecificada, e perder-se-ia a função realmente desempenhada por cada uma das partes na oração:

Compare-se uma relação de coordenação em que a função das partes coordenadas é a mesma e outra em que não é:

CP147-3 A Croácia e a Eslovénia eram duas realidades geopolíticas suficientemente coesas;

A1
STA:fcl
=SUBJ:cu ==CJT:np ===>N:art('o' F S) A ===H:prop('Croácia' F S) Croácia ==CO:conj-c('e' <co-subj>) e ==CJT:np ===>N:art('o' F S) a ===H:prop('Eslovénia' F S) Eslovénia ...

CP120-2 Sem meia dúzia de jogadores (os emprestados pelo Benfica), o recém-promovido Alverca ganhou o seu primeiro ponto da época e logo fora de casa.

...
==P:v-fin('ganhar' PS 3S IND) ganhou
==X:cu
===CJT:np ====>N:art('o' M S) o ====>N:pron-det('seu' <poss 3S> <si> M S) seu ====>N:adj('primeiro' <NUM-ord> M S) primeiro ====H:n('ponto' M S) ponto ====N<:pp =====H:prp(‘de’ <sam->) de =====P<:np ======>N:art(‘o’ <-sam> <artd> F S) a ======H:n(‘éopca’ F S) época ===CO:conj-c('e') e ===CJT:pp ====>P:adv('logo') logo ====H:prp('fora_de') fora_de ====P<:n('casa' F S) casa =.

Como se vê no segundo exemplo, a informação correspondente às funções de objecto directo de o seu primeiro ponto da época e de adjunto adverbial logo fora de casa perdem-se quando se representa a relação de coordenação, ao contrário do primeiro caso em que as partes coordenadas têm a ambas a mesma função de sujeito.

De forma a preservar as funções das partes coordenadas, quando elas são diferentes, optou-se por adicionar a CJT, através de “&”, a informação da sua função:

...
==SUBJ:np
===>N:art('o' M S) o
===>N:v-pcp('recém-promovido' M S) recém-promovido
===H:prop('Alverca' M S) Alverca
==P:v-fin('ganhar' PS 3S IND) ganhou
==X:cu
===CJT&ACC:np ====>N:art('o' M S) o ====>N:pron-det('seu' <poss 3S> <si> M S) seu ====>N:adj('primeiro' <NUM-ord> M S) primeiro ====H:n('ponto' M S) ponto ====N<:pp =====H:prp('de' <sam->) de =====P<:np ======>N:art('o' <-sam> F S) a ======H:n('época' F S) época ===CO:conj-c('e') e ===CJT&ADVL:pp ====>P:adv('logo') logo ====H:prp('fora_de') fora_de ====P<:n('casa' F S) casa .

Ainda outro exemplo:

CP484-5 O que realmente impressiona é que ninguém pareça inclinado a defender -- por simples analogia -- que uma abstenção em massa no referendo das regiões porá também em causa, e de modo irremediável, o processo de regionalização.


======SUBJ:np
=======>N:art('um' <arti> F S) uma
=======H:n('abstenção' F S) abstenção
=======N<:pp('em_massa') em_massa
=======N<:pp
========H:prp('em' <sam->) em
========P<:np
=========>N:art('o' <-sam> <artd> M S) o
=========H:n('referendo' M S) referendo
=========N<:pp
==========H:prp('de' <sam->) de
==========P<:np
===========>N:art('o' <-sam> <artd> F P) as
===========H:n('região' F P) regiões
======P:v-fin('pôr' FUT 3S IND) porá
======ADVL:adv('também') também
======X:cu
=======CJT&OC:pp('em_causa') em_causa =======, =======CO:conj-c('e') e =======CJT&ADVL:pp ========H:prp('de') de ========P<:np =========H:n('modo' M S) modo =========N<:adj('irremediável' M S) irremediável =======, ======ACC:np =======>N:art('o' <artd> M S) o =======H:n('processo' M S) processo =======N<:pp ========H:prp('de') de ========P<:n('regionalização' F S) regionalização =.

11.3. Coordenação de constituintes, um dos quais elíptico

Este caso abrange situações como a seguinte:

CF363-2 «Também não nos interessa se o jogador estava internado ou não .

O segundo termo coordenado exibe uma elipse (não (estava internado)). O não é adjunto (ADVL) de um predicado (P) elíptico, e por isso o segundo elemento da coordenação recebe a etiqueta <Es>, que marca a existência de elipse a nível de oração (ver secção 16 para a marcação de elipse):

CF363-2 «Também não nos interessa se o jogador estava internado ou não .

...
=SUBJ:np
==>N:art('o' <artd> M S) o
==H:n(' jogador' M S) jogador
=P:cu
==CJT:icl
===P:vp
====MV:v-fin(' estar' IMPF 3S IND) estava
===SC:v-pcp(' internar' M S) internado
==CO:conj-c(' ou') ou
==CJT:icl(<Es>)
===ADVL:adv(' não') não
.

11.4. Conjunções coordenativas e advérbios com comportamento semelhante

Se presentes na relação de coordenação, as conjunções ou advérbios têm CO por função. A forma varia consoante os casos; será conj-c para e, ou, mas, todavia e adv (incluindo a informação secundária <kc>) para mais, e locuções coordenativas não só....como, etc. , como os ilustram os seguintes exemplos:

Conjunções coordenativas

CF390-1 As rodas de liga de alumínio ou magnésio têm manutenção menos frequente.

A1
STA:fcl
=SUBJ:np
==>N:art('o' <artd> F P) As
==H:n('roda' F P) rodas
==N<:pp
===H:prp('de') de
===P<:np
====H:n('liga' F S) liga
====N<:pp
=====H:prp('de') de
=====P<:cu
======CJT:n('alumínio' M S) alumínio
======CO:conj-c('ou' <co-prparg>) ou ======CJT:n('magnésio' M S) magnésio =P:v-fin('ter' PR 3P IND) têm =ACC:np ==H:n('manutenção' F S) manutenção ==N<:adjp ===>A:adv('menos') menos ===H:adj('frequente' F S) frequente =.

Advérbios e locuções coordenativos

CP239-2 Um investimento de 27 milhões de contos (mais seis milhões para aquisição de uma colecção própria) suportado por as arcas bascas..., é sinónimo do interesse que o governo de Euskadi, ..., atribui ao evento.

A1
STA:fcl
=SUBJ:np
==>N:art('um' <arti> M S) Um
==H:n('investimento' M S) investimento
==N<:cu
===CJT:pp
====H:prp('de') de
====P<:np
=====>N:num('27' <card> M P) 27
=====H:n('milhão' M P) milhões
=====N<:pp
======H:prp('de') de
======P<:n('conto' M P) contos
===(
===CO:adv('mais' <kc>) mais ===CJT:np ====>N:num('seis' <card> M P) seis ====H:n('milhão' M P) milhões ====N<:pp =====H:prp('para') para =====P<:np ======H:n('aquisição' F S) aquisição ======N<:pp =======H:prp('de') de =======P<:np ========>N:art('um' <arti> F S) uma ========H:n('colecção' F S) colecção ========N<:adj('próprio' F S) própria ===)

CP25-5 Facto que, ao longo do tempo, foi repetidamente denunciado, tanto pelos partidos da oposição (onde se destacaram o PCP e o PS), como pelo Conselho de Fiscalização dos Serviços de Informações nomeado pela AR.

...
=PASS:cu
==CO:adv('tanto' <kc>) tanto
==CJT:pp
===H:prp('por' <sam->) por
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> M P) os
====H:n('partido' M P) partidos
====N<:pp
=====H:prp('de' <sam->) de
=====P<:np
======>N:art('o' <-sam> F S) a
======H:n('oposição' F S) oposição
...
==CO:adv('como' <kc> <co-pass>) como ==CJT:pp ===H:prp('por' <sam->) por ===P<:np ====>N:art('o' <-sam> M S) o ====H:prop('Conselho_de_Fiscalização_dos_Serviços_de_Informações' M S) Conselho_de_Fiscalização_dos_Serviços_de_Informações

O nó correspondente a CO inclui ainda a informação secundária sobre a função dos elementos coordenados (<co-FUNÇÃO>). Assim, esta informação secundária só pode ser usada quando a coordenação ocorre entre constituintes com a mesma função.

11.5. Conjunção coordenativa em início de frase

Apesar de a presença de uma conjunção coordenativa implicar duas orações coordenadas, existem casos em que a conjunção coordenativa ocorre em início de frase. Porque o Bosque não representa constituintes vazios ou inexistentes, ainda que subentendidos, a representação destes casos é tão só a indicação da forma e função da conjunção, que é sempre CO:conj-c. Além disso, o que segue a conjunção não é considerado um elemento coordenado, ou seja, não é CJT, mas é-lhe atribuída a função que desempenha na oração.

Exemplos de ocorrência de conjunção coordenativa em início de frase:

CF75-2 Mas, mesmo que quisessem não conseguiriam fazer nada «menor».

A1
STA:fcl
=CO:conj-c('mas') Mas =, =ADVL:fcl ==SUB:conj-s('mesmo_que') mesmo_que ==P:v-fin('querer' IMPF 3P SUBJ) quisessem =ADVL:adv('não') não =P:v-fin('conseguir' COND 3P) conseguiriam =ACC:icl ==P:v-inf('fazer') fazer ==ACC:np ===H:pron-indp('nada' <quant> M S) nada ===« ===N<:adj('pequeno' <KOMP> M S) menor ===» =.

CF146-3 Infante -- E pagaram as passagens.

A1
UTT:sq
=UTT:prop('Infante' M S) Infante
=--
=STA:fcl
==CO:conj-c('e') E ==P:v-fin('pagar' PS/MQP 3P IND) pagaram ==ACC:np ===>N:art('o' <artd> F P) as ===H:n('passagem' F P) passagens ==.

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12. Fenómenos sintácticos

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12.1. Passiva

Em português, a voz passiva é expressa por duas construções: 1) com o auxiliar ser e 2) com o pronome reflexo se. Os verbos de orações pasivas são marcados com a etiqueta secundária <passive>. Com isso, podem ser facilmente encontrados em uma busca que utilize a interface de procura em árvores Milhafre: basta digitar passive no campo Procuráveis

12.1.1. Passiva com verbo ser

Na passiva com verbo ser, o verbo principal encontra-se na forma participial e é auxiliado pelo verbo ser. Outros verbos auxiliares (aspectuais) podem também estar presentes (ex: pode, deve, etc.). O agente da passiva, iniciado pela preposição por, pode estar expresso ou omisso. O seguinte exemplo ilustra esta construção com o agente da passiva presente:

CF2-2 Desde o último dia 13, «Confissões de Adolescente» pode ser vista por os teens portugueses.

O verbo auxiliar ser pode, em certos casos, estar também omisso. Nestes casos, teremos uma construção passiva participial, isto é, uma oração não finita com o verbo principal com forma participial e agente da passiva, que modifica um determinado núcleo. O seguinte exemplo ilustra esta construção:

CF2-3 A série exibida aqui por a Cultura estreou na TVI de Portugal

Em termos de representação em árvores, os exemplos acima apresentam a seguinte análise:

CF2-2 Desde o último dia 13, «Confissões de Adolescente» pode ser vista pelos teens portugueses.



=SUBJ:prop('Confissões_de_Adolescente' F S) Confissões_de_Adolescente

=P:vp ==AUX:v-fin('poder' PR 3S IND) pode ==AUX:v-inf('ser') ser ==MV:v-pcp('ver' <passive> F S) vista ==PASS:pp ===H:prp('por' <sam->) por ===P<:np ====>N:art('o' <-sam> <artd> M P) os ====H:n('teen' M P) teens ====N<:adj('português' M P) portugueses =.

CF2-3 A série exibida aqui pela Cultura estreou na TVI de Portugal

A1
STA:fcl
=SUBJ:np
==>N:art('o' <artd> F S) A
==H:n('série' F S) série
==N<:icl ===P:vp ====MV:v-pcp('exibir' <passive> F S) exibida ===ADVL:advp ====H:adv('aqui') aqui ===PASS:pp ====H:prp('por' <sam->) por ====P<:np =====>N:art('o' <-sam> <artd> F S) a =====H:n('cultura' <prop> F S) Cultura =P:v-fin('estrear' PS 3S IND) estreou =ADVL:pp ==H:prp('em' <sam->) em ==P<:np ===>N:art('o' <-sam> <artd> F S) a ===H:prop('TVI' F S) TVI ===N<:pp ====H:prp('de') de ====P<:prop('Portugal' M S) Portugal =.

Como se pode constatar pelas árvores acima, ser, verbo auxiliar (AUX) e o verbo principal na sua forma participial formam o predicador que é um sintagma verbal. Nos casos em que ser está ausente, o predicador (P) é apenas o verbo principal na sua forma participial.

O agente da passiva (PASS) está ao mesmo nível de constituinte que o predicador, não pertencendo por isso ao sintagma verbal (ver secção 6.2.1. a propósito da definição de predicador).

Note-se ainda que apenas o verbo ser é considerado na Floresta como fazendo parte de construções passivas, excluindo, assim, os verbos estar e ficar.

12.1.2. Passiva de se (ACC-PASS)

A passiva de se (também chamada passiva pronominal), por outro lado, tem apenas a presença do pronome se enquanto clítico do verbo principal. O verbo principal exibe traços de concordância com o sujeito em número. Na passiva de se, geralmente o agente da passiva é omitido. O seguinte exemplo ilustra a construção:

CP741-5 Quando se descobriram os vestígios arqueológicos, fez um protocolo com o Ippar [Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico], porque não percebia da matéria.

No Bosque, o clítico possui a etiqueta ACC-PASS e, quanto ao nível de constituinte, encontra-se ao mesmo nível que o predicador. Além disso, o verbo de orações passivas pronominais é marcado com a etiqueta secundária <se-passive>, o que os torna facilmente encontráveis com a ferramenta de busca em árvores sintácticas Milhafre, bastando digitar se-passive no campo Procuráveis. A análise é a seguinte:

CP741-5 Quando se descobriram os vestígios arqueológicos, fez um protocolo com o Ippar [Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico], porque não percebia da matéria.

A1
STA:fcl
=ADVL:fcl
==ADVL:adv('quando' <rel> <ks>) Quando
==ACC-PASS:np
===H:pron-pers('se' M 3P ACC) se
==P:v-fin('descobrir' <se-passive> PS 3P IND) descobriram ==SUBJ:np ===>N:art('o' <artd> M P) os ===H:n('vestígio' M P) vestígios ===N<:adj('arqueológico' M P) arqueológicos =, ...
 

12.2. Se

O pronome pessoal reflexo, 3ª pessoa do singular, pode fazer parte de múltiplas e diferentes construções: a) construções reflexivas; b) construções transitivas; c) construções ditransitivas; d) construções intransitivas; e) construções recíprocas; f) construções colectivas; g) construções passivas (ver secção 12.1), h) construções envolvendo léxico que exibe inerentemente o clítico (determinados verbos que requerem a presença do clítico e que em isolamento não parecem ocorrer em português, como orgulhar(-se), queixar(-se), arrepender(-se)etc.) Se terá, assim, diversas funções, consoante as construções em que ocorre: ACC nas construções reflexivas, transitivas e recíprocas, DAT nas construções ditransitivas, ACC-PASS na passiva e SUBJ nas construções intransitivas e em algumas construções transitivas, dependendo da natureza do verbo principal. Há ainda um caso especial em que se tem função de vocativo (VOC).

Além das etiquetas de função, existe ainda uma série de etiquetas secundárias que permitem a distinção mais fina entre as funções de ACC, de forma a identificar o tipo de construção em que se ocorre.

Assim, para cada uma das construções teremos as seguintes etiquetas:

O caso em que se considerou a função de vocativo para o se aplica-se apenas no seguinte contexto:

Tipo de construção Etiqueta de função Etiqueta secundária Frase-exemplo
construções reflexivas ACC <obj> CF314-2 Você se acha louca?
construções transitivas SUBJ CF64-2 Também é necessário alertar toda a sociedade para a importância de se reduzir as perdas de alimentos.
ACC CF340-6 Wator se chocou com um companheiro de equipe.
VOC CP39-3 «A conveniência desta rua é palpável...especialmente para seges e carros, o que até aqui mal se consegue antes de chegar ao sítio do banco de S. Domingos [ leia-se o Banco Comercial do Porto, que fora fundado poucos anos antes e detinha autorização para emitir notas]».
construções ditransitivas DAT CP145-4 Chamaram-se a si mesmos «actionistas», embora o movimento, que se espalhou largamente até aos anos 70, seja designado globalmente por «body art», ou surja nos textos de Bowie como «arte ritual».
construções intransitivas SUBJ CF115-3 Tem que se pensar, para o Brasil, numa empresa com modelo acionário flexível, que permita incorporar, numa única marca, os esforços individuais desses criadores e dispor da sinergia necessária para investir no mercado internacional.
VOC 1 CP263-3 Pense-se em Kingsley Amis, Malcolm Bradbury e Albert Finney.
construções recíprocas ACC <reci> CP890-1 Duas outras personalidades que se digladiam, sem dúvida, pelo primeiro plano no círculo do poder são o presidente da Câmara de Moscovo, Iuri Lujkov, aliado dos banqueiros e das mafias da capital, e Anatoli Chubais, o ex-vice-primeiro-ministro recém-nomeado chefe da casa civil da Presidência.
construções colectivas ACC <coll> CF35-1 Quadrinhistas Do Brasil inteiro se reúnem entre sexta-feira e domingo em Araxá (MG).
passiva ACC-PASS CP764-7 Podem dizer-se coisas muito válidas politicamente com uma linguagem pobre e que não entra nas pessoas
construções com léxico que exibe o clítico inerentemente ACC <refl> CF473-2 «Trata-se de um candidato que estreou em comício sob vaias e quer, pela via do preconceito, enfraquecer quem lidera as pesquisas», disse Falcão sobre FHC.
CF340-2 O ciclista espanhol, 48, se suicidou em Caupenne d' Armagnac, no sul da França com um tiro.

Finalmente, há casos ambíguos, nomeadamente entre as funções ACC-PASS (se apassivante) e SUBJ (sujeito). Estes casos ambíguos correspondem a contextos transitivos em que o objecto pode comutar com a função de sujeito porque é singular. Veja-se o seguinte exemplo:

CP21-1 O russo será uma das seis línguas principais usadas por João Paulo II ..., no Encontro Mundial da Juventude, ..., onde se prevê a presença de um milhão de jovens

A frase acima pode ser perspectivada tanto como uma frase activa como passiva: “O russo será uma das seis línguas principais usadas por João Paulo II ..., no Encontro Mundial da Juventude, ..., onde a presença de um milhão de jovens é prevista.” (passiva) ou “O russo será uma das seis línguas principais usadas por João Paulo II ..., no Encontro Mundial da Juventude, ..., onde prevemos a presença de um milhão de jovens .” (activa). Há, no entanto, determinados factores que favorecem a primeira análise, e não outra, em frases transitivas. Mencionamos alguns (Afonso 2003):

12.3. Sintagmas preposicionais complexos

Os sintagmas preposicionais complexos compõem-se de duas preposições e respectivos complementos. São, assim, dois sintagmas preposicionais que estão relacionados e que hierarquicamente são idênticos relativamente ao núcleo que modificam. As seguintes expressões são exemplos de sintagmas preposicionais complexos:

Uma vez que existe já uma representação para os casos de coordenação (ver secção 11), que não é mais do que a representação de constituintes que se unem num sintagma por evidenciarem uma relação de determinado tipo, usou-se o mesmo tipo de representação para os sintagmas preposicionais complexos. A representação é a seguinte: 1) um sintagma cuja forma é cu (compound unit) e 2) duas partes (cada um dos sintagmas preposicionais) ao mesmo nível de constituinte: PCJT. O seguinte exemplo ilustra esta representação:

CP815-2 Ensemble, de actores para actores
A1
UTT:np
=H:prop('Ensemble' M S) Ensemble
=,
=N<PRED:cu ==PCJT:pp
===H:prp('de') de
===P<:n('actor' M P) actores
==PCJT:pp
===H:prp('para') para
===P<:np
====H:n('actor' M P) actores

A sua estrutura assemelha-se assim a uma relação de coordenação pelo facto de existirem dois complementos que são hierarquicamente idênticos face ao elemento que partilham ou a toda a proposição.

12.4. Estruturas de foco (FOC) e de tópico (TOP)

Entende-se por estrutura de foco estruturas em que determinadas partes da oração são focalizadas. O Bosque possui etiquetas próprias para representar essas estruturas (FOC), de que são exemplos:

CP24-6 Aliás, era contra as «terças-feiras», propiciadoras de sugestivas «pontes», que a lei governamental mais se batia ...

O elemento foco contra as «terças-feiras», propiciadoras de sugestivas «pontes» encontra-se sinalizado sintacticamente, através da sequência composta por uma forma do verbo ser (é /era /foi ) e a conjunção que . Ambos os elementos da sequência indicadora de que um elemento é focalizado têm a função sintáctica FOC, a nível oracional. Em termos de forma, ambos os elementos são advérbios de foco. A representação é a seguinte:

A1
STA:fcl
=ADVL:adv('aliás' <kc>) Aliás
=,
=FOC:adv('era' <foc>) era =ADVL:pp ==H:prp('contra') contra ==P<:np ===>N:art('o' <artd> F P) as ===« ===H:n('terça-feira' F P) terças-feiras ===» ===, ===N<PRED:adjp ====H:adj('propiciador' F P) propiciadoras ====A<:pp =====H:prp('de') de =====P<:np ======>N:adj('sugestivo' F P) sugestivas ======« ======H:n('ponte' F P) pontes ======» =, =FOC:adv('que' <foc>) que =SUBJ:np ==>N:art('o' <artd> F S) a ==H:n('lei' F S) lei ==N<:adj('governamental' F S) governamental =ADVL:adv('mais' <quant>) mais =ACC:pron-pers('se' <refl> F 3S ACC) se =P:v-fin('bater' IMPF 3S IND) batia =...

Numa estrutura de tópico, ou de elementos pleonásticos (Cintra et al. 1985:140, 144, 146), há a repetição de um elemento, que serve como comentário a um elemento não novo na frase, como o seguinte exemplo ilustra:

CP85-8 As declarações prestou-as ontem durante o almoço que ofereceu, em S. Bento, às personalidades do teatro.

CP114-5 O fado, esse, ficou aquém.

O elemento pleonástico tem TOP como etiqueta de função, a nível oracional, e pode ser um nó terminal ou um sintagma. O elemento não pleonástico, pronominal, retém a sua função sintáctica na oração. A representação é a seguinte:

A1
STA:fcl
=TOP:np ==>N:art('o' <artd> F P) As ==H:n('declaração' F P) declarações =P:v-fin('prestar' PS 3S IND) prestou- =ACC:pron-pers('elas' F 3P ACC) as =ADVL:adv('ontem') ontem =ADVL:pp ==H:prp('durante') durante ==P<:np ===>N:art('o' <artd> M S) o ===H:n('almoço' M S) almoço ...
A1
STA:fcl
=SUBJ:np ==>N:art('o' <artd> M S) O ==H:n('fado' M S) fado =, =TOP:pron-det('esse' <dem> <foc> M S) esse =, =P:v-fin('ficar' PS 3S IND) ficou =ADVS:adv('aquém') aquém =.

1O caso em que se considerou a função de vocativo para o se aplica-se apenas no seguinte contexto:verbo principal no modo conjuntivo; verbo principal com flexão de pessoa singular ou plural;oração iniciada por verbo e clítico

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13. Partitivos

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Por expressões partitivas entende-se tipos de expressões de quantificação que designam partes de um todo. Os exemplos seguintes ilustram expressões partitivas:

Geralmente a unidade dividida em partes  (expressa em expressões partitivas) é de natureza nominal ou são quantificadores. Outra característica é a existência da preposição de imediatamente após a expressão partitiva.

Na Floresta, a análise sintáctica associada a expressões partitivas é a seguinte:

CP157-3 Dois terços dessas economias serão obtidas através de cortes nas despesas do Estado Federal, províncias e autoridades comunais, estando o resto dependente de um aumento de receitas.

A1
STA:fcl
=SUBJ:adjp
==>A:num('dois' <card> M P) Dois
==H:adj('terço' <NUM-ord> M P) terços
==A<:pp
===H:prp('de' <sam->) de
===P<:np
====>N:pron-det('esse' <-sam> <dem> F P) essas
====H:n('economia' F P) economias

CP18-4 Eurico e Milton Areal porque o terreno estava quase impraticável, mas nem melhor nem pior do que na primeira metade do encontro e o Tirsense parecia mais fresco e estava em situação de vantagem numérica.


=======ADVL:pp
========H:prp('em' <sam->) em
========P<:np
=========>N:art('o' <-sam> <artd> S) a
=========>N:adj('primeiro' <NUM-ord> F S) primeira
=========H:n('metade' F S) metade
=========N<ARG:pp
==========H:prp('de' <sam->) de
==========P<:np
===========>N:art('o' <-sam> <artd> M S) o
===========H:n('encontro' M S) encontro

CP1-3 É uma das mais antigas discotecas do Algarve, situada em Albufeira, que continua a manter os traços decorativos e as clientelas de sempre.

A1
STA:fcl
=P:v-fin('ser' PR 3S IND) É
=SC:np
==H:num('um' <card> F S) uma
==A<:pp
===H:prp('de' <sam->) de
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> <artd> P) as
====>N:adjp
=====>A:adv('mais' <quant>) mais
=====H:adj('antigo' F P) antigas
====H:n('discoteca' <np-partitive2> F P) discotecas

CP392-11 O presidente da Associação Portuguesa de Surdos advertiu ontem que o desenvolvimento da maioria da população surda «deixa muito a desejar».
.

...
==SUBJ:np
==>N:art('o' <artd> M S) o
==H:n('desenvolvimento' M S) desenvolvimento
==N<ARGS:pp
===H:prp('de' <sam->) de
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> <artd> F S) a
====H:n('maioria' F S) maioria
====N<ARG:pp
=====H:prp('de' <sam->) de
=====P<:np
======>N:art('o' <-sam> <artd> F S) a
======H:n('população' <np-partitive1> F S) população


CF1-8 Muitas das prioridades do novo governo coincidem com as prioridades do PT.

A1
STA:fcl
=SUBJ:np
==H:pron-det('muito' <quant> F P) Muitas
==N<:pp
===H:prp('de' <sam->) de
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> <artd> F P) as
====H:n('prioridade' <np-partitive2> F P) prioridades

Como se pode observar, a análise das expressões partitivas no Bosque toma como núcleo do sintagma não a unidade, mas a parte em que a unidade está dividida (a negrito nos exemplos).

De um ponto de vista estritamente semântico, a expressão de partitivos segue a distinção contável / não contável - mas, em português, este critério semântico pode não ser suficiente. Os partitivos podem incluir também substantivos contáveis, em construções em que núcleos sintácticos e semânticos diferem:

    Um pedaço de pão
    Duas dúzias de laranjas
    Muitos dos soldados

A partitividade é, principalmente, uma noção semântica, relacionada às atividades de contagem e medição, o que permite encontrar diferentes estruturas linguísticas na tentativa de marcar a sua contraparte sintáctica.  Sob o "rótulo" de partitivos, é possível distinguir fenômenos como a separação contável / não contável ou a idéia mais geral de parte de um todo.  No Bosque, tentamos manter essas distinções, introduzindo as seguintes etiquetas secundárias: 


partitivos com não contáveis ...bebeu um copo de água; ...pesou metade da farinha... <np-partitive1>
expr. de quantif. /pron. com art. def. e  subst. contável a maioria dos feridos, boa parte dos problemas; metade dos leitores; alguns dos meninos, três dos meninos.. <np-partitive2>
"outros" quantificadores  com PP:   uma série de questões, milhões de usuários <np-dequant>


Para procurar estruturas partitivas do Bosque com auxílio da ferramenta de busca em árvores Milhafre, basta ir ao campo "Procuráveis" e digitar np-partitive1, np-partitive2 ou np-dequant.

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14. Tipos de orações

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Esta secção descreve a Floresta numa perspectiva oracional, isto é, pretende-se descrever certos tipos de orações básicas, seguindo a nomenclatura tradicional.

14.1. Oração comparativa

A oração comparativa possui dois termos que se encontram numa relação de comparação.

A relação de comparação pode ser uma relação de inferioridade, igualdade ou superioridade que um termo exibe relativamente ao outro.

A relação é tipicamente expressa por um adjectivo, advérbio ou verbo que é modificado por advérbios, dependendo do tipo de relação; a relação de inferioridade exibe o advérbio menos, a de igualdade, o advérbio tão e a de superioridade, o advérbio mais . Exceptuam-se os casos em que o adjectivo ou advérbio tem formas próprias de expressar as relações de inferioridade e superioridade, como os adjectivos bom, mau, etc. A relação de comparação pode, embora menos frequentemente, ser expressa por uma expressão nominal, como, por exemplo, “%” (Ex: CP332-1 A nossa participada …atingiu uma facturação de cerca de 1.150.000 contos, mais 48% do que no ano anterior).

O segundo termo de comparação é marcado pela existência de (do) que ou como, quanto que o precede.

Os seguintes exemplos ilustram cada uma das relações de comparação acima descritas:

Relação de inferioridade

CP203-1 A banda sonora de «Thirtysomething» é a de uma série televisiva, domínio onde a música vem sendo tratada pior que no cinema.

Relação de igualdade

CF158-3 «Nós não vamos acreditar que um povo tão culto como o da Guanabara possa ter problemas como andam dizendo por aí», afirmou, referindo-se à população do antigo Estado da Guanabara, que desapareceu na fusão com o Estado do Rio de Janeiro.

Relação de superioridade

CF119-1 Não sei se fui claro: seria mais fácil um pinguim cruzar três Saaras do que FHC comer carne de bode espremido a um magote de sertanejos suados.

14.1.1. Representação da relação de comparação

Em termos de representação em árvores, a particularidade é o segundo termo de comparação ser etiquetado com KOMP< (etiqueta de sintagma) ao mesmo nível de constituintes que o adjectivo ou advérbio e o seu dependente. Assume-se que numa relação de comparação de inferioridade, igualdade e superioridade, os termos de comparação são sempre orações, estando o verbo principal expresso ou omisso. KOMP< terá como forma ‘fcl’, no caso de o verbo principal estar expresso ou ‘acl’, no caso de o verbo principal estar omisso.

O complementizador (do) que, como, quanto terá a etiqueta de função COM. O seguinte exemplo ilustra a representação das orações comparativas em árvore:

CF158-3 «Nós não vamos acreditar que um povo tão culto como o da Guanabara possa ter problemas como andam dizendo por aí», afirmou, referindo-se à população do antigo Estado da Guanabara, que desapareceu na fusão com o Estado do Rio de Janeiro.

A1
STA:fcl
=ACC:fcl

==SUBJ:pron-pers('nós' M 1P NOM) Nós
==ADVL:adv('não') não
==P:vp
===AUX:v-fin('ir' PR 1P IND) vamos
===MV:v-inf('acreditar') acreditar
==ACC:fcl
===SUB:conj-s('que') que
===SUBJ:np
====>N:art('um' <arti> M S) um
====H:n('povo' M S) povo
====N<:adjp
=====>A:adv('tão' <quant> <KOMP>) tão
=====H:adj('culto' M S) culto
=====KOMP<:acl
======COM:adv('como' <rel> <ks>) como
======SUBJ:np
=======H:pron-det('o' <dem> M S) o
=======N<:pp
========H:prp('de' <sam->) de
========P<:np
=========>N:art('o' <-sam> <artd> F S) a
=========H:prop('Guanabara' F S) Guanabara

CP687-4 ; e a sua relevância é tanto maior quanto o seu calendário a torna um barómetro da estação que antecipa.

A1
STA:fcl
=;
=CO:conj-c('e') e
=SUBJ:np
==>N:art('o' <artd> F S) a
==>N:pron-det('seu' <poss 3S> F S) sua
==H:n('relevância' F S) relevância
=P:v-fin('ser' PR 3S IND) é
=SC:adjp
==>A:adv('tanto' <quant> <KOMP>) tanto
==H:adj('grande' <KOMP> F S) maior
==KOMP<:fcl
===COM:adv('quanto' <rel> <ks> <quant>) quanto
===SUBJ:np
====>N:art('o' <artd> M S) o
====>N:pron-det('seu' <poss 3S> M S) seu
====H:n('calendário' M S) calendário
===ACC:pron-pers('ela' F 3S ACC) a
===P:v-fin('tornar' PR 3S IND) torna
===OC:np
====>N:art('um' <arti> M S) um
====H:n('barómetro' M S) barómetro
...

No entanto, diferentemente dos exemplos acima, nem sempre o adjectivo ou advérbio ocorre imediatamente antes do segundo termo de comparação. Nesses casos, a representação da relação de comparação far-se-á através de constituintes descontínuos (ver secção 9 sobre representação de descontinuidade), como o seguinte exemplo:

CF119-1 Não sei se fui claro: seria mais fácil um pinguim cruzar três Saaras do que FHC comer carne de bode espremido a um magote de sertanejos suados.


=P:v-fin('ser' COND 1/3S) seria
=SC:adjp-
==>A:adv('mais' <quant> <KOMP>) mais
==H:adj('fácil' M S) fácil
=SUBJ:np
==>N:art('um' <arti> M S) um
==H:n('pinguim' M S) pinguim
=P:v-inf('cruzar') cruzar
=ACC:np
==>N:num('três' <card> M P) três
==H:prop('Saaras' M P) Saaras
=-SC:adjp
==KOMP<:acl
===COM:conj-s('do_que') do_que
===SUBJ:prop('FHC' M S) FHC
===P:v-inf('comer') comer
===ACC:np
====H:n('carne' F S) carne
====N<:pp
=====H:prp('de') de
=====P<:np
======H:n('bode' M S) bode
======N<:v-pcp('espremer' M S) espremido


           





14.1.2. Superlativo relativo de inferioridade e superioridade

Semanticamente, o superlativo relativo de inferioridade e superioridade estabelecem uma comparação (Mateus et al, 1989:318). Os seguintes exemplos ilustram estas expressões:

O mesmo tipo de análise para as orações comparativas de inferioridade, igualdade e superioridade é usado para as orações comparativas superlativas relativas, como se pode observar nas seguintes árvores:

CF121-9 Sua popularidade está mais baixa do que nunca e um de seus possíveis oponentes é filho de George Bush.

A1
STA:cu
=CJT:fcl
==SUBJ:np
===>N:pron-det('seu' <poss 3S> F S) Sua
===H:n('popularidade' F S) popularidade
==P:v-fin('estar' PR 3S IND) está
==SC:adjp
===>A:adv('mais' <quant> <KOMP>) mais
===H:adj('baixo' F S) baixa
===KOMP<:fcl
====COM:conj-s('do_que') do_que
====ADVL:adv('nunca') nunca

CP484-9 No pior dos cenários, o país volta a abster-se e a regionalização tem assegurados mais 25 anos de permanência no fundo falso da gaveta da democracia.

A1
STA:fcl
=ADVL:pp
==H:prp('em' <sam->) Em
==P<:np
===>N:art('o' <-sam> <artd> M S) o
===H:adj('mau' <n> <KOMP> <SUP> M S) pior
===KOMP<:pp
====H:prp('de' <sam->) de
====P<:np
=====>N:art('o' <-sam> <artd> M P) os
=====H:n('cenário' M P) cenários
=,

14.2. Oração consecutiva

As orações consecutivas exprimem uma relação de implicação ou causalidade entre dois elementos. São, juntamente com as orações comparativas, construções de graduação (Mateus et al, 1989:314).

Na Floresta, as orações consecutivas têm uma análise sintáctica semelhante às orações comparativas, embora o que não seja complementizador (COM) mas um subordinador (SUB), como se pode constatar pelos exemplos a seguir. Além disso, no Bosque, o verbo de orações subordinadas consecutivas é marcado com a etiqueta secundária <fs-cons>. 

Com isso, as orações consecutivas podem ser facilmente encontradas por meio da interface de busca em árvores Milhafre. Para tanto, basta digitar fs-cons no campo Procuráveis ou, para o caso de buscar os verbos de orações consecutivas que estão no infinitivo, icl-cons.

CP649-4 Uma história bem real, tão real e violenta que o livro foi já posto fora de circulação oficial no Brasil

A1
UTT:np
=>N:art('um' <arti> F S) Uma
=H:n('história' F S) história
=N<:adjp
==>A:adv('bem' <quant>) bem
==H:adj('real' F S) real
=,
=N<PRED:adjp
==>A:adv('tão' <dem> <quant> <KOMP>) tão
==H:cu
===CJT:adj('real' F S) real
===CO:conj-c('e' <co-postnom>) e
===CJT:adj('violento' F S) violenta
==KOMP<:fcl
===SUB:conj-s('que') que
===SUBJ:np
====>N:art('o' <artd> M S) o
====H:n('livro' M S) livro
===P:vp-
====AUX:v-fin('ser' PS 3S IND) foi
===ADVL:adv('já') já
===-P:vp
====MV:v-pcp('pôr' <fs-cons> M S) posto
===ADVS:pp
====H:prp('fora_de') fora_de
====P<:np
=====H:n('circulação' F S) circulação
=====N<:adj('oficial' F S) oficial
...

CF259-1 O tricolor, após tantas decepções na temporada, vai às finais da Conmebol, caça-níqueis tão inexpressivo que o próprio São Paulo inscreveu apenas jogadores jovens, que se denominaram Leões, ao invés de o tradicional Expressinho.

A1
STA:fcl
=SUBJ:np
==>N:art('o' <artd> M S) O
==H:adj('tricolor' <n> M S) tricolor
...
=P:v-fin('ir' PR 3S IND) vai
=ADVS:pp
==H:prp('a' <sam->) a
==P<:np
===>N:art('o' <-sam> <artd> F P) as
===H:n('final' F P) finais
===N<:pp
====H:prp('de' <sam->) de
====P<:np
=====>N:art('o' <-sam> <artd> F S) a
=====H:prop('Conmebol' F S) Conmebol
=====,
=====N<PRED:np
======H:n('caça-níqueis' M S) caça-níqueis
======N<:adjp
=======>A:adv('tão' <dem> <quant> <KOMP>) tão
=======H:adj('inexpressivo' M S) inexpressivo
=======KOMP<:fcl
========SUB:conj-s('que') que
========SUBJ:np
=========>N:art('o' <artd> M S) o
=========>N:pron-det('próprio' <ident> M S) próprio
=========H:prop('São_Paulo' M S) São_Paulo
========P:v-fin('inscrever' <fs-cons> PS 3S IND) inscreveu
========ACC:np
=========>N:adv('apenas') apenas
=========H:n('jogador' M P) jogadores
=========N<:adj('jovem' M P) jovens
...

14.3. Oração relativa

As orações relativas são iniciadas por um pronome relativo que concorda em género e número com o seu antecedente. A função da oração relativa é de modificador do seu antecedente. O seguinte exemplo ilustra uma oração relativa:

CF260-2 Em respeito à história, diga-se que o mal que a UDN fez ao país não decorreu de seu moralismo, mas de sua amoralidade.

As orações relativas, como modificadoras de nomes, podem ter, na Floresta Sintáctica, as funções de adjunto adnominal (N<) ou de epíteto predicativo (N).

CF709-3 E, para Bruno Bettelheim, as pequenas velas e lâmpadas que a iluminam seriam vestígios das antigas fogueiras que os pagãos do norte da Europa ateavam no alto das montanhas para antecipar a chegada do Sol e o fim do inverno.

=SUBJ:np
==>N:art('o'  F P)	as
==>N:adj('pequeno' F P)	pequenas
==H:cu
===CJT:np
====H:n('vela'  F P)	velas
===CO:conj-c('e')	e
===CJT:np
====H:n('lâmpada'  F P)	lâmpadas
==N<:fcl
===SUBJ:np
====H:pron-indp('que'  F P)	que
===ACC:np
====H:pron-pers('ela' F 3S ACC)	a
===P:vp
====MV:v-fin('iluminar'  PR 3P IND)	iluminam
=P:vp
==MV:v-fin('ser' COND 3P)	seriam
=SC:np
==H:n('vestígio'  M P)	vestígios
==N<:pp
===H:prp('de' )	de
===P<:np
====>N:art('o' <-sam>  F P)	as
====>N:adj('antigo' F P)	antigas
====H:n('fogueira'  F P)	fogueiras
====N<:fcl
=====ACC:np
======H:pron-indp('que'  F P)	que
=====SUBJ:np
======>N:art('o'  M P)	os
======H:n('pagão'  M P)	pagãos
======N<:pp
=======H:prp('de' )	de
=======P<:np
========>N:art('o' <-sam>  M S)	o
========H:n('norte'  M S)	norte
========N<:pp
=========H:prp('de' )	de
=========P<:np
==========>N:art('o' <-sam>  F S)	a
==========H:prop('Europa' F S)	Europa
=====P:vp
======MV:v-fin('atear'  IMPF 3P IND)	ateavam


Na frase acima, há duas orações relativas, indicadas com N<:fcl (leia-se: um modificador do nome (N<) que é uma oração finita (fcl)). Na primeira delas, o pronome relativo exerce a função de sujeito (que = lâmpadas / lâmpadas iluminam) e, na segunda, exerce a função de objecto directo (ACC) (que = fogueiras / atear fogueiras). Como os verbos de orações relativas são marcados com a etiqueta fs-rel, podem ser facilmente encontrados com a interface de busca em árvores Milhafre. Para tanto, basta digitar fs-rel no campo Procuráveis.

Nos exemplos acima, o pronome relativo segue imediatamente o constituinte a que faz referência. Mas nem sempre assim ocorre, como se pode constatar no exemplo em baixo:

CP650-4 O conselho foi ontem dado pelos técnicos da OCDE, no seu mais recente relatório sobre o estado da economia norte-americana, em que se avisa as autoridades do país a reduzirem os gastos com a Segurança Social com o objectivo de assegurar, a longo prazo, a saúde financeira federal.

Esta situação ocorre apenas porque o pronome relativo faz parte de um outro constituinte um ou mais níveis abaixo do constituinte imediatamente abaixo do nó não terminal que indica uma oração dependente. A representação será a seguinte:

CP650-4 O conselho foi ontem dado …, no seu mais recente relatório sobre o estado da economia norte-americana, em que se avisa as autoridades do país a reduzirem os gastos com a Segurança Social


=ADVL:pp
==H:prp('em' <sam->) em
==P<:np
===>N:art('o' <-sam> <artd> M S) o
===>N:pron-det('seu'<poss 3S> <si> M S) seu
===>N:adjp
====>A:adv('mais' <quant> <KOMP>) mais
====H:adj('recente' M S) recente
===H:n('relatório' M S) relatório
===N<:pp
====H:prp('sobre') sobre
====P<:np
=====>N:art('o' <artd> M S) o
=====H:n('estado' M S) estado
=====N<:pp
======H:prp('de' <sam->) de
======P<:np
=======>N:art('o' <-sam> <artd> F S) a
=======H:n('economia' F S) economia
=======N<:adj('norte-americano' F S) norte-americana
===,
===N<PRED:fcl
====ADVL:pp
=====H:prp('em') em
=====P<:pron-indp('que' <rel> M S) que
====SUBJ:pron-pers('se' M/F 3S/P ACC) se
====P:v-fin('avisar' <fs-rel> PR 3S IND) avisa
====ACC:np
=====>N:art('o' <artd> F P) as
=====H:n('autoridade' F P) autoridades

Pode também existir descontinuidades nas orações relativas. No exemplo a seguir, a descontinuidade é motivada pelo facto de o sujeito de um verbo, que corresponde ao pronome relativo, a um nível de constituinte mais baixo ter sido deslocado para um nível de constituinte mais elevado. A representação da árvore é a seguinte (o verbo de uma oração relativa é marcado no Bosque com a etiqueta secundária <fs-rel>:

CP271-3 «Isto é maravilhoso, é um verdadeiro tesouro, que não imaginei que existisse ».

A1
STA:cu

=CJT:fcl
==SUBJ:pron-indp('isto' <dem> M S) Isto
==P:v-fin('ser' PR 3S IND) é
==SC:adj('maravilhoso' M S) maravilhoso
=,
=CJT:fcl
==P:v-fin('ser' PR 3S IND) é
==SC:np
===>N:art('um' <arti> M S) um
===>N:adj('verdadeiro' M S) verdadeiro
===H:n('tesouro' M S) tesouro
===,
= ==N<PRED:fcl
== ==ACC:fcl-
=== ==SUBJ:pron-indp('que' <rel> M S) que
====ADVL:adv('não') não
= ===P:v-fin('imaginar' <fs-rel> PS 1S IND) imaginei
== ==-ACC:fcl
=== ==SUB:conj-s('que') que
==== =P:v-fin('existir' IMPF 3S SUBJ) existisse

=.


14.4. Oração causal

As orações causais expressam causa, motivo, razão da ideia expressa na oração principal. São introduzidas por conjunções / locuções causais porque, visto que, já que, uma vez que, etc. No Bosque, o verbo de orações subordinadas causais está marcado com a etiqueta secundária <fs-cause> Com isso, as orações causais podem ser facilmente encontradas com o Milhafre, a interface de busca em árvores sintácticas. Para tanto, basta digitar fs-cause no campo Procuráveis ou, para o caso de buscar os verbos de orações causais que estão no infinitivo, icl-cause.

CF247-5 Isso porque ninguém sabe quais serão os critérios da conversão automática, explica.

=ADVL:fcl
==SUB:conj-s('porque') porque
==SUBJ:np
===H:pron-indp('ninguém' M S) ninguém
==P:vp
===MV:v-fin('saber' <fs-cause> PR 3S IND) sabe
=SC:fcl
==SC:np
===H:pron-det('qual' M P) quais
==P:vp
===MV:v-fin('ser' FUT 3P IND) serão
==SUBJ:np
===>N:art('o' <artd> M P) os
===H:n('critério' M P) critérios
===N<:pp
====H:prp('de' <sam->) de
====P<:np
=====>N:art('o' <-sam> <artd> F S) a
=====H:n('conversão' F S) conversão


14.5. Oração concessiva

As orações concessivas expressam a ideia geral de oposição ao que foi dito na oração principal. Como a conjunção concessiva esvazia a força causal ou argumentativa do fato que anuncia, o conteúdo da oração principal passa a representar o contrário do que se espera. É possível ainda caracterizá-las como orações nas que introduzem um fato/ideia considerado irrelevante para o conteúdo restante do enunciado (Azeredo, 2000:237). São introduzidas por conjunções / locuções concessivas embora, ainda que, mesmo que, se bem que, nao obstante, conquanto, etc. No Bosque, os verbos de orações subordinadas concessivas estão marcados com a etiqueta secundária <fs-conc>. Para encontrá-los usando a ferramenta de busca em árvores sintácticas Milhafre, basta digitar <fs-conc> ou então <icl-conc>, caso deseje os verbos de orações concessivas no infinitivo.

CP652-1 Para os habitantes do Sul, observou a Reuter, a discussão da guerra civil nas Nações Unidas dá credibilidade ao seu Estado, embora este seja apenas reconhecido pela Somalilândia, outro território secessionista, da vizinha Somália, que também ninguém reconheceu.

=ADVL:fcl
==SUB:conj-s('embora')    embora
==SUBJ:np
===H:pron-det('este' <dem> M S)    este
==P:vp-
===AUX:v-fin('ser' <fs-conc> PR 3S SUBJ)    seja
==ADVL:advp
===H:adv('apenas')    apenas
==-P:vp
===MV:v-pcp('reconhecer' M S)    reconhecido
==PASS:pp
===H:prp('por' <sam->)    por
===P<:np
====>N:art('o' <-sam> <artd> F S)    a
====H:prop('Somalilândia' F S)    Somalilândia

14.6. Oração conformativa

As orações conformativas expressam um fato que ocorre em conformidade com outro, expresso na oração principal, numa espécie de confirmação. São introduzidas por conjunções conformativas conforme, como, segundo, consoante, etc. No Bosque, o verbo de orações subordinadas conformativas está marcado com a etiqueta secundária <fs-conf>. Para encontrar tais verbos, usando a interface de busca em árvores sintácticas Milhafre, basta digitar <fs-conf> ou então <icl-conf>, caso deseje os verbos de orações conformativas no infinitivo.

CF719-2 «Ele reclamou de que não lhe pagariam o prometido, não lhe dariam um carro e que só bancariam seis meses de aluguel de sua casa e não os quatro anos, como esperava», disse o dirigente.

=====ADVL:fcl
======SUB:conj-s('como' <ks>)    como
======P:vp
======MV:v-fin('esperar' <fs-conf> IMPF 3S IND)    esperava

14.7. Oração condicional

As orações condicionais expressam uma condição necessária para a realização ou não do que está expresso na oração principal ou ainda um facto que está em contradição com o expresso na oração principal. São introduzidas por conjunções condicionais: se, caso, sem que, dado que, uma vez que, desde que ( as duas últimas + verbo no subjuntivo), etc. No Bosque, o verbo de orações subordinadas condiconais está marcado com a etiqueta secundária <fs-cond>. Para encontrá-los usando a ferramenta de busca em árvores sintácticas Milhafre, basta digitar <fs-cond> ou então <icl-cond>, caso deseje os verbos de orações condicionais no infinitivo.

CP488-4 Tomando como caso concreto a França, com um mercado de trabalho considerado pouco flexível, o mesmo responsável do FMI antevê que a Europa deverá continuar a registar um «crescimento lento», caso não concretize rapidamente as necessárias reformas estruturais.

=ADVL:fcl
==SUB:conj-s('caso')    caso
==ADVL:advp
===H:adv('não')    não
==P:vp
===MV:v-fin('concretizar' <fs-cond> PR 3S SUBJ)    concretize


14.8. Oração final

As orações finais expressam objectivo ou finalidade do que está expresso na oração principal. São introduzidas por conjunções finais: para que, a fim de que, etc. No Bosque, o verbo de orações subordinadas finais está marcado com a etiqueta secundária <fs-fin>.Para encontrá-los usando a ferramenta de busca em árvores sintácticas Milhafre, basta digitar <fs-fin> ou então <icl-fin>, caso deseje os verbos de orações finais no infinitivo.

CF33-1 O Pentágono usa a Internet, que conecta computadores a sistemas telefônicos, para que seus funcionários troquem informações.


=ADVL:pp
==H:prp('para')    para
==P<:fcl
===SUB:conj-s('que')    que
===SUBJ:np
====>N:pron-det('seu' <poss 3S> M P)    seus
====H:n('funcionário' M P)    funcionários
===P:vp
====MV:v-fin('trocar' <fs-fin> PR 3P SUBJ)    troquem
===ACC:np
====H:n('informação' F P)    informações

14.9. Oração temporal

As orações temporais expressam o tempo de realização do que está expresso na oração principal. São introduzidas por conjunções/locuções temporais: quando, antes que, primeiro que, depois que, logo que, assim que, sempre que, enquanto, etc. No Bosque, os verbos de orações subordinadas temporais estão marcados com a etiqueta secundária <fs-temp> .Para encontrá-los usando a ferramenta de busca em árvores sintácticas Milhafre, basta digitar <fs-temp> ou então <icl-temp>, caso deseje os verbos de orações temporais no infinitivo.

CP999-1 N. R. A razão por que se realçou no título da notícia em causa o benefício do whisky foi porque ela se refere a um estudo que realçava esse facto, o que se compreende quando se sabe que se trata de um estudo britânico.

===H:pron-pers('se' M/F 3S/P ACC)    se
==P:vp
===MV:v-fin('compreender' PR 3S IND)    compreende
==ADVL:fcl
===ADVL:advp
====H:adv('quando')    quando
===SUBJ:np
====H:pron-pers('se' M/F 3S/P ACC)    se
===P:vp
====MV:v-fin('saber' <fs-temp> PR 3S IND)    sabe
===ACC:fcl

14.10. Orações Passivas

As orações passivas estão descritas na secção 12

.

14.11. Orações Subordinadas

As orações subordinadas, adjetivas (orações relativas) e substantivas estão descritas na secção 3.2

.
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Árvores deitadas: Descrição do formato e descrição das opções de análise na Floresta Sintá(c)tica

15. Informação detalhada sobre icl e acl

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Relativamente às orações não finitas e em particular àquelas que têm por predicador um verbo de forma participial, nem sempre a presença desta forma verbal implica a formação de oração. É fundamental, por isso, analisar que argumentos e adjuntos verbais são referentes a que predicadores. Não existindo argumentos e/ou adjuntos verbais referentes ao particípio, não se formará oração, e como tal, o particípio não será um predicador (P) mas possuirá função sintagmática. Os seguintes exemplos ilustram a formação e não formação de oração com particípio passado:

No caso das oração deverbais (“acl”), há a considerar o seguinte:


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18. Procuráveis

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Procuráveis são etiquetas atreladas aos verbos, principalmente, e também a alguns nomes, que permitem

  1. busca simples por estruturas que, de outra maneira, demandariam uma busca um pouco mais complexa pelas árvores sintácticas;
  2. codificação (e busca) por informações que, de outra maneira, não estariam marcadas, porque são infomações mais semânticas que sintácticas - como a tipologia de algumas orações adverbiais, e a referência aos partitivos.

Ou seja, a idéia principal subjacente aos procuráveis é a de facilitar a busca: quer para aqueles que utilizam diretamente a ferramenta de busca em árvores sintáticas Milhafre, quer para os que olham directamente para os ficheiros nos formatos PennTreebank ou TigerXML (disponíveis para descarregar a partir da página principal da Floresta Sintáctica, na secção Formatos )

As etiquetas dos "procuráveis" têm o mesmo formato das etiquetas secundárias no Bosque, e estão sempre atreladas aos nós terminais (isto é, às palavras).

.

Para os que procuram determinadas estruturas sintáticas diretamente com o Milhafre, basta digitar escrever o procurável desejado no campo procurável. O quadro 3 apresenta todos os procuráveis que existem atualmente no Bosque (e também na Selva, embora nesta última não tenha havido uma revisão completa das etiquetas)

Para os procuráveis relacionados aos verbos - procuráveis que indicam verbos principais de alguns tipos de oração (veja o quadro) - a etiquetas estão sempre no verbo principal, ainda que o predicado (P) ou sintagma verbal (vp) seja formado por tempos compostos ou locuções verbais. Assim, por exemplo, no vp "iria comentar", embora trate-se de um de uma oração finita (fcl), o procurável terá a indicação de infinitivo, pois a etiqueta está no verbo principal, que está no infinitivo.

A frase abaixo contém 3 procuráveis:

CF5-4 O assessor de imprensa do Ministério da Fazenda, Sérgio Danese, disse ontem que o ministro da Fazenda, Rubens Ricúpero não iria comentar o assunto porque não tinha informações suficientes.

...
=P:vp
==MV:v-fin('dizer' PS 3S IND)	disse
=ADVL:advp
==H:adv('ontem')	ontem
=ACC:fcl
==SUB:conj-s('que')	que
==SUBJ:np
===>N:art('o' <artd> M S)	o
===H:n('ministro_da_Fazenda' M S)	ministro_da_Fazenda
===,
===APP:np
====H:prop('Rubens_Ricúpero' M S)	Rubens_Ricúpero
==ADVL:advp
===H:adv('não')	não
==P:vp
===AUX:v-fin('ir' COND 3S)	iria
===MV:v-inf('comentar' <icl-subst>)	comentar
==ACC:np
===>N:art('o' <artd> M S)	o
===H:n('assunto' M S)	assunto
==ADVL:fcl
===SUB:conj-s('porque')	porque
===ADVL:advp
====H:adv('não')	não
===P:vp
====MV:v-fin('ter' <fs-cause> <no-subj> IMPF 3S IND)	tinha
===ACC:np
====H:n('informação' F P)	informações
====N<:adjp
=====H:adj('suficiente' <quant> F P)	suficientes

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17. Outras marcações

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O Bosque inclui ainda uma série de etiquetas que não se referindo directamente a função e forma, têm como objectivo marcar certas estruturas de interesse linguístico.

As meta-etiquetas presentes no Bosque são as seguintes:


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18. Revisão futura

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19. A documentar

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Anexo 1: Glossário de etiquetas florestais

1. Etiquetas de função (F:...)

1.1. Argumentos ao nível da oração (governados por valência)

símbolo categoria
SUBJ sujeito (incluindo sujeitos impessoais se )
ACC objecto directo (incluindo alguns tipos de se)
ACC-PASS função do clítico se numa oração passiva (partícula apassivante)
DAT objecto indirecto pronominal
(incluindo se )
PIV objecto preposicional
SA complemento adverbial
[pode ser substituído por um pronome adverbial] (relativo ao sujeito)
OA complemento adverbial (relativo ao objecto)
SC predicativo do sujeito
OC predicativo do objeto
COM complementizador em estruturas de comparação (como, (do) que )
P predicador
PMV em contexto de coordenação, verbo principal coordenado com os seus próprios constituintes
PAUX em contexto de coordenação, verbo auxiliar partilhado por verbos principais com os seus próprios constituintes
MV verbo principal
AUX verbo auxiliar
AUX< em contexto de coordenção, partícula de ligação entre o auxiliar partilhado e verbos coordenados
PRT-AUX partícula de ligação verbal

1.2 Adjuntos oracionais (não governados por valência)

símbolo categoria
ADVL adjunto adverbial
PRED adjunto predicativo
PASS agente da passiva
S< aposto da oração
>S dependente de complementizador
VOC constituinte vocativo
FOC marcador de foco
TOP constituinte de tópico

1.3 Subordinação e coordenação

símbolo categoria
SUB subordinador
CO coordenador
CJT elemento conjunto
PCJT preposição conjunta (de/desde......a/até/para )

1.4 Função de um constituinte a nível do grupo

símbolo categoria
H núcleo
>N adjunto adnominal
(antecede o núcleo)
N< adjunto adnominal
(segue o núcleo)
N<ARG complemento nominal
(complementa um substantivo não deverbal)
N<ARGS complemento nominal
(complementa um substantivo deverbal, relativo ao sujeito)
N<ARGO complemento nominal
(complementa um substantivo deverbal, relativo ao objecto)
APP aposição (do substantivo)
[epíteto de identidade]
N<PRED adjeto predicativo
[epíteto predicativo]
>A dependente em adjp ou advp
(antecede o núcleo)
A< dependente em adjp ou advp
(segue o núcleo)
NUM< dependente de numeral
KOMP< complemento comparativo
>P dependente da preposição
P< argumento de preposição

1.5 Tipos de frase (função)

símbolo categoria
UTT STA
QUE
CMD
EXC
enunciado
STA enunciado  declarativo
QUE enunciado interrogativo
CMD enunciado imperativo
EXC enunciado exclamativo

2. Etiquetas de forma (...:f)

2.1. Formas de grupo

símbolo categoria
np sintagma nominal
(H: nome or pronome)
adjp sintagma adjectival
(H: adjectivo ou determinante)
advp sintagma adverbial
(H: advérbio)
vp sintagma verbal
(contém sempre MV e poderá exibir AUX)
pp sintagma preposicional
(H: preposição)
cu sintagma evidenciador de relação de coordenação
sq sequência de funções discursivas; sequência de elementos identificadores do falante, tema, etc. e do discurso propriamente dito

2.2. Formas oracionais

símbolo categoria
fcl oração finita

icl oração não-finita
acl oração averbal

2.3. Categoria gramatical (nós terminais)

símbolo categoria
n nome, substantivo
prop nome próprio
adj adjectivo
n-adj flutuação entre substantivo e adjectivo
v v-fin verbo finito
v-inf infinitivo
v-pcp particípio
v-ger gerúndio
art artigo
pron pron-pers pronome pessoal
pron-det pronome determinativo
pron-indp pronome independente (com comportamento semelhante ao nome)
adv advérbio
num numeral
prp preposição
intj interjeição
conj conj-s conjunção subordinativa
conj-c conjunção coordenativa

3. Procuráveis (<>) (etiquetas que facilitam a busca na interface Milhafre)

símbolo categoria Descrição da etiqueta
fs-conc
icl-conc
verbos de orações concessivas secção 14.5
fs-cause
icl-cause
verbos de orações causais  secção 14.4
fs-conf
icl-conf
verbos de orações conformativas  secção 14.6
fs-cond
icl-cond
verbos de orações condicionais secção 14.7
fs-cons
icl-cons
verbos de orações consecutivas secção 14.2
fs-temp
icl-temp
verbos de orações temporais secção 14.9
fs-fin
icl-fin
verbos de orações finais secção 14.8
fs-rel
icl-rel
verbos de orações relativas secção 3.2.1
fs-subst
icl-subst
verbos de orações substantivas secção 3.2.2
passive verbos de orações passivas secção 12
se-passive verbos de orações passivas com se secção 12.1.2
nosubj orações sem sujeito explícito secção 6.2.2.1
nofsubj orações sem sujeito formal secção 6.2.2.1
np-dequant estruturas com quantificadores secção 13
np-partitive1 partitivos com substantivos "não contáveis" (bebeu um copo d´água secção 13
np-partitive2 partitivos com substantivos "contáveis" (metade dos leitores) secção 13
As etiquetas fs referem-se a formas finitas do verbo, enquanto as etiquetas icl se referem a formas não-finitas (particípios, gerúndios e infinitivos)

4. Etiquetas secundárias (<>)

símbolo categoria exemplo
<artd> artigo definido art (o, as)
<arti> artigo indefinido art (umas)
<adv> adjectivo usado como advérbio fundo
<card>, veja <NUM-ord> numeral cardinal num (cinco, 14)
<co-acc>, <co-advl>, <co-advo>, <co-advs>, <co-app>, <co-dat>, <co-fmc>, <co-ger>, <co-inf>, <co-oc>, <co-pass>, <co-pcv>, <co-piv>, <co-postad>, <co-postnom>, <co-pred>, <co-prenom>, <co-prparg>, <co-sc>, <co-subj>, <co-vfin> indica que constituintes estão coordenados: ACC, ADVL, ADVO, ADVS, APP, DAT, orações, GER, INF, OC, PASS, P:pcp, PIV, A<, N<, PRED, >N, P<, SC, SUBJ, P:v-fin kc (e, ou)
<coll> pronome reflexo colectivo pron-pers (se : reunir-se, associar-se)
<dem> demonstrativo pron-det (estes), pron-indp (isso)
<det> uso semelhante a um pronome determinativo; advérbio inflecte ela estava toda nua
<diff> diferenciador pron-det (o mesmo,o outro)
<fmc>  verbo principal de uma oração finita v-fin (usado internamente para geração automática de árvores)
<foc> marcador de foco adv (eis, eis que, é que, foi ... que, é)
<hyfen> palavra hifenizada acreditá-lo --> 'acreditar' v-inf <hyfen> + 'o' pron-pers
<ident> pronome de identidade pron-det (ele mesmo,o próprio presidente)
<interr>, veja <rel> interrogativo pron-det (quanto, que), pron-indp (quem, o que), adv (onde, porquê)
<kc> advérbio com características de conjunção coordenativa adv (pois, entretanto, mais)
<KOMP> ligação a estruturas de comparação det, adv (mais, menos, pior, tal, mesmo)
<mente> em contexto de coordenação de advérios em mente, marca o primeiro advérbio coordenado elíptico
<n> outras categorias gramaticais usadas com propriedades nominais adj, pcp (os muito velhos)
<NUM-ord>, veja <card> numeral ordinal (subclasse de adjectivo) adj (terceiro, quinto)
<obj> pronome reflexo (pronome admite flexão) pron-pers (me, te, se, nos, vos : lavo-me, lava-se, etc.)
<poss 1S>, <poss 1P>, <poss 2S>, <poss 2P>, <poss 3S/P> possessivo pron-det (minha, nosso)
<prop> outras categorias gramaticais usadas com propriedades de nome próprio, i.e., com letra inicial maiúscula n (o Sol), adj, pcp
<predicate> em contexto de coordenação, marca o agrupamento de vp e constituintes e adjuntos do verbo principal, quando o sujeito e o predicativo do sujeito são partilhados
<prp> elemento com comportamento sintáctico de preposição como, embora (embora longe da dimensão que se pretende)
<quant> quantificador (indefinido) pron-det (pouca), pron-indp (nada)
<reci> pronome reflexo recíproco pron-pers (se : amar-se)
<refl> marca verbos lexicalmente reflexos (pronome não admite flexão) pron-pers (se : trata-se))
<rel> relativo pron-det (cujo), pron-indp (quem, que, o _qual), adv (onde, quando, como)
<sam-> 1a parte de uma contracção nisto --> em
<-sam> 2a parte de uma contracção nisto --> isto
<si> uso reflexivo de um pronome possessivo de 3a pessoa pron-det <poss> (seu, sua, seus, suas)
<SUP> superlativo adj, adv
Árvores deitadas: Descrição do formato e descrição das opções de análise na Floresta Sintá(c)tica

Anexo 2: Membros das classes fechadas

categoria exemplos
1. Conjunções
1.1. Conjunções coordenativas conj-c
/ (?)
$/ (?)
&
and
e
e/ou
mas
mais
nem
ou
quer….quer
tampouco
tanto
1.2. Conjunções subordinativas conj-s
a_fim_de_que
a_não_ser_que
ainda_que
ao_passo_que
caso
como
como_que
como_se
dado_que
de_modo_que
de_tal_modo_que
desde_que
do_que
e (?)
embora
enquanto_que
já_que
mesmo_que
para_que
pois
pois_que
por (?)
por_mais_que
porque
que
se
se_bem_que
senão
sendo_que
tanto_mais_que
um_vez_que
uma_vez
uma_vez_que
visto_que
2. Pronomes
2.1. Pronomes pessoais pron-pers

ela
elas
ele
ele/ela
eles
eles/elas
eu
nós
se
si
Sua_Excelência (?)
tu
você
vós
2.2. Pronome determinativo pron-det
a (?)
algo
algum
ambos
aquele
bastante
cada
certo
certos
cujo
demais
dezena
dezenas_de
diferentes
diversos
esse
este
la (?)
mais
menos
mesmo
meu
muitíssimo
muito
muito_de
nenhum
nosso
o (?)
o_que
outro
pouco
próprio
qual
qualquer
qualquer_que_fosse
qualquier
quando
quanto
que
semelhante
seu
tal
tanto
tão
teu
toda
toda_a
todas_as
todo
todo_o
todos_os
tudo
um
várias
vários
vosso
2.3. Pronome independente pron-indp
a_qual
algo
alguém
aquilo
cada_qual
cada_um
isso
isto
mais_nada
nada
nada_do_que
ninguém
o (?)
o_qual
o_que
os_quais
outrem
por_que
qualquier
quando
quanto
quanto_mais
que
que
quê
quem
semelhante
seu (?)
tal
tanto
tão
teu (?)
toda
toda_a
toda_a
toda_a_gente
todas_as
todo
todo
todo_mundo
todo_o
todo_o_mundo
todos_os
tudo
tudo_isso
tudo_isto
tudo_o_que
tudo_quanto
um (?)
um_pouco
várias
vários
vosso
3. Preposição prp
$/ (?)
a
à_beira_de
a_bordo
a_cargo_de
a_coberto_de
à_custa_de
a_favor_de
a_fim_de
à_hora_de
à_luz_de
a_mais_de
à_maneira_de
à_medida_de
a_par_de
a_partir_de
a_ponto_de
a_propósito_de
a_respeito_de
a_tempo_de
a_título_de
a_toda_a
à_venda_em
à_vista_de
à_volta_de
abaixo_de
acerca_de
acima_de
além_de
antes
ao
ao_cabo_de
ao_compasso_de
ao_contrário_de
ao_encontro_de
ao_invés_de
ao_lado_de
ao_largo_de
ao_longo_de
ao_pé_de
aos_olhos_de
apesar_de
após
aquando_de
aquém_de
até
atrás_de
através_de
com
com_base_em
com_relação_a
com_vista_a
como
conforme
contra
da_parte_de
dado
de
de_encontro_a
de_fora_de
de_forma_a
de_maneira_a
de_modo_a
debaixo_de
dentro_de
depois (?)
desde
desde_há (?)
detrás_de
devido
devido_a
diante_de
durante
em
em_abono_de
em_cima_de
em_detrimento_de
em_direção_a
em_face_de
em_favor_de
em_função_de
em_homenagem_a
em_jeito_de
em_nome_de
em_o_terceiro_lugar (?)
em_obediência_a
em_prol_de
em_razão_de
em_relação_a
em_termos_de
em_torno_de
em_vez_de
em_vias_de
em_virtude_de
entre
excepto
exceto
face_a
fora_de
frente_a
graças_a
in_loco
junto_com
longe_de
mais_de
mediante
menos_de
n'
na_frente_de
na_presença_de
no_caso_de
no_cimo_de
no_conceito_de (?)
no_decorrer_de (?)
no_decurso_de (?)
no_meio_de
nos_termos_de (?)
o (?)
obra_do_mestre (?)
para
para_além
para_além_de
para_fora_de
para_os_lados_de
perante
perto_de
por
por_causa_de
por_cima_de
por_detrás_de
por_entre
por_força_de
por_iniciativa_de
por_meio_de
por_ocasião_de
por_parte_de
por_via_de
por_volta_de
pra
próximo_a
próximo_de
quando_de
quanto_a
que (?)
referente_a
relativamente_a
rumo_a
s/
salvo
segundo
sem
senão
sob
sob_pena_de
sobre
tal_como
trás
via
x (?)
4. Artigos art
a (?)
o
os (?)
um
uma (?)
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Anexo 3: Expressões multi-palavras

classe gramatical expressões
1. Conjunções subordinativas conj-s
a_fim_de_que
ainda_que
a_não_ser_que
ao_passo_que
como_que
como_se
dado_que
de_modo_que
desde_que
de_tal_modo_que
do_que
enquanto_que
já_que
mesmo_que
para_que
pois_que
por_mais_que
se_bem_que
sendo_que
tanto_mais_que
uma_vez
uma_vez_que
um_vez_que
visto_que
2. Advérbios adv
a_bem_dizer
a_bordo
a_custo
a_céu_aberto
a_descoberto
a_exemplo
a_favor
a_favor_ou_contra
a_ferro_e_fogo
a_fundo
a_horas
a_longo_prazo
à_medida_que
a_pedido
a_posteriori
a_priori
a_seu_modo
afinal_de_contas
agora_que
ainda_assim
ainda_bem
ainda_por_cima
al_dente
ao_certo
ao_contrário
ao_fim_da_tarde
ao_fundo
ao_invés
ao_longe
ao_menos
ao_mesmo_tempo
ao_máximo
ao_todo
ao_vivo
aos_trancos_e_barrancos
apesar_disso
aqui_e_ali
às_avessas
às_escondidas
às_vezes
assim_como
até_então
até_mesmo
até_que_ponto
bem_aceito
bem_como
cada_vez
cada_vez_mais
cerca_de
com_efeito
com_vontade
daí_em_diante
de_acordo
de_acordo_com
de_agora_em_diante
de_ali_para_diante
de_fato
de_fora
de_hoje_em_diante
de_imediato
de_longe
de_manhã
de_novo
de_quebra
de_surpresa
de_tal_forma
de_trás
de_um_lado
de_volta
desde_então
desde_já
desde_logo
desde_pequeno
desta_feita
desta_forma
desta_vez
dia_e_noite
e_assim_por_diante
e_por_aí
é_que
eis_que
em_breve
em_cima
em_conta
em_contrapartida
em_diante
em_flagrante
em_frente
em_geral
em_parte
em_particular
em_princípio
em_pé
em_público
em_seguida
em_tese
em_troca
em_vigor
entre_si
frente_a_frente
hoje_de_manhã
hoje_em_dia
hoje_mesmo
isto_é
já_não
logo_a_seguir
logo_que
mais_de
mais_nada
mais_ou_menos
mais_uma_vez
mar_adentro
menos_de
mesmo_assim
mesmo_que
muitas_vezes
na_generalidade
na_medida_em_que
na_melhor_das_hipóteses
na_sua_maior_parte
na_íntegra
nada_mais_nada_menos
nem_mesmo
nem_sequer
nessa_altura
no_entanto
no_que_se_refere
não_obstante
não_só
on_line
ontem_de_manhã
ou_melhor
ou_seja
outra_vez
para_caramba
para_casa
para_cima
para_onde
pela_manhã
pela_primeira_vez
pela_tangente
pelo_contrário
pelo_menos
pelos_vistos
pois_então
por_acaso
por_assim_dizer
por_baixo
por_cima
por_conta
por_enquanto
por_escrito
por_exemplo
por_fim
por_mar
por_onde
por_outro_lado
por_pessoa
por_pouco
por_que
por_quê
por_si
por_sua_vez
por_trás
porta_a_porta
pouco_a_pouco
quando_muito
quanto_mais
quer_dizer
se_calhar
se_tanto
sempre_que
tal_como
tanto_mais_quanto
toda_vez_que
todos_os_dias
tão_logo
um_ao_outro
um_pouco
um_tanto
uma_vez
uma_vez_mais
uma_vez_por_todas
à_primeira_vista
3.Preposições prp
abaixo_de
à_beira_de
a_bordo
a_cargo_de
acerca_de
acima_de
a_coberto_de
à_custa_de
à_espreita
a_favor_de
a_fim_de
à_hora_de
além_de
à_luz_de
a_mais_de
à_maneira_de
à_medida_de
ao_cabo_de
ao_compasso_de
ao_contrário_de
ao_encontro_de
ao_invés_de
ao_lado_de
ao_largo_de
ao_longo_de
ao_pé_de
aos_olhos_de
a_par_de
a_partir_de
apesar_de
a_ponto_de
a_propósito_de
aquando_de
aquém_de
a_respeito_de
a_tempo_de
a_título_de
a_toda_a
atrás_de
através_de
à_venda_em
à_vista_de
à_volta_de
cerca_de
com_base_em
com_relação_a
com_vista_a
da_parte_de
de_acordo
debaixo_de
de_encontro_a
de_fora
de_fora_de
de_forma_a
de_maneira_a
de_modo_a
dentro_de
desde_há
desde_há_já
detrás_de
devido_a
diante_de
em_abono_de
em_cima_de
em_detrimento_de
em_direção_a
em_face_de
em_favor_de
em_função_de
em_homenagem_a
em_jeito_de
em_nome_de
em_obediência_a
em_prol_de
em_que
em_razão_de
em_relação_a
em_termos_de
em_torno_de
em_vez_de
em_vias_de
em_virtude_de
face_a
fora_de
frente_a
graças_a
há_já
in_loco
já_há
junto_com
longe_de
menos_de
na_frente_de
na_presença_de
no_caso_de
no_cimo_de
no_conceito_de
no_decorrer_de
no_decurso_de
no_meio_de
nos_termos_de
para_além
para_além_de
para_fora_de
para_os_lados_de
perto_de
por_causa_de
por_cima_de
por_conta_de
por_detrás_de
por_entre
por_força_de
por_iniciativa_de
por_meio_de
por_ocasião_de
por_parte_de
por_via_de
por_volta_de
próximo_a
próximo_de
quando_de
quanto_a
referente_a
relativamente_a
rumo_a
sob_pena_de
tal_como
4. Sintagmas preposicionais pp
a_bordo
a_breve_prazo
a_breve_trecho
a_eito
a_favor
a_ferro_e_fogo
à_flor_da_pele
a_fundo
a_longo_prazo
a_mal
a_meu_ver
ao_ar_livre
ao_mesmo_tempo
a_par
a_pé
a_postos
a_preceito
a_propósito
a_rigor
a_salvo
a_seguir
a_sério
às_mil_maravilhas
a_tempo
a_todo_o_pano
com_antecedência
com_bons_olhos
com_distinção
com_efeito
com_tempo
da_ordem
de_acordo
de_agora
de_antemão
de_cima
de_comprimento
de_conta
de_dia
de_direito
de_estilo
de_estudo
de_fachada
de_facto
de_fora
de_fundo
de_graça
de_imediato
de_lei
de_longe
de_madrugada
de_manhã
de_marca
de_modo_algum
de_noite
de_outro_lado
de_outro_modo
de_pé
de_perto
de_peso
de_prata
de_preferência
de_profissão
de_propósito
de_qualquer_maneira
de_qualquer_modo
de_raiz
de_rastos
de_repetição
de_resto
de_saída
de_seguida
de_súbito
de_topo
de_um_lado
de_urgência
de_vez
de_vez_em_quando
de_volta
em_bloco
em_carne_e_osso
em_casa
em_causa
em_conjunto
em_conta
em_contrapartida
em_curso
em_debate
em_dinheiro
em_dois_tempos
em_força
em_forma
em_frente
em_geral
em_grande_parte
em_larga_escala
em_massa
em_parte
em_particular
em_pé_de_igualdade
em_primeiro_lugar
em_princípio
em_público
em_questão
em_seguida
em_segundo_lugar
em_si
em_suma
em_termos
em_troca
em_verdade
em_vigor
entre_si
para_a_direita
para_além
para_além_de
para_já
para_sempre
por_acaso
por_agora
por_aqui
por_baixo
por_cima
por_completo
por_concurso
por_conseguinte
por_conveniência
por_enquanto
por_escrito
por_excelência
por_exclusão
por_fim
por_isso
por_ora
por_outro_lado
por_si
por_sua_vez
por_terra
por_último
por_um_lado
por_unanimidade
por_vezes
sem_conta
sem_par
5. Numerais num

(011)_253-1588
(011)_263-4700
(011)_877-8740
011_959-2650
(034)_661-2458
(0800)_11-5353
34_470
cento_e_quatro
cinquenta_e_três
setenta_e_cinco
setenta_e_dois
trinta_e_sete
uma_a_uma

6. Adjectivos adj e n-adj
a_favor
ao_ar_livre
barra_pesada
de_destaque
de_fato
décimo_quarto
em_questão
fora_de_forma
fora_de_mão
in_natura
levado_da_breca
made_in_England
made_in_USA
nada_mal
por_excelência
pró-direitos_humanos
pão_duro
7. Pronome pessoais pron-pers
Sua_Excelência
9. Pronomes independentes pron-indp
a_qual
cada_qual
cada_um
mais_nada
nada_do_que
o_qual
o_que
os_quais
por_que
quanto_mais
toda_a
toda_a_gente
todo_mundo
todo_o
todo_o_mundo
tudo_isso
tudo_isto
tudo_o_que
tudo_quanto
um_pouco
10. Pronomes determinativos pron-det
dezenas_de
muito_de
o_que
qualquer_que_fosse
toda_a
todas_as
todo_o
todos_os
11. Interjeições intj
Ah_bem
Deus_me_livre
Meu_Deus
pois_é
qual_quê
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Anexo 4: O Bosque em números

RESUMO

Formas oracionais 22.051
Sintagmas 13.7982
Itens lexicais 190.513
Procuráveis 12.378

FORMAS

Formas oracionaisetiquetaquantidade
finitas fcl15.573
não finitas icl5.704
averbais acl774
total 22.051
Sintagmasetiquetaquantidade
nominais np61.537
adjectivais adjp9.608
adverbiais advp6.505
verbais vp21.747
preposicionais pp32.949
evidenciador coordenação cu5.511
sequências discursivas sq125
total137.982
Classes de palavrasetiquetaquantidade
substantivos n40.728
substantivos/adjectivos n-adj633
adjectivos adj10.424
nomes próprios prop11.977
advérbios adv9.251
verbos v-.*26.537
finitos
v-fin15.877
gerúndios
v-ger863
particípios
v-pcp4.730
infinitivos
v-inf5.067
artigos art29.793
pronomes pron-.*11.147
determinativos
pron-det5.054
independentes
pron-rel3.309
pessoais
pron-pess2.784
advérbios adv9.251
preposições prp33.048
interjeições intj39
conjunções conj-.*7.506
subordinativa
conj-s2.328
coordenativa
conj-c5.178
prefixos ec179
total190.513

FUNÇÕES

Enunciado

funçãoetiquetaquantidade
enunciados UTT1.360
declarativo STA8.200
interrogativo QUE187
imperativo CMD21
exclamativo EXC55

Oração

funçãoetiquetaquantidade
sujeito SUBJ29.793
obj. directo ACC11.279
part. apassivante ACC-PASS206
obj. ind. pronominal DAT236
obj. ind. preposicional PIV2.773
agente passiva PASS744
adj. adverbiais ...17.435
do sujeito
SA848
do objecto
OA173
livres
ADVL16.414
predicativos ...4.027
do sujeito
SC3.364
do objecto
OC367
verbo-nominais
PRED296
vocativo VOC29
apostos ...4.815
normal
APP802
epit. predicativo
N<PRED3.898
da oração
>S, S<115
compl. nominais N<ARG.*2.048
do sujeito
N<ARGS258
do objecto
N<ARGO1.292
outros
N<ARG498
predicador P21.385
foco FOC221
tópico TOP8

Palavra

funçãoetiquetaquantidade
núcleo H109.850
verbo principal MV,PMV21.524
verbo auxiliar AUX,PAUX3.636
part. lig. verbal PRT-AUX649
subordinador SUB2.128
coordenador CO5.264
elemento conjunto CJT, PCJT12.128
compl. comparação COM371

Adjuntos

funçãoetiquetaquantidade
adnominais >N,N<65.133
adverbiais/adjectivais >A,A<2.845
preposicionais >P,P<32.807

PROCURÁVEIS

categoria etiqueta quantidade orações concessivas fs-conc
icl-conc
66
37 orações causais  fs-cause
icl-cause
173
1 orações conformativas  fs-conf
icl-conf
56
0 orações condicionais fs-cond
icl-cond
139
0 orações consecutivas fs-cons
icl-cons
15
0 orações temporais fs-temp
icl-temp
61
83 orações finais fs-fin
icl-fin
20
618 orações relativas fs-rel
icl-rel
2.564
0 orações substantivas fs-subst
icl-subst
1.552
1.247 orações passivas passive 1.138 orações passivas com se se-passive 201 orações sem sujeito explícito nosubj 3.622 orações sem sujeito formal nofsubj 266 estruturas com quantificadores np-dequant 195 partitivos "não contáveis" np-partitive1 38 partitivos "contáveis" np-partitive2 287 total 12.378 Árvores deitadas: Descrição do formato e descrição das opções de análise na Floresta Sintá(c)tica

Bibliografia

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Barreiro, Anabela e Susana Afonso (2004). “Construção da lista dourada para as primeiras Morfolimpíadas do português”. In Diana Santos (ed.). Avaliação conjunta: um novo paradigma no processamento computacional da língua portuguesa .

Bick, Eckhard (2000). The Parsing System Palavras, Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in a Constraint Grammar Framework . Aarhus University Press.

Mateus, M. Helena, Ana Maria Brito, Inês Duarte e Isabel Hub Faria. (1989). Gramática da Língua Portuguesa . 2a edição revista e aumentada. Lisboa: Caminho.

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